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quinta-feira, 3 de julho de 2025

SINAL DO GRAU DE COMPANHEIRO

Em 16.11.2024 o Respeitável Irmão Marco Nascimento, Loja José Caraver, 101, REAA, GLMERGS (CMSB), Oriente de Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul, apresenta a seguinte questão:

SIN DE COMP

Venho lhe expor uma curiosidade que alguns Irmãos da Loja estão com alguma interrogação sobre uma postagem feita por nosso Irmão Almir Santana da Cruz sobre os sinais dos Graus.

Chamou-nos a atenção sobre o Grau de Comp, em especial a posição do be. Vou copiar a postagem, e se o Irmão puder nos auxiliar sobre a dita posição, desde já ficamos agradecidos.

“OS SSIN DOS GRAUS SIMBÓLICOS SÃO SIN PEN

Ir Almir Sant’Anna Cruz.

Muito já se especulou sobre o significado dos ssin de cada grau e surgiram diversas explicações descoladas da realidade. O fato é que a única explicação está no Gr de M, a partir da Lenda de H A e no próprio juramento dos Graus. Vejamos: [...]”.

(Nota de Pedro Juk: seguem as descrições do autor das ppen aapl na Lenda, as quais serão aqui omitidas por motivos óbvios).

“Um detalhe interessante, e de certa forma incompreensível, é que no Grau de Comp muitas Obediências não deixam explícito ao descrever o sin que a mno c deve estar como se fosse uma g. Além disso, a grande maioria das Obediências acrescentou no sin do REAA o b e, que nada tem a ver com a penalidade descrita na Lenda Hirâmica e também no jur (pelo menos nos Ritos Adonhiramita, Moderno e Schröder não se fez essa inclusão do braço esquerdo)”.

Mais uma vez agradeço pela atenção do meu Ir.

CONSIDERAÇÕES:

No que diz respeito ao texto, o Resp Irmão Almir Sant’Anna está coberto de razão.

Rigorosamente, no autêntico REAA os SSin PPen são sempre executados com a mão direita. Atitude esta que corrobora com o que está descrito na Lenda do 3º Grau.

Historicamente, o também uso do membro sup esq para compor o Sin do 2º Grau é natural do Rito de York, para o qual existe fundamento na sua utilização.

Já no REAA (francês), diferente do Rito de York (inglês), não se utiliza a m esqna composição do Sin no 2º Grau. Nesse caso, o membro sup esq (br, antebr e m) fica caído naturalmente ao lado esquerdo do corpo.

No caso do REAA, o indevido uso da m esq no 2º Grau deve-se a Joseph Paul Oswald Wirth, ocultista, artista e escritor suíço nascido no Cantão de Berna em 1860, que via no br esq levantado uma relação com a passagem bíblica[1]mencionada em Êxodo, 17: 11-13, VI.

Assim, foi graças à disseminação dessa imaginosa interpretação de Wirth que a m esq lev veio indevidamente parar em alguns rituais franceses, em especial nos do REAA. 

Vinda de outro rito, esta cópia malfeita não tardaria a produzir as mais estapafúrdias explicações sobre o uso da m esq no Sin de Comp do REAA, ao ponto de se produzirem absurdos como o de relatar que a m esq erguida simbolizava a Estr Flamej - a imaginação não tem limites.

Havia muito tempo que o irreparável e saudoso Irmão José Castellani já alertava para esse equívoco. 

Longe das invencionices, no CRAFT - por aqui mais conhecido como Rito de York (inglês) - o uso do membro sup esq no Sin do 2º Grau é apropriado e original. Nele, o uso da m esq é uma espécie de preparação para outro Sinque virá no 3º Grau.

Como os ssin são ppen, no simbolismo do REAA o gesto se trata da aplicação da pena simbólica proferida na tomada de obrigação do Comp. Este sin é conhecido como Sin Cord (relativo a coração).

Nesse contexto, vale também ressaltar que a Lenda do 3º Grau, onde estão descritos os SSin PPen, mesmo que a sua narrativa seja muito parecida entre os ritos maçônicos, não se pode negar que entre eles existem pequenas diferenças, as quais merecem ser levadas em muita consideração, a despeito de que essas dessemelhanças podem influenciar no gestual de execução dos SSin entre os ritos. 

Embora sem justificativa plausível, a inserção da m esq, por tudo o que foi aqui relatado, acabou ficando consagrada e enraizada no Sin do 2º Grau do REAA. Retirá-la hoje do contexto ritualístico, sem dúvida iria despertar a ira de muitos, sobretudo daqueles que não conhecem os meandros da verdade obtida pela pesquisa acadêmica. Quem sabe se no futuro, paulatinamente isso não possa, por doses homeopáticas ser retirado do contexto.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com

[1] Êxodo 17:11-13, VI - Enquanto Moisés mantinha as mãos erguidas, os israelitas venciam; quando, porém, as abaixava, os amalequitas venciam. Quando as mãos de Moisés já estavam cansadas, pegaram uma pedra e a colocaram debaixo dele, para que nela se sentasse.

Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

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