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PERGUNTAS & RESPOSTAS

O “Perguntas & Respostas” que durante anos foi publicado no JB News e aqui reproduzido, está agora no “Blog do Pedro Juk” . Para visita-lo ou tirar suas dúvidas clique http://pedro-juk.webnode.com/ ou http://pedro-juk.blogspot.com.br

terça-feira, 30 de abril de 2024

MARCHA DO APRENDIZ

(reprodução)
Um Respeitável Irmão que solicita a não divulgação do seu nome e Loja a que pertence, REAA, Oriente de Curitiba, Estado do Paraná apresenta a questão seguinte:

Aprendemos, há muitos anos, que no REAA o Aprendiz não deve levantar o pé do chão durante a marcha, e sim arrastá-lo, porque ainda está ligado à matéria, ao material, a Terra. Não sabe andar, não sabe falar (apenas soletrar...), também ainda não se acostumou à luz que acabou de receber, por isso vai “tateando”. Arrasta o pé esquerdo para frente e depois une o calcanhar direito, sem tirá-lo do chão, ao calcanhar esquerdo, formando um esquadro. No último ERAC, um dos trabalhos apresentados criticou o arrastar de pés na Marcha do Aprendiz. Fomos consultar o Manual do Grau 1 e o Manual de Procedimentos Ritualísticos, e efetivamente nenhum deles aborda o arrastar de pés. Com isso ficamos em dúvida e já não temos a mesma segurança para transmitir aos Aprendizes as considerações esotéricas que nos foram passadas. Estamos a tanto tempo repetindo um erro?

Considerações:

Essa prática do arrastar dos pés fez parte por muito tempo na concepção da Marcha do Aprendiz e a sua idade. Puríssima invenção. O Aprendiz tradicionalmente dá os passos normais unindo-os pelos calcanhares em esquadria iniciando com o pé esquerdo ou direito conforme o Rito. 

De fato a idade do Aprendiz de Maçonaria em alguns arcabouços doutrinários, como é o caso do Rito Escocês, está associado à infância, porém longe de ser distinguida pelo arrastar dos pés ou ligações com a matéria. 

O titubear dos passos com a dificuldade de locomoção figurada está diretamente ligada à Primeira Viagem e nunca à Marcha. 

Já no primeiro Ritual Escocês do simbolismo datado de 1.804 os passos se apresentam como normais e nunca arrastando os pés. Por esse sentido é que o Ritual, bem como o Manual de Procedimentos não preconiza o arrastar dos pés. 

O ato de juntar os pés em esquadria está ligado diretamente à tradição operativa e a pedra angular da obra, onde era ensinada ao Aprendiz iniciado a colocação dos pés junto à pedra esquadrejada no canto nordeste da construção, fato que viria formar a esquadria com os pés unidos pelos calcanhares. 

É dessa antiga prática que está à associação com a 47ª Proposição de Euclides ou o Teorema de Pitágoras. Davam-se a partir da pedra angular três passos em direção ao Sul; dela davam-se outros quatro em direção do Ocidente. A união desses dois extremos deveria ser fechada com cinco passos. O resultado preciso desse triângulo retângulo dava, e ainda dá o canto em esquadria (square). Daí se esquadrejava o canto, nivelava-se e aprumava-se. Aliás, essa é prática atual nas atuais marcações das construções. 

A Loja é um canteiro e nele se constrói um novo Homem. Nesse particular não cabem definições ocultistas e místicas, a despeito que esse pensamento não pode ser unânime em um espaço que a grande arte está na convivência e não opiniões pessoais e dogmáticas. 

Se ainda existem ritos que preconizem o arrastar dos pés, o que não é o caso do Rito Escocês Antigo e Aceito seria necessária à compreensão da sua proposta doutrinária para elucidar o ato. 

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.095 - Florianópolis (SC) – domingo, 01 de setembro de 2013

BATEM À PORTA DE NOSSO TEMPLO


Ir∴ José Maria Dias Neto
Uma análise superficial nos permite distinguir cinco processos do espírito humano:

Primeiro: a INTELIGÊNCIA, capacidade de compreender idéias. Cada um de nós nasce com certo grau de inteligência para resolver problemas, planejar, raciocinar e, em nível mais elevado, abstrair idéias. Inteligência é também poder de adaptação: segundo Piaget, é "uma organização cuja função estrutura o universo assim como o organismo estrutura o meio imediato ".

Consiste na faculdade de conhecer, compreender, aprender e resolver novos problemas e conflitos, adaptando-se a novas situações. Inteligência é, portanto, a capacidade de colocar em movimento as funções psíquicas e psicofisiológicas para o conhecimento e a compreensão da natureza das coisas e significado dos fatos.

Há vários tipos de inteligência que podem (ou não) ser desenvolvidos durante a vida:

A inteligência motora é a mais corriqueira: funda-se na expressão corporal e na concepção de espaço, distancia e profundidade relacionadas com o controle sobre o corpo. É o caso dos esportistas e dançarinos.

