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PERGUNTAS & RESPOSTAS

O “Perguntas & Respostas” que durante anos foi publicado no JB News e aqui reproduzido, está agora no “Blog do Pedro Juk” . Para visita-lo ou tirar suas dúvidas clique http://pedro-juk.webnode.com/ ou http://pedro-juk.blogspot.com.br

terça-feira, 31 de janeiro de 2023

USO DO BALANDRAU E OS PARAMENTOS COMPLETOS

Em 13.08.2022 o Respeitável Irmão Édson dos Santos, Loja Regeneração Sul Baiana, 944, e Sabedoria e Equilíbrio, 4407, REAA, GOB-BA, Oriente de Ilhéus, Estado da Bahia, faz a seguinte pergunta.

BALANDRAU E JOIA DISTINTIVA

Recebi a resposta referente ao decreto, visualizei, mas não foi possível tirar cópia para a Loja, em virtude da observação contida no GOB LEX, no qual está escrito a proibição constante neste sistema.

Na sessão de apresentação das novas regras do ritual, um irmão fez a pergunta:

Ao usar de o balandrau o irmão que ostenta algum cargo, pode usar o colar, faixa etc. por cima do balandrau? Procurei e não encontrei resposta nas páginas da ritualística.

Nós perguntamos o irmão poderia marcar uma data para a nível nacional realizar uma live, afim de sanar algumas dúvidas dos irmãos? Ficamos no aguardo.

CONSIDERAÇÕES:

A questão do uso do balandrau com os demais paramentos, obviamente que sim, pois se o mesmo é admitido no rito, não faria nenhum sentido não poder usar os paramentos completos diante dessa possibilidade.

Eu diria que não só pode como deve usar. Certamente que estamos falando das sessões em que o balandrau é admitido. No caso do REAA, apenas nas ordinárias, nunca nas magnas.

Infelizmente há por parte de alguns Irmãos preconceito contra esse tipo de vestimenta, inclusive alguns até lhe dão nome pejorativo.

Na verdade, em termos históricos, esse traje é muito mais autêntico do que propriamente o terno, que por sinal alguns chamam de terno (trio) mas usam um parelho (par) – terno: calça, colete e paletó; parelho: calça e paletó.

De certo modo, legalmente alguns ritos não admitem o uso do balandrau. Nesse caso é preciso respeitar esse particular, portanto, usar balandrau apenas em ritos e nas sessões que o admitem.

Vestindo o balandrau, o mesmo deve ser usado conforme a legislação, ou seja, negro, sem gravuras ou bordados, talar (até os calcanhares), mangas compridas e fechado até o colarinho. Calça preta, sapatos e meias pretas. Sobre o balandrau vai vestido o avental e, se for o caso, faixa, colar e joia.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

5ª INSTRUÇÃO DO GRAU DE APRENDIZ 2

FRATERNIDADE, FANATISMO E IGNORÂNCIA

Abraão Lincoln, Presidente dos Estados Unidos da América do Norte no século passado, maçom e um dos mais proeminentes defensores da verdadeira fraternidade maçônica, numa ocasião em Loja, quando seus irmãos lhe pediram uma explicação do sentido da palavra fraternidade, Lincoln citou o seguinte exemplo :- Ele mesmo, num inverno gélido da América do Norte, encontrava-se nas proximidades de um outeiro, coberto de neve, observando com curiosidade dois rapazotes que alegremente desceram o morro sobre um trenó. Após a chegada do veículo ao pé da colina, o rapaz maior pôs o pequeno nas costas e o carregou na garupa até o cume da elevação, puxando, ao mesmo tempo, ofegante, o seu pesado trenó em uma corda morro acima. Várias vezes já tinham descido e subido, quando, após outra descida Lincoln se aproximou do rapaz mais velho e lhe dirigiu a palavra: “Mas é uma pesada carga que tu sempre levas morro acima”. O interpelado, entretanto, respondeu sorridente: “Não senhor, esta carga não me pesa, pois este é meu irmão”. Para Lincoln fora sempre esta resposta a mais acertada definição da palavra fraternidade, a frase tão simples e ingênua: Esta carga não me pesa, pois este é meu irmão”. Amor fraternal requer um espírito elevado.

Feliz toda Loja Maçônica onde reina este verdadeiro espírito de fraternidade. Este amor fraternal é o cimento místico que une os verdadeiros maçons dentro de uma loja. Combatemos em nossas Lojas o vício, a vaidade e o nosso egoísmo, que é o maior inimigo da fraternidade. O Lídimo Maçom, porém , age sempre dentro dos princípios da fraternidade. Condição primordial para tanto é que os irmãos de uma loja se conheçam bem e não só superficialmente, assim que cada um pode ter plena confiança no outro, pois pode chegar o momento em que o nosso espírito de fraternidade é posto a prova contra eventuais difamadores profanos e até mesmo, contra “Irmãos” que ao terem seus próprios interesses pessoais contrariados se esquecem dos princípios maçônicos chegando a se negar receber o cumprimento fraternal de outro Irmão. O estreitamento dos laços de amizade e fraternidade devia ser a maior preocupação dos dirigentes de uma oficina. Para tanto não é preciso qualquer sacrifício. Quando por exemplo no dia do aniversário ou numa outra ocasião festiva familiar de um Irmão, um telegrama, um cartão ou um simples telefonema para este Irmão, aprofundamos em nós mesmos o sentimento humanitário e no coração de nosso Irmão, produz um efeito salutar, pois este Irmão Maçom percebe, satisfeito que não é um mero número dentro de sua Loja, mas sim uma personalidade estimada por seus Irmãos.

Há muitas idéias poderosamente benéficas que não se realizaram por causa das condições egoístas em que vivemos.

Devemos difundir a idéia de que a verdadeira guerra santa é a que fazemos na vida conosco mesmos, quando lutamos pelo nosso melhoramento moral. Se alguém sentir-se incapaz para empreender a luta, ilumine seus pensamentos com uma só filosofia e penetre o verdadeiro conhecimento da lei da vida e tenha o máximo cuidado de interrogar a si mesmo com o rigor e a imparcialidade que convém. Ora, se há ponto em que mais imparciais precisamos ser, é precisamente no que aos nossos pensamentos diz respeito e o que ao nosso modo de julgar e de apreciar se refere.

Por mais bela e fecunda que seja uma semente, jamais nada ela produzirá, se não conseguir irromper a luz. O embrião das boas ações, dos gestos generosos, das atitudes corretas, todos os têm, mas sucede que muitos o deixam morrer, outros os encaram com indiferença, como se a vida fosse um mero jogo de crianças, uma simples competição de interesses, ou uma cruel rivalidade de egoísmo e ambições.

Assim sendo, é bom lembrarmos o que é fraternidade: união ou convivência como irmão, amor ao próximo, fraternização, harmonia, paz, concórdia; bem como o que é Maçonaria: uma associação de homens sábios e virtuosos, que se consideram irmãos entre si, cujo fim é viver em perfeita igualdade, intimamente ligados por laços de reciproca Estima, Confiança e Amizade, estimulando-se uns aos outros, na prática das virtudes.

Considerando as definições acima, a Fraternidade Maçônica tem que ser pura, devendo se apresentar onde couber uma causa justa. O verdadeiro Maçom pratica o bem e leva sua solicitude aos infelizes, quaisquer que sejam eles, devendo desprezar o egoísmo e a imoralidade, dedicando-se aos seus semelhantes, pois o sentimento de Fraternidade para o Maçom deve ser um sentimento nato, e assim sendo, a Fraternidade Maçônica deve ser o ideal de todo e qualquer Maçom, tendo em vista que é o laço sagrado que une a todos os Maçons, independentemente de Lojas e Potências a que pertençam. Fizemos um juramento, e por ele somos unidos; somos uma família, e a família é a matriz do homem e o berço da sociedade. “Amai-vos mutuamente com afeição terna e fraternal. Adiantai-vos em honrar uns aos outros”. (Epístola aos Romanos, l2-10).

E quando falarmos de Fraternidade, recordemos sempre o caso que contou o Presidente Lincoln aos seus Irmãos Maçons e gravemos em nossa memória aquela frase que ficou célebre nas Lojas Americanas: ”Esta carga não me pesa, pois este é meu Irmão”.

FANATISMO

Fanatismo: advém do latim “fanum”, templo, lugar sagrado. Em latim, “Fanaticus”, era o inspirado, o entusiasmado, o agitado por furor divino. Posteriormente tomou o sentido de exaltado, de delirante, de frenético, e, finalmente, o de supersticioso.

Os fanáticos eram os sacerdotes antigos do culto de Ísis, Cibele e Belona, etc., que eram tomados de delírio sagrado, e que laceravam-se até fazer correr sangue. A palavra tomou, assim, um sentido de misticismo vulgar, que admitia poderes ocultos, que podem intervir graças ao uso de certos rituais.

