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quarta-feira, 3 de março de 2021

NESTE SOLSTÍCIO DE VERÃO

NESTE SOLSTÍCIO DE VERÃO
Ir∴ Antônio do Carmo Ferreira

21 de junho é o 172º dia do ano no calendário gregoriano (173º em anos bissextos). Faltam 193 para acabar o ano. Este dia é um solstício, em que o Sol se encontra sobre o Trópico Celeste de Câncer, sua posição mais ao norte. É, portanto, o começo do inverno no hemisfério sul e do verão no hemisfério norte. Veja: solstício de junho. É o dia mais longo e a noite mais curta de todo o ano no hemisfério norte e a noite mais longa com o dia mais curto no hemisfério sul. Sendo no hemisfério sul um solstício de inverno e no hemisfério norte um solstício de verão.

O mês de dezembro passa a galope. Quando menos se espera, ele acabou. Acho que é por causa das festividades que o povoam. A gente se amarra nas festas, vai curtí-las e esquece do tempo.

Mas, mesmo assim, sob todas essas circunstâncias, não esqueçamos de que dezembro, por ser o último, é o mês da avaliação do ano. O que foi feito e o que deixou de ser. O doce das realizações que se repetem, e o amargo das frustrações que se evitam.

Lembrar tudo de bom que nos aconteceu, certos de que, para isto, não faltou a colaboração divina. Também dezembro é a última estação, para se pegar o trem do estabelecimento de metas e de renovação de sonhos, para o ano que se avizinha.

Os maçons pensam que a ação do homem deve ser assim como uma régua de 24 polegadas , dividida em 4 segmentos, servindo o 1º para lembrá-lo do compromisso com o planejamento; o 2º, com a execução; o 3º, com a avaliação incluindo aí o agradecimento a Deus; e o 4º, com a reconstituição das energias.

Os romanos da antiguidade remota faziam semelhantemente. Eles festejavam um deus chamado Janus – que tinha duas faces. Uma voltada para trás, para o passado – simbolizava a tradição e o agradecimento. A outra face voltada para a frente, para o futuro – e tinha a ver com a evolução e a esperança. E eles realizavam essas festas em torno de 21 de junho e 21 de dezembro e as chamavam de solstício. A 1ª, solstício de verão; e a 2ª, solstício de inverno.

Quando o sol estava mais próximo do trópico de Câncer ou quando o sol mais se chegava para o trópico do Capricórnio.

Os romanos, então, agradeciam a Janus os benefícios recebidos através da mãe-natureza (junho), e pediam ao mesmo deus (dezembro) para que ele os ajudasse na realização de seus sonhos durante o tempo que estava chegando pelo portão do futuro (Januário/janeiro).

Das “boas festas” de dezembro, duas releva-se pela densidade da mensagem que passam e do seu significado para a humanidade.

O “natal” – dia 25 – que se reporta ao nascimento de Jesus Cristo. O dia 27, reservado para os festejos relativos ao nascimento de João Evangelista, a respeito de quem continuam estes breves e paupérrimos comentários. Festejos aliás que me parecem guardar relação com o sincretismo religioso das festas a Janus, no solstício de inverno, para os romanos, que pra gente do Brasil, habitantes no hemisfério austral, será o solstício de verão.

João era irmão carnal de Tiago e ambos, filhos de Zebedeu. Um dia, estavam a consertar redes de suas pescarias à beira-mar da Galiléia. Aparece-lhes Jesus e os convoca para o trabalho da “messe”.

A senha do ingresso nesta missão foi: “pescadores de homens” ( Mateus 4: 19). Daí em diante, João não perdeu oportunidade de estar com Jesus.

Com Tiago e Pedro, os três formaram uma espécie de grupo da intimidade de Jesus, tanto na alegria, como na dor. Não havia outros, fora eles, no momento em que se deu a transfiguração do Senhor, que Mateus narrou: “seu rosto brilhou como o sol, suas vestes tornaram-se resplandescentes de brancura” (Mateus 17: 2). Como somente eles estavam no Getsêmani, quando o Senhor lhes revela a sua agonia: “Minha alma está triste. Ficai aqui e vigiai comigo” (Mateus 26: 38). João estava lá juntinho ao madeiro e recebeu a sublime encarregatura, referente a Maria, mãe de Jesus: “Eis aí tua mãe” (João 19: 27).

Dos quatro evangelistas, João foi o único que conviveu com Jesus Cristo. Seus ensinamentos começam com a narração das Bodas em Caná. Ele não fala do nascimento, nem da infância, nem do crescimento. Sua fala começa com a narração do primeiro milagre.

As suas palavras não são de louvação ao passado. Todavia plenas de ensinamentos para que o futuro, uma vez adotando-as, seja bem sucedido. O futuro é um enigma que tem de ser decifrado (Apocalipse), mas que há uma garantia e João a revela em seus ensinamentos, a garantia de que, quem seguir a orientação de suas palavras, terá êxito e será bem sucedido. “Porque a Luz alumia o homem” (João 1: 9), não importando que “as trevas não A compreendam” (João 1:5).

Suas palavras são recheadas de ternura e de amor, porque foi isto que aprendeu em sua convivência com Jesus Cristo ao se preparar para a missão, cujo exercício aceitou.

Toda a sua pregação estava amparada em o novo mandamento, dado pelo Mestre, que veio à Terra para ensiná-lo aos homens (João 13: 34), do que ele foi um dos principais missionários – “amai-vos uns aos outros”. E João, fiel à sua aprendizagem e á sua missão, dá curso à primeira de suas três

Cartas, escrevendo: “Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor.” (I João 4: 7 e 8)

A Ordem maçônica tem em João o seu Padroeiro. Suas Lojas são de São João. E os maçons sempre estão vindo de uma delas. Ninguém se surpreende, por isto mesmo, que as comemorações mais bem caprichadas no seio da Maçonaria, sejam as voltadas para homenagear São João Batista e São João Evangelista.

E estes festejos são levados a efeito em junho e dezembro, coincidentes, respectivamente, com o solstício de inverno e com o solstício de verão.

Nas festas solsticiais do verão deste ano, celebradas agora em dezembro, que seja pedido a intercessão do padroeiro João Evangelista junto ao Grande Arquiteto do Universo, para que o ano vindouro seja um tempo de paz entre os homens e de progresso para a sociedade, sob os influxos da Luz que a todos ilumina e guia.

Que nestes tempos de promessas vãs e enganação, salve-nos a verdade; nestes tempos de ceticismo e indiferença, salve-nos a solidariedade; nestes tempos de vício e de corrupção dos costumes, salve-nos a virtude; nestes tempos de tanta violência, salve-nos o amor fraternal.

Pois que este é o grande papel da Maçonaria: envidar esforços para tornar feliz a humanidade.

Fonte: JBNews - Informativo nº 109 - 18/12/2010

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