A inteligência linguística é a aptidão de a pessoa se expressar oralmente ou por escrito.

A inteligência intrapessoal é o dom de se entender o que as pessoas pensam, sentem e desejam. Aliada à inteligência interpessoal, forma a base da liderança. Ninguém pode liderar se entende errado o que o grupo pensa, sente ou deseja; nem mesmo se distorce essa realidade impondo seus devaneios e vaidades sobre os objetivos de uma instituição.

Há ainda a inteligência espacial: criar, imaginar e construir formas e enxergar as coisas num âmbito tridimensional.

E a inteligência musical: criar, imaginar, expressar idéias no tempo e no âmbito sonoro.

Todavia, a mais refinada de todas é a inteligência lógica: facilidade para encontrar solução de problemas complexos, sem a qual nenhuma das anteriores funciona a contento e ao máximo.

O segundo processo do espírito é a CULTURA que abrange todas as formas de vida e crenças partilhadas por grupos sociais e a interação com os outros, dentro e fora do grupo. Cultura depende de elevada inteligência. Quanto maior a inteligência, maior a facilidade de se assimilar o conjunto de padrões de comportamento, crenças, conhecimentos, tradições, valores morais, espirituais e costumes de um grupo social.

Quanto mais inteligência, maior a facilidade de serem integrados na personalidade o complexo de atividade e novos padrões. Por causa disso, pessoas de cultura são invejadas e erroneamente taxadas de "intelectuais ". Podem ser perseguidas, levadas "para a fogueira" ou simplesmente deixadas de lado para morrerem à míngua. A politicagem e os projetos de poder são os maiores inimigos da Cultura.

Todos os grandes cientistas, escritores e líderes autênticos tinham elevada cultura: Arquimedes, Isaac Newton, Sigmund Freud, Niels Bohr, Machado de Assis, Fiador Dostoievski, Louis Pasteur, James Joyce, Albert Einstein, Guimarães Rosa, Charles Darwin, Winston Churchill e outros.

A SABEDORIA (terceiro aspecto) também depende da inteligência e de um certo grau de cultura. Sabedoria é, antes de tudo, a capacidade que movimenta o homem rumo à identificação de seus erros e em saber corrigi-Ias. A sabedoria usa o conhecimento para edificar a felicidade, pois as coisas deste mundo devem ser úteis ou produzir felicidade; de outra forma são prejudiciais e devem ser descartadas.

Dizem que Salomão pediu a Deus "apenas" a sabedoria. Pediu muito, pois, assim, pediu tudo: o justo conhecimento, a temperança, a reflexão, a sensatez e o discemimento inspirado.

A sabedoria elevada à sua mais alta potência toma-se

SAPIÊNCIA (quarto aspecto). As Ordens Iniciáticas chamam sapiência de GNOSE, Luz ou proficiência. É o tesouro procurado nos umbrais do Inefável, é o Santo Graal ou Palavra Perdida. Só uma minoria chega a esse ponto, pois "muitos são os chamados e poucos os escolhidos ".

A sapiência (Magnum Opus, Iluminação) é a única e verdadeira Arte (Arte Real) de usar o conhecimento de forma adequada, visando o lado humanístico - ou seja - a perspectiva antropocêntrica no domínio lógico (eficácia relativamente à ação humana) e no ético (criação dos valores morais). Salomão tinha sabedoria, mas não alcançou a sapiência de um Buddha.

Por último (mas não a última) temos a SANTIDADE que se resume em virtude e pureza elevadíssimas. A santidade pode dispensar a cultura, mas não existe sem algum tipo de inteligência e sabedoria. Paradoxalmente, é um Grau acima da sapiência.

O exemplo marcante na história humana é São Francisco de Assis, mas todos os Grandes Mestres (reais ou mitológicos) foram Santos e Sapientes: Rama, Orfeu, Lao-Tse, Krishna, Jesus, Hermes, Buddha.

Se não podemos possuir todos esses atributos em alto nível, optemos pela Santidade - não aquela do santarrão que finge devoção ou moralismo, mas a Santidade do homem Justo, Virtuoso e Puro como preconiza a Senda da Iniciação.

Fonte: Facebook_Pedreiros Livres

segunda-feira, 29 de abril de 2024

ENTREGA DE DIPLOMA E MEDALHA DE VENERÁVEL

Em 05.09.2023 o Respeitável Irmão Marcos Alvarenga, Loja União e Trabalho Mimosense, 3170, REAA, GOB Baiano, Oriente de Luis Eduardo Magalhães, Estado da Bahia, apresenta a dúvida seguinte:

DIPLOMA E MEDALHA

Atualmente estou como Orador, e surgiu uma dúvida:

O Irmão Secretario recebeu o diploma e medalha do Venerável Mestre nos Expedientes Recebidos, então para entregar na Ritualística, escolheu a Ordem do Dia para tal. No entanto, solicitou que o mesmo ficasse entre colunas.

Neste caso o Venerável pode deixar o seu posto no Oriente para ir ao Ocidente? Caso sim, como se dá este procedimento? O Irmão Primeiro Vigilante assume seu posto até que se concretize?

CONSIDERAÇÕES:

De fato, nada disso é necessário. O Secretário está inventando algo não previsto, pois ele não pode ordenar ao Venerável Mestre para que fique entre Colunas, até porque essa não é sua atribuição.

Bastaria apenas que o Secretário, ao ler o expediente, informasse o recebimento do diploma e da medalha. Desse modo, fora da sessão o Venerável apanha o que lhe é de direito sem enfeites desnecessários.

Caso o Venerável Mestre deseje ter em suas mãos o diploma e a medalha de imediato, ele pode solicitar ao Mestre de Cerimônias que os apanhe com o Secretário e traga-os até ele - tudo sem pompas e sem formalidades desnecessárias como mandam os bons costumes maçônicos.

Afinal, ritualisticamente o Venerável fora instalado conforme o previsto na Lei. Assim, nada está previsto para que leve o Venerável Mestre a se colocar entre Colunas para receber medalha e diploma.

T.F.A.
PEDRO JUK - SGOR/GOB
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

O BOM MAÇOM

Somos todos “homens justos e de bons costumes”. Certamente, há os que não são tão justos tampouco de bons costumes. Por incrível que possa parecer, esses também são úteis dentro da Instituição.

Quando um mau maçom (o oposto de bom) é bem identificado, pode ser para nós um exemplo claro daquilo que não podemos ser. Ele passa a significar para nós um sinal do caminho a não ser trilhado. Mas há o mau maçom (oposto de bem), que não podemos tolerar. Este, sim, é um profano de avental a difundir a maldade dentro e fora do nosso meio. Não é difícil identificá-lo.

Uma característica comum de seu comportamento, entre tantas, é FALAR MAL DOS IRMÃOS. Preste a atenção: normalmente são aqueles “grandes amigos”, que ligam para saber como você vai mal se interessam pela sua resposta e logo começa a desenrolar o novelo da maledicência.

Seus argumentos são recorrentes e previsíveis: Falam que a Loja esta perdida, que o Irmão tal é traidor, que determinado grupo está mandando e desmandando, que estamos cercados por incompetentes...

Em seguida, faz um segundo de silêncio estratégico e se diz preocupado. Mais um segundo de pausa e logo sugere “pelas beiradas” que ele é a solução desse mundo caótico. Sob certo ponto de vista, quando isto acontece é muito produtivo “Quando José fala de João, sabemos mais de José do que de João!” Se ocorrer essa situação com você, escute atentamente o Irmão e vá refletindo se tal atitude é justa e de bom costume.

Com certeza, o Irmão aprenderá o que não deve ser feito por um bom Maçom. O BOM MAÇOM possui t rês características que o identificam claramente:

VIRTUDE BONDADE – HONRA. A Virtude, compreendemos muito bem. Afinal, é uma disposição da alma para a prática do bem. A Bondade possui dois lados que devem se manifestar em conjunto.

Não pode ser compreendida apenas como uma ação concreta; mas também como uma disposição interior permanente em fazer o bem (benevolência), sempre vigilantes de que não podemos ser agentes do mal.

Mas é a Honra a grande característica do bom Maçom. Uma das instruções recebidas em Londres, na semana passada, era exatamente a compreensão maçônica de que honra é a nobreza de alma, magnanimidade do espírito e desprezo à maldade. Conduta e integridade = malho e cinzel. Estas características, embora tão proclamadas em todas as sociedades, encontram-se, via de regra, banidas por seus membros.

Mas, na Maçonaria há que ser diferente! OS BONS MAÇONS SÃO DIGNOS CAVALHEIROS, CUJO CORAÇÃO É A SEDE DA VIRTUDE, DA BONDADE E DA HONRA.

Texto: Ir∴Quirino

Fonte: Facebook_O Templo e o Maçom

domingo, 28 de abril de 2024

COBRIDOR E A ESPADA

(reprodução)
Questão apresentada pelo Respeitável Irmão Matheus Casado Martins por solicitação do Respeitável Irmão Roberto Ribeiro membro da Loja Conceição de Macabi, GOB, REAA, Estado do Rio de Janeiro.
mcmartins07@yahoo.com.br - drribeiroroberto@hotmail.com

Durante a sessão quando o Cobridor Interno está sentado, como ele deve segurar a espada? Existem três orientações completamente divergentes dadas em Loja e em momentos diferentes. Uma pelo Coordenador do GOB/RJ; outra pelo Delegado de Ritualística do Supremo Conselho (São Cristóvão) e outra por mim. Para evitar que o pobre do Cobridor fique de seca à Meca, entendi que o melhor seria consultar-te, pois desde cedo aprendi que, para aprender devemos falar com quem sabe.

