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As Virtudes Teologais – Fé, Esperança e Caridade |
Vejamos como estas virtudes se relacionam com o processo de enfrentamento e superação:
Esperança: é possível superar o problema
A virtude da Esperança convida-nos a acreditar num futuro melhor e a confiar que a superação é possível, mesmo diante de dificuldades. Ela alimenta o espírito com uma visão positiva e nos motiva a buscar soluções, ao invés de sucumbir ao desespero. Na prática, trata-se de cultivar a confiança de que, com esforço e persistência, haverá um desfecho favorável. A Esperança não é passiva; é uma força que nos impele a agir, sustentada pela visão de um bem maior.
Fé: buscar a solução com coragem e sem medo
A Fé nos dá a coragem de enfrentar o desconhecido e de caminhar por terrenos incertos. Ela fortalece-nos na busca por soluções, ao confiar que, mesmo sem controle absoluto das circunstâncias, há um propósito superior e um caminho a ser seguido. A pessoa deve exercitar a confiança em si mesma, nos outros (quando aplicável) e em algo maior que nos guia. A Fé elimina o medo paralisante e nos encoraja a dar os passos necessários, mesmo quando o resultado ainda não é visível.
Caridade: executar a solução com coragem e confiança
A Caridade, entendida como amor e acção em prol do bem, é a virtude que transforma os desejos e intenções em acções concretas. Ela nos lembra que a superação de problemas não é apenas para benefício próprio, mas para contribuir com algo maior e beneficiar os que nos cercam. E isso requer agir com coragem, mesmo diante de desafios, acreditando no impacto positivo das suas acções. Este é o momento de concretizar o que foi idealizado com Esperança e impulsionado pela Fé.
Assim, o ciclo completo – Esperança, Fé e Caridade – mostra-nos que a Esperança nos faz acreditar que a superação é possível., a Fé nos fortalece para buscar soluções e encarar os desafios, e a Caridade leva-nos a agir, confiantes de que estamos contribuindo para algo maior.
Este ciclo não é apenas uma sequência lógica; ele se retroalimenta. À medida que você age com Caridade, reforça a sua Fé e renova a sua Esperança, criando um círculo virtuoso que torna cada superação mais significativa.
Esta abordagem prática com base nas virtudes teologais oferece uma estrutura espiritual e psicológica que equilibra a visão positiva, a acção decidida e o amor altruísta, proporcionando um caminho consistente para enfrentar e superar os desafios da vida.
O trecho bíblico de Mateus, no capítulo 10, versículos 26 a 33, contém palavras de Jesus que inspiram confiança e coragem aos seus discípulos, especialmente em momentos de perseguição e adversidade. Vamos analisá-lo sob a óptica das virtudes teologais (Fé, Esperança e Caridade) e a sua aplicação na superação de problemas.
Texto Sagrado: Mateus 10:26-33 (resumo e contexto)
- Jesus encoraja os discípulos a não temerem, pois tudo será revelado e conhecido (v.26-27).
- Ele afirma que devem anunciar sem medo, mesmo em face de opositores (v.28).
- Enfatiza o cuidado divino, comparando a protecção de Deus aos pardais (v.29-31).
- Declara a importância de confessar a Cristo perante os homens, prometendo reconhecimento diante de Deus (v.32-33).
Comentário sob a óptica das Virtudes Teologais
Esperança: “Não temais” (v.26, 28, 31)
Jesus começa com um chamado à Esperança: “Não temais”. Ele assegura aos discípulos que a verdade prevalecerá e que nada ficará escondido. Isso evoca a certeza de que o bem triunfará, mesmo quando as circunstâncias parecem sombrias. Na prática, a Esperança dá-nos força para acreditar que os desafios podem ser superados, pois há uma ordem divina que governa o mundo e um propósito superior que guia as nossas acções.
Fé: “Não temais os que matam o corpo…” (v.28)
Aqui, Jesus apela directamente à Fé: confiar em Deus mais do que nos perigos mundanos. Ele lembra que a alma é mais preciosa que o corpo, enfatizando a necessidade de focar no espiritual e eterno, em vez de se deixar dominar por medos terrenos. Na aplicação prática, equivale dizer que a Fé nos dá coragem para enfrentar adversidades, confiando que Deus está no controle e que as nossas acções, mesmo quando desafiadoras, têm valor eterno. Assim, enfrentamos os problemas sem sermos paralisados pelo medo.
Caridade: “Proclamai sobre os telhados” (v.27)
Jesus instrui os discípulos a anunciar a mensagem sem medo, declarando-a publicamente. Isso demonstra Caridade, pois a proclamação da verdade divina é um acto de amor ao próximo, ajudando outros a encontrar a mesma luz e redenção. Isto significa que a Caridade aqui está no acto de compartilhar a verdade e agir com coragem. Esta disposição de fazer o bem, mesmo em circunstâncias adversas, reflecte o compromisso com algo maior do que os próprios interesses.
