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quarta-feira, 1 de outubro de 2025

MESTRE MAÇOM: UMA QUESTÃO DE COMPROMETIMENTO

Rito Escocês Antigo e Aceite (REAA) - Avental de Mestre Maçom
Rito Escocês Antigo e Aceite (REAA) – Avental de Mestre
José Pellegrino Neto

O mestrado maçónico, teoricamente, é o auge do simbolismo, mas será que todo aquele que atinge o grau de Mestre Maçom se encontra preparado para o importantíssimo papel que a Maçonaria lhe reserva?

A palavra “mestre”, tão importante para nós, maçons, deriva do latim magister, que traduz como professor, ou seja, aquele que professa algo, que se dedica à arte de ensinar.

Ser um verdadeiro Mestre Maçom é sonhar o sonho de cada Aprendiz, de cada Companheiro, e se tornar um exemplo vivo de dedicação, respeito, doação, ética, tolerância, humildade, paciência, justiça, amor ao próximo e dignidade.

O Mestre Maçom deve seguir quase de forma imperceptível, transmitindo aos Aprendizes e Companheiros não apenas a sua sabedoria e os seus conhecimentos teóricos, mas também um pouco da sua fé e muito do seu amor pela nossa Sublime Instituição.

Dentro das nossas lojas, identificamos diversos tipos de mestres: há os que falam bastante e de forma prolixa, mas ninguém os ouve; muitos fazem longos e inflamados discursos, desperdiçam verborreia, mas as suas falas são vazias, raramente os sentimos no nosso amago; Outros, de maneira ríspida, golpeiam-nos com as suas línguas ferinas, porém não geram cicatrizes.

Os mestres deste tipo consideram-se os donos da verdade, únicos conhecedores dos nossos “segredos” e da nossa ritualística, mas por outro lado disputam os primeiros lugares no ranking da animosidade.

O papel de um Mestre é tão importante que a sua postura pode tanto estimular quanto desestimular o nosso obreiro.

O Mestre Maçom mais esclarecido, estudioso e comprometido, auxiliará Aprendizes e Companheiros a superar as suas limitações, conduzindo-os de forma equilibrada para angariarem forças e triunfarem sobre as dificuldades que certamente surgirão.

A diferença entre o Mestre preparado e um mestre comum é, em todos os aspectos, incalculável. Ressalve-se que ainda há no nosso meio aquele que permanecerá na instituição anos e anos, muitas vezes até à sua morte física, todavia sem compreender a dimensão dela.

Isto não é um privilégio da Maçonaria, existe em todos os ambientes e em todas as sociedades organizadas. Na nossa Ordem, costumo denominá-los de maçons festivos ou Maçom protocolar.

Frequenta as nossas lojas, mas no fundo não sabem por que o fazem. Muitas vezes, através de manobras políticas, estimulados pela vaidade, alcançam o Veneralato, conduzindo a sua loja rapidamente ao caos.

O progresso dos neófitos será proporcional aos ensinamentos e orientações recebidas dos mais experientes. Muito pior do que não aprender é aprender de forma errada. Quando o neófito assimila uma postura errada, continuará propagando erros e equívocos no decorrer de toda a sua jornada maçónica.

Como cobrar de um Aprendiz ou Companheiro para que ele se conserve na sua coluna, com o devido respeito, disciplina e ordem, quando observa mestres mais antigos sentarem-se ou comportam-se de forma descuidada?

Balandrau com colarinho aberto, pernas cruzadas ou distendidas lateralmente, entre outras negligencias de posturas. O que será que passa pela cabeça de um Aprendiz ou Companheiro quando observam um Mestre cochilando, bocejando ou espreguiçando-se no Oriente?

Que interpretações terão os nossos neófitos, ao verem os seus mestres Instalados, conversando, e às vezes até rindo, consultando as mensagens do seu celular, totalmente alheios á ritualística e ao cerimonial em si?

Somente com um solido programa de aperfeiçoamento litúrgico, as nossas lojas se distanciarão daquela Maçonaria protocolar, viciosa e inútil. É fundamental caminhar na direcção de uma ordem mais coerente, efectiva e espiritualizada.

O neófito será sempre o reflexo das atitudes dos seus mestres e aqui é imperativo que se entenda por Mestre, não os mais sábios e experientes, mas os Mestres verdadeiramente dedicados e comprometidos com a nossa Instituição.

O Mestre Maçom cheio de conceitos equivocados, de hábitos, de pontos de vista dogmáticos, estará distante de captar o sentido real da Maçonaria, que se expressa justamente através da simplicidade e da humildade do verdadeiro e sincero Maçom, através do exemplo dos bons e dos dedicados mestres é que a Maçonaria caminha e evolui.

Tudo na Ordem ocorre em razão da caminhada correcta dos verdadeiros Metres Maçons. O neófito pode encontrar e trazer valores com ele, mediante os quais e a cada dia, ele chegará mais próximo da perfeição, ninguém desenvolverá valores os quais não possua dentro de si.

Felizmente, para nós e para a Maçonaria, existem aqueles mestres que nos marcam profundamente com a sua sabedoria e com as suas significativas atitudes. Na presença de tais irmãos, nós sentimos mais alegres, há uma leveza e uma aura de felicidade no ar.

São estes mestres que nos transmitem a segurança e a tranquilidade para seguirmos em frente, sem eles não haveria a Maçonaria.

Fonte: freemason.pt

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