Considerações:

O Cobridor sentado, isto é, sem o exercício do ofício empunhando a espada a detém embainhada, ou presa na faixa de Mestre cuja orientação está no Ritual de Mestre onde pela parte interna próxima a joia existe um dispositivo para prender a espada (está escrito no Ritual em vigência – 2.009).

Também é possível a confecção de uma bainha presa a um talabarte vestido a tiracolo da direita para a esquerda cuja finalidade é a de carregar a espada embainhada. Aliás, a origem da faixa do Mestre nos ritos filhos espirituais da França era o talabarte que prendia, ou acondicionava a espada. 

Existe também a maneira comum de existir um dispositivo preso atrás do encosto da cadeira onde a espada permanece quando não está sendo empunhada. 

O que deve se evitar é que o Cobridor sentado apoie a espada no piso (chão) ou mesmo sobre as coxas. 

Essa da espada apoiada no chão tem dado margem às esdruxulas orientações de se descarregar energia como se o Cobridor fosse uma espécie de para-raios. 

É oportuno também aqui salientar respeitosamente que o Delegado de Ritualística do Supremo Conselho não opina nem orienta o simbolismo, já que o seu campo de atuação é como dito no Supremo Conselho – simbolismo em hipótese alguma interfere nos ditos graus superiores, assim como estes em nada podem interferir na ritualística do Franco Maçônico básico (Aprendiz, Companheiro e Mestre). 

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.093 - Florianópolis (SC) – sexta-feira, 30 de agosto de 2013

BREVIÁRIO MAÇÔNICO

ALFA E ÔMEGA

Primeira e últimas letras do alfabeto grego; simbolizam o princípio e o fim; representam o próprio Deus que, como justo e perfeito, é o início e o final da criação.

Nas sagradas escrituras encontramos: "eu sou o alfa e o ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim", "eu sou o alfa e o ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, era e que há de vir, o Todo-Poderoso."

Essas duas letras são símbolos cujas figuras expressam um universo; o desenho é conhecido por todos os povos e o seu uso é universal em todas as expressões filosóficas, religiosas e místicas.

O alfabeto grego possui 24 letras; portanto, entre o alfa e o ômega temos outras 22 letras, que nos conduzem a meditar que todas elas expressam alguma coisa; entre o princípio e o fim há um "meio" que deve influir, pelo menos filosoficamente, em nossa vida; pensemos em nosso próprio alfabeto e concluiremos que dele extraímos os nossos nomes e o de nossos filhos; cada letra tem o seu valor específico. Assim, analisemos nesses aspectos que nos conduzirão à meditação com resultados surpreendentes.

Entre o Alfa e o Ômega (que simbolizam Deus) estamos nós, os seres humanos. Meditemos sobre isso.

Breviário Maçônico / Rizzardo da Camino, - 6. Ed. – São Paulo. Madras, 2014, p. 37.

NOVIDADES SOBRE A ORIGEM DA MAÇONARIA ESPECULATIVA

J. Filardo
Desde sempre, os historiadores da Maçonaria vêm repetindo como papagaios que a Maçonaria Especulativa foi “inventada” em 1717 com a organização da Grande Loja de Londres, que se autodenomina Grande Loja Primaz da Maçonaria especulativa. Também toma para si a condição de Primeira Grande Loja de Maçons, o que é discutível visto que, conforme já publicamos anteriormente, https://bibliot3ca.com/a-verdadeira-primeira-grande-loja/ fora fundada uma Grande Loja de maçons operativos, em 1250, a Grande Loja de Colônia, Alemanha, quando da construção da Catedral.

Nesse século XXI, surgiram historiadores “profanos” que abordaram a história da Maçonaria no quadro da história geral da humanidade, abordando a fundação da Maçonaria sem achismos e argumentos infundados, usando métodos científicos, bem como abordagens isentas de paixão.

Desde a origem dos maçons operativos, em suas ligações com as ordens monásticas que explicam muita coisa, até a origem da maçonaria especulativa que foi deslocada do século XVIII para o final do século XVI e século XVII, explicando a fundação da Grande Loja de Londres no contexto histórico do momento e classificando esse evento mais como um “renascimento” da Maçonaria Especulativa que um “nascimento” súbito e improvável.

Ao sair da Antiguidade e ingressar na Idade Média, as corporações de pedreiros romanas ─ os Colégios ─ organizados em irmandades religiosas hierarquizadas, no culto de Mitras, assistem à substituição do seu deus solar por uma outra figura também herói solar que aproveita sua lenda para se estabelecer nos escombros do Império Romano: o Cristianismo.

