Páginas

sexta-feira, 26 de julho de 2024

NÃO PODEMOS ESQUECER

Bom dia meus irmãos. 🙏
Sidnei(*)

Não podemos esquecer nosso passado glorioso, mas não podemos viver eternamente dele!

Nossa ordem anda, nas últimas décadas, tão carente de realizações dignas de nota na história do Brasil que, quando queremos citar nomes de grandes maçons, temos de recorrer a personagens da época do império ou do início da república velha, fatos ocorridos há mais de 100 anos.

Não podemos esquecer nosso passado glorioso, mas não podemos viver eternamente dele. Independência, Abolição e República tiveram a participação direta e fundamental de maçons, mas fazem parte dos livros de história.

Dia desses, minha esposa perguntou o motivo de tudo na maçonaria ter tratamento superlativo: Potência, Soberano, Sapientíssimo, Supremo, Eminente, Poderoso, Grande, Venerável, Ilustre, Respeitável, Excelso, Colendo, Egrégio, e por ai vai. 

Confesso que fiquei sem resposta.

Dai comecei a matutar. 

E isso nem sempre é bom... 

Diagnostiquei como sendo complexo de superioridade, se vangloriar, se gabar de ser o que não é para tentar impressionar e manter viva uma importância que faz parte do passado.

O gosto por comendas é outro sintoma. 

De vez em quando cruzamos com Irmãos portando tal número de medalhas que nos perguntamos se não seria o próprio Grande Arquiteto do Universo que resolveu dar o ar da sua graça no plano terreno. 

Nada contra a outorga de honrarias, mas não apenas pelo tempo de serviço.

Temos que reconhecer o mérito também. 

Mais um indício: A profusão de cargos e respectivos paramentos, órgãos com sobreposição de funções ou com atribuições apenas decorativas. 

Nossa Ordem tem uma estrutura administrativa similar, para não dizer idêntica, a do Estado Brasileiro.

Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Governos, Assembleias Legislativas, Tribunais de Justiça, Tribunais Eleitorais e Conselhos Federais e Estaduais. 

Isso gera certa confusão na cabeça dos maçons e atiça nossa “mania de grandeza”.

Acabamos achando ser a Ordem uma entidade imune à competência jurisdicional da Republica Federativa do Brasil. 

Mas não meus caros Irmãos, somos uma simples Associação Civil sujeita, como qualquer outra, aos ditames da legislação profana. 

Reitero minha convicção de que a tripartição dos poderes é a melhor forma de administração, só acho que a estrutura está inchada demais.

A legislação maçônica fala em “defesa de mérito” no âmbito maçônico de infrações penais cometidas no mundo profano e em “homologação por tribunais maçônicos” de sentenças judiciais proferidas por tribunais profanos.

Tratam-se de procedimentos privativos de nações soberanas e não de uma simples associação civil, a qual deve inteira obediência às determinações legais do Poder público dito profano.

Em recente conversa com um Irmão pelo qual tenho muito apreço, ele dizia de sua dúvida se algum magistrado decretaria uma busca e apreensão numa Loja Maçônica, onde poderiam acessar toda e qualquer dependência do imóvel, arquivos, etc.. 

Sinto informar que sim.

Qualquer magistrado pode determinar o que achar conveniente e eficaz para a aplicação da prestação jurisdicional, desde que previsto na legislação brasileira. 

Muitos Irmãos ficaram chocados quando, recentemente, candidatos a cargos eletivos na maçonaria recorreram à justiça profana questionando decisões de tribunais maçônicos. Teriam os irmãos que recorreram à justiça profana cometido perjúrio? 

Conformar-se com nossas leis internas e com as decisões delas decorrentes são condições com as quais concordamos ao entrar na maçonaria.

Ao perjurar estaríamos cometendo ato de indisciplina maçônica, antigamente denominado crime maçônico, punível com expulsão da Ordem. 

Por outro lado, somos cidadãos da República Federativa do Brasil e temos a prerrogativa de recorrer ao Poder Judiciário profano quando entendermos ter algum direito violado. 

E aí?

Como resolver este imbróglio? 

Entendo que, enquanto maçons, assumimos a obrigação moral de nos conformar em tudo com nossas leis e decisões delas advindas.

Ao violar essa obrigação que assumimos de forma voluntária, nos sujeitamos a receber as punições decorrentes. 

Melhor seria pedir para sair antes de colocar a Ordem numa situação, digamos constrangedora perante a sociedade brasileira. 

Melhor mesmo seria não ter decisões políticas em uma sociedade que se diz JUSTA e PERFEITA. 

Relatório de Pesquisa “CMI – Maçonaria no Século XXI” analisou dados coletados no período de 21/02 a 18/03/2018 com a participação de 7.817 Irmãos das três potências (GOB, Grandes Lojas e COMAB).

O relatório é rico em dados e traz uma série de conclusões. 

Mas a que mais chama a atenção é a de que “menos de 5% dos maçons brasileiros sabem o que é maçonaria, conforme os conceitos e definições mais utilizados no mundo.” 

Sendo o conceito mais comum o de que maçonaria é “um belo sistema de moralidade velado em alegoria e ilustrado por símbolos” (Zeldis, Leon).

Conclui o relatório que “o legítimo objetivo maçônico, de ensino de moralidade, de transformar bons homens em melhores, vai sendo preterido, ignorado, esquecido...”; e “se não se sabe o que é, não se sabe o que realmente se deve fazer..., distanciando-a (a maçonaria) de seus legítimos objetivos e de sua própria razão de existir enquanto instituição”.

Parece que chegamos ao cerne do problema da atual situação de nossa Ordem. 

Ao invés de querer que a nossa sublime instituição tome as rédeas da política, beneficência, ação social, etc., devemos preparar o homem maçom, através do ensinamento da moralidade, para que este o faça.

Não é a maçonaria enquanto instituição, mas sim os maçons devidamente preparados que agirão, conforme os preceitos de moralidade e ética, nas empresas, órgãos públicos, escolas, lares, associações, etc., difundindo e aplicando os ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

O foco principal da maçonaria deve ser a formação do maçom. 

A continuarmos do jeito que está iremos nos tornar, se é que já não nos tornamos um clube de serviços onde nos reunimos para troca de favores e obtenção de vantagens pessoais. 

Sem esquecer, é claro, das medalhas, paramentos …

Vamos a todo custo e nunca a qualquer custo!!!

(*) Texto recebido pela rede social. Desconheço a identidade do autor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário