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PERGUNTAS & RESPOSTAS

O “Perguntas & Respostas” que durante anos foi publicado no JB News e aqui reproduzido, está agora no “Blog do Pedro Juk” . Para visita-lo ou tirar suas dúvidas clique http://pedro-juk.webnode.com/ ou http://pedro-juk.blogspot.com.br

domingo, 28 de setembro de 2025

FRASES ILUSTRADAS

INGRESSO NO TEMPLO PARA A ABERTURA DA LOJA

Em 26.03.2025 o Respeitável Irmão Luiz Antonio, Loja Paz e União, 80, REAA, GLMMG, sem mencionar o Oriente, Estado de Minas Gerais, apresenta a dúvida seguinte:

ENTRADA NO TEMPLO


Minha dúvida é: Na entrada no templo, entramos pelo lado N e saímos pelo lado S.

Alguns dias atrás vi comentário em um grupo de irmãos que ao adentrarmos no templo, cada "obreiro vá direto para sua Col∴" sem fazer o giro no sentido horário. Gostaria de saber mais a respeito disso.

Qual a forma correta?

CONSIDERAÇÕES:

No REAA a forma mais consagrada é que cada um se dirija diretamente ao seu lugar e aguarde em pé, isto é, ingressa-se no Templo ainda sem circulação.

Isto se dá porque a Loja não está ainda aberta e nem o Venerável Mestre, que é o último a ingressar para os trabalhos, ainda nem ocupou o trono.

Assim, do átrio cada qual ingressa pelo lado em que irá ocupar lugar.

T.F.A.
PEDRO JUK
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

BREVIÁRIO MAÇÔNICO

A CALÚNIA

Um dos graves defeitos do ser humano é caluniar.

A calúnia consiste em atribuir a alguém fato definido como crime, atingindo a honra alheia; na maioria das vezes tem raízes na falsidade.

Constitui no Brasil um crime previsto no Código Penal; em certas ocasiões, as ofensas caluniosas são punidas mesmo que surja a exceção da verdade, pois o espírito do legislador foi o de preservar a sociedade.

Atribuir a alguém, em público, a alcunha de ladrão, mesmo que o seja, está atingindo toda a sociedade; se alguém rouba, o certo é chamá-lo às barras do tribunal.

Os regulamentos maçônicos são rígidos a respeito do caluniador.

O maçom deve pensar várias vezes antes de, em um ímpeto nervoso, chamar alguém de criminoso.

Se... esse alguém for um irmão, o delito torna-se mais grave e o ofensor está sujeito às penas da lei maçônica.

Quem cultiva o amor fraterno jamais cometerá a leviandade de caluniar o seu próprio irmão.

Paralelamente ao impulso fraterno está a tolerância, que é uma das maiores virtudes maçônicas.

Breviário Maçônico / Rizzardo da Camino, - 6. Ed. – São Paulo. Madras, 2014, p. 81.

O FUTURO DA MAÇONARIA - DESAFIOS E RESPOSTAS

Esta é uma matéria que nos remete à reflexão. Atualíssima, o autor só se engana quando pensa que o que está acontecendo nos EUA, Inglaterra e Israel não acontece no Brasil, por exemplo.

O ponto interessante é que a solução apresentada passa pela retomada dos valores filosóficos e esotéricos. O problema é o mesmo de sempre: geriatrificação da Ordem, recrutamento ruim e evasão.

O Tradutor.

Nos círculos maçônicos através do mundo, particularmente nos países de língua inglesa, a questão do futuro da Ordem tornou-se um assunto urgente. Os últimos quinze anos foram marcados por uma gradual erosão do número de maçons no mundo. Nos Estados Unidos, para dar um exemplo, dos anos 50 até o fim do século passado, os membros das 50 Grandes Lojas diminuíram mais do que quinze por cento. Esses números são motivos para uma séria reflexão. Algumas lojas tiveram que fechar, outras desapareceram e, em todos os lugares, a manutenção dos bonitos templos maçônicos, que eram nossa janela de orgulho para o mundo, tornou-se um peso, uma carga quase insuportável.

Têm sido feito tentativas para se encontrar a causa dessa situação. Obviamente, há uma combinação de fatores. Alguns observadores, nos Estados Unidos, alegam que isso é o retorno à dimensão normal da Fraternidade depois da incomum expansão que teve lugar após a Segunda Guerra Mundial; outros pontos são as mudanças experimentadas pela sociedade no último século, e particularmente nas últimas décadas. Percebemos a crescente auto preocupação das gerações mais jovens, a síndrome de “tampa de metal de motor de avião”[4], a influência da televisão e agora da internet, fazendo com que as pessoas fiquem mais sedentárias e menos gregárias.

Esta situação, que também é sentida no nosso país, não parece ter o mesmo efeito em outras regiões do mundo, tais como a América Latina, França e Turquia, para dar alguns exemplos onde a Maçonaria segue as regras tradicionais de rigorosa seleção dos candidatos, lenta progressão nos graus – um ou dois anos entre um grau e o próximo – pequenas lojas, exigência da presença de cada irmão em loja.

Se quisermos mudar o curso da presente tendência, acredito que nosso problema tem que ser analisado porque ele é composto de dois fatores igualmente importantes: aquisição e retenção.

A primeira questão é como fazer nossas lojas atrativas para as gerações jovens. Aquisição, este é o primeiro passo fundamental. Vamos pensar um pouco. O que podemos oferecer para um jovem com seus trinta ou quarenta, o que faria ele querer participar de uma loja? Naturalmente, um amigo ou um parente. Talvez esta seja a mais comum fonte de recrutamento. Entretanto, está longe de ser a coisa certa. Quanto dos familiares na sua própria loja tem sido bem sucedido com a prole? Eu me pergunto se você precisa das duas mãos para contar os dedos.

Somos uma associação voluntária. Não fazemos publicidade e geralmente não pedimos as pessoas para se tornarem maçons, o que seria contra uma de nossas regras. “De você possuir livre arbítrio e vontade própria”[5], e assim por diante. Então, ao contrário do comerciante vendedor de rosquinhas ou roupas, que pode fazer propaganda e ofertas especiais, liquidações e queima de estoque, devemos oferecer alguma coisa que nossos “cliente” – aquele inocente provável candidato – será enfeitiçado para comprar por sua própria vontade. Pela sua própria vontade e escolha.

Permitam-me divagar. Alguns de vós podeis estar tentando segurar seus cavalos com todas as forças para não pular prá cima é gritar: “Mas isso vem sendo feito nos Estados Unidos”. Sim, é verdade, mestre maçom de um dia – chamam isso de Grande Classe de Mestres: Iniciação, Passagem e Elevação[6] de umas poucas centenas de candidatos em um dia. Certamente, esta linha de montagem maçônica tem divergido das barganhas de vendas de porão. Mas, no comércio, liquidações geralmente terminam com o fechamento do negócio. Vamos torcer para que isso não ocorra conosco.

Alguns críticos, ironicamente, chamam esses “maçons formados no atacado” de McMasons[7], duvidando que eles possam perceber o real significado das cerimônias das quais participam como mero espectador. Ainda não mensuraram a eficiência desse procedimento. Alguns observadores alegam que não há diferenças entre os mestres tradicionais e aqueles promovidos em dois meses. Essas diferenças não emergem com muita ênfase nas lojas hemorrágicas, as quais continuam perdendo dois ou três por centro de seus membros a cada ano.

Então, pergunto novamente, o que podemos oferecer? Alguma coisa que é única em nossa organização, a qual não se pode encontrar no Rotary ou no Lyons ou num London Club.

Fraternidade? Sim, certamente. Mas similar conexão de irmandade existe entre graduados de uma mesma universidade, membros de uma mesma sinagoga, entre veteranos de uma organização militar.

O que nós temos diferentes dos outros é uma tradição esotérica. Uma filosofia, não uma religião, mais tolerante que todas as religiões. Uma tradição de ensinamentos por símbolos. Somos uma academia como nenhuma outra, com um currículo que traz junto a essência das melhores idéias filosóficas que orientaram a educação da civilização ocidental.

E nos temos um segredo. Sim, o segredo da Maçonaria. Acordem, confrades, porque agora eu vou revelar nosso segredo para que todos possam ouvir! Nosso segredo é – tamborilhar dando voltas no quintal – nos podemos melhorar as palavras, por favor.

Grande segredo! Grandes palavras! E agora, como propomos alcançar esta monumental tarefa? Vencendo o mundo com aço e fogo? Encontrando um meio de converter água em óleo? Fazendo o mundo inteiro falar hebreu?

De jeito nenhum. Simplesmente isso: melhorando a nos próprios.

Todo ser humano é capaz de polir as suas imperfeições, conter os seus impulsos, desenvolver inclinações positivas, que nós chamamos polir a pedra bruta. Se nós realmente quisermos, poderemos ser melhores.

Podemos fazer isso e ninguém pode fazê-lo por nós. Nem mesmo a Maçonaria. Recebemos ferramentas simbólicas: o malho e o cinzel, e talvez uma régua de 24 polegadas. Ferramentas que devemos manusear sozinhos.

E nossa esperança é que se nós próprios nos tornarmos homens melhores, nossa família se torna melhor, o ambiente a nosso volta melhora e, eventualmente, a sociedade em geral se torna mais tolerante, um lugar mais iluminado para viver.