Apesar de não ser unanimidade entre os historiadores, uma teoria formulada para a transição dos colégios romanos para as irmandades de pedreiros foi que na região do Lago de Como, mais particularmente em uma ilha chamada Comacine, havia um mosteiro que abrigou membros remanescentes dos colégios romanos, e que esses “monges” assumiram o papel de construtores e se dispersaram pelo continente europeu e teriam dado origem às corporações de pedreiros.

Alguns historiadores, entre eles Robert Freke Gould e H.L. Haywood, chegam a aceitar a possibilidade, mas devido à falta de provas documentais, não se comprometem com a teoria. Mas, Lead Scott desenvolveu a ideia e reuniu provas, circunstanciais, é verdade, do papel que monges construtores desempenharam desde a queda do Império Romano. A teoria tem consistência e é difícil considerar mera coincidência que os colégios desaparecessem e ao mesmo tempo surgissem grupos organizados em forma de irmandade (de monges) que desempenhavam exatamente o mesmo papel que os colégios.

Assim, as irmandades de construtores teriam se transformado em ordens monásticas retendo assim suas características de hierarquia e organização.

Aqui é preciso esclarecer um detalhe que a maioria dos católicos ignoram. Um monge não é necessariamente padre, ou seja, um monge nem sempre pode, por exemplo, rezar missa, ouvir confissão, enfim, praticar atos cerimoniais religiosos, a menos que seja um padre que se tornou monge. Era esse o caso, por exemplo, do capelão do mosteiro que rezava missas e confessava os monges.

Uma ordem monástica é o que se chama em direito canônico uma prelazia pessoal do Papa, ou seja, os monges não estão sujeitos à hierarquia da Igreja, não são membros de uma dioceses e só devem obediência ao Papa. “Elas são institutos religiosos de vida consagrada, caracterizada por seus membros fazerem votos conforme o carisma de seu fundador.”(wikipedia)

A Ordem de São Bento, por exemplo é a ordem religiosa católica monástica mais antiga, datando do ano 529 quando Bento de Nursia a compôs na abadia de Monte Casino, na Itália. Os votos dessa ordem incluem, pobreza, virgindade, obediência, oração e trabalho, bem como a obrigação de hospedar peregrinos e viajantes, ajudar os pobres e promover a educação e ensino. Seu lema era “Ora et Lavora”. Entre os monges beneditinos famosos está Agostinho (não confundir com Santo Agostinho de Hipona, apesar desse Agostinho também vir a ser canonizado com o nome de Santo Agostinho de Cantuária – https://pt.wikipedia.org/wiki/Agostinho_de_Cantu%C3%A1ria ) que era o prior de um mosteiro em Roma.

O filme “O Nome da Rosa” é bem interessante, mostrando a vida monástica. Notem que entre os monges havia até um herege cátaro que se refugiara ali, e as diferenças entre beneditinos e franciscanos, por exemplo. Entre os monges do mosteiro temos o “Venerável” Jorge que era o encarregado da biblioteca. Adso era um noviço, ou Aprendiz e William of Baskerville era monge.

Pois bem, a queda de Roma foi arbitrada como o ano 476 d.C., quando Odoacro, um bárbaro derrubou o Imperador de Roma e tomou seu lugar, e em 590 d.C., Gregório ele mesmo um sacerdote e monge, foi escolhido Papa com o nome de Gregório I e este, logo em seguida, promoveu as chamadas Missões Gregorianas, em que enviou grupos de monges a outras terras, para evangelizar os gentios.

Em 597 d.C. mandou Agostinho, o prior beneditino de seu mosteiro de Sto. André, para a Inglaterra, acompanhado de “monges construtores”, para evangelizar a Inglaterra. Na realidade, a evangelização cristã das ilhas já começara no século V quando São Patrício iniciou a evangelização da Irlanda, de onde partiram monges para a Escócia e costa oeste da Inglaterra onde evangelizaram os Pictos, Scots e Britânicos a partir de mosteiros que fundavam e construíam. Antes disso, existia na Inglaterra um cristianismo primitivo trazido pelas tropas romanas 200 anos antes, mas Roma não tinha controle sobre esses cristãos. Com a retirada dos romanos, os Saxões atacaram e destruíram grande parte do que restava da civilização romana nas regiões em que se fixaram, incluindo estruturas econômicas e religiosas.

Entre os diversos reinos em que se fracionou a Inglaterra pós romana, estava o Reino de Kent, cujo rei Etelberto se casara com uma princesa franca cristã, chamada Berta, da linhagem merovíngia francesa.

A influência da rainha Berta contribuiu para que Gregório I enviasse a missão beneditina à Inglaterra para batizar o Rei Etelberto e evangelizar os anglo-saxões e ele escolheu Agostinho, prior da Abadia de Santo André para essa missão. Consagrado Bispo, ele fundou sua sé episcopal em Canterbury de onde ele conduziu a evangelização. Batizou o rei e conseguiu muitas conversões em todo o sul da Inglaterra e nos anos seguintes, foi promovido a Arcebispo e instruído a criar bispados em York e Londres.

