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quarta-feira, 14 de julho de 2021

NICOLA ASLAN

Nicola Aslan
(do arquivo, com remessa à época do Ir∴ Anatoli Oliynik)

Nicola Aslan cita, na abertura de um de seus livros, o seguinte pensamento de Louis-Claude de Saint Martin: “É ao homem que compete subir para ir buscar a chave, pois, decerto, ninguém virá depositá-la em suas mãos, neste planeta”.

Aslan citou e colocou em prática. Esse valoroso Irmão não ficou na espera de que alguém ou maquiavélicas maquinações lhe garantissem um lugar de destaque na Ordem. Elevou-se através do estudo e encontrou elementos importantes e decisivos da Verdadeira Iniciação. E não ficou só nisso: prosseguiu partilhando com as gerações de maçons tudo aquilo que descobrira, num verdadeiro testemunho de amor e respeito para com a Maçonaria.

Tanto no Grande Oriente do Brasil, como na Grande Loja, Nicola Aslan ocupou, por mérito, cargos de destaque ligados à educação e à cultura maçônicas. Foi proprietário de uma requintadíssima biblioteca maçônica considerada, até então, a mais importante do país.

Nicola nasceu no dia 8 de junho de 1906, na Ilha grega de Chio. Seus pais eram italianos, ambos cirurgiões dentistas dotados de superior cultura, diplomados em Atenas e com pós-graduação em Paris. O ambiente familiar de Aslan propiciou-lhe, desde cedo, íntimo contato com os grandes escritores e filósofos de todos os tempos. Iniciou seus estudos numa escola grega e depois com os Irmãos Lassalistas franceses com os quais solidificou sua orientação cristã.

Desde os 9 anos, dedicou-se às letras e à história, publicando, precocemente, artigos em jornais. Passou a adolescência na Turquia durante a guerra Greco-Turca de 1919–1922, quando vivenciou os confrontos militares da partilha do Império Otomano. Nicola deu prosseguimento aos estudos numa escola italiana e, aos 17 anos, empregou-se no “Crédit Lyonnais”, então uma das maiores instituições bancárias da Europa. Depois, foi admitido no Banco Imperial Otomano.

Antes de completar vinte anos, ele já dominava perfeitamente os idiomas francês, italiano, inglês, hebraico e turco, aprendendo, em seguida, o português e o espanhol. Aos vinte e três anos veio para o Brasil, onde exerceu atividades comerciais e deu aulas de português e francês, até dedicar-se finalmente ao ramo das representações comerciais. Nicola Aslan foi iniciado na Maçonaria em 1956, já com cinquenta anos de idade, na Loja Evolução no2 do Grande Oriente do Estado do Rio de Janeiro. Depois, transferiu-se para a Grande Loja do mesmo Estado.

Apenas quatro anos após sua iniciação - em 1960 - o Irmão Nicola foi instalado no cargo de Venerável Mestre. Em 1964, filiou-se à Loja Rei Salomão da Grande Loja do então Estado da Guanabara.

Ele sabia, conforme aprendera de Saint Martin, que somente aos seus esforços devia confiar seu progresso em busca das chaves superiores da Maçonaria. Assim, atingiu o Grau 33 após somente seis anos de sua Iniciação como Aprendiz.

No Anuário da Academia Maçônica de Letras (1973-1975) consta a investidura de Nicola Aslan na Cadeira de no6, cujo Patrono é Joaquim Gonçalves Ledo.

Autor de numerosas obras sobre a Maçonaria, destacam-se as seguintes:

1) História da Maçonaria, Cronologia, Documentos (1959);

2) Estudos Maçônicos sobre Simbolismo (1969);

3) Pequenas Biografias de Grandes Maçons Brasileiros (1973);

4) O Enigma da Gênese da Maçonaria Especulativa (1973);

5) Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia (1975);

6) Subsídios para uma Biografia de Joaquim Gonçalves Ledo (1976);

7) O Livro do Cavaleiro Rosa-Cruz (1976);

8) Comentários ao Ritual do Aprendiz Maçom (1977);

9) Uma Radioscopia da Maçonaria (1979);

10) Instruções para Lojas de Perfeição, Grau 4 (Reeditado por “A TROLHA” em 1994);

11) Instruções para Lojas de Perfeição, Graus 5 a 14 (também Reeditado por “A TROLHA” em 1994);

12) Instruções para Capítulos (idem);

13) Instruções para Conselhos Kadosch (ibidem);

14) A Maçonaria Operativa (1979);

15) História Geral da Maçonaria (1979);

16) Landmarks e Outros Problemas Maçônicos (1980).

O trabalho de Nicola Aslan reflete sua sólida formação cultural, uma inteligência brilhante e uma exposição sincera do pensamento maçônico.

Ele não inventa nada, não faz suposições e documenta suas afirmativas na melhor tradição iniciática a que teve acesso.

Por algum tempo, através de proeminentes amigos católicos, Aslan promoveu um melhor esclarecimento da Igreja sobre os fundamentos da Maçonaria universal, visando à suspensão do interdito papal que pesa há séculos contra nossa Ordem. Exemplo disso é seu estudo intitulado “O Enigma da Gênese da Maçonaria Especulativa” publicado pela Revista Eclesiástica Brasileira da Editora Vozes. Também, em 1965, Aslan apresentou, na Convenção Nacional do GOB, uma tese intitulada “Nossa Posição em Face do Concílio Vaticano II”.

Grande parte das obras de Nicola Aslan foi editada pela antiga "EDITORA AURORA" e encontra-se esgotada, salvo aquelas reeditadas por “A TROLHA”. Outra parte permanece inédita ou desconhecida.

Fonte: JBNews nº 135 - 09/01/2011

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