Outra coisa, única na nossa organização, é que somos uma grande família, razão pela qual nos chamamos uns aos outros de irmãos, não é mesmo? Como em toda família, algumas vezes temos as nossas discordâncias. Vamos encarar isso, não é incomum os irmãos não se amarem uns aos outros, mas o sentimento básico é que os laços de irmandade permanecem fortes. São incontáveis as histórias de como um maçom socorreu outro. Homens que se encontraram pela primeira vez nas mais adversas circunstâncias, e que nunca mais vão se encontrar, tais quais velhos amigos, ligaram-se através dos laços fraternos da Maçonaria.

Então, vamos supor que tivemos sucesso na aquisição de um novo irmão para a Ordem. Ele é jovem, inteligente e bem educado. Como posso mantê-lo em loja? Este é nosso segundo problema. Retenção.

Camaradas, tenho visitado bastante poucas lojas americanas e também algumas na Inglaterra, não muitas, admito. Sempre, em todos esses lugares, eu fui muito bem recebido, mas, para ser honesto, repito-lhes o que senti, frequentemente, fiquei aborrecido.

Abertura ritualística, minutas, boas-vindas ao visitante, relatório do tesoureiro, informações sobre doença de irmãos, aprovação de despesas (que é uma contra-senha americana) e, então, do lado de fora, vamos comer. Alguns lugares que visitei, pararam a cerimônia no meio para jantar e depois continuavam. Em algumas lojas, a “comida” foi uma xícara de café e um pedaço de bolo.

E então, se queixam dos membros que não vêm para a reunião. Penso que aqueles que vêm deveriam receber uma medalha pela persistência no cumprimento do dever[8].

Mas não vamos discutir o que eles fazem no exterior. Vamos pensar no que podemos fazer aqui, na nossa casa.

Primeiro que tudo, vir para a loja deveria ser divertido. Deveria ser uma experiência prazerosa que você gostasse de repetir para que se deliciasse novamente.

Afora a convivialidade[9], deveria ser uma estimulação mental. Faça disso uma ocasião para pensar, para trocar idéias, para ensinar e aprender. Há um velho ditado que diz que se duas pessoas têm um dólar cada uma, se elas os trocarem, cada um deles ainda terá um dólar. Mas, se cada uma delas tem uma idéia e se as trocarem, agora cada uma delas terá duas idéias.

Alguns dirão, não somos autores ou estudantes, não temos tempo para fazer pesquisa ou para escrever artigos. Verdade, em parte. Tenho visto jovens muito ocupados em suas vidas profissionais que encontram tempo para fazem alguma coisa que gostam, como visitar livrarias e pesquisar material na internet. Eles produziram maravilhosos artigos, alguns dos quais fiquei feliz por ter publicado enquanto era editor do Haboneh Hahofshi.

E se a loja não for capaz de produzir seu próprio material para discussão, há um mundo de literatura maçônica disponível para formulação de perguntas. Pegue um jornal ou um livro e peça a alguém para ler algumas páginas. Depois discuta. Converse com cada um. A conversa é a argamassa da amizade.

Outra idéia é envolver a loja com uma sociedade de pesquisa, como o Quatuor Coronati Correspondence Circle, o Philalethes ou a Southern California Research Lodge. São centenas de fontes de onde você pode receber interessantes materiais, próprios para leitura e discussão.

Por favor, não me interprete mal; não estou alegando que a loja deveria ser uma sociedade de debates. Mas ela deveria ser um lugar para nos afastarmos das preocupações diárias, onde pudéssemos se afastar dos negócios, preocupações, ansiedades e devotar duas horas ao prazer, ao entretenimento e ao diálogo estimulante.

Alguns de vós podeis estar perguntando por que eu não falei uma palavra sequer sobre ritual? Como você pode acreditar, o ritual é o coração da Maçonaria. Bem, não exatamente. Eu diria que o ritual é o esqueleto, a espinha dorsal da loja, sem a qual esta poderia desmoronar. Mas não é suficiente. Precisa de corpo e de sangue de participação ativa. Deixe-me perguntar, porque temos rituais em loja? Por que o mestre não pode apenas bater o martelo e anunciar que a loja está aberta para os assuntos[10]?

Porque o tempo perdido na ritualística da loja tem dois propósitos: o primeiro é nos lembrar de que a nossa loja não é simplesmente outro clube ou uma reunião de conselho. Reunimos-nos num local consagrado, o templo maçônico, que simboliza o centro do universo. Abrindo a loja, também abrimos uma extensão de intervalo de tempo[11]. Em outras cerimônias destacamos que a loja abre ao meio dia e fecha à meia noite. Símbolos, símbolos.

O segundo propósito para o ritual é termos um tempo para sossegar, para pararmos de pensar na desordem e nas batalhas sem fim do mundo lá fora. A loja é uma ilha de paz, de reflexão e de relaxamento. A repetição exaustiva das palavras do ritual permite libertar nossa mente dos problemas diários, deixando-a pronta para o trabalho maçônico.

Agora, o ritual é importante, sendo recomendável que a iniciação[12] maçônica seja levada a efeito com o coração e sem erros. Também nos lembramos que a iniciação não é para nós, é para o candidato. E se um dos oficiantes[13] esqueceu uma palavra ou, ao invés, proferiu outra, não causa nenhum prejuízo. O candidato não a conhece. Então, só haverá prejuízo se um intrometido se apresentar “corrigindo” o erro.

A iniciação bem apresentada é como um jogo. Depois que tiver terminado, se todos foram bem sentiremos a satisfação pela perfeição dos trabalhos. Mas, então, depois da cerimônia, começa a segunda tarefa, não menos importante, que é explicar aos candidatos o que foi feito, porque foi feito e o seu significado simbólico[14].

As instruções maçônicas não são, ou não só, rotina de aprendizagem de uma série de perguntas e respostas, ou repetição do ritual até a perfeita expressão das palavras. Pretendem conscientizar o aprendiz ou do novo artesão da profundidade dos nossos símbolos, da nossa história, nossas tradições, nossos inimigos e vitórias. Assim, eles sentirão orgulho de serem maçons.

É como ir à ópera pela primeira vez cantando em húngaro. Gostamos da música mas não captamos muito coisa do libreto[15]. Somente se viermos por uma segunda vez e havermos lido a tradução conseguiremos entender completamente o drama musical. E os nossos dramas são mais velhos do que todas as óperas do mundo.

Agora venho com um assunto que até não muito tempo atrás foi um tabu em nossas lojas: a participação das mulheres na maçonaria. Nesse momento, o assunto está fora de questão[16]. Não podemos ignorar que nossas mulheres não são aquelas senhoras da literatura do século XIX, prontas para desmaiar na primeira onda do ventilador. Elas são bem educadas, bem informadas[17], muitas seguem carreiras de sucesso e grande parte delas ganham mais dinheiro do que nós! Se elas estão interessadas em Maçonaria, encoraje-as por todos os meios, conte a elas o que nos fazemos, consintamos que leiam nossa literatura. O que quer que tenha sido impresso não é mais segredo.

O mais importante, as lojas, como um conjunto, devem incorporar as mulheres, nossas esposas, na vida da loja. As esposas dos maçons não devem se sentir do lado de fora.

Deixe-me-lhes contar um exemplo de sucesso: com freqüência, na minha própria loja realizamos jantares (os chamamos de “mesas brancas”) juntamente com nossas esposas. Especialmente, depois de cada iniciação, nos asseguramos de que a esposa do candidato seja calorosamente recebida e isso a faz sentir-se bem-vinda. Há, naturalmente, o banquete anual de instalação. E, comumente, a loja tem muitos encontros festivos antes do pesar, e no dia da independência. Uma vez por ano, apresentamos a cerimônia do dia das rosas, seguindo o ritual oficial da Grande Loja. Uma vez por ano promovemos um fraternal fim de semana num hotel de estação[18] para a família inteira, incluindo um Seminário Maçônico na manhã de sábado, o qual tem melhorado ano após ano.

Camaradas, temos conseguido fazer da loja um assunto de família e o resultado é que temos perdido muito poucos obreiros.

É esta a fórmula válida para todas as lojas? Provavelmente não. Talvez em uma loja os membros estejam mais interessados em arte, em música ou teatro. O princípio é o mesmo, manterem-se juntos, não somente dentro do templo mas fora dele, onde toda a família possa participar.

A nossa não é a única experiência. Há duas semanas, recebi uma carta da Grand Lodge of South Australia. Eles fizeram um detalhado artigo intitulado “O Novo Milênio, Maçonaria e Mulher”[19]. E quais foram as conclusões: certo, exatamente o que descrevi, acrescentando outras recomendações interessantes, como a dispensa dos discursos maçônicos e brindes de sempre num festival de pranchas, e minimizar as horas em loja a fim de que os homens não cheguem muito tarde em casa.

Entretanto, o mais interessante aspecto do artigo é a atitude positiva, refletindo na direção da Maçonaria Feminina, incluindo a recomendação de desenvolver políticas de relações com as mulheres, e formar o “Programa de Relações da Mulher com a Maçonaria”[20]. Uma Sugestão posterior é permitir a Ordem das Mulheres utilizar o nosso templo e desenvolver conjuntamente atividades sociais, cerimoniais e intelectuais.

A nossa organização é singular. Forma uma assembléia de homens que se encontram regularmente, não para ganhar dinheiro, não para promover seus negócios, mas para aprender a se tornar melhores homens e melhores irmãos um para o outro.