O mesmo termo é usado para indicar a intolerância obstinada daquele que luta por uma posição, considerada por ele, evidentemente e verdadeira, estando disposto a empregar até a violência para a validade de suas opiniões e na tentativa de converter a outros que não aceitam suas idéias. Torna-se o termo, por extensão, o apontador de toda e qualquer crença, religiosa ou não, onde há demonstração obstinada por parte de quem a segue.

O fanático, em vez de fazer de sua fé um caminho de libertação, faz dela uma prisão para si mesmo e para os outros. Em vez de aprofundar as verdades da fé para iluminar com elas a vida, aceita a letra dessas verdades sem saborear o conteúdo das mesmas. O fanático não dialoga. Fala sozinho. Para ele, quem tem a mesma fé não precisa dizer nada. E quem não tem a mesma fé, não tem nada a dizer e merece o desprezo e a condenação, aqui e na eternidade.

O fanatismo é uma fé cega, inconsciente, irrefletida, em muitos casos independente da própria vontade que o ser humano sente por uma doutrina ou um partido. A religião do fanático não se fundamenta no amor, mas no medo. Medo de errar, de pecar, de desviar-se do caminho. Ele fala demais para não escutar. Acredita que a melhor defesa da própria fé é o ataque a fé dos outros.

Como podemos ver meus Irmãos o fanatismo é a veneração exagerada de uma idéia, uma religião, etc. Devemos pois, então ter muito cuidado com o nosso modo de agir não deixando-nos levar por um entusiasmo exagerado, para que, por conta de um exibicionismo ridículo ou por conta de uma conduta exacerbada sejamos levado a um comportamento incompatível, para com os princípios maçônicos.

A Maçonaria condena o Fanatismo com todas as suas forças. Em vários graus, as instruções giram em torno desta execrável paixão, considerada como um dos inimigos da Ordem Maçônica. “Um passo mais além do entusiasmo, e se cai no fanatismo; outro passo mais e se chega a loucura”. Jean B.F. Descuret)

A IGNORÂNCIA

1 - A Ignorância no mundo profano.

Pejorativamente, chamam-se pessoas de IGNORANTES no afã de lhes desafiar os brios, tentando mostrar uma faceta grossa, obscura e de atraso evolutivo onde a IGNORÂNCIA é encarada como a mãe de todos os vícios e seu principio o de nada saber ou saber mal. Eis porque afirmarem o muito das vezes ser o IGNORANTE um ser grosseiro, irascível e perigoso, perturbando e desarmonizando a sociedade, não permitindo que os homens conheçam seus direitos. Mesmo vivendo em um Estado LIBERAL eles tornam-se escravos por conta de sua ignorância. Ë comum em muitas regiões, as vezes nem tão longínquas deste nosso Brasil, ouvirmos falar de escravidão.

Como um “Coronel” nordestino, numa entrevista, a anos atrás, ao Fantástico, na qual gabava-se que todos os trabalhadores de sua fazenda tinham boa moradia, mas admitia que escola e igreja ele não permitia, assim como nenhum tipo de cultivo junto a moradia dos colonos, e que tudo que estes necessitassem deveria ser adquirido no armazém da fazenda, o que resultava invariavelmente ao final do mês este colono ficar devendo ao Coronel. Isto na realidade representa dois tipos de escravidão:- Uma física e outra intelectual, e vejam bem, sem ter o ônus de adquirir o escravo como antigamente.

Isso não é um caso isolado. Na verdade o próprio Estado, que deveria zelar pelo desenvolvimento cultural do povo, age em sentido contrário. A maioria das medidas sérias visando aprimorar a qualidade da educação são abandonadas, enquanto isso medidas populistas, eleitoreiras e inócuas são adotadas.

Nessa situação, com a maioria da população mantida no estado de semi analfabetismo, aqueles que detém o poder podem usar o povo como “massa de manobra”, destarte imperando a impunidade.

Além do problema educacional, temos um outro muito mais grave. O problema da corrupção. Pegue-se o exemplo da cidade de São Paulo, dilapidada a céu aberto. Porque isso aconteceu? Aconteceu porque a população, mesmo a mais informada, virou as costas para a cidade; a maioria sequer sabe em quem votou para vereador. E os que sabem raramente acompanham sua atuação. Como conseqüência temos uma impunidade crônica, campo fértil para a atuação das máfias. A impunidade prospera de fato, quando a ignorância dos direitos sobressai e impera. E qual seria a solução? A solução não esta na policia, mas nas salas de aula. Assim como ensinam matemática e português, as escolas devem levar a sério, e não apenas em momentos especiais, mas diariamente, a disseminação das noções de direitos e deveres.

Isto só serve para demonstrar que apesar de Constituições Liberais, um povo ignorante acaba se tornando escravo. São inimigos do progresso, que, para dominarem, afugentam as luzes, intensificam as trevas e permanecem em constante combate contra a Verdade, o bem e a Perfeição.

2 - A ignorância no mundo maçônico.

Na evolução da humanidade, as verdades da vida vão se aclarando de acordo com o ritmo que as inteligências captam o descortinar do conhecimento. Grandes filósofos, profetas e mesmo o Mestre que foi Cristo, não puderam trazer toda a luz dos seus conhecimentos porque havia de ser respeitada a IGNORÂNCIA da época e o nível intelectual que as sociedades se apresentavam.

Na filosofia maçônica também acontece esse respeito. O Apr\ conhece tudo aquilo que uma ponta de véu levantado lhe permite entender, o mesmo acontecendo com o Mestre e os diferentes graus.

A IGNORÂNCIA não é de toda inoportuna. Às vezes ela tem utilidade. “QUEM MAIS SABE, MAIS SOFRE”, isso explica quando tal conhecimento está ligado às aflições, porém no patamar do equilíbrio, o saber é sempre bem visto, pois poderá despertar no homem o ensejo de servir como “professor” daqueles que estão ainda no estágio de IGNORÂNCIA.

A vida plena do homem nos leva a entender que somos IGNORANTES nos mais diversos graus. Quando o homem evolui e procura alcançar um estágio na vida, galgando assim um cume, logo poderá observar que de cima desse cume haverá uma nova planície a percorrer, que lhe proporcionará nova jornada de conhecimentos. A IGNORÂNCIA poderá ser reduzida, porém sempre existirá, pois ela faz parte das metas e objetivos do homem. O conhecimento total ao G\A\D\U\pertence.

A IGNORÂNCIA é a grande alavanca que dá ao homem o estímulo para a luta do saber. Os graus da maçonaria são os maiores exemplos da disciplina, onde a verdade será descoberta de acordo com a condição interna de cada aprendiz.

Ser IGNORANTE não é pejorativo, é, antes de mais nada, um estado evolutivo.

Perto de coisas maiores, todos somos IGNORANTES. Os discípulos ignoravam a grandeza de propósito que estava guardada na mente e no peito de JESUS. Com o aprendizado, eles lutaram e cresceram, dando um passo a mais no saber, deixando sua IGNORÂNCIA um pouco mais curta.

Fonte: http://trabalhosdamaconaria.blogspot.com

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

SAUDAÇÃO ANTES DE SENTAR

Em 12.08.2022 o Respeitável Irmão Paulo Fernando Leuckert, Loja Venâncio Aires II, 2369 e Loja Honra e Virtude, 3834, REAA, GOB-RS, Oriente de Venâncio Aires, Estado do Rio Grande do Sul, apresenta a seguinte questão:

SAUDAÇÕES EM LOJA

Semanalmente estamos adaptando as orientações às Lojas.

Quanto à SAUDAÇÃO ficou bem esclarecido. Expliquei que não existe saudação entre Mestre de Cerimônias e Secretário, nem entre Diácono e Venerável, etc.

Se for necessário ficar parado, em pé, sem nada nas mãos, em Loja aberta, é feito o Sinal de Ordem. Que será "desfeito" através do Sinal Penal. Simples.

Na sessão de ontem, durante uma explanação sobre orientações, o Hospitaleiro perguntou: após a conferencia do Tronco com o Tesoureiro: "logicamente me afasto em direção ao meu lugar sem fazer sinal nenhum porque estou portando a Sacola do Tronco de Beneficência. Entendido. Mas, quando chego no meu lugar, coloco a Sacola no encosto da cadeira e SENTO DE IMEDIATO, ou faço o Sinal de Ordem, desfaço o mesmo através do Sinal Penal e então sento?

Eu disse que chega no lugar, coloca a Sacola do Tronco no encosto da cadeira e senta, sem fazer nenhum Sinal.

Estou correto?

Vale o mesmo para qualquer outro Oficial (Mestre de Cerimônias, Diáconos, Expertos) que chega no seu lugar e senta diretamente?

COMENTÁRIOS:

Existem determinados vícios, principalmente na Maçonaria brasileira, que são como carcaças de dinossauro, difíceis de se exterminar.

Uma delas é esse costume desnecessário de se fazer o sinal antes de tomar assento em determinadas ocasiões, sobretudo quando um oficial que estiver fora do seu lugar por dever de ofício, retornar ao seu lugar.

