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quinta-feira, 16 de junho de 2011

A SÍNDROME DA TELEVISÃO

Ir∴ Anatoli Oliynik

A televisão acabou assumindo a posição de comando na vida das pessoas. Inicialmente, ela entrou em nossos lares como um divertimento despretensioso, de mansinho, como não quer nada e depois aos poucos acabou preenchendo todos os vácuos na vida das famílias.

Resguardadas as devidas exceções, famílias inteiras postam-se diante da "telinha" e passam horas e horas absorvendo o que denomino de "cultura inútil" que ela, a televisão, transmite.

Crianças, da mais tenra idade, passam um tempo excessivo ? 4 a 6 horas diárias ? recebendo uma carga maciça de inutilidades e se transformam em "papagaios de pirata" repetindo sem nada compreender a carga informações inúteis inoculadas em seus cérebros.

Muitas vozes já se levantaram contra a televisão, inclusive de algumas Lojas maçônicas isoladas. Todas sem êxito. É muito difícil lutar contra a televisão.

Alguém, por acaso, já experimentou falar com a família durante a novela das vinte horas e trinta minutos? Impossível. É o mesmo que tocar num vespeiro. A família toda responde em coro uníssono:

Cala a boca!

O curioso é que todos falam da "novela das 8", quando, na realidade ela começa às 20 horas e 30 horas? Às 20 horas é o Jornal Nacional! São coisas da modernidade. As próprias emissoras de televisão anunciam exaustivamente: "A próxima novela das 8". Não há precisão para mais nada, lamentavelmente.

Há 20 ou 25 anos, a vida era diferente sem ela. As famílias se visitavam para conversar, trocavam idéias, cultivavam amizades, enfim, elas se conheciam. Hoje, se alguém aparecer na casa do vizinho na "sagrada hora da novela", é recebido pela "família" com ares de poucos amigos e com indisfarçável animosidade demonstrando falta de respeito e fraternidade. Por esta razão as famílias não se visitam com espontaneidade como o faziam antigamente, salvo quando são convidadas. Como a novela passa de segunda a sábado, o tempo fica escasso para as solidárias e fraternais visitas.

Enrique Rojas, em seu livro "O homem moderno: a luta contra o vazio" num dos seus capítulos aborda com muita propriedade a questão da televisão como alimento intelectual. Destaca ele:

"O homem atual passa muito tempo diante da telinha. Por que? A resposta não pode ser dada de uma forma simplista, pois o assunto é complexo e tem diferentes desdobramentos".

"A televisão provoca o mesmo fenômeno da droga: vicia. Assim, a conduta repetitiva vai virando hábito do qual é muito difícil se libertar; tanto é assim que as pessoas de escassos recursos intelectuais, ou pouca curiosidade para preencher o seu ócio com um hobby bem definido, caem nessa armadilha. Podemos afirmar, assim, que a televisão é quase todo seu alimento intelectual. Daí surge um homem pouco culto, passivo, entregue sempre ao mais fácil: apertar um botão e cair na poltrona, porque tudo se reduz, afinal, a pasto para seus olhos".

Falando um pouco a respeito da TV a cabo, mais especificamente sobre a síndrome do controle remoto, Rojas nos adverte para o seguinte:

"...não existem limites de transmissão, sempre há alguma coisa para se ver na telinha".

"Neste contexto não muito positivo dado que a televisão poucas vezes educa , aparece um fenômeno novo: a possibilidade de se divertir mudando de canal sucessivamente. Este segundo vício televisivo pode ser mais forte que o primeiro. O controle remoto se transforma na chupeta do adulto".

Fonte: JBNews - Informativo nº 292 - 16.06.2011

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