Em 03.01.2023 o Respeitável Irmão Antonio do Nascimento, Loja Acácia da Colina, Rito Brasileiro, sem mencionar o nome da Obediência, Oriente de Piracicaba, Estado de São Paulo, faz a pergunta seguinte:
TEMPO PARA INSTRUÇÃO
Uma perguntinha rápida: lembro-me de ter lido em algum livro ou trabalho, talvez do Ir∴ José Castellani, que o Tempo de Instrução (assim chamado no Rito Brasileiro) ou Tempo de Estudos (como denomina o Rito Escocês) não existia nos Rituais antigos. Foi introduzido bem depois. É isso mesmo?
CONSIDERAÇÕES:
De fato, período de estudos, e outros do gênero, no passado nunca fizeram parte da ordem dos trabalhos nos rituais. Contudo, isso não descarta sob nenhuma hipótese a importância que estudos maçônicos merecem por parte do maçom.
Nessas circunstâncias vale comentar que a palavra ritual, como substantivo masculino, designa o livro, ou livreto, que contém a ordem e a forma de uma cerimônia. Em Maçonaria o ritual é o cerimonial escrito de cada rito. Nesse contexto, a ordem ritualística a ser seguida é a liturgia de um rito.
Primitivamente, na Maçonaria não existiam rituais, pois a prática ritualística era ensinada oralmente. Ritos e rituais são produtos da fase especulativa da Ordem e, de maneira abrangente, só começariam a aparecer no final do século XVII e início do XVIII. Destaque-se que foram as revelações e obras espúrias profanas que trouxeram à luz os primeiros catecismos maçônicos, ancestrais dos hoje conhecidos rituais maçônicos.
Sem necessariamente constar nos rituais, existiam de fato preleções iniciáticas que geralmente usavam como referência os símbolos que compunham as tábuas de delinear, painéis, tapetes, etc. Já, os ensinamentos sobre a prática ritualística propriamente dita, tal como ainda hoje ocorre na vertente anglo-saxônica de Maçonaria, os mesmos eram demonstrados por experts dos ritos ou do working – vide, por exemplo, os stewards e posteriormente a Emulation Lodge of Improvement.
Em linhas gerais podemos dizer que na vertente inglesa as instruções eram dadas à parte, o que não ocorria na vertente latina (francesa), onde, ao contrário, os ensinamentos iniciáticos e ritualísticos eram ministrados em Lojas próprias de instrução. Essas ocasiões eram dedicadas exclusivamente aos estudos. Enfim, instruções, tempos de estudos, etc., não faziam parte de uma sessão ordinária (econômica), por exemplo.
O problema é que principalmente na Maçonaria latina, notadamente nas Lojas brasileiras, dificilmente eram ministradas instruções, o que fez com que na Maçonaria brasileira a partir dos anos 60 do século XX, inserisse nos seus rituais o tal Tempo de Estudos, ou de Instrução. Esperava-se com isso que as Lojas, em cumprimento aos rituais, pelo menos dessem alguma instrução aos integrantes dos seus quadros. De certa forma o problema foi em parte amenizado já que esse modelo trazia limitação de tempo e as instruções submissas à liturgia do rito.
Graças a isso é que atualmente existe, na maioria dos ritos, rituais que trazem na ordem dos seus trabalhos um período designado às instruções – geralmente quinze minutos.
Sem dúvida, no que diz respeito à sua questão, Irmão José Castellani, de saudosa memória, estava absolutamente correto
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br
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