Ora, se esse oficial fosse permanecer em pé por algum motivo, certamente ele teria então que ficar à Ordem, contudo, se de retorno simplesmente ao seu lugar, basta sentar. Não há o porquê de se fazer o sinal nessa ocasião.

Nesse sentido, em momento algum o ritual em vigência, ou o SOR, mencionam que alguém ao chegar de retorno ao seu lugar, antes de sentar, precise compor o Sin∴ de Ord∴ para de imediato desfazê-lo pelo Sin∴ Pen∴.

Não há dúvidas que existem ocasiões em que a ritualística exige esse procedimento, mas não quando alguém de retorno, retoma o seu assento.

Desse modo meu Irmão, a sua pessoa está absolutamente correta nos procedimentos adotados descritos na sua questão. Seu raciocínio é lógico e vale para qualquer oficial que esteja no exercício do seu ofício.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

O SIMBOLISMO MAÇÔNICO

Adriano Marco Segatto do Nascimento
Loja Tolerância e Fraternidade No 128 - Santa Maria/RS
(Repasse: João Eduardo P. dos Santos – Guarulhos - SP)

PARA A GLÓRIA DO G∴A∴D∴U∴

Objetivo: O Simbolismo Maçônico vem investido de profundos significados esotéricos que deverão ser buscados por todos quantos forem os IIr∴ verdadeiramente interessados no aprimoramento dos conhecimentos adquiridos, na lapidação íntima e no verdadeiro progresso almejado no seio da FM.

I – INTRODUÇÃO

Desde a origem da forma humanóide sobre o seio terreno, revestem-se paredes cavernosas com a descrição de um passado que se torna vivo diante dos olhos do observador atento, como a querer desvendar os segredos e mistérios de toda uma civilização, em dada era específica.

Nota-se, nos povos da povoação primitiva e com os lampejos da consciência humana em formação, a tentativa de transmitir, através dos sinais respectivos, uma plêiade de instintos, sensações, sentimentos e narrações peculiares ao tempo.

Assim crescemos, desde a primeira infância escolar, conhecendo nossos antepassados por conta do estudo arqueológico e, grandemente, das interpretações de sinais e simbologias deixadas por aqueles que nos precederam a existência no solo sagrado da Terra.

Formas animais, indicações datadas, símbolos específicos; tudo foi deixado, como se se tentasse dizer: “Vem meu irmão, aprende comigo o que exatamente eu sentia, vivia, cria, ...”. Desse modo, as várias civilizações que aportaram sobre os diversos pontos do globo tiveram suas características peculiares.

Egípcios que, além de corroborar com a noção formativa da concepção de Estado-nação, firmaram fortemente a perspectiva de uma vida futura, fazendo da Terra um porto preparativo para a grande viagem, incorporando crenças espirituais que sintetizavam religião e cultura sob a teocracia então dominante.

Assim, desde o surgimento da Primeira Dinastia (por volta de 3100 A.C.), até a era dos imperadores Ptolomaicos (30 A.C.) percebemos a intensa criação que, mais do que arte aos olhos profanos da contemporaneidade, representam a expressividade divina concretizadas pelos Sacerdotes conhecedores dos mistérios.

Além de sinais, palavras eram utilizadas com um tal impacto que o seu poder de concisão era o aglutinador do ideário egípcio. Maat (cujo símbolo é uma pena), substituía os códigos de leis escritas; incorporada pelo Faraó, estabelecia-se, por intermédio de Maat, a forma de justiça, a expressividade da arte e o estabelecimento do comportamento moral do povo. Sintetizava, assim, os princípios de Ordem, Hierarquia e Submissão.

Entretanto, tem-se que, antes mesmo da maturação dessa que é tida como a mais antiga das civilizações formadas, os estudiosos fixaram a existência de povos ainda mais antigos, ao que denominaram Revolução Neolítica, situada na Idade da Pedra, quando os homens iniciaram o cultivo, a criação, a construção e, principalmente, a escrita. Fixaram, então, a arqueologia na Mesopotâmia, na Palestina e na Turquia.

De qualquer modo, evidencia-se uma coisa em comum. A construção humana em torno de si, transformando não somente o ambiente em derredor, mas também seu modo de ser, pensar e agir.

Não foi diferente tal desenvolvimento: Gregos, Romanos, Judeus, povos do Ocidente e do Oriente expressaram-se, musicaram, construíram e guardaram seus segredos através dos símbolos e da abstração psíquica e espiritual que ainda hoje se busca conhecer.

O constante aprimoramento do ser torna-o apto a buscar mais fundo, no seio das civilizações herméticas e esotéricas, o sentido da vida, a razão de nossas existências e a necessidade da irmanação universal, conjugando-se princípios de ordem divinizante, como que a exercitar-nos à prática da melhor fraternidade entre os seres humanos.

II – MISTÉRIOS SIMBÓLICOS E RAZÃO DE SUAS EXISTÊNCIAS

Embora cultivemos, hodiernamente, a sensação de que há mistérios impenetráveis dentre as civilizações passadas, tal sentimento, me parece, resulta de uma falta de percepção que é, ao mesmo tempo, cultural, histórica e, primordialmente, espiritual. 

Inúmeros são os exemplos de civilizações que guardaram para seus iniciados os conhecimentos profundos e verdadeiros que, para nós, é o mesmo presente em nossa Confraria: a busca da Verdade primordial, justa e perfeita, pedra polida a que ninguém é dado ulterior lapidação.

Egípcios tiveram a denominada Escola dos Grandes Mistérios, cujos sacerdotes já mestres iniciados tutelavam particularmente o Faraó, na condução da vida política, cultural e especialmente religiosa de toda a nação.

Hebreus, embora tenham manuscrito profeticamente instruções à massa ignorante, sob o aspecto espiritual, legou aos seus mais íntimos conhecedores aquilo que tinham por verdades divinas, dando azo à Cabala, como forma hermética de conhecimento extra material.

Gregos, com os Mistérios de Elêusis, forneciam aos neófitos aceitos as noções de ordem, beleza e expressividade divina, embora concisos e racionalistas em suas formas de comunicação. 

Cristãos perseguidos a partir do ano 54 D.C., sujeitaram-se a formas e símbolos específicos de comunicação, dentro dos quais se reconheciam e tratavam dos assuntos espirituais deixados pelo augusto Messias, no qual criam como o próprio Deus reencarnado.

Os denominados heréticos, na era obscura do medievalismo neurótico e dominante, obrigavam-se às reuniões discretas e restritas a tantos quantos obtinham consentimento para acompanhá-las, desde que previamente identificados e acolhidos por seus confrades. Neste particular período, fala-nos alto ainda a comunidade Albigense, que com seu entusiasmo evangélico, também de orientação levemente Maniqueísta, transformou lentamente o sul da França, particularmente a região da Occitânia, iniciando homens livres e de boa índole, a galgar degraus na evolução espiritual e na busca das verdades contidas nos textos religiosos por eles adotados. Passavam, assim, de neófitos croissants à condição de parfeits tidos como mestres espirituais.

Não foi diferente com uma certa comunidade de livres construtores que, com o objetivo de construir os Templos sagrados dedicados à ligação do homem com o Criador, reuniam-se por períodos extensos ao redor da obra, sendo eles pedreiros, carpinteiros, artesãos, fundidores, ferreiros – todos orientados pelos denominados Mestres Construtores.

Esse foi o período da conhecida Maçonaria Operativa, que posteriormente e com a eclosão do Iluminismo do século XVIII, passou a aceitar livres pensadores dando azo à Maçonaria Especulativa.

Foi a partir de 1738 que, com a Bula editada pelo Papa Clemente XII, extingue-se a relação amistosa da Maçonaria com a Igreja Católica Apostólica Romana dando início a perseguições de variada ordem, obrigando aos IIr∴ a reasseveração dos antigos costumes de comunicação hermética, discreta e conhecida tão somente entre os seus, a fim de reciprocamente protegerem-se, ajudarem-se e desenvolverem-se em seus misteres.

Desse modo, tem-se que o símbolo é expressão da arte, porquanto jamais deva falar aos olhos e, sim, aos sentidos recônditos do ser que busca aprimorar-se não em uma dada técnica de transcrição e compreensão esotérica, mas no desenvolvimento das sensibilidades que o transportem a planos superiores de existência, concretizando tal comportamento no próprio dia-a-dia.

Na investigação da verdade aprimora-se a si mesmo, incorporando Virtude, Honra e Misericórdia em seu espírito em vias de aprimoramento interior. Na interpretação da simbologia da F∴M∴ encontra a paz interior e inicia-se no auto-conhecimento através da constante meditação sobre os ditos mistérios.

Quem sabe, não somos os velhos Terapeutas em novas fases de aprimoramento e aprendizagem, na tentativa de fazermos partes da caravana de obreiros do G∴A∴D∴U∴ em efetivo auxílio junto dos IIr∴ ainda imersos na escuridão dos sentidos e conhecimentos.

