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domingo, 3 de setembro de 2023

O QUE É PRECISO PARA A ABERTURA DOS TRABALHOS?

Irm∴ Sebastião Marcondes, M∴M∴
A∴R∴L∴S∴ Mário Behring, n.o 19, GLMDF

Introdução

Algumas vezes, principalmente em datas com alguma ocasião especial, ou período de férias e até mesmo em período de pandemia, poucos maçons vão à Loja. Quando isso acontece, o que fazer? Abrir a Loja, fazer uma reunião administrativa, apenas ficar conversando, ir para  o ágape ou ir embora?

A primeira opção é abrir a Loja, afinal, o trabalho em Loja, com propósitos sábios e úteis, é o principal motivo do maçons se reunirem, além de estar junto de irmãos, estreitando os laços de amizade que os une. Para isso, deixam seus lares, familiares, outros afazeres e até enfrentam trânsito e intempéries. Mas para a abertura da Loja no R∴E∴A∴A∴ é necessário seguir algumas regras, então vamos relembra-las.

Número de Obreiros

A abertura dos trabalhos de uma Loja Maçônica no R∴E∴A∴A∴ depende de um número mínimo de obreiros. A ritualística do R∴E∴A∴A∴ nos graus simbólicos, no decorrer dos anos, passou a ter algumas variações em cada Obediência. Uma dessas variações é o grau dos maçons exigido para a abertura da Loja. Analisando alguns Rituais, com a intenção do resgate histórico, sem juízo de valor, pude constatar:

O primeiro Ritual do R∴E∴A∴A∴, de 1804, na parte referente a Abertura dos Trabalhos, não há menção do número de maçons. A informação do número de maçons ocorre na Instrução, quando o Venerável Mestre pergunta ao Primeiro Vigilante “Que é que compõe uma Loja?” e esse responde “Três, cinco e sete.”, então é perguntado o porquê de cada número  compor.

No Ritual de 1834, o Venerável Mestre pergunta ao Primeiro Vigilante “Qual o segundo dever em de um 1o Vigilante em Loja?” e esse responde “Ver se todos os irmãos que a compõe são MM∴”. Nesse mesmo Ritual, em algumas frases, MM∴ significa Maçons e em outras significa Mestres; também há a abreviatura M∴ para maçom e para mestre, e Maç∴ para Maçom ou Maçonaria, ou seja, não há padrão definido. Na instrução, também é perguntado pelo Venerável Mestre ao Primeiro Vigilante “Quantos compõe uma Loja?” e esse responde “Três, cinco e sete.”, então é perguntado o porquê de cada número compor.

No Ritual de 1928, quando da formação das Grandes Lojas, o Venerável Mestre pergunta Irmão Orador “que se torna preciso para abertura dos trabalhos?” e o Orador responde “Que estejam presentes, no mínimo, sete irmãos, dos quais pelo menos três mestres e que todos estejam revestidos de suas insígnias.”

Em uma coisa há concordância, são sete irmãos. Atualmente, algumas Obediências exigem que sejam sete mestres, outras exigem pelo menos três mestres, como consta em alguns rituais:

Ritual 1

Venerável pergunta ao Orador, “o que é preciso para a abertura dos trabalhos?” O Orador responde “Que tenha havido convocação, não haja impedimento superior e estejam presentes, no mínimo, sete Mestres, que todos estejam revestidos de suas insígnias.” O Venerável pergunta ao Chanceler, “há número regular para a abertura de nossos trabalhos?” E o Chanceler responde “Sim, Venerável Mestre”

Ritual 2

Venerável pergunta ao Orador, “que se torna precisa para abertura dos nossos trabalhos?” O Orador responde “Que estejam presentes no mínimo sete Irmãos, dos quais pelo menos três Mestres, e que todos estejam revestidos de suas insígnias.” O Venerável pergunta ao Secretário “há número legal?” O Secretário responde “Sim, Venerável Mestre”

Ritual 3

O Venerável pergunta ao Chanceler, “há número regular para a abertura de nossos trabalhos?” E o chanceler responde “Sim, Venerável Mestre”

Cargos

Mas estando presente apenas SETE MAÇONS na Loja, quais cargos serão ocupados?

Venerável Mestre, preside a reunião e é o responsável pelo Oriente.

Primeiro Vigilante, é o responsável pela Coluna do Norte.

Segundo Vigilante, é o responsável pela Coluna do Sul.

Orador, é o responsável pelas Leis e é ele que faz a conclusão dos trabalhos.

Secretário, toda reunião tem que ter seu registro (balaústre).

Mestre de Cerimônias, é ele que realiza todo o trabalho de circulação em Loja.

Guarda do Templo, afinal os trabalhos necessitam de proteção.

Há Potências que exigem que esses cargos sejam ocupados por Mestres, assim, é expresso que são necessários sete Mestres.

No caso de potências que exigem apenas três Mestres, obrigatoriamente, seguindo o Landmark de que uma Loja será sempre governada por três Luzes, devem ser o Venerável Mestre, o Primeiro Vigilante e o Segundo Vigilante. Para os demais cargos, na ausência de mestres, é admitida a substituição por companheiros e aprendizes.

Substituição

O Venerável Mestre, na sua falta ou impedimento, será substituído na seguinte ordem de nomeação: Primeiro Vigilante, Segundo Vigilante, ex-Venerável Mestre mais recente entre os presentes, ou, na falta destes, por um Mestre Maçom.