Em 601, escreveu um relatório ao Papa onde, entre outras coisas, solicitava o envio de mais monges construtores para construir as igrejas, abadias, mosteiros e capelas. Uma nova missão beneditina foi enviada à Inglaterra e a ordem de São Bento assentou pé nas ilhas, de onde, em 718 d.C., partiu Bonifácio, monge inglês, para a Germânia para evangelizar os bárbaros. Percorreu toda a Alemanha onde conseguiu converter milhares à fé cristã. Com ele, foram monges construtores com a missão de construir igrejas e catedrais por todo o país.

Da Alemanha ele prosseguiu para a França e daí para os Países Baixos onde morreu assassinado por pagãos da Frísia, com um golpe de espada que partiu ao meio sua cabeça.

Vimos assim, que a Arte da Construção foi transportada para a Inglaterra, daí para a Alemanha, então para a França e Países baixos, pelas missões beneditinas de evangelização que traziam a reboque os monges construtores.

Estamos falando do Século VIII ao final do qual assistimos a mais uma mudança na Europa, quando surge o Sacro Império Romano, comandado por Carlos Magno, que ajudou a definir a Europa Ocidental e a Idade Média na Europa.

As corporações de pedreiros se descolaram dos mosteiros, mantendo sua estrutura (noviço, monge, Venerável Abade), votos (juramento) e segredos de ofício. Eles diferiam dos pedreiros comuns por sua especialização em construções eclesiásticas, construíram as mais belas catedrais do mundo.

Mas, aquele vínculo com a Igreja se traduzia nos requisitos ou obrigações dos pedreiros que em documentos mais antigos menciona a fé católica, a Santa Madre Igreja, a Virgem Maria e os Quatro Santos Coroados.

Esse último elemento é bastante interessante, pois fornece mais uma pista da trajetória da maçonaria operativa na geografia europeia.

Voltemos ao século III, onde quatro escultores (há quem diga que eram nove, mas no final ficaram só cinco, e depois, na canonização só quatro[1]) Castório, Cláudio, Nicóstrato e Sinfrônio foram torturados e mortos na região onde hoje fica a Hungria e a Áustria por se recusar a esculpir uma estátua de Esculápio para o Imperador Diocleciano, e tendo sido canonizados foram adotados como santos padroeiros dos escultores das corporações de pedreiros.

Essa tradição era eminentemente alemã, visto que a Panônia estava localizada bem próxima da Alemanha.

Entre os documentos sobreviventes dos maçons operativos, vemos as constituições dos maçons de Estrasburgo datada de 1459 que se inicia com “Em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo, e de nossa graciosa Mãe Maria, e também de seus servos abençoados, os quatro santos mártires coroados de memória eterna…” enquanto a Carta de Bologna de quase duzentos anos antes (1248) menciona “todos os santos” e não os quatro santos coroados.

Mas, o documento inglês mais antigo dos maçons operativos, o Manuscrito Halliwel ou Poema Regius diz “Para confirmar os estatutos do rei Ahtestane, Que ele ordenou a este ofício por boa razão. A arte dos quatro coroados.” Mais adiante: “Assim como fizeram estes quatro santos mártires, que neste ofício foram de grande honra”, na parte do poema em que se narra as circunstâncias da morte deles.

Nota-se assim, um fluxo de influências do Continente para as ilhas britânicas atingindo a Escócia onde desde o século VI havia mosteiros cristãos originários da Irlanda e construídos por St. Columba, incluindo o mosteiro de Kilwinning sobre o qual HL Haywood nos diz:

“O que York é para as tradições da Maçonaria Inglesa, Kilwinning é para a Escócia. De acordo com um livro antigo, “uma série de pedreiros (maçons) vieram do continente para construir um mosteiro em Kilwinning.”

Não é possível afirmar categoricamente por falta de documentos sobreviventes desse período, mas há uma trilha de indícios que fundamentam a teoria de que os collegia se transformaram em irmandades de monges que sendo parte da igreja tinham passagem livre pelos caminhos medievais.

Poucos documentos sobreviveram e o mais antigo deles data do século XIII (Carta de Bologna) e mostra que uma organização bastante desenvolvida existia no continente europeu.

Com a passagem dos anos, naturalmente a manutenção das corporações exigia a renovação dos quadros e não parece razoável pensar que os monges tivessem continuado a prover os membros das corporações e ensinar o ofício às novas gerações. Sem falar que o acesso ao ensino era restrito e os pedreiros nem sempre sabiam ler e escrever.

É nesse ponto que entra uma novidade trazida pelos pesquisadores do século XXI entre eles David Stevenson[2] e Frances Yates[3], que não sendo maçons, têm uma visão mais objetiva da história, que abordam cientificamente, uma vez que a Maçonaria é um acontecimento que se insere na história ocidental.