III – TÁBUA DELINEAR E 1ª INSTRUÇÃO – SIGNIFICADOS MÍSTICOS

Olho para o alto é vislumbro as estrelas, como a apontar para o Cosmos presente, informando que todos somos regidos, observados e cuidados pelo Supremo Criador do Universo, a quem denominamos G∴A∴D∴U∴

Olho sob meus pés, e ali encontra-se o Pavimento Mosaico informando-me que o meu crescimento na F∴M∴ dependerá da capacidade de assimilação das virtudes da Igualdade de sentimentos, valores e aspirações, simbolizando os superiores anseios de meus MM∴MM∴ e, em especial, os do V∴M∴ que deseja me ver perfeito e acabado, ao final dos trabalhos sobre a Ped∴ Quad∴ Br∴ que habita em mim, tornando-a Ped∴ Quad∴ Pol∴

O conhecimento acerca das Jóias da Loa nada mais são do que a apresentação das ferramentas simbólicas; umas para o efetivo labor de aprimoramento íntimo, outras para a efetiva demonstração de que me encontro reunido entre IIr∴ Liv∴ e de bons Cost∴

O respeito ao Criador é uma constante, não que o L∴SS∴EE∴ represente a obrigatoriedade em uma específica religião; contudo é a fraterna admoestação para que se conscientize o homem, especialmente o verdadeiro M∴, de que nada vale a ostentação dos paramentos superiores, ornamentos e condecorações sem que o espírito esteja cheio de Sab∴For∴Bel∴ em sua intimidade.

Fonte: JBNews - Informativo nº 196 - 11/03/2011

domingo, 29 de janeiro de 2023

GIRO DA PALAVRA NA MESMA COLUNA - PEDINDO NOVAMENTE A PALAVRA

Em 12.08.2022 o Respeitável Irmão Anderson Rezende Villela Bolcato, Loja Deus e Caridade 7, 0954, Cruz da Perfeição Maçônica, GOB-MG. Oriente de Lavras, Estado de Minas Gerais, solicita esclarecimento para o que segue:

GIRO DA PALAVRA NA MESMA COLUNA

Gostaria de sanar a seguinte dúvida: Existe "ordem de giro" de palavra quando ela está em uma única Coluna? Por exemplo: Se o irmão 2° Vigilante anuncia que a palavra está na Col.: do Sul e o Mestre de Harmonia a solicita e se for concedida faz uso da mesma, é lícito a este irmão solicitar novamente o uso da palavra, como réplica ou resposta, enquanto ela ainda estiver na mesma Col∴, caso o irmão Chanceler, por exemplo, faça uso por último e se refira a fala do irmão que fez primeiro? Ou seja, enquanto a palavra estiver na mesma Col∴, pode um irmão solicitar seu uso mais de uma vez? Eu busquei um esclarecimento sobre isso no manual de orientação ritualística do GOB, no site, contudo não encontrei resposta específica para essa questão. No meu entendimento, enquanto a palavra estiver em uma Col∴ ela pode ser usada, obviamente com autorização do Irmão Vigilante.

CONSIDERAÇÕES:

Se a palavra ainda estiver na mesma coluna não existem óbices para que ela seja concedida pelo Vigilante novamente a quem por ventura dela já tenha feito uso. Mas há critério para isso. A Palavra a Bem da Ordem em Geral e do Quadro em Particular não é período para debates e discussões.

Pedir novamente a palavra, ainda na mesma coluna, não deve ser procedimento corriqueiro, portanto o Vigilante deve estar atento para não promover discussões com réplicas e tréplicas em momentos inapropriados para tal.
 
Nesse sentido, somente se de fato alguém precisar complementar a sua fala com algo deveras importante ou inadiável que ele tenha esquecido. Reitera-se, pedir novamente a palavra para réplicas não é admitido. Aceitável só para um complemento se necessário.

Ainda no mês em curso publiquei no Blog do Pedro Juk uma resposta que também aborda esse assunto, podendo, portanto, servir como complemento para essa resposta.

A propósito, na mesma coluna não existe ordem sequencial para o uso da palavra. O Vigilante atende pela ordem dos que desejam se manifestar.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

FRATERNIDADE

Rui Bandeira

Mas afinal em que consiste a apregoada Fraternidade dos maçons?

Fraternidade é um espaço, uma cultura, uma postura, um sentimento, que junta um conjunto de pessoas numa teia de relações similares às que se criam ente irmãos de sangue. Tal como os irmãos no seio de uma família, brinca-se, exerce-se o mútuo auxílio, colabora-se, ajuda-se o outro a crescer e cresce-se com a ajuda do outro. Mas também tal como os irmãos no seio de uma família, discute-se, amua-se, têm-se zangas e reconciliações, disputas e alianças.

Fraternidade não é um oásis de sol e delícias. Fraternidade é a vida vivida em conjunto, com união mas também com busca de cada um do crescimento da sua individualidade no seio do grupo.

Fraternidade implica que quando um dos nossos é injustamente acusado nos levantemos, com indignação, em defesa da honra de quem sofreu o ataque da injustiça. Mas também implica que, quando um dos nossos erra e acusa injustamente alguém, seja severamente criticado. Porque, afinal, o nosso objetivo comum é que todos e cada um de nós se aperfeiçoe e isso impõe que se mostre o erro quando existe, se exija a sua reparação, se necessário se aplique a devida sanção, se aponte a senda correta, em vez do carreiro da injustiça.

Fraternidade é saber-se que nenhum de nós é perfeito, mas efetivamente prosseguir o compromisso, connosco e para com os demais, de cada um desbastar sua pedra e alisar suas imperfeições. E, quando se erra, reparar o mal, não persistir no erro e tirar a lição para agir e ser melhor no futuro.

Particularmente exigente é a situação em que um dos nossos é injustamente visado por um dos nossos, quando o erro parte de dentro de nós e atinge um de nós. Aí, a Fraternidade não exige - pelo contrário! - que nos abstenhamos de intervir, porque afinal o problema é dentro de casa. Aí há que intervir com particular acuidade, pois o injustiçado sente exponencialmente a injustiça quando vinda de um dos seus e quem erra tem de compreender que o seu erro tem de cessar prontamente e de vez, pois põe em causa o Irmão, o conjunto de Irmãos e, assim, ele próprio, ao colocar em crise a confiança subjacente ao relacionamento fraterno.

Em grupos coesos e fraternos vemos frequentemente ocorrer conflitualidade, A Fraternidade não impede essa existência. Mas os grupos coesos e fraternos aprendem e sabem como gerir os conflitos e torná-los fatores de melhoria e de avanço, individual e coletivo. O que importa é que, acima de tudo, exista respeito, consideração e disposição para a cooperação.

Fraternidade gera muitas vezes amizade. Mas não necessariamente. Podem-se estabelecer relações fraternas, coesas, gratificantes, eficazes para a melhoria mútua com pessoas com quem não se estabelecem particulares relações de amizade. Porventura os temperamentos serão diferentes, mas os objetivos são comuns e o auxílio mútuo é reconhecido como o melhor caminho.

Mas também a amizade, por si só, não gera a Fraternidade. Porque a amizade pode ser mansa e plácida e agradável, mas não ser fator de crescimento, de melhoria. Fraternidade implica desafio, emulação, auxílio competitivo mesclado com respeito e confiança mútuos, que cria as condições para que todos avancem.

Mas quando a Fraternidade gera a amizade e ambas são vividas e praticadas em prol do crescimento dos amigos fraternos, então a eficácia da Fraternidade é exponencial.

Lembrei-me disso ao reler o texto, já antigo de mais de seis anos aqui no blogue, Os dois marretas. Ilustra como dois desconhecidos se encontram, por obra do acaso ou pelos desígnios do Grande Arquiteto do Universo, inseridos numa Fraternidade. Como são diferentes um do outro. Como aprenderam a complementar-se nas suas diferenças. Como souberam potenciar o apoio mútuo no crescimento de ambos. Como nesse processo nasceu, cresceu e se mantém uma singular amizade, não decorrente das semelhanças, mas regada pelo inteligente aproveitamento das diferenças e sempre adubada pela indestrutível confiança mútua.

E é assim, pela conjunção da Fraternidade conjugada com a amizade, ambas habilmente aproveitando o potencial das diferenças, que continua hoje a ser verdade o que já era verdade há anos atrás (e cito daquele texto): quando (o acordo) chega ou quando nunca chegou a haver desacordo, todos sabem que é melhor sair da frente, que estes dois, quando decidem puxar para o mesmo lado, são ossos duros de roer...

E isso também é Fraternidade!

Fonte: http://a-partir-pedra.blogspot.com.br

sábado, 28 de janeiro de 2023

VENERÁVEL MESTRE ENTRE COLUNAS?

Em 11.08.2022 o Respeitável Irmão Lauro Goerll Filho, Loja Luz, Justiça e Caridade, REAA, GOB-PR, Oriente de Paraíso do Norte, Estado do Paraná, formula a seguinte questão:

VENERÁVEL APRESENTANDO PEÇA DE ARQUITETURA.

