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quinta-feira, 31 de outubro de 2024

FRATERNIDADE MAÇÔNICA

Autor: Fernando Ramos Bernardes Dias

No mundo profano, talvez um dos mais conhecidos lemas atribuídos à Maçonaria é a tríade Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Tal tríade restou conhecida pelo lema da Revolução Francesa: Liberté, Egalité e Fraternité.

O que pouca gente sabe é que tal tríptico não advém da Maçonaria à Revolução Francesa (talvez uma das maiores fake News que cerca o universo maçônico), mas exatamente o contrário. Como se sabe, a Revolução Francesa ocorreu no chamado “Século das Luzes”, dentro do movimento que passou a ser chamado de Iluminismo.

Grandes teóricos iluministas tiverem em seus estudos a base para a invocação de movimentos revolucionários. Aliás, tal lema consta inclusive de prédios públicos e da própria constituição da França.

Liberdade e Igualdade advêm puramente do movimento iluminista. Já a Fraternidade advém também de um preceito cristão, tanto que encampado pela Igreja Católica até os dias atuais e com forte trabalho sobre tal virtude por teóricos como Santo Agostinho (a Igreja reúne os homens em fraternidade, que os religiosos vivem a igualdade por não terem propriedades, que os fiéis “vivem na caridade, na santidade e na liberdade cristã”).

Pois bem, a própria maçonaria nasce no século das luzes e, como não poderia deixar de ser, é fortemente influenciada pelo movimento iluminista. Assim, boa parte das lojas maçônicas tomaram para si o tríptico da Revolução Francesa.

Contudo, merece especial atenção à maçonaria o lema “Fraternidade”, mas analisando-o a partir da Fraternidade Maçônica.

O termo “fráter” (irmão, em latim) faz parte do dia a dia das lojas maçônicas. No REAA é absolutamente invocado, sendo, inclusive, utilizado até na abertura das sessões maçônicas quando da leitura do Salmo 133 que invoca, especialmente, a convivência fraterna.

Não é demais dizer que a fraternidade é a base do pensamento maçônico, sendo ele invocado em várias situações quando, por exemplo, o amparo ao irmão necessitado e sua família, a caridade maçônica e em uma série de compromissos assumidos pelo maçom quando é iniciado.

Ocorre que, no mundo moderno, o termo “irmão”, utilizado exatamente para demonstrar a fraternidade parece ter seu uso relativizado. Não é incomum nos depararmos com situações de ativa beligerância entre irmãos, em total inobservância ao preceito de não usar um avental enquanto mantiver algum tipo de nódoa com outro irmão.

O termo acaba sendo desvalorizado. Muito comum se referir a maçom como “é um irmão nosso”, mas sem se atentar se realmente nutre sentimento fraterno pelo irmão e seus familiares.

Pior, com o individualismo crescente em nossa sociedade, intensificado pela grave pandemia do COVID-19, o amparo assistencial ao irmão necessitado parece estar senso extirpado das lojas maçônicas. E tal sentimento não se resume à amparo financeiro, mas também amparo emocional, muito necessário nos dias de hoje.

Ao que parece, o problema assola as lojas, que, não raramente, buscam mais se tornar em verdadeiros tribunais de julgamento de conduta de irmãos, do que amparar o irmão que esteja em dificuldade. Busca-se “cobrar” do irmão inadimplente sem, antes, buscar o amparo fraterno ao irmão em dificuldade. Fosse verdadeiro irmão assim o faríamos?

Não é incomum que irmãos manifestem sinais que precisam de ajuda. Contudo, muitos tentando evitar “assumir problemas de outro” preferem se omitir, até que o irmão se afaste ou seja afastado da vida maçônica. Contudo, repisa-se, seria este um verdadeiro comportamento fraterno?

Penso que talvez um dos maiores problemas da evasão maçônica seja exatamente a ausência de fraternidade. Os irmãos não mais se sentem amparados por sua loja! O pedido de “quite placet” de um irmão, hoje em dia, parece ser recebido mais com alívio do que com pesar.

São apenas divagações sobre tão importante tema, que jamais poderá ser exaurido neste breve trabalho. 

E você, tem praticado a FRATERNIDADE?

Fonte: opontodentrodocirculo.com

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