Ir∴ Anatoli Oliynik
A televisão acabou assumindo a posição de comando na vida das pessoas. Inicialmente, ela entrou em nossos lares como um divertimento despretensioso, de mansinho, como não quer nada e depois aos poucos acabou preenchendo todos os vácuos na vida das famílias.
Resguardadas as devidas exceções, famílias inteiras postam-se diante da "telinha" e passam horas e horas absorvendo o que denomino de "cultura inútil" que ela, a televisão, transmite.
Crianças, da mais tenra idade, passam um tempo excessivo ? 4 a 6 horas diárias ? recebendo uma carga maciça de inutilidades e se transformam em "papagaios de pirata" repetindo sem nada compreender a carga informações inúteis inoculadas em seus cérebros.
Muitas vozes já se levantaram contra a televisão, inclusive de algumas Lojas maçônicas isoladas. Todas sem êxito. É muito difícil lutar contra a televisão.
Alguém, por acaso, já experimentou falar com a família durante a novela das vinte horas e trinta minutos? Impossível. É o mesmo que tocar num vespeiro. A família toda responde em coro uníssono:
Cala a boca!
O curioso é que todos falam da "novela das 8", quando, na realidade ela começa às 20 horas e 30 horas? Às 20 horas é o Jornal Nacional! São coisas da modernidade. As próprias emissoras de televisão anunciam exaustivamente: "A próxima novela das 8". Não há precisão para mais nada, lamentavelmente.
Enrique Rojas, em seu livro "O homem moderno: a luta contra o vazio" num dos seus capítulos aborda com muita propriedade a questão da televisão como alimento intelectual. Destaca ele:
"O homem atual passa muito tempo diante da telinha. Por que? A resposta não pode ser dada de uma forma simplista, pois o assunto é complexo e tem diferentes desdobramentos".
"A televisão provoca o mesmo fenômeno da droga: vicia. Assim, a conduta repetitiva vai virando hábito do qual é muito difícil se libertar; tanto é assim que as pessoas de escassos recursos intelectuais, ou pouca curiosidade para preencher o seu ócio com um hobby bem definido, caem nessa armadilha. Podemos afirmar, assim, que a televisão é quase todo seu alimento intelectual. Daí surge um homem pouco culto, passivo, entregue sempre ao mais fácil: apertar um botão e cair na poltrona, porque tudo se reduz, afinal, a pasto para seus olhos".
Falando um pouco a respeito da TV a cabo, mais especificamente sobre a síndrome do controle remoto, Rojas nos adverte para o seguinte:
"...não existem limites de transmissão, sempre há alguma coisa para se ver na telinha".
"Neste contexto não muito positivo dado que a televisão poucas vezes educa , aparece um fenômeno novo: a possibilidade de se divertir mudando de canal sucessivamente. Este segundo vício televisivo pode ser mais forte que o primeiro. O controle remoto se transforma na chupeta do adulto".
Fonte: JBNews - Informativo nº 292 - 16.06.2011
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