Gostaria de saber do Irmão qual é a ritualística adequada quando o Venerável Mestre da Loja vai apresentar uma peça de arquitetura no Tempo de estudos. Ele fica entre colunas? Apresenta do seu lugar? Se for entre colunas, seu lugar fica vazio?

CONSIDERAÇÕES:

Embora não seja muito comum esse tipo de procedimento – o Venerável Mestre apresentando peça de arquitetura – caso ele deseje fazer, o fará preferencialmente do seu lugar, ou seja, do trono. Não há necessidade de que para tal ele se coloque entre colunas, contudo, vale mencionar que a resolução é dele, pois não existe regra alguma que proíba ele de falar entre colunas. Recomenda-se apenas que na medida do possível isso seja evitado.

O que de fato se pede preferência, em nome da fluidez e do bom andamento dos trabalhos, é que no REAA, quem quer que seja, faça a leitura, dê instrução, etc., do seu lugar em Loja.

No REAA não há obrigatoriedade para que isso impreterivelmente ocorra entre colunas.

Assim, apresentar trabalhos ou outros do gênero entre colunas é procedimento perfeitamente dispensável no REAA. Além de não contribuir em nada para uma liturgia saudável, ainda carece mobilizar o Mestre de Cerimônias para conduzir o leitor de um lugar para outro dentro de Loja. Puro excesso de preciosismo.

No entanto, no que diz respeito à possibilidade de o Venerável Mestre poder sair do seu lugar para cumprir uma obrigação ritualística, isso é perfeitamente viável. Podemos tomar como exemplo nesse caso a sagração do candidato, oportunidade em que ele deixa naturalmente o trono para cumprir o seu dever de ofício. Nesse instante o trono fica vazio e sem a necessidade de ser ocupado por outrem.

Também isso pode ocorrer se o Venerável Mestre, mesmo não sendo recomendável, resolver apresentar uma peça de arquitetura ou dar uma instrução se colocando entre colunas. Embora esporadicamente, ele pode tomar essa atitude.

Ocorrendo um caso desses, o Venerável Mestre pede para o Mestre de Cerimônias para ser conduzido até entre colunas. Feita a sua apresentação, ou dada a sua instrução, ele pede para ser reconduzido pelo seu guia ao trono novamente. Nessa situação, sob nenhuma hipótese haveria necessidade de que o Venerável fosse substituído para que o trono não ficasse vazio!!! Ora, isso não existe, até porque ele continua presente nos trabalhos. Não se retirou do recinto, nem momentânea e nem definitivamente.

Infelizmente criou-se em algumas Lojas essa crendice de que o trono não pode ficar vazio em nenhum momento. Isso não faz sentido e é mais uma dessas filigranas que só acontecem mesmo na Maçonaria latina.

Para que se evite esse tipo de invencionice e em prol da boa ritualística é que se tem orientado que nessas situações, independente de quem seja, cada um fale, apresente, dê instruções, etc., do seu lugar em Loja. Certamente isso evitará determinadas impropriedades ritualísticas no REAA.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

ORDEM DEMOLAY

A Ordem DeMolay é a maior organização juvenil do mundo, de fins filosóficos, filantrópicos, e sem fins lucrativos, fundada em 18 de março de 1919 em Kansas City, Missouri, EUA, pelo maçom Frank Sherman Land (1890-1959). Tem como objetivo formar jovens de 12 a 21 anos de idade, melhores cidadãos e líderes através do desenvolvimento e fortalecimento da personalidade e enfatizando virtudes indispensáveis para a boa conduta social. Ao contrário do que muitos pensam, não é uma instituição Maçônica Juvenil, mas, unificada e dirigida por Maçons.

É baseado no espírito de fidelidade, liderança, responsabilidade e busca de um ideal que a Ordem DeMolay trabalha os valores e virtudes de seus membros, na busca de um mundo mais digno e justo para todos, sem distinções. A Ordem Possui em seu fundamento 7 princípios essenciais, chamamos de Virtudes Cardeais de um DeMolay: Amor Filial, Reverência pelas Coisas Sagradas, Cortesia, Companheirismo, Fidelidade, Pureza e Patriotismo.

O patrono da Ordem Demolay, Jacques DeMolay, foi expedicionário das Cruzadas, no século XIV. Foi queimado no poste por não trair seus irmãos e seguidores. Do seu exemplo, a Ordem DeMolay aprendeu a lição e importância da honestidade, da lealdade e do amor fraterno.

Foi estabelecida no Brasil em 16 de agosto de 1980 pelo maçom Alberto Mansur e difere em certos pontos da tradicional americana.

Fonte: Facebook_curiosidades da maçonaria

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

RÉGUA LISA E RÉGUA GRADUADA NO 2º GRAU DO REAA

Em 09,08,2022 o Respeitável Irmão Daniel Lins de Sales, Loja Brasil, 0953, GOB-RJ, REAA, Oriente do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro faz a pergunta seguinte:

RÉGUA LISA E RÉGUA GRADUADA

Tenho uma dúvida em relação à cerimônia de Grau 2 e a Régua sem graduação (lisa). Ao ter contato com o SOR, notei a adição da Régua sem graduação na cerimônia de Grau 2, então busquei informações no seu Blog:

" (...) é costume o aspirante ao Segundo Grau ao ingressar no recinto, ainda como Aprendiz e conduzido pelo Experto, trazer apoiada no seu ombro esquerdo, primeiro uma régua sem graduação (lisa...)"

"Em linhas gerais era comum que no canteiro de ofício o Aprendiz Júnior (Rough Mason) utilizasse uma régua lisa e não graduada que servia para que o Aprendiz de ofício com ela conferisse em primeira instância o preparo das pedras que futuramente serviriam para a elevação das paredes da obra. Nesse sentido, a Régua lisa não era graduada por não servir como instrumento de medição, mas sim como um objeto para verificar a superfície da pedra após o primeiro desbaste das suas asperezas."

Desta forma, eu poderia inferir que a Régua lisa seria uma ferramenta do Aprendiz e a Régua graduada uma ferramenta do Companheiro, sendo assim, a régua lisa na sala da loja ficaria junto com o maço, o cinzel e a pedra bruta no noroeste (em comparação à localização da régua graduada)?

CONSIDERAÇÕES:

No REAA a Régua de 24 Polegadas não é instrumento de trabalho do Aprendiz Maçom. A Régua que o candidato à Elevação (porque cumpriu o seu aprendizado no 1º Grau) carrega sobre o seu ombro esquerdo no instante em que ingressa no templo, apenas serve para demostrar que o Aprendiz está apto a receber aumento de salário.

Na verdade, o ato rememora os nossos ancestrais num período em que havia apenas duas classes de profissionais. A Maçonaria era a de ofício e não existiam graus especulativos feito a atual Moderna Maçonaria.

Nesses tempos primitivos, algumas associações de pedreiros cortadores e assentadores da pedra (guildas) costumavam dividir os Aprendizes do Ofício em duas subclasses, a dos Aprendizes Júniores e dos Sêniores. Eram também conhecidos como Rought (áspero) Masons e Stone Masons (stone no sentido da pedra burilada).

Nesse contexto profissional, era costume que em algumas corporações de ofício o Aprendiz Sênior se utilizasse de uma régua lisa, sem nenhuma graduação, apenas como um instrumento guia para verificação e reparo de possíveis asperezas que a pedra desbastada porventura ainda pudesse carregar. Eram as minúcias do ofício.

Contudo, é importante mencionar que essa prática não era uma regra generaliza por todo o ofício, de tal maneira que isso também não ocorre hoje nos ritos especulativos – há ritos que adotam a régua no 1º Grau, e outros não. Isso não os torna melhores que os outros. É apenas uma característica de construção do rito.

É bom que se diga que na época do ofício não existia ritual para se fazer tudo “igualzinho”. Era bastante natural que cada Loja Operativa adotasse os seus métodos de trabalho. Com isso, mais tarde, a Moderna Maçonaria também adotou os seus ritos e rituais, por conseguinte o andamento litúrgico é particular também a cada rito.

Assim, nessa conjuntura não há como generalizar os fatos ao ponto de se chegar à conclusão que todos os Aprendizes no passado faziam uso da régua, lisa ou não. As coisas não são tão simples assim. Como foi visto, na Maçonaria em que hoje vivemos as concepções ritualísticas dependem dos ritos.

No caso do REAA, a Régua, tanto a lisa como a graduada, nem mesmo é mencionada no ritual do 1º Grau - nem na alegoria do Aprendiz (pág. 10) e nem no Painel do Grau (pág. 84).

O fato é que no REAA as réguas só aparecem mesmo é no Ritual do 2º Grau.

Salvo melhor juízo a Régua de 24 Polegadas aparece na alegoria do Companheiro (pág. 10), também descrita na disposição e decoração do Templo (pág. 13), no painel do grau (pág. 26), contada sobre o ombro esquerdo do Candidato (pág. 71), etc.