Comecei com um comentário que pode ter soado pessimista. Esta não é minha crença. Acredito que a Maçonaria, uma sociedade que existe há centenas de anos, sobreviverá por muito mais séculos porque preenche uma necessidade. Talvez nossas lojas sejam poucas, talvez sejam pequenas, mas haverá Maçonaria em todos os países onde os homens são livres para pensar sobre eles mesmos, livres para se reunirem pacificamente para suas próprias alegrias e a melhoria da sociedade na qual vivem.

Isso me traz para o último assunto que eu quero abordar nessa oportunidade, a ação do maçom e da Maçonaria como um corpo, nos assuntos mundanos.

Nos últimos séculos, os maçons foram os lideres dos movimentos de libertação contra o colonialismo no século XIX. Foram os líderes contra a intolerância religiosa e o controle clerical em muitos países ao longo do século XX. Lutou contra os males da escravidão e do colonialismo. Com a separação da igreja do estado, levantamos bandeiras a favor de muitas coisas que hoje acreditamos sejam parte integrante de uma nação iluminada.

Foi o que fizemos? Vamos nós, os maçons do mundo de hoje, descansar sobre nossos lauréis, regozijar-se repetidas vezes com as glórias do passado? Quantos homens como Washington, Bolívar, Marti e Garibaldi lutaram pela liberdade dos seus países? Somos uma geração de folgazões, de homens com os olhos no passado, ou estamos olhando para a frente na direção do nosso futuro, rivalizando-se com os nossos predecessores, mas de outra forma, apropriada para o mundo no qual vivemos agora?

Há muito o que nós podemos fazer. O mundo está assediado pela moral perigosa do fanatismo, intolerância religiosa, superstição, assolado pela superpopulação, esgotamento de recursos naturais, poluição, doenças e fome.

Se nós procurarmos encontrar um denominador comum para todos esses males, acredito que o que chama a atenção, entre todas as possibilidades, é esta: ignorância!

E é contra ela que nossa futura contribuição deve ser focalizada: educação. E isso já está sendo feito. Foi feito no passado, deve ser feito agora e no futuro. Os maçons foram e são envolvidos com educação em todos os níveis. Criaram universidades: Girard College nos Estados Unidos, a Free University of Brussels, Universid de La República de Chile, são alguns exemplos. Filantropia é louvável, mas a mais alta forma de filantropia é a educação.

Se nós como maçons pudermos inculcar nas nossas instituições educacionais nosso espírito de tolerância, democracia e respeito à pessoa, estaremos fazendo agora o equivalente ao que nossos libertadores fizeram dois séculos atrás.

Acredito que os maçons têm coragem e encontrarão vontade para se levantar e mostrar o caminho da luta contra a ignorância, a base de todos os males que ameaçam o futuro da raça humana.

Podemos começar agora, podemos começar aqui.

“Eem eyn any li, me li? Veh-eem lo achshav, matei?”

Fortaleza/CE, 22.3.2010

Do MASONIC PAPER[1] de R.W.Bro. Leon Zeldis
Membro Fundador e Mestre Instalado[2] da Montefiore Lodge 78 da Grande Loja do Estado de Israel.

Tradução Livre a cargo do M.’.M.’. RANVIER FEITOSA ARAGÃO[3]
Membro da ARLS CLÓVIS BEVILÁQUA do GOCE

[1] HTTP://www.freemasons-freemasonry.com/zeldis05.html

[2] Past Master

[3] perito.ranvier@gmail.com

[4] Bowling alone syndrome

[5] “Of you own free Will and accord”

[6] “Initiation, Passing and Raising”. Salvo melhor juízo, são os graus simbólicos no Rito de York e no de Schröder.

[7] Sem equivalência no nosso idioma, o termo, na opinião do tradutor, parece designar um “meio-maçom”, e não um maçom propriamente dito.

[8] I think those who do come should get a medal, for endurance beyond the call of duty.

[9] conviviality

[10] For business

[11] ... we also open a stretch of time out of time.

[12] Masonic ceremony

[13] officer

[14] It is supposed to accomplish.

[15] Texto da ópera

[16] Now It’s out in the open.

[17] well read

[18] Holliday resort

[19] “The New Millennium, Freemasonry and Womem”.

[20] “Freemasonry and Women Relations Program”

FONTE: http://conhecendomaconaria.blogspot.com/

sábado, 27 de setembro de 2025

FRASES ILUSTRADAS

ATIVIDADES PARA O PAVILHÃO NACIONAL

Em 26.03.2025 o Respeitável Irmão Lucio Costa Caldas, Loja Joaquim Rodrigues de Abreu, 1921, GOB-RJ, Oriente de Niterói, Estado do Rio de Janeiro, apresenta a seguinte questão:

PAVILHÃO NACIONAL

Quando a Guarda é composta para saudação a Bandeira primeiramente fica em ombro arma.

Aposição correta seria segurar a espada com a mão direita, com o cotovelo grudado ao lado do corpo e o antebraço na horizontal formando uma esquadria. Minha dúvida: 

1 - Embora seja ombro arma a espada não fica em nenhum momento apoiada no ombro
(mesmo no deslocamento).

2 - No momento da saudação a espada fica em um ângulo de 45 graus lateralizando com lado direito do corpo e apontada para baixo

3 – No momento do Hino retornamos ao ombro arma

CONSIDERAÇÕES:

  1. A posição “espada em ombro-arma" foi retirada da caserna. Na Maçonaria, muitos ritos utilizam este termo para definir como se deve segurar a espada quando o seu portador estiver à Ordem. Assim, espada à Ordem significa estar empunhando a mesma em ombro-arma. Este termo não significa em momento algum que a espada deva ficar apoiada no ombro, feito uma vara de pesca. O termo menciona que a espada empunhada, pela mão direita junto ao corpo, tem a lâmina na vertical apontada para cima, encostada no ombro direito do titular.
  2. No momento da saudação ao Pavilhão Nacional a sua Guarde de Honra abate espada apresentando arma, ou seja, empunhando a espada com a mão direita, ter o respectivo braço e antebraço estendidos com a espada no mesmo alinhamento do braço, deslocado a 45 graus para a direita em relação ao corpo; ponta distante a aproximadamente 15cm do solo. Este mesmo gesto é feito com a espada pela comissão de recepção e retirada na medida em que o Pavilhão Nacional, conduzido pelo Porta-Bandeira, vai passando.
  3. Na retirada do dispositivo, terminada a saudação à Bandeira Nacional, a Guarda de Honra, que estava com espadas abatidas, volta a posição de espadas à ordem (ombro-arma) para o canto do Hino à Bandeira.
T.F.A.
PEDRO JUK - SGOR/GOB
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

MAÇONS FAMOSOS

O BERÇO MAÇÔNICO DA REVOLUÇÃO CUBANA

Luiz Sergio Castro

No coração da Sierra Maestra, cadeia montanhosa de difícil acesso no sudeste de Cuba, repousa uma aldeia perdida no tempo, onde ainda se encontra um edifício singelo, mas carregado de simbolismo: na porta, gravados em madeira gasta, os antigos símbolos do esquadro e compasso, representando os ideais da Maçonaria. Este modesto templo maçônico, esquecido pela história oficial por décadas, guarda em suas paredes silenciosas um dos episódios mais decisivos da Revolução Cubana.

Foi ali, em 1956, logo após o desastroso desembarque do iate Granma, que Fidel Castro e seu grupo de combatentes — os “barbudos” revolucionários — encontraram abrigo e um ponto de reorganização. Refugiados e perseguidos pelas forças do ditador Fulgêncio Batista, Fidel e seus homens viram na antiga loja maçônica de montanha mais do que um simples esconderijo: ela tornou-se berço de um ideal, de uma causa e de um movimento.

Na penumbra daquele edifício, tomado de símbolos da liberdade, igualdade e fraternidade, nasceu o Movimento 26 de Julho — batizado em homenagem ao assalto fracassado ao Quartel Moncada, que marcara o início da luta armada contra a ditadura. Inspirado por ideais libertários e profundamente influenciado pelos ensinamentos de José Martí, patriota, poeta e maçom, Fidel forjou, junto a seus companheiros, os princípios e estratégias que guiariam a Revolução até sua vitória em 1959.

José Martí, considerado o pai da independência cubana, era ele próprio um iniciado na Maçonaria. Seus escritos, marcados pela defesa da autodeterminação dos povos, da justiça social e da dignidade humana, ecoavam nos discursos de Fidel. Para os revolucionários, Martí não era apenas uma referência histórica: era um guia espiritual e político.

Assim, a coincidência de Fidel ter encontrado abrigo justamente em uma loja maçônica não é apenas simbólica, mas significativa. A Maçonaria, com sua longa tradição de resistência ao absolutismo e ao autoritarismo, oferecia um cenário ideológico propício à incubação de uma nova revolução social. E, paradoxalmente, foi nesse espaço de tradições antigas que se concebeu o embrião de uma nova ordem socialista para Cuba.

A Loja da Sierra Maestra, como passou a ser chamada por estudiosos e historiadores, permanece hoje como um testemunho silencioso dessa convergência entre mística maçônica e fervor revolucionário. Um ponto de encontro entre o passado espiritual de Martí e o futuro político traçado por Fidel. Um símbolo de como os caminhos da história às vezes se cruzam em lugares improváveis, sob o véu da discrição e da luta.

Essa pequena edificação, escondida entre as montanhas, representa, portanto, uma ponte entre a Maçonaria e a Revolução Cubana — entre a tradição e a ruptura, entre o sonho de Martí e a realização de Fidel. E, para quem estuda a história cubana com atenção aos detalhes ocultos, ela é mais do que uma curiosidade: é um elo fundamental na cadeia de acontecimentos que mudou para sempre o destino da ilha.

Fonte: https://omalhete.blogspot.com

sexta-feira, 26 de setembro de 2025

FRASES ILUSTRADAS

REAA - NOVO RITUAL - TRANSMISSÃO DA PALAVRA

Em 25.03.2025 o Respeitável Irmão Francisco Gomes, Loja Jesus Sales de Andrade, 4863, REAA, GOB-CE, Oriente de Varjota, Estado do Ceará, apresenta as questões seguintes:

NOVO RITUAL – TRANSMISSÃO DA PALAVRA

Dentre as dúvidas meu irmão, pergunto:

1º Os DDiác∴ ao transmitirem a P∴ S∴, fazem a mesma letra por letra, sussurrado ou tem que após falar a palavra após soletrar letra por letra?

2º Na entrada no tempo, todos entram em silêncio ou tem que se anunciar o Ven∴ M∴ para entrar na porta?

3º O Eminente do Estado, quando presente em loja, senta-se pelo ombro direito ou esquerdo do Venerável?

4º Quanto ao uso da palavra pelos VVig∴, quando passado a palavra para as colunas, eles podem fazer o uso da palavra sem pedir ao Ven∴? Ele pede permissão ao Ven∴ ou ele dá um golpe com o malhete e consecutivamente o Ven∴ responde com outro, para que assim ele tenha uso da palavra?


RESPOSTAS:

Caro Irmão, boa tarde.

1.Na abertura e no encerramento dos trabalhos, quem transmitir a palavra sagrada dá as suas quatro letras seguidas e sussurradas no ouvido direito do seu interlocutor, e ponto final. Concluída a transmissão, não existem repetições de letras ou sílabas. Por não se tratar de um exame (telhamento), não há, entre os interlocutores, nenhuma troca de letras.

2.Na entrada do préstito não se anuncia o ingresso do Venerável Mestre. Isto nem mesmo consta no ritual vigente. Portanto, basta que o Mestre de Cerimônias, indo a frente e em silêncio, como está no ritual, o conduza até o Oriente.

3. Se a cadeira à direita do Venerável (relativa ao seu ombro direito) não estiver ocupada por quem de direito, o Eminente Grão-Mestre Estadual também pode ocupá-la.

4. Reinando silêncio na sua Coluna, se o Vigilante resolver falar, pede, por um golpe de malhete, a palavra diretamente ao Venerável Mestre. O Venerável Mestre, para concedê-la, também dá um golpe de malhete - é o costume consagrado.

T.F.A.
PEDRO JUK - SGOR/GOB
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

RETOS Y CONQUISTAS DE LA MASONERÍA DEL SIGLO XXI

Por Pilar Abuin Osorio
Masoneria Espanhola 4 Septiembre, 2017

El Solsticio de Verano es la fiesta por excelencia de la masonería, Orden que este año 2017 conmemora sus 300 años de historia. Todo empezó aquel 24 de junio de 1717, en el que las cuatro logias de Londres se reunieron para fundar la Gran Logia de Londres y Westminster, marcando el punto de partida de la masonería moderna, tal y como hoy la entendemos y practicamos. Esas Four Old Lodges tomaban su nombre atendiendo al emblema de la Taberna donde se reunían y que eran:
  • El Ganso y la Parrilla (The Goose and Gridiron)
  • La Taberna de la Corona (The Crown Ale-House)
  • La Taberna del Manzano (The Apple-Tree Tavern)
  • La Taberna de la Copa y las Uvas (The Runmer and Grapes Tavern)
Durante estos 300 años, la masonería ha sufrido importantes transformaciones para mantenerse al ritmo de los tiempos, aunque todavía hoy nos ronda una pregunta en la cabeza, ¿Estamos haciendo la masonería del siglo XXI? ¿Estará la masonería o estaremos los masones a la vanguardia de las conquistas civiles y políticas en estos tiempos al igual que lo estuvo en el pasado? ¿Estamos corrigiendo nuestros errores, estamos evolucionando o viajamos hacia la decadencia? ¿Podrá nuestra Orden sobrevivir otros 300 años más? ¿Y, además de sobrevivir, seguirá siendo útil y necesaria?

Como no podía ser de otro modo, mi respuesta es rotundamente afirmativa. Y baso mi argumento en que al menos tres de los elementos fundamentales de la Masonería a los que se refería Anderson en sus Constituciones todavía siguen vigentes, resultan útiles y siguen siendo innovadores. En primer lugar, el diseño de la logia como espacio para la libertad de conciencia y la pluralidad, en segundo lugar, la construcción de una hermandad universal entre iguales y por último, pero no menos importante, la concepción de un rito y un ceremonial que cubre las necesidades espirituales y filosóficas del hombre moderno. Sin embargo, estas tres virtudes fundamentales de la masonería, por defecto o por exceso – como lo plantearía Aristóteles – pueden tornarse en tremendos vicios, de los que tenemos que permanecer vigilantes de cara al futuro.

Vamos a reflexionar un poco sobre cada uno de estos elementos, con sus luces y sus sombras:

1º.- Un espacio para la libertad de conciencia y la pluralidad.

Cuando la práctica totalidad de las asociaciones y organizaciones del mundo se unen en torno a unas ideas y programa común (ya sea una religión donde se comparte un dogma, un partido político donde se comparte una ideología o una ONG donde se comparte y lucha por un proyecto concreto), la masonería se mantiene como la única institución del mundo que, sobre unos valores fundamentales básicos, se concibe como “centro de unión y medio para establecer la amistad entre personas que, de otro modo, habrían permanecido distanciadas entre sí para siempre“[1]. Este espacio es, todavía en el presente, necesario y si no existiese habría que inventarlo. La masonería del siglo XXI tiene que presentarse ante la sociedad como una escuela de ciudadanía, donde se aprenden y practican valores cívicos como la tolerancia, el diálogo, la libertad, la diversidad, y el respeto al otro.

Todo iniciado en masonería conoce desde el primer día, de boca del Orador de la logia que “la Francmasonería tiene como fin luchar contra la ignorancia en todas sus formas; es una escuela mutua cuyo programa se resume así: obediencia a las leyes de su país, vivir según el honor, practicar la justicia, amar al prójimo, trabajar sin cesar para la felicidad de la Humanidad y perseguir su emancipación progresiva y pacífica“[2]. Existe por tanto en nuestra Orden un profundo compromiso con la prosperidad de la sociedad a través de la ley y la paz. Y ese compromiso se verifica instruyendo a sus miembros en los valores masónicos de Libertad, Igualdad y Fraternidad.

Si una logia o una organización masónica se señala cercana a un posicionamiento político o ideológico concreto ya no sirve como elemento para reunir a los diferentes

Sin embargo, podríamos encontrarnos con que, ese espacio concebido como de libertad y pluralidad, en su defecto, fuese un espacio homogéneo y de pensamiento uniforme. Si en una logia nos encontramos con hombres y mujeres que comparten las mismas ideologías políticas, o las mismas creencias religiosas o las mismas filosofías de vida, o incluso que están todos en un mismo rango de edad, se parecería menos a ese “centro de unión” de lo disperso del que hablaba Anderson, y se parecería más a un lugar en el que no hay retos intelectuales, no hay enriquecimiento con las ideas del otro, no hay apertura de miras ni de mentes, no hay espacio para el pensamiento crítico, en definitiva, nos encontraríamos ante un lugar…como cualquier otro.

Igualmente, si una logia o una organización masónica se coloca o se señala cercana a un posicionamiento político o ideológico concreto y definido, ya no sirve como elemento para reunir a los diferentes. Esto no quiere decir que la masonería no pueda participar en la sociedad o patrocinar un evento en el marco de un debate o un foro, donde serviría como elemento canalizador de distintas posturas que se contrastan para que cada quien saque sus conclusiones, o incluso que no pueda salir a la calle para defender y enarbolar la bandera de los Derechos Humanos, que es nuestra única ley. Sí que podría hacerlo, pero debería ser extremadamente rigurosa y también prudente, al trasladar su mensaje a la sociedad si quiere seguir manteniéndose como un lugar para la libertad y la pluralidad.

2º.- Una hermandad entre iguales.

Cuando estamos en logia, además de dejar nuestros metales a la puerta del templo, dejamos también nuestros ropajes sociales, nuestras cátedras, nuestros oficios, nuestro logros sociales, también nuestros fracasos, nuestro estatus, etc. y entramos como nosotros mismos, con ese “yo” que hay debajo de toda esa construcción social que nos damos. Nos encontramos en la logia con la persona que tenemos enfrente y no con el “personaje” que a veces somos. Nos tratamos como iguales, respetamos tanto al otro como a nosotros mismos, y valoramos la libertad del otro tanto como la nuestra. Y de ahí surge la fraternidad, del hecho de poder conectar con la persona auténtica, con la expresión más esencial de nosotros mismos, sabiendo que el otro nos va a aceptar y recibir con el triple abrazo fraternal. Una hermandad es algo más que un grupo de personas, que una organización, es un sentimiento, es sentirnos unidos por los lazos de amistad y afecto en nuestra condición de seres humanos, más allá de cualquier otra consideración. En estos tiempos, en los que el ser humano moderno cada vez está más aislado, es más solitario y más frío en sus relaciones con sus semejantes, el concepto de hermandad resulta más valioso que nunca.

Pues bien, este ideal de la masonería se ve tristemente refutado en la realidad práctica y el día a día, no tanto de la logia, como de la estructura de la masonería en el mundo. La división de la Orden en multitud de Grandes Logias y Grandes Orientes (por no hablar ya del cisma entre la tradición “regular” y la “liberal”), hace que nos planteemos muchas veces si la masonería, como organización, ha fracasado en este intento de construir una hermandad universal. Desde luego, si descendemos al nivel del masón de a pie, constatamos que la Fraternidad al final es más fuerte que las actitudes de las organizaciones y superestructuras masónicas; y, por una abrumadora mayoría, un masón se considera hermano de cualquier otro masón del mundo que acredite su condición y haya sido iniciado, por tanto, en la logia justa y perfecta. Pero no deja que quedarnos un sabor agridulce en la boca al reconocer que nosotros mismos no hemos sabido trasladar ese mensaje integrador y universal a nuestras propias instituciones. Ciertamente la masonería del futuro tiene una ardua tarea en tender puentes (fraternales, administrativos, logísticos) entre sus propias estructuras.

3º.- Un rito que cubre las necesidades espirituales del hombre moderno.

Cuando un profano se inicia en masonería, en el mismo momento en que declara su intención inequívoca de querer ser recibido francmasón, el Venerable Maestro automáticamente le instruye en la razón y el objeto de nuestras reuniones de la siguiente manera:

“Sabed que nos reunimos en nuestros Templos para poner un freno saludable a nuestras pasiones a fin de elevarnos por encima de los mezquinos intereses que atormentan al mundo profano. Habituamos nuestro espíritu a concebir sólo ideas de honor y virtud, por la vía iniciática, lo que se efectúa con la ayuda de las herramientas racionales que encontraréis en el Templo. Ordenando así nuestras inclinaciones y costumbres, es como llegaremos a dar a nuestra alma el justo equilibrio que constituye la Sabiduría, es decir, el Arte de la Vida“[1].

El Arte de la Vida. O lo que Aristóteles denominada la vida buena (que no la buena vida) cuyo objetivo es alcanzar la felicidad a través de la areté (la virtud) y del nomos (la ley). El arte de vivir, por tanto, no abarca solamente el hecho de cubrir las necesidades básicas y fisiológicas a las que nos sentimos impulsados de manera natural, sino que para la autorealización personal, para realizarnos plenamente necesitamos algo más. Esta necesidad espiritual abarca infinitud de cosas: la reflexión sobre la vida, la muerte, sobre el bien y el mal (y por qué nos vemos compelidos a hacer el bien), multitud de inquietudes que la filosofía plantea en forma de pregunta, la religión en forma de respuesta y la masonería en forma de símbolo.

Sin embargo, de nuevo, no podemos obviar que la sociedad cambia y que nosotros debemos cambiar con ella, y actualizar y renovar nuestras formas, nuestra manera de interpelar al espíritu del ser humano y nuestra manera de interactuar con la mente moderna. El ritual es el que es, y procede de una tradición (palabra que proviene del latín traditio – entregar) que hemos recibido y de la que somos responsables. Sin embargo, la tradición tiene un contenido y un continente, una esencia y una forma. Creo que la tradición masónica iniciática que ahora tenemos en nuestras manos no tiene la misma forma que tuvo en las suyas un masón en 1717, y eso es una marca de renovación que no debemos parar.

Eso sí, debemos mantener la esencia inalterable, porque al final la condición humana no varía, pero debe evolucionar en la medida en que los masones, a lo largo de la historia, hemos ido viviendo en ella. Podría ocurrir que nos pasásemos de la raya, convirtiendo lo que ahora es masonería en otra cosa; pero, de la misma manera, si no vivimos la tradición en nuestras circunstancias y con nuestro lenguaje, puede acabar convirtiéndose la masonería en un recuerdo de museo por lo obsoleto de sus medios. Si la tradición no cambia en su expresión es porque nadie la ha entregado distinta a como la ha recibido, se ha dedicado a mirarla y no a pensarla.

Pues bien, hasta aquí hemos puesto en valor los activos que todavía podemos aportar en este siglo, pero también nos hemos dado cuenta de nuestras debilidades y de los fallos que tenemos que empezar a pulir cuanto antes para ofrecer la mejor versión posible de nosotros mismos.

Pero no desesperemos, porque el futuro comienza con lo que hagamos mañana. ¿Seremos capaces, mañana, de seguir estando a la altura de nuestros ideales? ¿Nos reafirmaremos mañana en la necesidad de compartir espacio con quien piensa diferente y a no caer en la tentación y la comodidad de rechazarlo? ¿Podremos mañana tumbar los muros que hemos construido entre nosotros y darnos la mano como verdaderos hermanos? ¿Nos atreveremos a reciclarnos, a innovar, a romper prejuicios y barreras?

Decía Albert Einstein: “No pienso nunca en el futuro porque llega muy pronto“. El futuro de la masonería ya ha llegado y empieza mañana.

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

FRASES ILUSTRADAS

ESPADA FLAMÍGERA PRIVATIVA DO MESTRE INSTALADO

Em 22/03/2025 o Respeitável Irmão Édson dos Santos, Loja Regeneração Sul Bahiana, 994, REAA, GOB BAIANO, Oriente de Ilhéus, Estado da Bahia, apresenta a questão seguinte:

ESPADA FLAMÍGERA 

Para manusear a Espada, é necessário o Porta-Espada ser Mestre Instalado?

CONSIDERAÇÕES:

No REAA existe a regra de que a Espada Flamígera (nome dado conforme o Ritual) só pode ser manuseada (empunhada) pelo Venerável Mestre ou por um Mestre Maçom Instalado (Ex-venerável).

Se o Ir Porta-Espada, oficial encarregado de conduzir a Espada não for um Mestre Maçom Instalado, ele deve conduzi-la sobre uma almofada, ou dentro de um escrínio (estojo almofadado). Dessa forma o condutor, mesmo não sendo um Mestre Instalado, não correrá o risco de tocar na Espada.

T.F.A.
PEDRO JUK -SGOR/GOB
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

ESCÂNDALO DA MAÇONARIA CUBANA!


A Grande Loja de Cuba (GLC) chocou a comunidade maçônica ao expulsar, em 20 de março de 2025, o escritor e ex-preso político Ángel Santiesteban Prats, uma das vozes mais críticas do regime cubano. A decisão, vista como politicamente motivada, gerou revolta entre defensores de direitos humanos e maçons, que acusam a instituição de ceder às pressões do governo. Santiesteban, reconhecido por denunciar abusos do Estado, foi punido após revelar escândalos financeiros e suposta infiltração da polícia política na ordem, levantando dúvidas sobre a independência da maçonaria cubana.

O conflito explodiu quando Santiesteban denunciou, em uma entrevista ao Diario de Cuba, o desvio de US$ 19 mil por um ex-Grão-Mestre da Grande Loja de Cuba, Mario Urquía, e apontou influência da Segurança do Estado nas decisões da Loja. A Corte Maçônica o acusou de "violar dogmas" e "ofender a autoridade", mas defensores afirmam que o julgamento foi uma farsa para silenciar sua dissidência. A situação piorou após o escritor se reunir com um diplomata dos EUA, algo que o regime cubano considera uma traição.

A expulsão reacendeu o debate sobre a liberdade dentro da Maçonaria em Cuba, historicamente um espaço de resistência, mas agora acusada de servir ao governo. Enquanto analistas veem o caso como um alerta sobre a perseguição a críticos, Santiesteban promete continuar sua luta: "Eles me expulsaram da loja, mas não da causa pela liberdade". O episódio mancha a imagem da GLC e levanta uma questão crucial: a Maçonaria cubana ainda defende seus ideais ou virou instrumento de controle político?

Fonte: Faceebook_Curiosidades da Maçonaria

ROCHA DURA & ROMÃS

Ir∴ José Aparecido dos Santos

"A Rocha Humana"

Símbolo por excelência do reino mineral.

Simboliza a estabilidade e a firmeza, a imutabilidade. os alicerces construídos sobre rochas são inabaláveis e resistentes.

Jesus cognominou Simão, o Pedro, de “Rocha”, destinado a ser a pedra angular da igreja terrena, enquanto ele, o Cristo é a Pedra angular da cidade celestial.

A Rocha é representada no templo maçônico pela Pedra Bruta informe, e o dever do maçom é desbastá-la, porque assim desbasta a si próprio.

Quando o Maçom, por qualquer motivo, desanima, deve ter em mente que ele é rocha e, assim, "resistente", pode enfrentar os vendavais da vida.

A Pedra Maçônica é o granito porque é composta da maioria dos metais que representa a terra, um dos quatro elementos da natureza.

Diz-se da pessoa que possui fé inabalável que é uma "Rocha Viva".

Queira o Maçom, sempre, ser essa "Rocha Viva", para amparar a si próprio e demais amigos, Irmãos do Grupo Maçônico.

As Romãs

Encimando as Colunas, vêem-se as Romãs que embelezam as Colunas “J”e “B”.

A Romã, fruto originário do oriente, simboliza a união dos maçons representados pelas suas sementes unidas em bloco.

