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domingo, 30 de junho de 2024

UM SONHO

Ir∴ Lauro José Toledo dos Santos

Quantos de nós, na calada da noite ou mesmo em momentos perdidos durante o dia, quantos de nós não temos sonhos ou devaneios olhando o horizonte, apreciando as flores, viajando com as nuvens?

Quantas vezes nosso pensamento se perdeu no espaço, pairou em qualquer lugar para procurar alguma coisa, que não sabemos o que é, e onde está? 

Como uma hélice em alta rotação, nosso pensamento voa, procura um ponto de sustentação e, muitas vezes, desaparece como a fumaça e se esvai pelo ar. Devaneios, sonhos, pensamentos perdidos? Talvez! Muitas vezes, porém, eles retornam à base de origem e encontram um lugar no próprio cérebro fertilizando-o, desenvolvendo-o a ponto de criar uma ideia e a ela dar sentido para beneficiar toda a humanidade. 

Surgiram, assim, os grandes artistas, os inventores, os filósofos, os compositores, os escritores e os músicos; os cientistas e os estadistas, enfim, todos os construtores do progresso, da evolução e da tecnologia atual. 

De um sonho também surgiu a Arte Real, ou melhor, de sonhadores. Sonhadores, há tempos pensaram numa forma de unir a humanidade, pelo amor, estreitando as boas relações entre os homens tão distantes uns dos outros. Uma Realidade: Uma instituição universalmente reconhecida, soberana, tendo como fins supremos a Liberdade, a Igualdade, a Fraternidade, proclamando nos seus princípios a prevalência do espírito sobre a matéria pugnando pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da humanidade buscando constantemente a Verdade. Nasceu e floresceu a Maçonaria...

Maçonaria: O que somos, para onde vamos: A Maçonaria não é apenas uma sociedade secreta, de origem antiga, com seus diversos graus iniciáticos e ritual próprio. Maçonaria não se faz nos templos, aprende-se nos templos; Maçonaria não se encerra nas lojas, principia-se nelas; 

Maçonaria não se executa nas oficinas, - cumpre-se na consecução dos seus fins - exaure-se na realização dos seus objetivos. - completa-se no desempenho de sua missão; A Maçonaria não é uma sociedade comum, que bastam contratos e estatutos. Não é uma religião, nem seita, nem tampouco anti-religiosa. A Maçonaria é um movimento filosófico ativo, universalista e humanitário, corporação disciplinada, que exige dos seus adeptos a crença fundamental no Grande Arquiteto do Universo – Que é Deus e no primado do espírito sobre a matéria. 

A Maçonaria trabalha no aperfeiçoamento do homem, para a construção de uma sociedade humana fundada nos princípios da moral, da razão, do direito e da justiça. É, portanto, uma instituição científica filosófica, adogmática, filantrópica, apolítica, apartidária. O fim primeiro da Maçonaria é o homem; o fim último a sociedade em que ele vive. O objetivo da ordem maçônica é alcançar a Perfeição dos poucos escolhidos para que estes, com a beleza dos seus espíritos e a força avassaladora da sua substância material, possam encontrar o caminho da superação consciente, a solução dos problemas, a seiva da vida, a transcendência da morte. 

A missão da Maçonaria é transformar a Sociedade, pelo homem, fazê-la mais justa e perfeita, sem fanatismos, nem distinções.

E hoje onde estamos? Só haverá sociedade ideal quando houver homens capazes, conhecedores da ciência criadora, dominadores da filosofia que edifica. 

Reunindo, assim, as forças imperecíveis da natureza aos princípios basilares e eternos da sabedoria, a Maçonaria busca a felicidade do homem, no seu sentido universal. A Maçonaria quer então, a felicidade de todos: Felicidade – horizontal e vertical. Não aquela fugaz, passageira... Mas a duradoura. 

A felicidade está na crença em Deus, porque aquele que confia em Deus... É feliz... Não no deus que os homens fizeram, mas no Deus que fez os homens... 

A felicidade está em se ter uma religião... Não daquelas religiões dogmáticas autoritárias, que buscam nos mistérios a intimidação dos crentes ou na persuasão, a cegueira fanática. 

Não na religião que abomina o corpo e amedronta a alma, mas naquela religião que busca Deus no interior de cada um, para encontrá-lo no mundo exterior. 

