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quinta-feira, 24 de abril de 2025

A PEDRA BRUTA QUE BUSCA A LUZ

(Reflexão de um Profano aos 22 Anos)

Aos 22 anos, sou como a pedra bruta, retirada da pedreira da vida, aguardando o malho e o cinzel que me ajudarão a revelar meu verdadeiro propósito. Ainda sem avental, mas com o espírito inquieto e o coração aberto, observo o horizonte do Templo do Grande Arquiteto do Universo como um chamado eterno, ecoando entre as colunas do Tempo e da Eternidade.

O número 22, que em tantas tradições simboliza o Mestre Construtor, reverbera dentro de mim como uma lembrança de que a juventude é o terreno fértil para a semeadura do autoconhecimento. 

Vejo na dualidade do Pavimento Mosaico – com seus ladrilhos brancos e negros – a constante oscilação entre luz e sombra em minha vida. Cada escolha que faço é como um passo sobre este piso sagrado, equilibrando razão e emoção, moral e instinto.

Olhando para o Templo simbólico, vejo o portal ladeado pelas Colunas de Sabedoria e Força, sustentadas pelo capitel da Beleza. Sabedoria, para discernir o que é justo; Força, para resistir às tentações do ego; e Beleza, para lembrar-me de que cada ato deve ser uma manifestação da harmonia. Mesmo fora do Templo, já sinto o peso dessas colunas em minha jornada, pois, sem elas, qualquer construção, seja espiritual ou material, está fadada a ruir.

A Escada de Jacó, com seus degraus ascendentes, surge em meus pensamentos como um lembrete de que o progresso é gradual e exige trabalho constante. Cada degrau é uma virtude a ser conquistada – a Fé que ilumina, a Esperança que guia, e a Caridade que une. Assim como no mito bíblico, acredito que essa escada conecta o terreno ao celestial, mostrando que minha busca interna é também uma busca pelo divino.

O Olho que Tudo Vê, colocado no alto do triângulo radiante, observa cada um de meus passos. Ele simboliza não apenas a vigilância do Grande Arquiteto, mas também a necessidade de que eu esteja consciente de minhas próprias ações. Cada pensamento, cada palavra e cada ato são julgados por este Olho, lembrando-me de que a retidão é um pilar essencial na vida de quem aspira à Luz.

O simbolismo da Arca da Aliança também habita meus pensamentos. Tal como o cofre sagrado que guardava as Tábuas da Lei, o Maná e a Vara de Arão, procuro guardar dentro de mim os valores fundamentais que sustentam minha humanidade. A tampa do propiciatório, ladeada pelos querubins, representa o lugar onde a alma encontra o divino, e o ouro que recobre a Arca simboliza a pureza necessária para tal encontro.

Assim como o Esquadro e o Compasso traçam limites e orientam a construção, eles também guiam minha vida. O Esquadro alinha meus atos com a justiça e a ética, enquanto o Compasso me lembra de medir minhas palavras, ações e ambições. Ambos são instrumentos indispensáveis para a edificação de um caráter digno e de uma alma harmoniosa.

Na Câmara de Reflexão, mesmo que ainda apenas em espírito, já mergulho nas profundezas do meu ser. Este espaço simbólico, com suas paredes negras e inscrições enigmáticas, ensina-me que a verdadeira iniciação começa dentro de mim. As palavras inscritas – V.I.T.R.I.O.L. (Visita o Interior da Terra e, Retificando-te, Encontrarás a Pedra Oculta) – ecoam em minha mente, lembrando-me de que o maior tesouro está escondido em meu interior e só será revelado por meio da introspecção e do trabalho constante.

Aos que caminham sob a Luz, digo que, embora eu ainda esteja fora do Templo, já dedico minha vida à preparação. E aos profanos como eu, recordo que a Maçonaria não começa ao cruzar o portal do Templo, mas no instante em que decidimos nos tornar melhores, mais íntegros e mais conscientes.

Quando, um dia, vestir o Avental e adentrar o Templo, espero fazê-lo com a pedra bruta já talhada, pronto para ser uma coluna viva no Templo Universal. Até lá, sigo com paciência e determinação, aprendendo que cada golpe do cinzel da vida é um passo em direção à Luz.

Que o Grande Arquiteto do Universo guie minha jornada, para que, ao final, minha pedra não apenas encontre seu lugar na edificação maior, mas também reflita a beleza e a perfeição de uma alma que se moldou no trabalho e na virtude.

Fonte: Facebook_Átrio do Saber

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