Todavia, representa também a substância afrodisíaca, uma vez que o Rei Salomão ingeria seu vinho para enfrentar o desempenho sexual junto às suas novecentas mulheres.

A substância afrodisíaca não atua simplesmente no sexo mas em todo o sistema nervoso, dando energia muscular e celeridade mental.

Não se exige que o maçom usufrua em sua alimentação da romã e muito menos que sorva o vinho produzido de seus frutos, aliás, em desuso entre nós; apenas em Jerusalém ainda é fabricado, mais por tradição que por costume.

Contemplando-se as romãs, são evocados os feitos de Salomão, que tem estreito relacionamento com a maçonaria, pelo menos quanto à construção do templo.

Não existe em uma loja que não tenha raízes em fatos passados.

O maçom tem obrigação de conhecer estes fatos.

Fonte: JBNews - Informativo nº 283 - 07.06.2011

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

FRASES ILUSTRADAS

ESPADA FLAMÍGERA SOBRE O ALTAR

Em 22/03/2024 o Respeitável Irmão Édson dos Santos, Loja Regeneração Sul Bahiana, REAA, GOB BAIANO, Oriente de Ilhéus, Estado da Bahia, apresenta a seguinte pergunta:

ESPADA FLAMÍGERA

A fim de responder a uma indagação de um Irmão a respeito da Espada Sagrada, pergunto:

Na abertura da sessão ela permanece dentro do suporte fechada ou exposta? Ela é exposta somente nas sessões magnas?

CONSIDERAÇÕES:

Como menciona o Ritual de Aprendiz do REAA, edição 2024 vigente, página 15, último parágrafo: 

“(...) uma almofada [ou um escrínio] com a Espada Flamígera [cabo voltado para o sudeste] e o Ritual para (...)”.

Nesse sentido, o caso não é de exposição da Espada propriamente dito, mas do lugar em que ela deve ficar quando não estiver sendo empunhada pelo VenMestre. 

Desse modo, a Espada Flamígera, quando não estiver em uso, deverá ficar sobre o Altar do Ven Mestre descansando sobre uma almofada, ou dentro de um escrínio[i], que deverá estar aberto durante o uso da Espada. Com o cabo voltado para o sudeste porque o seu condutor titular, o Porta-Espada, também se senta à sudeste no Oriente.

O uso da almofada ou o escrínio para a Espada Flamígera é um artifício para que o Porta-Espada, ao conduzi-la com as mãos, nela não encoste. Isso ocorre porque esta Espada, segundo a liturgia maçônica do REAA, só pode ser empunhada por um Mestre Maçom
Instalado. 

Desta forma, ao conduzir a Espada Flamígera pela almofada, ou pelo escrínio, o Porta Espada necessariamente não precisa ser um Mestre Maçom Instalado, já que usando este artifício, ele não encosta na Espada.

À vista de tudo isso, a questão não é a de expor (exibir, mostrar) a Espada Flamígera, mas de particularidade da sua condução – conduzir sobre a almofada; conduzir dentro do escrínio.

i] Escrínio: estojo, geralmente estofado, onde se guardam joias e utensílios; na Maçonaria é onde a Espada Flamígera fica acondicionada.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

PÍLULAS MAÇÔNICAS

nº 113 - Venda nos olhos


Em diversos processos esotéricos iniciáticos, que são cerimônias nas quais se iniciam pessoas nos mistérios de uma religião, doutrina, instituição, ordem, etc, é colocada uma venda nos olhos do Neófito.

É o que ocorre na Iniciação Maçônica.

Segundo Mestre Nicola Aslan, a venda colocada nos olhos é o símbolo da escuridão, da ignorância e das trevas que envolvem aqueles que ainda não receberam a luz da ciência e da verdade.

Desse modo, seus passos poderão ser dirigidos em caminhos inadequados, tropeçando nos erros, nos vícios e ignorância da vida profana.

Em determinado momento da Cerimônia de Iniciação, a venda é retirada para que o Neófito, simbolicamente, receba a “Luz”.

E, adaptando para esta Pílula Maçônica, o que escreveu Mestre Jules Boucher, em seus livros:

“Com a venda, sem o sentido da visão, outros sentidos se desenvolvem com maior acuidade, sobretudo o ouvido. A Maçonaria pretende significar desse modo que o profano, se não sabe ver, escuta demasiadas vezes os ruídos do mundo e as palavras dos outros. Na imprudência desse ato, suas concepções filosóficas de toda espécie que não resultam de uma livre escolha, podem fazê-lo um produto do meio social no qual se encontrou situado.”

 A palavra “LUZ”, na Maçonaria, tem o significado de Verdade, Conhecimento, Ciência, Saber, Instrução e prática de todas as virtudes (N. Aslan).

E, finalizando com as palavras do Mestre Albert G. Mackey, que na sua “Enciclopédia”, escreve:

“Luz é uma palavra importante do sistema maçônico, transmitindo um sentido mais longíquo e oculto do que geralmente pensa a maioria dos leitores. É, de fato, o primeiro de todos os Símbolos apresentados ao Neófito e que continua a ser-lhe apresentado na carreira maçônica. Os maçons são enfaticamente chamados de “filhos da Luz”, porque são, ou pelo menos são julgados possuidores do verdadeiro sentido do Símbolo; ao passo que os profanos, os não Iniciados, que não receberam esse conhecimento, são, por uma expressão equivalente, considerados como estando nas trevas.”
“Em geral, a Luz é considerada como fonte primordial do conhecimento e da excelência, e que a Escuridão é sinônimo da ignorância e do mal.”

M.'.I.'. Alfério Di Giaimo Neto
CIM 196017

Fonte: pilulasmaconicas.blogspot.com

PORQUE É QUE HIRAM ABIFF TEVE DE SER ASSASSINADO?

Hiram Abiff, St. John's Church, Chester (1900)
Hiram Abiff, St. John’s Church, Chester (1900)
Jean-Jacques Zambrowski
Tradução de António Jorge, M∴ M∴

Hiram entre a história, os mitos e as lendas

Uma das características essenciais da Maçonaria é a utilização do simbolismo, recorrendo a representações e arquétipos para guiar o iniciado no caminho do conhecimento – conhecimento de si próprio, da sua relação com os outros e do mundo que o rodeia.

Estes símbolos são, pelo menos, de dois tipos

Alguns, nomeadamente os que o aprendiz descobre no estudo ou no Templo iluminado imediatamente após a iniciação, são figuras geométricas, objectos e ferramentas. Mesmo que sejam simples e vulgares, são portadores de significado, e o seu significado para o Maçom pode ser muito rico e mesmo complexo.

O outro tipo de representação arquetípica utilizada pela Maçonaria oferece uma formidável galeria de personagens.

Para o iniciado, também elas representam as virtudes ou os vícios, os valores ou as fraquezas do homem em geral e do iniciado em particular, a quem são sucessivamente propostas como objecto de meditação. Algumas destas personagens têm uma historicidade indiscutível, mesmo se a imagem que a tradição maçónica conserva delas é fragmentária, redesenhada propositadamente para melhor servir o objectivo educativo do grau em que estão envolvidas.

Outros, embora não seja importante discutir aqui a sua historicidade comprovada, deixaram uma marca tão profunda na nossa consciência colectiva que têm o estatuto de figuras históricas, pelo menos no mundo ocidental marcado pela herança judaico-cristã e pela cultura que dela derivou.

Outros, ainda, são puras criações dos fundadores dos nossos ritos e rituais, feitos de raiz ou tendo a sua origem numa figura histórica ou culturalmente conhecida. Na medida em que o nome da personagem pode ser encontrado nos escritos e nas histórias fundadoras da nossa cultura partilhada, os atributos destas personagens, os seus traços de carácter, bem como os seus actos, acções e gestos são pura invenção.

São, portanto, os heróis simbólicos da nossa iniciação.

Dão um suporte, um rosto humano, às atitudes e aos comportamentos que queremos explorar em nós próprios, que nos propomos explorar neles àqueles que nos seguem nesta viagem tão exigente quanto estimulante.

Nesta galeria de retratos, há uma personagem singular; sem dúvida, a mais conhecida de todas estas personagens, comum aos vários Ritos, reconhecida tanto pelos Antigos como pelos Modernos, tanto pelos frequentadores como pelos que não o são, pelos deístas, pelos teístas, mas também pelos ateus e agnósticos.

Estamos a falar de Hiram Abiff

Hiram Abiff, Hiram, o Mestre Arquitecto, encarregado pelo rei Salomão de construir não um templo qualquer, nem mesmo o maior ou o mais belo dos templos, mas o Templo, aquele que devia ser a morada do Senhor, aquele onde a palavra do Senhor, gravada nas tábuas de pedra encerradas no Tabernáculo, devia ser alojada e venerada.

Será então Hiram, a figura-chave da Maçonaria, cuja mãe viúva é também nossa mãe, porque somos seus filhos, apenas um herói imaginário?

Não totalmente, claro, uma vez que a Bíblia menciona especificamente Hiram entre os artesãos reunidos pelo rei Salomão para construir e adornar o Templo e os seus arredores.

Mas não no papel proeminente que lhe é atribuído pela tradição maçónica.

Coloca-se então a questão de saber como é que a Maçonaria se pode apropriar desta figura para compreender o seu sentido e significado.