A novidade se chama Arte da Memória sobre o que já publicamos uma excelente matéria de Clarence A. Anderson https://bibliot3ca.com/a-arte-da-memoria-e-maconaria/ .

Stevenson aponta que “quando Schaw se referia à Arte da memória, “ele não estava apenas usando um termo extravagante para a capacidade de memorizar. [vi] A Arte da memória, ou ars memorativa, era uma técnica específica para memorizar coisas, bem conhecida na época em que Schaw estava escrevendo, que tinha suas origens nos tempos Clássicos. [vii] Originalmente, a intenção da arte da memória era aumentar grandemente a capacidade natural da memória humana. Os praticantes da arte da memória tentaram encontrar maneiras de manter, recuperar e usar uma grande quantidade de informações. Nos tempos medievais e renascentes tardios, a arte da memória gradualmente tornou-se altamente simbólica. Os neoplatonistas e hermeticistas gradualmente a adaptaram para desenvolvê-la em uma forma especial de conhecimento, uma maneira especial de se relacionar com o universo. É nesta tradição que Stevenson encontra as origens do uso maçônico da memória.”


“Todo aprendiz tinha que escolher um tutor que lhe ensinasse os segredos do ofício que tinham que ser memorizados e “nunca devem ser escritos”. E o vigilante da loja deveria “julgar a arte da memória e da ciência dela de todos os companheiros e de todos os aprendizes”. Historiadores maçônicos inicialmente trataram essa frase como se referindo simplesmente à necessidade de lembrar as lições aprendidas, mas Stevenson apontou que ela claramente significava a arte da memória como uma habilidade mnemotécnica. Como ele colocou, “essa única frase curta fornece uma chave para entender os principais aspectos das origens da maçonaria, ligando o ofício de maçom operativo aos poderosos esforços do mago Hermético (Giordano Bruno).”[4]

(…)

“Tal abordagem do significado e ritual de maçonaria, com suas raízes na magia hermética neoplatônica e técnicas de visualização cabalística, ainda pode ter sido praticada no século XVII na Inglaterra, quando o auge da Revolução Científica era paralelo a um novo surto de interesse pela alquimia e pelo ocultismo. Muitas vezes, os líderes de ambos os movimentos intelectuais também eram maçons, como mais bem exemplificado por Sir Robert Moray e Elias Ashmole mencionados anteriormente”.

Temos assim, como conclusão dos estudos de Stevenson e Yates, que a transformação da maçonaria operativa em maçonaria especulativa ocorreu durante o século XVII na Escócia, por obra de Cabalistas, Alquimistas, Hermeticistas e Rosa Cruzes que efetivamente criaram os rituais, a decoração do templo, os aventais e o uso da terminologia e das ferramentas dos pedreiros como simbologia da Maçonaria Especulativa.

As novas lojas se espalharam pela Escocia, Irlanda e Inglaterra onde desenvolviam seus trabalhos de maneira soberana e independente, inclusive com rituais diversificados adaptados à cultura local e tinham sua parcela de influência na sociedade.

Recentemente, 2014, foi publicado um texto bastante interessante: A verdadeira história da Maçonaria Esotérica Escocesa por Eric Wynants https://bibliot3ca.com/2020/11/18/a-verdadeira-historia-da-maconaria-esoterica-escocesa/ em que ele afirma:

“Em 1988, o historiador escocês David Stevenson publicou sua pesquisa sobre as origens escocesas do final do século XVI e o subsequente desenvolvimento escocês da Maçonaria “moderna”, que ele colocou dentro de um contexto intelectual europeu de sério interesse nas ciências ocultas.

Trabalhando a partir dos documentos escoceses sobreviventes de lojas operativas e especulativas, Stevenson preencheu as frustrantes lacunas entre a cultura Stuart primitiva, seus vínculos com a Maçonaria escocesa e sua preservação dentro da diáspora jacobita ocorrida após a expulsão do último rei da dinastia Stuart, James VII e II.

A aluna de doutorado de Stevenson, Lisa Kahler, levou essa pesquisa adiante, ao início do século XVIII e documentou as imprecisões e distorções da versão inglesa “ortodoxa” da história maçônica, que servia a propósitos políticos hanoverianos-whigs.”

(…)

“Com a ascensão do Eleitor de Hanover como Rei George I da Inglaterra, em 1714, os apoiadores maçônicos dos Stuarts montaram uma campanha clandestina de décadas para reconquistar o trono britânico.

Em 1717, um sistema rival hanoveriano de Maçonaria foi estabelecido, com o objetivo de suprimir e derrotar aquela campanha. Quando os hanoverianos venceram na Inglaterra – e seus descendentes entre os historiadores Whig escreveram as histórias desta grande rivalidade cultural e política – criaram seu próprio mito de progresso e tolerância protestante, que quase obliterou os elementos celtas-católicos-judeus na luta contra seus opositores e que ignorou a sobrevivência desses elementos em uma cultura jacobita internacional.”

