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segunda-feira, 11 de outubro de 2021

INICIAÇÕES FRUSTRADAS

INICIAÇÕES FRUSTRADAS
Ir∴ João Nery Guimarães

Quem se der ao trabalho de examinar os motivos da alta porcentagem de Iniciados em nossas Lojas que abandonam os Trabalhos Maçônicos, desiludidos com a Ordem e com os que a compõem, chegará facilmente à conclusão que a nós que permanecemos deve caber a culpa por tão grande número de Iniciações frustradas.

Aqueles que animados pelo ideal maçônico continuam a trabalhar dentro dos Templos porfiando na elaboração de uma elite moral e intelectual que atue de forma benéfica e eficiente na sociedade profana, ante o fracasso constante de novos Iniciados, chegam ao desânimo, às críticas mútuas, e até mesmo, o que é pior, à indisciplina.

E, na realidade, a culpa de não poder a Ordem representar essa elite, preenchendo um vácuo cada vez mais sentido no mundo profano, cabe aos próprios Maçons e, por mais paradoxal que pareça ser, aos Maçons idealistas.

No afã de completar os nossos quadros e dar-lhes o vigor e a vitalidade necessária, por todos desejada, têm os Maçons procurado entre os profanos de suas relações, aqueles que pelo seu valor pessoal, moral e intelectual e mesmo financeiro, possam dar algo mais de si à Ordem, que tanto desejamos ver forte e atuante.

Escolhidos esses profanos, são eles catequizados, pela impressão grandiloqüente que os idealistas lhes transmitem, sobre o valor e atuação da Ordem, não se considerando que tais profanos, desconhecendo a Instituição, reagirão de forma diferente da esperada pelos que o catequizaram.

Eis por que o trabalho de atração de profanos para os nossos AAug.·. MMist.·. deve residir principal e primeiramente num preparo de seus espíritos, para a ação gigantesca de desprendimento, paciência, compreensão e disciplina, que deverão eles exercer na Ordem, a fim de se tornarem úteis à suas finalidades.

Quantas e quantas vezes verifica-se que, antes mesmo de ser o profano declarado limpo e puro por sua Loja, o entusiasmo de quem o apresenta, exagerando e enaltecendo suas virtudes perante os Mestres da Oficina, origina uma falsa posição para o Neófito, que ainda deverá passar pelas provas da Iniciação e seguir o caminho árduo do aprendizado e do aperfeiçoamento necessário na Coluna dos Companheiros.

E o Iniciado, que ainda está por aprender os primeiros passos na Sublime Instituição, carregando no Espírito ainda a falsa impressão que lhe foi transmitida pelo apresentante, sofre, ao findar a Sessão de Iniciação, o impacto de discursos a ele dirigidos, por Irmãos de cujos Graus elevados e posições destacadas, manifestadas em coloridas Alfaias, o recebem como uma "grande aquisição para a Oficina e a Ordem". Em lugar de lhe assinalarem os deveres e os sérios compromissos assumidos, fazem-no crer um elemento excepcional.

Como conseqüência de toda essa errônea forma de recepção, que contraria mesmo o espírito que orienta o próprio Ritual de Iniciação, todo ele cheio de juramentos e práticas solenes, em que o Neófito é chamado ao cumprimento de graves obrigações, adquirimos um novo Irmão, cuja Iniciação podemos chamar de frustrada, e que não sabemos se voltará ou não na próxima Sessão. Essa a triste realidade.

Os profanos deveriam, pelo contrário, ser preparados para um apostolado de humildade, sacrifício e autodominação, que só se completaria quando alcançassem efetivamente a plenitude de seus direitos maçônicos, com a concessão do título de Mestre entre os seus Irmãos. Só então poderia ele atingir a situação daquele Irmão idealista que o convidou a ingressar na Ordem e com ele elaborar uma elite moral e intelectual que atue de forma benéfica e eficiente, na sociedade profana em que vive.

Fonte: JBNews nº 144 - 19/01/2011

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