Por outras palavras, reflectir sobre a construção de um mito, o mito central da Maçonaria especulativa. Vale sem dúvida a pena recordar alguns dos elementos característicos de um mito.

Um mito pode ser definido como uma narrativa fundadora que explica um comportamento social.

Difere de uma lenda na medida em que esta última se refere a certos elementos de facto, mesmo que sejam largamente distorcidos.

A este respeito, gostaria de salientar que a razão pela qual utilizo o termo “mito” em relação a Hiram é que a transformação de um hábil fundidor de bronze no único mestre arquitecto responsável pela construção do Templo é mais do que uma distorção, é uma transformação significativa.

O Hiram da Bíblia e o Hiram da Maçonaria partilham um nome próprio, uma época e um local de construção. Mas, em última análise, pouco mais.

Pode dizer-se que as histórias míticas não são simplesmente românticas ou poéticas. Nada é gratuito ou arbitrário na sua construção. Transmitem e utilizam arquétipos que são comuns a todas as sociedades, a todas as culturas e a todas as épocas. Os mitos contam uma história antiga, à qual é dada uma dimensão sagrada.

Mircea Eliade, que alguns consideram próximo da Maçonaria, apesar de vários dos seus escritos serem, se não anti-maçónicos, pelo menos bastante desdenhosos em relação à Maçonaria, considerada simplista nos seus juízos, foi, em todo o caso, um contribuinte incontestável para o estudo do sagrado, dos mitos e das crenças religiosas. Eliade explica que um mito é construído para ser exemplar. E salienta que “o mito é assumido pelo homem como um ser total; não se dirige apenas à sua inteligência ou imaginação. “. Isto significa que o mito precisa de ser acreditado: a adesão ao mito é o acto inicial de fé, o pré-requisito essencial para a integração entre os seguidores.

Paul Ricoeur escreveu com propriedade que “o mito é uma espécie de símbolo sob a forma de narrativa, articulado num espaço-tempo fora da história e da geografia”, ou, em todo o caso, que se liberta da história e da geografia.

Como observou Raoul Berteaux,

“o mito é historicamente falso, mas psicologicamente real. Não há realidade histórica, apenas realidade psicológica”.

De facto, os mitos diferem das lendas em vários aspectos. Para Ralph Stehly, professor de História das Religiões na Universidade Marc Bloch, em Estrasburgo, há três critérios principais de diferenciação:

  1. O carácter sagrado dos mitos. O mito é uma história sagrada. Não só o tema dos mitos não é vulgar, como a sua própria narração é considerada como tendo uma virtude em si mesma.
  2. Os mitos não são contados em qualquer altura, mas durante as cerimónias de iniciação, durante o rito.
  3. O tema tem sempre a ver com as origens: como e por que meios chegámos ao ambiente existencial que caracteriza a situação actual. O tema dos mitos tem sempre a ver com um começo ou uma transformação.

O mito de Hiram pertence à categoria dos mitos de identidade. Torna-se verdadeiro a partir do momento em que é repetido pelos membros do grupo que nele se reconhecem e se afirmam como sua posteridade. Para nos concentrarmos no mito de Hiram e na sua construção, temos naturalmente de começar por mencionar o Hiram mencionado na Bíblia. O rei David, o antigo pastor que derrotou Golias, o poeta que escreveu os Salmos, tinha planeado construir um templo para o Senhor, o Deus de Abraão, Isaac e Jacob, que tinha tirado o seu povo Israel do Egipto sob a liderança de Moisés.

Mas David não conseguiu concluir o seu projecto. Por isso, o seu filho Salomão comprometeu-se a construir o edifício. Dirigiu-se ao rei de Tiro, cujo nome era Hirão. Em troca de uma parte do território da Galileia, que pertencia ao reino de Israel, e de quantidades de trigo e de azeite virgem, Hirão, rei de Tiro, mandou abater grandes quantidades de cedro e de zimbro e entregá-las ao seu vizinho. Também contratou os serviços de vários artesãos que eram mestres na arte da construção. O Livro dos Reis (I Reis, VII, 13-45) relata que, entre eles, Salomão pediu para contratar o filho de um artesão de bronze tírio já falecido, cuja viúva era israelita da tribo de Naftali. Sucedendo a seu pai, o filho, também chamado Hiram, em homenagem ao rei de Tiro, tornou-se, por sua vez, um fundidor e escultor de bronze.

Hiram, o fundidor de bronze, criou vários ornamentos essenciais para a Casa do Senhor, projectada por Salomão, nomeadamente as duas colunas da entrada do Templo e o Mar de Bronze.

Há uma segunda menção de Hiram no corpus bíblico.

Mais de três séculos após a redacção do Livro dos Reis que acabámos de mencionar, foi escrito o chamado Livro das Crónicas. Neste texto, Hiram, cujo nome se tornou Houram, (com um vav em vez de um iod: 2Crónicas; 2, 12-13). É filho de uma mulher, uma das filhas de Dã, sem menção da sua linhagem paterna. É uma figura mais importante do que no relato dos Reis: de especialista em bronze, tornou-se um mestre artesão perito em muitas técnicas.

De facto, Salomão pede a Hirão, rei de Tiro, que lhe envie um “homem hábil no trabalho do ouro, da prata, do bronze, do ferro, do escarlate, do carmesim, da púrpura e da gravura, [para que esteja] com os peritos que tenho comigo na Judeia e em Jerusalém, que meu pai David preparou”. (2 Crónicas 2-7).

E o rei de Tiro disse-lhe:

“Enviei-te um homem hábil e entendido, Huram-Abi, filho de uma mulher das filhas de Dã e de pai tírio. Ele sabe trabalhar o ouro, a prata, o bronze e o ferro, a pedra e a madeira, a púrpura e o azul, o bisso e o carmim, e todo o tipo de escultura e de obra de arte que lhe for dado fazer. Trabalhará com os teus peritos e com os peritos do meu senhor David, teu pai”

(2 Crónicas 2:13 e 14).

Em três séculos de transmissão, Hiram cresceu em importância e estatura. Parece, pois, que uma lenda em torno desta personagem se desenvolveu já na Antiguidade.

Dito isto, para além desta menção e da lista de peças de bronze polido fundidas pelo artesão, não são dados quaisquer pormenores sobre a vida de Hiram, nem sobre as condições da sua morte.

Um Midrash – comentário hermenêutico da exegese bíblica – relata apenas que, enquanto todos os trabalhadores que tinham participado na construção do Templo foram mortos, de acordo com o costume estabelecido pelos egípcios para os trabalhadores das Pirâmides, Hiram foi chamado directamente para o céu, tal como Enoque o tinha sido antes dele.

Isto levanta a questão da intrusão de Hiram no corpus maçónico

É preciso lembrar que os maçons operativos já faziam referência a várias lendas, incluindo várias histórias ligadas à construção do Templo de Jerusalém, aludindo a David e, mais ainda, a Salomão. Na altura, a Maçonaria era constituída apenas por dois graus: Aprendiz e Companheiro. Quando o grau de Mestre se tornou o grau mais elevado da maçonaria simbólica, a lenda de Hiram adquiriu a importância que conhecemos actualmente.

No seu livro Sources chrétiennes de la légende d’Hiram, Philippe Langlet percorreu mais de cinquenta versões diferentes de Hiram, afim de encontrar o fio condutor. Assim, o seu trabalho “rastreia” Hiram, ou melhor, o seu mito ou lenda, desde as fontes mais antigas até aos rituais actuais.

Neste livro, o nosso irmão Philippe Langlet mostra como, a partir do século XVII, a vida e a morte de Hiram, tal como evocadas – ou melhor, não evocadas – na Bíblia, foram adoptadas pelos maçons. Apresenta a série de adições lendárias que moldaram gradualmente o mito de iniciação que inspira os nossos rituais e Ritos. Porque, embora haja variações de um Rito para outro, as constantes invariantes dominam.

A primeira menção conhecida do mito de Hiram encontra-se na obra “Masonry Dissected” de Samuel Prichard, publicada em 1730, onde Hiram é mencionado como um herói emblemático, cujo sacrifício servirá de base para a lenda do terceiro grau e, no caso do REAA, como ponto de partida para pelo menos os 11 graus seguintes.

Até à data, não se conhecem documentos que permitam esclarecer a génese da referência hirâmica e a sua introdução no corpus da maçonaria profissional, há muito estabelecido. No máximo, existem alguns escritos que legitimam a adição do tema da morte e da ressurreição ao quadro maçónico tradicional.

Na lenda dos Quatro Filhos de Aymon, Renaud de Montauban é assassinado por ser demasiado trabalhador, demasiado perfeito, para não ser incómodo. Mas mais do que isso, a morte e a ressurreição de Cristo, Osíris ou Maître Jacques, que foi morto por cinco jornaleiros no mito dos Compagnons, também podem ser evocados. A essência do mito é um arquétipo que se encontra em muitas tradições, em muitas épocas: um homem instruído nos mistérios, um homem iluminado, morre de golpes infligidos com uma violência cega.

As trevas parecem triunfar sobre a luz

É claro que os exegetas e os comentadores não hesitam em sublinhar que, se Hiram, depois de ter terminado a sua obra, tivesse morrido na sua cama, muito depois de ter sido festejado e recompensado por Salomão, não poderia ter-se tornado o herói do drama maçónico.

O mito precisa de uma dimensão sacrificial. A morte, brutal, violenta e cruel, é necessária para sublimar o indivíduo.

