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domingo, 18 de fevereiro de 2024

SIGNIFICADO DA MARCHA DO MESTRE - REAA

Em 15.02.2024 o Respeitável Irmão Coaracy Nunes dos Santos, Loja Regente Feijó II, 1256, REAA, GOB-RJ, Oriente de Três Rios, Estado do Rio de Janeiro, apresenta a dúvida seguinte:

MARCHA DO MESTRE

Eu estava conversando com um Irmão recentemente exaltado e surgiu uma dúvida de qual seria o significado dos pp∴ do Mestre sobre o esq∴, eu nunca tinha analisado isso e decidi perguntar a quem sabe.

Ficarei muito agradecido com sua ajuda.

CONSIDERAÇÕES:

A M∴, ou os PP∴ do 3º Grau, no REAA tem o propósito de fazer com que o Mestre Maçom simbolicamente simule os dois movimentos solsticiais, ou seja, represente com seus pp∴ eelev∴ o trajeto aparente do Sol, que resulta na Terra nos solstícios de inverno e de verão.

Astronomicamente, os solstícios marcam a inclinação máxima que o Sol atinge, ora para o hemisfério Sul e ora para o Norte. Assim, sob ponto de vista da Terra, essas idas e vindas aparentes do Sol resultam nas quadro estações do ano, duas solsticiais (verão e inverno) e duas equinociais (primavera e outono). Graças à essa mecânica celeste é que a vida flui na Terra.

No contexto histórico dos solstícios e a Maçonaria isso aparece porque a Maçonaria de Ofício, ou Operativa, ancestral da Moderna Maçonaria, como corporação de construtores da Idade Média era a que edificava para a Igreja suas catedrais, igrejas, abadias, mosteiros, etc.

Desse modo, essas guildas de construtores medievais da pedra calcária dependiam dos ciclos Natureza para o seu trabalho, a despeito de que pelos rigores do inverno do hemisfério Norte, dias curtos e noites longas, esse período era impróprio para o trabalho. Nessa oportunidade, os operários eram pagos e dispensados para só voltarem à atividade na primavera seguinte.

Graças a isso, a Maçonaria dos Aceitos, não mais operativa, mas especulativa, rememora nos seus arcabouços doutrinários e ritualísticos a atividade ancestral revestida de significados simbólicos conforme os seus ritos, sobretudo aqueles que têm como elementos principais as alegorias solares, não obstante que desde tempos remotos os cultos solares da antiguidade sempre serviram de base para a maioria das religiões que conhecemos atualmente.

Nessa conjuntura, o REAA, por exemplo, é um rito que indubitavelmente se serve das alegorias solares e cultos agrários, o que lhe dá a característica de um rito solar.

No simbolismo maçônico do REAA, a jornada aparente do Sol determina o caminho iniciático do maçom. Genericamente, essa alegoria representa as etapas da vida humana, a infância, adolescência, juventude e maturidade. Nesse conceito, a senda iniciática se divide em graus iniciáticos.

A bem da verdade, a alegoria da revolução anual do Sol compara-se simbolicamente ao tempo de aperfeiçoamento do maçom, eu seja, as estações do ano correspondem às etapas de preparação.

À vista disso, o maçom, desde a sua iniciação, esotericamente percorre o caminho desenhado pelo movimento anual do Sol. É por essa razão que no REAA existem as Colunas Zodiacais, cujas mesmas aparecem no templo rigorosamente no Ocidente, nas paredes Norte e Sul da Loja (seis ao Norte e seis ao Sul). Sob essa óptica, o Mestre Maçom, através dos seus pp∴ simula esse movimento solar. Assim sendo, a jornada do Sol, nas suas idas e vindas está representada pela M∴ (pp∴) do Mestre.

No tocante ao esq∴ (sep∴) ao centro, ele representa a morte do Sol no inverno, o que faz com que a Terra fique viúva uma vez por ano. Nessa conjuntura vale lembrar que no inverno as sombras prevalecem, resultando em dias curtos e noites longas.

Esotericamente o esq∴, ou a sep∴, encerra o segredo da grande iniciação. Simula é a morte do Sol no inverno com o a∴ do M∴ H∴ A∴ na representação da Lenda do 3º Grau. O Oriente, situado logo após o esq∴, representa a saída das trevas e o renascimento para a Luz (Sol). Em síntese é a volta do Sol na primavera.

Conforme demonstra a lenda, os três meses do inverno correspondem aos t∴maus CComp. No Templo do REAA, em Câm∴ do M∴ acendem-se no máximo nove luzes, cujas quais correspondem, dos doze meses do ano, os nove propícios para o trabalho. As três luzes que faltam correspondem ao inverno que faz com que imperem as trevas. É a máxima iniciática do morrer para renascer.

Nesse aparelho iniciático, o piso do Ocidente da Loja (Pav∴ Mos∴) corresponde ao solo terrestre, seu eixo é o equador. O equador do templo é a baliza terrena e astronômica referencial das passagens (equinócios) do Sol para o Sul e para o Norte. Nessa alegoria, as Colunas B∴ e J∴ marcam no templo (solo terrestre) os trópicos de Câncer e Capricórnio, marcos solsticiais do limite máximo da declinação solar.

Não é à toa que João, o Batista corresponde ao solstício de verão no Norte (21 de junho), e o Evangelista o de Inverno no Norte (27 de dezembro). Vale lembrar que a Maçonaria Operativa (de ofício) floresceu sob a sombra da Igreja, portanto nada mais natural que apareça essa influência religiosa inerente aos Joões como patronos da Maçonaria.

É bom que se diga que todas essas referências solares e iniciáticas se correlacionam com o Hemisfério Norte da Terra, no caso porque foi nessas latitudes que nasceu a Maçonaria. Com isso é natural que as suas lendas e suas estruturas doutrinárias referendadas pelo Sol se prendam à meia esfera Norte do nosso Planeta.

Desse modo, reitera-se que os pp∴ elevados durante a M∴ do 3º Grau simulam movimentos de declinação máxima solar que ocorrem a cada seis meses. Em resumo, os p∴ do M∴ M∴ marcam a vida do iniciado simulando seu nascimento na primavera e o seu fenecimento no inverno. A máxima do morrer para renascer está representada pela morte no inverno e o renascimento na próxima primavera.

Concluindo, toda essa concepção iniciática encontra-se intrínseca na cerimônia de Exaltação ao sublime grau de Mestre Maçom. Os pp∴ correspondem à senda percorrida. O Apr∴ e o Comp∴ dão seus pp∴ sobre o solo terrestre, já o Mestre, agora também como uma Luz, representa a jornada pelo cosmo (universo), entre o E∴ e o C∴.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

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