Então, em que pese a condição histórica que envolve a Régua e o Aprendiz, em algumas circunstâncias do passado, no REAA ela literalmente não aparece como instrumento de trabalho do Aprendiz Maçom. O fato é que as Réguas são mencionadas apenas no Ritual do 2º Grau, reitera-se.

Infelizmente, o ritual do 2º Grau em vigência é omisso ao relatar qual é a Régua que o Candidato ingressa no início da cerimônia de Elevação. O fato é que essa Régua se diferencia da de 24 Polegadas, já que a lisa, depois substituída pelo Maço e o Cinzel para a 1ª Viagem, alude à uma alegoria do passado operativo, enquanto que a outra, a utilizada na 2ª viagem do aspirante a 2º Grau, por dedução lógica, só pode ser a de 24 Polegadas, ou seja, a de cunho especulativo (pág. 78). Essas viagens se referem aos anos de estudo do Companheiro, portanto, tudo ocorre em Loja aberta no 2º Grau.

Dito isso, o SOR, nesse particular, esclareceu qual Régua é a lisa e qual é a de 24 Polegadas, pois faltava isso no ritual, o que lamentavelmente fazia com que muitos nem mesmo soubessem da existência dessas diferenças.

Ora, ambas têm significados diferenciados entre elas. A lisa remonta ao passado operativo e a de 24 Polegadas é de cunho especulativo.

Como mostra a alegoria do Aprendiz, ele traz consigo apenas o Maço e o Cinzel. A Régua lisa é apenas um elemento de ligação na cerimônia.

Obviamente que isso é inerente ao simbolismo do REAA. O Rito de York, por exemplo, utiliza a Régua de 24 Polegadas como um dos objetos de trabalho do Aprendiz Maçom, mas é o Rito de York, não o Escocês Antigo e Aceito.

Não há nenhuma controvérsia nesse sentido, bastando que para tal se respeite a originalidade cultural e simbólica de cada rito maçônico. Esse é um pormenor que, para o bem da Maçonaria, deve ser observado na sua pureza e plenitude. Afinal, o Rito de York é de vertente anglo-saxônica, enquanto que o REAA é de vertente francesa, portanto latina.

Ao concluir, lembro que o que foi anteriormente publicado no meu Blog e aqui mencionado na questão acima, se trata apenas de uma abordagem histórica para ilustrar um texto então escrito naquela oportunidade. No REAA, sobre a P∴B∴ ficam apenas e tão somente o Maço e o Cinzel. A Régua lisa, sem graduação, apenas aparece com brevidade sendo utilizada pelo Candidato no início da cerimônia de Elevação. No Rito em questão ela não aparece mais em lugar nenhum, nem em Loja de Aprendiz e nem em Loja de Companheiro.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

RÉGUA PARA REGULAR

Sérgio Quirino
Se nos dedicarmos a uma compreensão moral e intelectual abrangente dos instrumentos de trabalho que nos cercam, chegaremos a algumas conclusões lógicas e outras aparentemente sem fundamento.

Não há nada de errado nessas conclusões, desde que tenhamos em mente que a compreensão de algo, se dá pela analise; e que a dimensão desta analise dependerá da bagagem de conhecimento que nos permitirá atingir ou não a compreensão dos arcanos.

Por exemplo, o lápis é o elemento que simboliza a escrita. Ele nos passa a mensagem da fiel anotação de tudo o que possa melhor contribuir para o progresso do Irmão e a prosperidade da Loja. Por meio dele, tudo deve ser devidamente anotado.

Enveredando pelas infinitas possibilidades da Maçonaria Especulativa, provoco o Irmão a compreender que, no cumprimento de sua missão, o lápis, após sucessivas aparas em sua superfície de madeira, termina como um toco para expor integralmente sua alma de grafite.

E o que dizer da régua de 24 polegadas?

Instrumento lógico usado para traçar retas e medir distâncias, na Maçonaria a régua não é utilizada em espaços materiais. Sua função simbólica está relacionada ao Tempo, facilmente compreensível no numeral que expressa seu tamanho.

Diante da incerteza do futuro e da impossibilidade de reviver o passado, o que temos de real é apenas o presente. O amanhã será o futuro. Ontem já é o passado. Neste interstício temos 24 horas, a régua é utilizada simbolicamente para traçar metas e diminuir intervalos de tempo.

TRABALHO – RECREAÇÃO – DESCANSO. 
ESTE É O SENTIDO, ESTA É A LEI DAS 24 HORAS!

Pautando nossa vida fora desta Lei, estaremos, invariavelmente, em conflito. Criaremos hostilidades aos mais distantes, incitaremos rivalidades aos mais próximos e, pelos vícios, nós mesmos nos atacaremos. Para evitar esses desvios, uma (T)réguase faz necessária. Leis, regras e medidas existem para ser respeitadas.

Os símbolos da Maçonaria, como o Esquadro, o Compasso, o Maço, o Cinzel, entre outros jóias, são fontes inspiradoras que nos tornam melhores. Mas pela Régua de 24 Polegadas é que devemos regular o tempo de nossa vida.

Em exercício livre das regras gramáticas, transformamos o substantivo “régua” no verbo transitivo “regular”.

ASSIM, APRENDEMOS A NOS CONTER DENTRO DOS LIMITES DA LIBERDADE, NOS CONDUZIMOS SEGUNDO A LEI DA IGUALDADE E ESTABELECEMOS AS REGRAS DA FRATERNIDADE.

Fonte: http://www.brasilmacom.com.br

quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

VERIFICAÇÃO DA COBERTURA - OS COBRIDORES E AS PANCADAS NA PORTA

Em 09.08.2022 o Respeitável Irmão, Ericson Simonetto, Loja Estrela da Harmonia, 2868, REAA, GOB-SC, Oriente de Criciúma, Estado de Santa Catarina, apresenta a seguinte questão:

OS COBRIDOREA E AS PANCADAS NA PORTA

A pergunta é a seguinte. Após a fala do Irmão 1º Vigilante: Ir∴ Cobridor verificai se o Templo está coberto? Neste momento o Ir∴ Cobridor abre a porta vai até o Átrio, sala dos passos perdidos, e estando tudo certo, fecha a porta, fecha a cortina, DÁ TRÊS PANCADAS NA PORTA com o punho da espada e comunica; o Templo está coberto Ir∴ Vigilante. A pergunta: são necessárias as três pancadas pelo lado de dentro quando desta comunicação? Pois, me foi questionado, pois não consta no Ritual. Aí me fiz valer do Uso e Costumes da Maçonaria. Além do que me parece que estas três batidas realmente confirmam que o Templo está coberto. Meu prezado Irmão, o que o Sr. pode me dizer, orientar sobre tal questionamento?

CONSIDERAÇÕES:

Faz-se exatamente como está previsto no ritual - no caso o de Aprendiz do REAA, página 45 (explicativos). Note que ali está escrito que o Cobridor Interno bate na porta pelo lado de dentro (vide as situações previstas).

Na verdade, são duas conjunturas expressas no ritual, e em ambas o Cobridor Interno bate na porta.

A primeira circunstância é a que contempla a presença do Cobridor Externo. Nesse caso, o Cobridor Interno não sai do templo, mas bate na porta para alertar ao Cobridor Externo que ele proceda à verificação. Este, por sua vez, verifica o átrio e as proximidades e logo após bate na porta para avisar que o templo se acha coberto. Ato seguido, o Cobridor Interno, sem replicar a bateria, comunica ao 1º Vigilante que o templo está coberto.

Já a segunda circunstância, a mais comum entre elas, não considera a presença do Cobridor Externo. Nesse caso o Cobridor Interno armado sai do templo, faz a verificação e retorna ao seu interior. Ato seguido, dá na porta pelo lado de dentro a bateria do grau e comunica ao 1º Vigilante.

Essas são as ocasiões nesse contexto previstas no ritual.

Não obstante o mencionado no ritual, há ainda outras orientações nesse sentido no SOR - Sistema de Orientação Ritualística, ferramenta oficial que se encontra na plataforma do GOB RITUALÍSTICA.

A propósito, o SOR foi implantado no GOB pelo Decreto 1784/2019 do Grão-Mestre Geral e publicado no Boletim Oficial sob o nº 31 em outubro de 2019. A sua aplicação é imediata sobre os rituais.

No tocante à prática de verificação pelos CCobr∴, o SOR contempla ainda a oportunidade em que o Cobridor Interno deve bater com o punho da espada ou apenas com a sua mão; se ele deve estar ou não com espada embainhada, etc. Confira lá.