Osíris foi feito em pedaços por Tifão, e a Fénix foi consumida numa agonia excruciante perante o Sol.

É preciso que haja um crime ritual para que Hiram atinja a sua verdadeira dimensão.

O mesmo se poderia dizer de Cristo, de Jesus flagelado e crucificado.

Aliás, parece-me que o nosso irmão Michaël Segall traçou este paralelo no seu tempo, o que não é de modo algum blasfemo: a morte de Hiram parafraseia a morte de Cristo, que por sua vez, segundo as civilizações mais antigas, aparece na morte de um deus.

No contexto iniciático que nos preocupa, e para apoiar uma das ideias-chave que sustentam os nossos ideais e ambições, Hiram deve ser visto como o símbolo do conhecimento que não pode ser abolido, da luz que não pode ser extinta apesar dos ataques e conspirações. Hiram é, pois, o arquétipo do iniciado que aceita morrer, que escolhe morrer, para renascer.

Em todo o caso, há uma breve menção a Hiram nas Constituições de Anderson na sua primeira edição de 1723, onde é simplesmente mencionado como o homónimo do rei de Tiro e o Maçom mais perfeito da Terra. Nada mais na edição de 1738, que menciona pela primeira vez um terceiro grau estabelecido em Londres em 1726.

Foi precisamente em 1726 que o manuscrito de Graham foi escrito. O cadáver de Hiram e o que lhe aconteceu são explicitamente mencionados.

O célebre Discurso do Cavaleiro de Ramsay de 1736 refere o “ilustre sacrifício” de Hiram, “o primeiro mártir da nossa Ordem”.

O ritual Three Distinct Knocks de 1760 faz a mesma referência na sua descrição de uma cerimónia de iniciação na Ordem.

Uma das primeiras versões desta história aparece em L’ordre des francs-maçons trahi et leur secret révélé (1744): Adoniram, Adoram ou Hiram, a quem Salomão tinha dado a administração das obras do seu Templo, tinha tantos Trabalhadores para pagar que não podia conhecê-los a todos; combinou com cada um deles diferentes Palavras, Sinais e Toques, para os distinguir …

Repito aqui: se Hiram tivesse morrido, como dizemos, “a sua bela morte”, honrado e coberto de glória uma vez terminada a sua obra, não seria de modo algum o herói do nosso percurso espiritual.

Portanto, admitamos: Hiram teve de morrer prematuramente, deixando a sua obra inacabada.

Para concluir, tentemos situar o mito de Hiram numa perspectiva mais ampla, a de uma lenda fundadora, a do luto após um assassínio, presente em numerosas tradições.

Alguns autores, como Julien Behaeghel, propuseram uma analogia entre o mito de Hiram e o mito de Osíris. Julien Behaeghel, nascido em 1936, passou um ano como monge numa Trappe cisterciense. Em seguida, embarcou numa longa busca existencial, uma viagem de iniciação numa perpétua procura de sentido. Um Maçom iniciado na R. L. L’ Équité da Grande Loja da Belgica, a sua obra, tanto literária como artística, é inteiramente consagrada à exploração dos símbolos. Ensinou a psicologia dos símbolos na Académie royale des Beaux-Arts em Bruxelas. Julien Behaeghel morreu em Julho de 2007. No seu livro Osíris, le dieu ressuscité (Berg, 1995), esforça-se por elucidar o mito fundador sem o qual, segundo ele, nada se pode compreender do sacrifício divino. E aqui evoca a importância de Jung e do seu doloroso divórcio com Freud.

“Mesmo como ateu, somos dualidade, matéria e espírito. O encontro dos opostos, a sombra e a luz. Todos nós trazemos dentro de nós uma lágrima e o desejo de fazer a unidade, ou seja, de reconstruir o homem total.”

Segundo Behaeghel, em comparação com o mito de Ísis, o mito de Hiram é distorcido pela ausência da virgem iniciadora, representada por Ísis no mito egípcio. No entanto, há de facto uma virgem na história da construção do Templo, a Rainha de Sabá, que era próxima de Salomão e que Behaegel coloca a hipótese de, na ficção hirâmica construída pelos fundadores da Maçonaria, ter tido uma relação com Hiram, o arquitecto e mestre de obras que se tornou próximo de Salomão.

Vale a pena lembrar que Ísis, a irmã-esposa de Osíris, reconstitui Osíris (reúne o que está disperso), não para que ele próprio possa voltar à vida na Terra, mas para que possa reinar no céu. Ísis ressuscita Osíris para que a sua expiação se torne exemplar. O ser humano só pode melhorar conhecendo os seus limites e as suas faltas, conhecendo a tragédia. Mas a esperança deve prevalecer sobre o desespero: Ísis, a viúva, dará vida a Hórus para vingar Osíris. Como sabemos, os diferentes ritos maçónicos retomaram este tema da vingança.

Daí a proposta de Julien Behaegel de recuperar o mito na sua integridade, ou seja, naquilo que ele apresenta como a sua quaternidade fundamental (Set – Osíris – Hórus – Ísis). No pensamento egípcio tradicional, a cosmogonia só pode ser realizada e vivida se a sua estrutura for quaternária. No Egipto, a quaternidade, e não a trindade, era considerada como o espaço da Manifestação.

Daí a ideia de que não pode haver verdadeira iniciação sem uma morte simbólica seguida de uma ressurreição espiritual através da “Sabedoria” da virgem da regeneração. É esta solução “quaternária” que seria capaz de reconstruir o mito e restaurar a sua força iniciática primordial.

Behaegel considerava que a iniciação é uma busca da alma, que requer caminhos para aceder ao centro do mundo e da criação. Deste modo, a mitologia pode ser lida a vários níveis.

“Quanto mais se avança na interpretação simbólica, mais infinita ela se torna. É saber que, mesmo quando estamos na escuridão, a luz está a brilhar. É uma disciplina de vida livremente consentida. Só podemos ser felizes se fizermos o que sentimos que temos de fazer”.

Há também uma ligação entre o mito de Hiram e o de Hermes, conhecido como Toth pelos egípcios. Toth é o arquitecto do mundo e, no Princípio, é o Verbo. Toth, tal como Hiram, representa o poder da construção, o conhecimento da arquitectura, simbolizando a construção do Mundo. Outros autores mostraram que a lenda ou o mito de Hiram, tal como foi moldado pela Maçonaria, pode ter sido inspirado na Eneida de Virgílio, particularmente nos livros 3 e 6.

Neste prodigioso fresco, Virgílio conta-nos como Eneias, na sua descida ao Mundo Inferior em busca do seu pai Anquises, levou um ramo de ouro. Dado o local onde se passa a história, podemos supor que se trata de um ramo de acácia. Mais tarde, Eneias também encontrou o corpo de Polidor, filho de Príamo, graças a um ramo arrancado de um arbusto.

O nosso irmão suíço Jean-Daniel Graf, co-editor da revista Masonica – a revista do Grupo de Pesquisa Alpina – apontou semelhanças inquestionáveis entre o significado iniciático do mito de Hiram e o das personagens sucessivamente encontradas pelo iniciado durante as iniciações tântricas.

Nestas diferentes tradições, a morte violenta do herói mítico é uma morte libertadora, que de certa forma condena os discípulos à liberdade. E podemos acrescentar que os assassinos, que representam a transgressão, a revolta e a desobediência, têm um papel simbólico que também se encontra em muitas culturas.

Para terminar, mencionemos a versão do mito de Hiram escrita por Gérard de Nerval no capítulo Histoire de la reine du matin et de Soliman no seu livro Le Voyage en Orient, Les nuits du Ramazan, escrito em 1850. Nerval oferece uma narrativa que reúne todas as paixões e sentimentos que vão alimentar os sucessivos graus oferecidos ao iniciado para que ele os reconheça e controle. O amor, a paixão, o fanatismo, a inveja, o ciúme, o amor-próprio, o orgulho e a cobardia são retratados numa transposição soberba, que remete evidentemente o leitor para os seus próprios limites e vícios.

Hiram é um arquétipo. Os arquétipos têm um significado que vai muito além do que a realidade histórica pode sugerir. Graças à morte do Mestre, que é a condição necessária para que ele seja transcendido pela graça da ressurreição, ou melhor, do renascimento, a construção do nosso edifício virtuoso pode continuar.

Hiram deve morrer, deve morrer tragicamente. Hiram deve ser assassinado!

Porque é esse o objectivo do nosso compromisso maçónico: evitar o vício e praticar a virtude. Na nossa tradição, o mito de Hiram é o veículo do seu objectivo essencial, a luta entre o Bem e o Mal.

O Livro dos Reis, aliás, regista o pedido explícito de Salomão ao Senhor: “Dá ao teu servo um coração compreensivo para julgar o teu povo, para discernir o bem do mal”. Como todos os processos iniciáticos, o nosso deve ser marcado pela morte do Velho. Hiram foi escolhido, construído, para ser o herói mítico de que o Rito precisa para adquirir o seu sentido. No final da cerimónia do 3º grau, o Bem triunfou sobre o Mal, porque através do novo Mestre, Hiram reaparecerá “radiante como sempre”…

O mito de Hiram é a história fundadora e iniciadora da viagem, a sua condição necessária. É sobre este mito primordial que se baseiam os diversos sistemas de graus e graduações.

O progresso do Iniciado não pára aí, no entanto…

Mas isso é outra história…

Fonte: freemason.pt