A promessa do reconhecimento (v.32-33)
Jesus conclui com a promessa de que aqueles que o confessarem perante os homens serão reconhecidos por Ele diante de Deus. Esta promessa reforça a relação entre Fé, Esperança e Caridade, de tal forma que a Esperança está na recompensa eterna nos motiva a seguir em frente, a Fé em Jesus Cristo como mediador nos dá confiança no caminho, e a Caridade no acto de confessar e viver a mensagem fortalece a nossa comunhão com Deus e com o próximo.
Integração com a reflexão sobre superação de problemas
O que o evangelista Mateus nos diz nestes versículos é um guia prático para lidar com problemas. A Esperança: Acredite que o bem e a verdade prevalecerão. A Fé: Confie no cuidado e na protecção de Deus, agindo sem medo, e a Caridade: Faça o bem e proclame a verdade, mesmo em situações difíceis, pois isso transforma problemas em oportunidades de crescimento espiritual.
Isto nos lembra que, ao enfrentarmos dificuldades com essas virtudes, caminhamos com coragem, propósito e confiança, fortalecendo a nossa alma e o nosso compromisso com Deus.
As Virtudes Teologais na senda maçónica
As virtudes teologais — Fé, Esperança e Caridade — encontram um solo fértil para aplicação na Maçonaria, uma instituição que busca o aperfeiçoamento moral, espiritual e intelectual do indivíduo. Elas podem ser integradas à jornada maçónica de forma prática e simbólica, contribuindo para o crescimento pessoal e o fortalecimento da fraternidade.
Fé: o alicerce da confiança na obra
A Fé na Maçonaria não está necessariamente vinculada a dogmas religiosos, mas à crença num princípio superior, representado pelo Grande Arquitecto do Universo. Ela orienta o Maçom a confiar no plano divino, na bondade intrínseca da humanidade e no poder transformador da verdade. Na prática da Senda Maçónica relacionada ao trabalho interno, a Fé inspira o Maçom a acreditar na sua capacidade de lapidar a pedra bruta, transformando os seus vícios em virtudes, e no trabalho colectivo, confiança na egrégora da Loja e nos objectivos comuns, promovendo harmonia e união entre os irmãos.
Esperança: a visão do progresso e do futuro melhor
A Esperança é uma virtude central para o Maçom, pois ele trabalha pela construção do Templo da Virtude — tanto em si mesmo quanto na sociedade. É ela que impulsiona o indivíduo a superar desafios, acreditando que os seus esforços contribuem para um mundo mais justo e fraterno. Na aprendizagem contínua, a Esperança actua no aprimoramento intelectual e espiritual por meio do estudo e da prática dos ensinamentos maçónicos. No impacto social, a crença de que as acções filantrópicas e os valores maçónicos podem transformar a sociedade num lugar mais ético e solidário.
Caridade: o amor em acção
A Caridade é a expressão mais tangível do amor fraternal, que permeia todos os graus e ritos maçónicos. É a prática da ajuda desinteressada e da empatia, tanto dentro da Loja quanto fora dela.
Na prática da Senda Maçónica, entre os irmãos, a Caridade manifesta-se no apoio mútuo, no compartilhamento de conhecimentos e na compreensão das dificuldades individuais, e na sociedade, a Hospitalaria, uma das colunas da Maçonaria, é um reflexo directo da Caridade, demonstrada através do auxílio aos necessitados e de projectos sociais.
Integração das virtudes na jornada maçónica
No Grau de Aprendiz, a Fé sustenta o Aprendiz no seu compromisso inicial com a busca do conhecimento e da verdade. No Grau de Companheiro, a Esperança guia o Companheiro na jornada de aperfeiçoamento intelectual e na busca do equilíbrio entre os mistérios do universo e de si mesmo, e no Grau de Mestre, a Caridade torna-se a virtude fundamental, simbolizando o amor maduro que transcende o ego e trabalha pelo bem maior.
A manifestação das virtudes na Loja
Nos Rituais, a invocação do Grande Arquitecto e as orações na Loja reforçam a Fé. A Esperança é simbolizada pela luz que ilumina o caminho do Maçom, enquanto a Cadeia de União exemplifica a Caridade no laço fraternal. Nas Práticas, a gestão do Tronco de Solidariedade e o apoio aos irmãos em dificuldade são expressões concretas dessas virtudes, e na filosofia, os símbolos maçónicos, como o Compasso e o Esquadro, evocam a harmonia e a medida justa que decorrem da vivência dessas virtudes.
Assim, a aplicação das Virtudes Teologais na senda maçónica significa internalizá-las como guias para a construção de um Templo Interior forte e harmonioso. A Fé nos dá a base; a Esperança nos move adiante; e a Caridade nos conecta aos outros, tornando a jornada colectiva e transformadora. Desta forma, o Maçom não apenas lapida a sua pedra, mas contribui activamente para a construção de uma sociedade mais justa e iluminada.
Giovanni Angius, MI, 33º – REAA – Membro da Augusta e Respeitável Loja Simbólica Orvalho do Hermon nº 21, Jurisdicionada à Grande Loja Maçónica do Estado do Espírito Santo – Brasil
Fonte: freemason.pt
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