PEDRO JUK
Secretário Geral de Orientação Ritualística do GOB
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

FRASES ILUSTRADAS

O ESQUADRO E O COMPASSO: A QUADRATURA DO CÍRCULO

Marcelo Del Debio
Ao falar da Arquitetura, indicamos a importância que tem a forma do cosmo físico como modelo no qual se inspiravam os antigos construtores para a edificação dos recintos sagrados e das moradias humanas. E entre os principais instrumentos utilizados para tal fim destacamos o compasso e o esquadro. Ambos são os símbolos respectivos do Céu e da Terra, e assim os contempla em diversas tradições, ou mais precisamente, iniciações, como o Hermetismo, a Maçonaria e o Taoísmo. O círculo ao qual desenha o compasso, ou seu substituto a corda, simboliza o Céu, porque este efetivamente tem forma circular ou abobadada, qualquer que seja o lugar terrestre de onde o observe. Por sua vez, o quadrado (ou retângulo), que traça o esquadro, simboliza a Terra, quadratura que lhe vem dada, entre outras coisas, pela “fixação” no espaço terrestre dos quatro pontos cardeais assinalados pelo sol em seu percurso diário. Além disso, a Terra sempre foi considerada como o símbolo da estabilidade, e a figura geométrica que melhor lhe corresponde é precisamente o quadrado, ou o cubo na tridimensionalidade.

Para a Ciência Sagrada, o compasso designa a primeira ação ordenadora do Espírito no seio da Matéria caótica e amorfa do Mundo, estabelecendo assim os limites arquetípicos deste, quer dizer, criando um espaço “vazio”, apto para ser fecundado pelo Verbo Iluminador ou Fiat Lux. Na Gênese bíblica, a separação das “Águas Superioras” (os Céus) das “Águas Inferiores” (a Terra) deu nascimento ao cosmo, cuja primeira expressão foi a criação do Paraíso, que como se sabe tinha forma circular. A este respeito se diz nos textos hindus: “Com seu raio (rádio) mediu os limites do Céu e da Terra”, e nos Provérbios de Salomão, pela voz da Sabedoria se diz: “quando (o Senhor) riscou um círculo sobre a face do abismo…”. Igualmente em um quadro do pintor e poeta inglês William Blake, vê-se o “Ancião dos Dias” (o Arquiteto do Mundo) com um compasso na mão desenhando um círculo.

O compasso é pois um instrumento que serve para determinar a figura mais perfeita de todas, imagem sensível da Realidade Celeste, que é precisamente o que está simbolizando a cúpula ou abóbada do Templo. O compasso é o emblema da Inteligência divina, do “Olho de Deus” que reside simbolicamente no interior do coração do homem, a luz do intelecto superior que dissipa as trevas da ignorância e nos permite acessar o interior do sagrado. Por isso mesmo, o conhecimento da “ciência do compasso” implica uma penetração nos arcanos mais secretos e profundos do Ser. Entretanto, o conhecimento plenamente efetivo desses mistérios seria tal a culminação, se assim pode se dizer, do próprio processo da Iniciação.

Mas no momento de pôr “mãos à obra”, a casa não se começa pelo telhado. O trabalho começa por baixo, em definitivo pelos alicerces, pelo conhecimento das coisas terrestres e humanas. Aqui entra em função a “ciência do esquadro”, tão necessária para riscar com ordem e juízo os planos de base do edifício e seu posterior levantamento, dando-lhe a estabilidade e comprovando o perfeito talhado das pedras que servirão de suporte e fundamento à abóbada, teto ou parte superior.


No trabalho interno é imprescindível, para que este siga um processo regular e ordenado, “enquadrar” todos nossos atos e pensamentos na via assinalada pela Tradição e pelo Ensino, separando o sutil do grosseiro. É isto precisamente o que assinala o Tao-Te-King: “Graças a um conhecimento convenientemente enquadrado, caminhamos sem dificuldades pela grande Via”. Recordaremos, neste sentido, que em latim esquadro também se diz “norma”, que é também uma das traduções da palavra sânscrita dharma, a Lei ou Norma Universal pela que são regidos todos os seres e o conjunto da manifestação cósmica. Poderíamos então dizer que o esquadro é o compasso terrestre, posto que não é mais que a aplicação na terra e no humano dos princípios e idéias simbolizados pelo compasso.

Por outro lado, esta união do círculo celeste e do quadrado (ou cruz) terrestre, está em relação com o enigma hermético da “quadratura do círculo” e a “circulatura do quadrante”, que sintetiza os mistérios completos da cosmogonia. Efetivamente, na “ciência do compasso” e na “ciência do esquadro” estão contidos a totalidade dos “pequenos mistérios”, cujo percurso é, em primeiro lugar, horizontal (terrestre), e posteriormente vertical (celeste). Com tudo isto, queremos indicar que na realidade existe uma aplicação filosófica da Geometria, que poderíamos denominar a “Geometria Filosofal”, que era perfeitamente conhecida pelos construtores medievais, os companheiros e maçons operativos, como por todos aqueles que se dedicaram à Arquitetura ou ordem do cosmo como meio de elevar-se ao conhecimento do que o ponto primitivo simboliza. Sem fatuidade, Platão fez pôr sobre o frontispício de sua escola: “Que ninguém entre aqui se não for geômetra”, indicando assim que seus ensinos só podiam ser compreendidos por quem conhecia o aspecto qualitativo e esotérico da geometria.

Desde outro ponto de vista, o trabalho com o compasso e com o esquadro sintetiza igualmente todo o processo alquímico da consciência, do que a edificação e construção não são mais que símbolos. Por isso que em alguns emblemas hermético-alquímicos se vê o Rebis, ou Andrógino primitivo, sustentando em suas mãos o compasso e o esquadro, quer dizer, reunindo na natureza humana as virtudes e qualidades do Céu e da Terra, harmonizando-as em uma unidade indissolúvel.

Fonte: https://opontodentrocirculo.com

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

LADO DIREITO E LADO ESQUERDO DO TEMPLO

Em 08.08.2022 o Respeitável Irmão José Roberto D’Abronzo, Loja Liberdade e Trabalho, 2242, REAA, Oriente de Piracicaba, Estado de São Paulo, apresenta a seguinte questão:

LADO DIREITO E ESQUERDO

Ao abrir este e-mail, seguem vibrações para que esteja usufruindo de saúde plena nas três saúdes: mental, física e financeira.

De acordo com seu ponto de vista, seguem as questões:

Quais os lados direito e esquerdo do Templo?

1- Seria a Col∴ do Norte o lado esquerdo e a Col∴ do Sul o direito? Ou,

2- Seria a Coluna do Norte o lado direito e a Coluna do Sul o esquerdo?

CONSIDERAÇÕES:

Depende do ponto de vista do observador. Por esse raciocínio, quem chega, chega vindo de fora para dentro. Afinal, o edifício precisa antes ser construído para que alguém depois nele ingresse.

No caso do Templo do REAA, a visão mais lógica do observador é olhando do vestíbulo para dentro, ou seja, de quem do átrio ingressa na sala da loja.

Desse modo o observador ao passar pela porta de entrada, andando de frente para o Oriente - que fica aos fundos - tem à sua esquerda a coluna do Norte e à sua direita a coluna do Sul.

No Ocidente, dividido de modo longitudinal pelo eixo (equador do templo), todo o espaço ocidental à esquerda de quem fica de frente para o Oriente é a coluna do Norte e à direita a do Sul.

Tal como o equador terrestre, o eixo do templo divide o espaço em dois hemisférios, o do Norte e o do Sul.

Evidentemente que a referência esquerda e direita se inverte se o ponto de vista for do Oriente para o Ocidente (saindo do Oriente em direção à porta no Ocidente).

O mais lógico dessa observação, contudo, é a de quem vem de fora para dentro. É do átrio que se vê o pórtico, consequentemente do pórtico aberto que se vê o interior do edifício.

Em que pese o excesso de misticismo por conta de opiniões e credos particulares de alguns, o templo, que nada tem a ver com religião, é a sala da loja, por conseguinte, é a oficina de trabalho e esta, por sua vez, representa um segmento retangular disposto sobre equador terrestre orientado de Leste para Oeste no seu comprimento e Norte ao Sul na sua largura. O piso desse segmento é a superfície da Terra e a abóbada é o firmamento.

Isso dá à oficina de trabalho um caráter de universalidade para a Maçonaria, onde os maçons, espalhados pela sua superfície, trabalham em prol da construção de um Templo à Virtude Universal.

Sobre esse palco simbólico o iniciado vai do em direção ao lugar da Luz, portanto, iniciaticamente ele caminha para a Luz – é a razão pela qual o pórtico se localiza no Ocidente e a sua marcha ocorre sempre do Oeste para o Leste (conceito iniciático).

A propósito, nesse contexto as Colunas B e J marcam sobre a superfície desse segmento, os trópicos de Câncer ao Norte (esquerda de quem ingressa) e Capricórnio ao Sul (direita de quem entra).

Finalizando, creio então que essas são razões mais do que suficientes para definir com racionalidade o referencial “esquerdo e direito” do templo a partir daquele que pelo pórtico nele ingressa.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com.br
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

MINUTO MAÇÔNICO

ALQUIMIA

1º - Etimologicamente, a palavra Alquimia parece confirmar a tradição que lhe dá origem egípcia. Fazem-na derivar, com efeito, do árabe el-kimiá (alquimia) que tem a sua origem na palavra egípcia kâme, significando "terra preta" era a matéria original à qual se trataria de trazer todos os metais, antes de sua conversão em ouro.

