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sábado, 2 de dezembro de 2023

A CARIDADE

Leon Denis
A verdadeira caridade é paciente e indulgente. Não se ofende nem desdenha pessoa alguma; é tolerante e, mesmo procurando dissuadir, o faz sempre com doçura, sem maltratar, sem atacar idéias enraizadas. Esta virtude, porém, é rara.

Um certo fundo de egoísmo leva-nos, muitas vezes, a observar e criticar os defeitos do próximo, sem primeiro repararmos nos nossos próprios. Existindo em nós tanta podridão, empregamos ainda a nossa sagacidade em fazer sobressair as qualidades ruins dos nossos semelhantes.

Por isso não há verdadeira superioridade moral, sem caridade e modéstia. Não temos o direito de condenar nos outros as faltas a que nós mesmos estamos expostos; e, embora a elevação moral já nos tenha isentado dessas fraquezas, devemos lembrar-nos de que tempo houve quando nos debatíamos contra a paixão e o vício.

Há poucos homens que não tenham maus hábitos a corrigir, impulsos caprichosos a modificar. Lembremo-nos de que seremos julgados com a mesma medida de que nos servirmos para com os nossos semelhantes. As opiniões que formamos sobre eles são quase sempre reflexo da nossa própria natureza. Sejamos mais prontos a escusar do que a censurar.

Muitas vezes nos arrependemos de um julgamento precipitado. Evitemos, portanto, qualquer apreciação pelo lado mau. Nada é mais funesto para o futuro da alma do que as más intenções, do que essa maledicência incessante que alimenta a maior parte das conversas.

O eco das nossas palavras repercute na vida futura, a atmosfera dos nossos pensamentos malignos forma uma espécie de nuvem em que o Espírito é envolvido e obumbrado. Abstenhamo-nos dessas críticas, dessas apreciações dolosas, dessas palavras zombeteiras que envenenam o futuro.

Acautelemo-nos da maledicência como de uma peste; retenhamos em nossos lábios qualquer palavra mordaz que esteja prestes a ser proferida, porque de tudo isso depende a nossa felicidade.

O homem caridoso faz o bem ocultamente; e, enquanto este encobre as suas boas ações, o vaidoso proclama o pouco que faz.

“Que a mão esquerda ignore o que faz a direita”

Beneficiar ocultamente, ser indiferente aos louvores humanos, é mostrar uma verdadeira elevação de caráter, é colocar-se acima dos julgamentos de um mundo transitório e procurar a justificação dos seus atos na vida que não acaba.

Nessas condições, a ingratidão e a injustiça não podem atingir aquele que fora caritativo. Ele faz o bem porque é do seu dever e sem esperar nenhuma recompensa.

Não procura auferir vantagens; deixa à lei o cuidado de fazer decorrer as conseqüências dos seus atos, ou, antes, nem pensa nisso.

É generoso sem cálculo. Para tornar-se agradável aos outros, sabe privar-se do que lhe é necessário, plenamente convencido de que não terá nenhum mérito dispondo do que for supérfluo.

Fonte: Facebook_Pedreiros Livres

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