Para dirigir os trabalhos, em substituição ao Venerável Mestre, o Oficiante ocupará o Trono, mesmo não sendo Mestre Instalado, trará à cabeça o chapéu e usará o colar e punhos do cargo. Excetuam-se as sessões Magnas de Iniciação,

Elevação e Exaltação, nas quais o Venerável Mestre só poderá ser substituído por um Mestre Instalado. O Primeiro Vigilante, na sua falta ou impedimento, será substituído na seguinte ordem de nomeação: Segundo Vigilante, Primeiro Experto, Segundo Experto, Mestre Instalado, ou, na falta destes, por um Mestre Maçom.

O Segundo Vigilante, na sua falta ou impedimento, será substituído na seguinte ordem de nomeação: Primeiro Experto, Segundo Experto, Mestre Instalado, ou, na falta destes, por um Mestre Maçom.

Em caso de vacância, durante o desenvolvimento dos trabalhos maçônicos, ainda que provisória, o Oficiante dever ser substituído, imediatamente, por um Obreiro designado pelo Venerável Mestre.

Havendo apenas os sete maçons, a circulação do Tronco de Solidariedade será realizada pelo Mestre de Cerimônias, que entregará ao Orador para a conferência. As funções da chancelaria serão efetuadas pelo secretário.

Abertura do Livro da Lei

Não tendo condições de ter os diáconos, devido ao número reduzido de obreiros, o Secretário levará a palavra ao Primeiro Vigilante e o Mestre de Cerimônias ao Segundo Vigilante.

Para a abertura do Livro da Lei, também há variações nas potências. Algumas seguem a ordem: Ex-Venerável mais atual, Primeiro Experto e Orador; em outras potências Ex-Venerável mais atual e depois o Orador; e há potências que somente o Orador pode abrir.

Em potências que tem o costume de formação do pálio, a abertura ocorrerá sem este, seguindo o ritual original, de 1804, que não previa essa formação.

Conclusão

Com o passar dos anos, por divergências em traduções, abreviaturas e os graus simbólicos no R∴E∴A∴A∴ ser de responsabilidade de cada potência, havendo inúmeras atualizações, em cada potência, em diversas épocas, conclui-se que há várias diferenças no que é preciso para a abertura dos trabalhos e obviamente que esse assunto não se esgota, mas como a intenção foi a pesquisa do que é preciso para abrir os trabalhos, mesmo com poucos irmãos, o que há grande chance de ocorrer nesse período de pandemia, concluo que é possível abrir os trabalhos, e foi apresentado, em linhas gerais, o que é preciso para a Abertura dos Trabalhos.

Encerro lembrando que o cerimonial e as fórmulas especiais que não podem ser dispensadas, estão prescritos pelo Ritual de cada grau e de cada Obediência, portanto, sempre consultar e seguir o ritual disponibilizado pela Obediência, bem como o seu vade-mécum.

Bibliografia

1. ASLAN, N. Comentários ao Ritual de Aprendiz. 1a. ed. Londrina: A Trolha, v. II, 1995.

2. CASTELANI, J.; RODRIGUES, R. Análise da Constituição de Anderson. 1a. ed. Londrina: A Tolha, 1995.

3.DANTAS, O. A. Ingresso no Templo. Jornal do Aprendiz, Pesqueira, n. 81, mar. 2016. 06. Disponível em: https://bancadosbodes.com.br/jornaldo-aprendiz-no-81-marco-2016/. Acesso em: 16 jun. 2021.

4.GUIA dos Maçons Escocezes ou Reguladores dos Três Graos Symbolicos do Rito Antigo e Aceito. Rio de Janeiro: Typ. Imp. E Const. de Seignot-Placher E C., 1834.

5. JUK, P. Abertura da Loja e o Número de Irmãos. JB News, Florianópolis, n. 1029, 28 jun. 2013. 16-17. Disponível em: https:// bancadosbodes.com.br/jb-news-no-1029-28-de-junho-de-2013/. Acesso em: 16 jun. 2021.

6. JUK, P. Loja com Sete Mestre. Revista A Trolha, Londrina, n. 416, jun 2021. 06.

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8. PRESTON, W. Esclarecimentos sobre Maçonaria. Tradução de Hugo Roberto Lima Ramirez. 1a. ed. Rio de Janeiro: Arcanum, 2017. Título original: Illustrations on Masonry.

9. QUIRINO, S. G. Por que se vai à Loja? ACML News, Florianópolis, n. 08, 25 set. 2017. 02-03. Disponível em: https://bancadosbodes.com.br/ acml-news-no-08-25-de-setembro-2017/. Acesso em: 16 jun. 2021.

10. QUIRINO, S. G. Sete Maçons ou Sete Mestres? O Ponto Dentro do Círculo, 27 maio 2015. Disponível em: https://opontodentrocirculo.com/2015/05/27/sete-macons-ou-sete-mestres/. Acesso em: 16 jun. 2021.

11. RITO Escocês Antigo e Aceito 1804, Guide des Macons Écossais. Porto Alegre: Oficina de Restauração do Rito Escocês Antigo e Aceito, 2005.

12. RITUAL 1o Grau, Aprendiz Maçom, REAA. Brasília: Grande Oriente do Brasil, 2009.

13. RITUAL do Aprendiz. 2a. ed. Brasília: Grande Loja Maçônica do Distrito Federal, 2010.

14. RITUAL do Aprendiz. 3a. ed. Brasília: Grande

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15. RITUAL do Aprendiz Maçom, REAA. Campo Grande: Grande Loja Maçônica do Estado de Mato Grosso do Sul, 2009.

16. RITUAL do Grau de Aprendiz Maçom, REAA. Rio de Janeiro: Sereníssima Grande Loja Simbólica do Rio de Janeiro, 1928.

Fonte: Revista M∴ B∴

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