Ninguém verá Deus lá fora senão encontrá-lo primeiro no seu interior. As religiões não são as igrejas ou as suas Constituições, mas o que elas ensinam e praticam de são e puro. O melhor templo está no nosso interior, no nosso coração e naquilo que pensamos de bom e verdadeiro. O mais perfeito templo está na natureza. 

Por isso que a Maçonaria transportou para o interior de seus templos – lojas ou oficinas, as grandezas do universo. Por isso que a Maçonaria faz das leis do universo os seus princípios. Primeiro, os maçons creem em Deus; depois a Maçonaria ensina que os iniciados tenham religião, mesmo que seja aquela criada por cada um, forjada na essência daquilo que as religiões tenham de certo e autêntico - Que seja ao mesmo tempo elevado e profundo. 

Prosseguindo, a felicidade só se completa com a constituição da família. Nas afeições da família estão as mais nobres e preciosas forças. O homem traz a força criadora. A mulher o poder vitalizante, tanto que já sentenciou um emérito estadista que foi Maçom: Ao lado de um grande homem há sempre uma grande mulher! Não há lares harmônicos sem homens com qualidades e mulheres virtuosas; nem filhos vencedores sem pais amigos. É na família, pelos ensinamentos sólidos e pelos exemplos edificantes que se formam os valores. E a grandeza de um país, de uma nação, está no caráter de seu povo.

A Maçonaria não crê vitorioso apenas quem amealhou riquezas materiais. A prece, na ação dos homens para a manutenção da felicidade, é o alimento da alma; a meditação, a sustentação do espírito. Pois, não há vigor físico sem boa nutrição; nem espírito iluminado sem a chama da Oração. Tanto é verdade que os trabalhos maçônicos são sempre abertos e encerrados invocando-se a proteção do Grande Arquiteto do Universo. Para o maçom a saúde do corpo e a do espírito são importantes. 

Esta, porém, mais que aquela, porque enquanto uma é passageira a outra é eterna. Para a Maçonaria não há felicidade distanciada do amor, afastada da amizade. 

A Maçonaria não conhece a felicidade que não tenha a bondade no pensamento e a caridade nos gestos. Para a Maçonaria a paz que se procura está no silêncio e na grandeza da humildade. Não pode ser feliz quem não alcança a razão e atinge a sabedoria, na medida das limitações de cada um, pois um analfabeto pode ser um sábio e um cientista um neófito. 

A felicidade, portanto, não se ganha, se conquista. Para conquistá-la é preciso escolher, Amar... em vez de odiar; Rir... Em vez de chorar; Criar... Em vez de destruir; Perseverar... Em vez de desistir; Louvar... Em vez de difamar; Curar... Em vez de ferir; Dar... Em vez de roubar; Agir... Em vez de procrastinar; Crescer... Em vez de minguar; Orar... Em vez de amaldiçoar; Viver... Em vez de morrer. 

Por tudo que lhe é concedido, o maçom deve ser um homem especial, diferente dos outros, incomum, extraordinário. Às vezes, entrementes, tropeça e cai, como os outros, mas não se detém; levanta-se e segue a sua rota, irredutível em sua fé, imperturbável em sua ação porque marcha em direção à luz. 

E, quem marcha em direção da luz não pode se deter para contar o que acontece nas sombras. Para atingir estes atributos a Ordem lhe ensina o caminho do aperfeiçoamento, desbastando a pedra bruta. 

Um maçom pode ser identificado, não só pelos toques e pelos sinais, mas também e principalmente pelos gestos e ações porque ele é sempre discreto e sóbrio, conquanto alegre e seguro, reto e probo, humano e fraterno, empreendedor e humilde. 

Por tudo e, portanto, o maçom há que ser um homem sábio, paladino nas lutas contra os males; sintonizado com a alma do universo, de coração largo, tolerante, nobre, cumpridor da ordem cósmica, caminhante do infinito imortal, não se subjugando em destino algum.

Os anos passam... A vida corpórea acaba... Contudo permanece de nós, maçons tudo aquilo que fizemos de bom de terno e de verdadeiro!

(Peça de Arquitetura apresentada no Encontro do Dia do Maçom no ano de 2008 em Blumenau/SC)

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