2º - Entre os adeptos da Alquimia, em diferentes períodos, estiveram Rogério Bacon, Robert Fludd e Elias Ashmole. Pelos fins do século XVI, a alquimia, misturada com a Cabala, espalhou-se por toda a Europa Ocidental e fez parte das doutrinas dos Rosa-cruzes.

3º - Durante o século XVIII, a Alquimia encontrou um terreno excepcionalmente favorável na Maçonaria francesa, refugiando-se nos Altos Graus. Podemos afirmar que quase todos os grandes alquimistas dos reinados de Luís XV e de Luís XVI foram Maçons.

4º - A Alquimia visava a purificação do ser, entende tornar o homem capaz de ascender ao supremo conhecimento. E a Grande Obra será também a libertação física do ser humano, a sua libertação das formas cegas do destino, a sua "transmutação efetiva do ilusório ao real".

5º - Foram os alquimistas que, a custa de muito trabalho e vencendo dificuldades sem conta amontoaram os materiais que compõem a química moderna. Deve-se a eles a descoberta dos ácidos sulfúrico, clorídrico, nítrico, do amoníaco, dos álcalis, do álcool, do éter, do azul da Prússia, etc.

Fonte: http://www.cavaleirosdaluz18.com.br

SÍMBOLOS - QUEBRANDO A EGRÉGORA

Ir∴Ubyrajara de Souza Filho
Pertenço ao grupo de irmãos que citou várias vezes “egrégora” em suas “Peças de Arquitetura”, inclusive em livro editado: em um tópico sobre a “Cadeia de União”. Os depoimentos de vários irmãos e as leituras de diversos textos destacando os benefícios daquela forma de energia e de seus efeitos sobrenaturais marcaram um significativo período de minha vida maçônica.

Entretanto, com o passar dos anos, persistindo em minha caminhada pela "busca da verdade‟, depararei com diversos textos, estudos e opiniões de outros pesquisadores maçônicos contestando o disseminado conceito de "egrégora‟. Diante de minha inquietude, resolvi arregaçar as mangas e realizar uma pesquisa pessoal sobre o tema. Debrucei-me sobre vários textos: artigos, livros, citações etc. (maçônicas e não maçônicas), e procurei o "confronto‟ entre os pensadores. Em nome da verdade, devo admitir que não encontrei absolutamente nada que comprove, justifique ou explique de forma coerente e racional a existência das “egrégoras”.

Inicialmente, vale o registro de que não encontrei o termo “egrégora” em nenhuma passagem nas versões na língua portuguesa de alguns principais Livros Sagrados que pesquisei: a Bíblia (católica e protestante), o Torá, o Bhagavad-Gita e o Alcorão; e nem em livros referentes ao kardecismo (“O Evangelho segundo Kardec”) e budismo (“A Bíblia do Budismo”). Nenhuma dessas obras relacionadas fazem qualquer citação ao termo “egrégora”. Da mesma forma, afirmo que nenhum dos rituais maçônicos que tive acesso, nos três graus simbólicos: Schröder, REAA, YORK, Brasileiro e Moderno, assim como os rituais dos Altos Graus do REAA e do Brasileiro, em nenhum deles, aparece a citação do termo "egrégora‟, muito menos de suas benésses.

Após complementar a pesquisa com diversas consultas à internet, conclui que existe um consenso entre os irmãos que questionam o uso do termo “egrégoras” na maçonaria, de que o seu aparecimento no meio esotérico remonta a 1824 com o ocultista Eliphas Levi que a definiu como “capitães das almas”, e que, posteriormente, teve o seu sentido „adaptado‟ às diversas interpretações esotéricas-místicas-ocultistas que foram agregadas à maçonaria ao longo dos anos por autores maçônicos franceses que, ao final do século XIX, insistiram em transformar a maçonaria em um braço esotérico do espiritismo, tal como os seus antecessores ingleses insistiram em cristianizá-la.

As doutrinas que aceitam a existência das “egrégoras”, de diferentes formas, afirmam que elas estão presentes em todas as coletividades, sejam nas mais simples associações, ou mesmo nas assembleias religiosas, “plasmada pelo somatório de energias físicas, emocionais e mentais dos membros do grupo, na forma de uma poderosa entidade autônoma que adquire individualidade e interfere nas vidas e nos destinos das pessoas, sendo capaz de realizar no mundo visível as suas aspirações transmitidas ao mundo invisível pela coletividade geradora”.

Após ler e refletir bastante sobre o tema, fiz algumas observações e alguns questionamentos que divido com os irmãos. Não considero nenhum absurdo aceitar que a reunião de várias pessoas, mentalizando e direcionando os seus pensamentos para o alcance de um objetivo comum possa gerar uma energia „positiva‟ que proporcionará „aos membros desse grupo‟ uma sensação de bem estar, de alívio de tensão ou algo similar; também aceito que o contato físico – como na Cadeia de União – amplie essas sensações, pois serve para renovar e fortalecer o companheirismo que deve existir entre os irmãos, relembrando-lhes sempre que o objetivo primário da maçonaria é nos unir de modo que formemos um só corpo, uma só vontade e um só espírito. Mas, como aceitar, ou crer, que a "energia‟ emanada de nossas mentes possa plasmar uma „entidade‟ movida por vontade própria que irá interferir – para o bem ou para o mal – nas vidas e nos destinos das pessoas? Ou que seja capaz de realizar no mundo visível as suas aspirações transmitidas ao mundo invisível pela coletividade geradora. Como isso poderia acontecer sem considerarmos o fator „sobrenatural‟? Aceitar tal fato, sem questionamento, é fugir do racional. É mais lógico fundamentar essa crença à interferências de conceitos superficiais ou subjetivos ligados a superstição, que não necessitam ser demonstrados, mas nos proporcionam uma falsa sensação de segurança. A maçonaria nos orienta a não nos entregarmos às superstições; logo, não podemos desprezar a lógica e a razão aceitando passivamente ilusórias promessas de felicidade e proteção advindas de "entidades‟ sobrenaturais plasmadas em nossas sessões.

Concluindo, entendo que as chamadas “egrégoras” são quimeras sustentadas por forças motivadoras da superstição, e como tal se deve evitar a utilização dessa expressão na maçonaria, de modo a não contribuirmos à perpetuação e validação de uma falsa „entidade psíquica‟ gerada pela equivocada crença no desconhecido, que, na verdade, camufla a necessidade de mantermos um controle racional sobre os nossos temores. Mas essa decisão é pessoal e passa pela conscientização de cada um. O maçom deve ser livre para investigar a verdade, crer naquilo que melhor lhe confortar, e deve utilizar as suas "descobertas‟ para o seu próprio crescimento pessoal. As palavras, e até mesmo os equivocados conceitos por trás delas, se esvaecem ante o objetivo maior da maçonaria de formar livres pensadores.

Fonte: JBNews - Informativo nº 196 - 11/03/2011

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

REAA - PALAVRA AINDA NA MESMA COLUNA

Em 07.08.2022 o Respeitável Irmão Rudi Ansbach, Loja Vila Velha, REAA, GOB-PR, Oriente de Ponta Grossa, Estado do Paraná, faz a seguinte pergunta:

PALAVRA AINDA NA MESMA COLUNA

Pedi a palavra ao Irmão Vigilante, fiz o uso da mesma, após isto a palavra foi dada a outro Irmão da mesma coluna. Se a palavra continua dentro da mesma coluna, posso solicitá-la novamente ao Irmão Vigilante.

CONSIDERAÇÕES:

No REAA, os Irmãos que ocupam as colunas pedem cada qual a palavra ao seu respectivo Vigilante. Os Vigilantes pedem a palavra ao Venerável Mestre. Os ocupantes do Oriente pedem a palavra ao Venerável Mestre.

No caso da questão acima, se a palavra ainda estiver na coluna referente, o obreiro pode pedir novamente a palavra ao seu Vigilante, desde que de fato haja necessidade. Nesse caso, o Vigilante autoriza normalmente.

Todavia, isso não ocorre se a palavra já estiver na outra coluna, ou mesmo no Oriente. Nesse caso, o obreiro só usará novamente a palavra se o Venerável autorizar o seu retorno. Fica a critério do Venerável em concedê-la novamente ou não.

Caso o Venerável autorize o seu retorno, não importa para onde, o giro da mesma recomeçará obrigatoriamente pela Coluna do Sul.

Recomenda-se ponderação ao Venerável Mestre antes de fazer retornar a palavra. Isso não deve virar uma atitude corriqueira, mas esporádica e se de fato for realmente necessária.

Ao concluir vale lembrar que absolutamente ninguém pode passar de uma para outra coluna ou mesmo se dirigir ao Oriente para fazer uso da palavra novamente. Isso não é permitido na liturgia do REAA.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br