Esses novos estudos deslocam a criação da Maçonaria Especulativa para o século XVII e desmascaram os objetivos da Grande Loja de Londres de 1717 de neutralizar as lojas que apoiavam o Pretendente legítimo ao trono inglês e controlar a proliferação de lojas maçônicas em território inglês.

Dessa forma, coloca-se em discussão a legitimidade da United Grand Lodge of England para ditar regras para a Maçonaria Universal vez que sua própria regularidade maçônica seria duvidosa, por vício de origem, quando ela mesma exige que uma Grande Loja somente tem existência se tiver sido originária de uma Grande Loja regular e legítima. https://bibliot3ca.com/e-sob-que-autoridade-estavam-aquelas-quatro-lojas-trabalhando-na-inglaterra/

A Grande Loja de Londres foi apenas um golpezinho de estado ou melhor um oportunismo inglês de se apossar da res derrelicta que era o controle das lojas e monetizar esse controle passando a vender a patente e cobrar taxas.

Venceu o mais apto.

[1] Mais ou menos como a história dos estudantes que morreram em 1932, na Revolta Paulista. Oficialmente são Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, o MMDC, mas depois descobriu-se um quinto mártir, mas a sigla já estava consagrada e o pobre Oliveira ficou esquecido, só porque não morreu na hora. Também no caso dos quatro coroados, o pobre Simplício ficou de fora.

[2] Stevenson, David – As Origens da Maçonaria, o século da Escócia 1590-1710

[3] Yates, Frances – A Arte da Memória

[4] PRINKE, RAFAŁ T. Memória na Loja. Um recurso Mnemônico da Maçonaria no final do Século XVII

Fonte: https://bibliot3ca.com

sábado, 27 de abril de 2024

MARCHA DO APRENDIZ

(republicação)
O Respeitável Irmão João Soares Miranda, Loja Saldanha Marinho, REAA, GOB-PR, Oriente de Curitiba, Estado do Paraná apresenta a questão seguinte:
joaomiranda@trt9.jus.br

Aprendemos, há muitos anos, que no REAA o Aprendiz não deve levantar o pé do chão durante a marcha, e sim arrastá-lo, porque ainda está ligado à matéria, ao material, a Terra. Não sabe andar, não sabe falar (apenas soletrar...), também ainda não se acostumou à luz que acabou de receber, por isso vai “tateando”. Arrasta o pé esquerdo para frente e depois une o calcanhar direito, sem tirá-lo do chão, ao calcanhar esquerdo, formando um esquadro. 

No último ERAC, um dos trabalhos apresentados criticou o arrastar de pés na Marcha do Aprendiz. Fomos consultar o Manual do Grau 1 e o Manual de Procedimentos Ritualísticos, e efetivamente nenhum deles aborda o arrastar de pés. Com isso ficamos em dúvida e já não temos a mesma segurança para transmitir aos Aprendizes as considerações esotéricas que nos foram passadas. Estamos a tanto tempo repetindo um erro?

Considerações:

Essa prática do arrastar dos pés fez parte por muito tempo na concepção da Marcha do Aprendiz e a sua idade. Puríssima invenção. O Aprendiz tradicionalmente dá os passos normais unindo-os pelos calcanhares em esquadria iniciando com o pé esquerdo ou direito conforme o Rito. 

De fato a idade do Aprendiz de Maçonaria em alguns arcabouços doutrinários, como é o caso do Rito Escocês, está associado à infância, porém longe de ser distinguida pelo arrastar dos pés ou ligações com a matéria. O titubear dos passos com a dificuldade de locomoção figurada está diretamente ligada à Primeira Viagem e nunca à Marcha. 

Já no primeiro Ritual Escocês do simbolismo datado de 1.804 os passos se apresentam como normais e nunca arrastando os pés. Por esse sentido é que o Ritual, bem como o Manual de Procedimentos não preconiza o arrastar dos pés. 

O ato de juntar os pés em esquadria está ligado diretamente à tradição operativa e a pedra angular da obra, onde era ensinada ao Aprendiz iniciado a colocação dos pés junto à pedra esquadrejada no canto nordeste da construção, fato que viria formar a esquadria com os pés unidos pelos calcanhares. 

É dessa antiga prática que está à associação com a 47ª Proposição de Euclides ou o Teorema de Pitágoras. Davam-se a partir da pedra angular três passos em direção ao Sul; dela davam-se outros quatro em direção do Ocidente. A união desses dois extremos deveria ser fechada com cinco passos. 

O resultado preciso desse triângulo retângulo dava, e ainda dá o canto em esquadria (square). Daí se esquadrejava o canto, nivelava-se e aprumava-se. Aliás, essa é prática atual nas atuais marcações das construções. 

A Loja é um canteiro e nele se constrói um novo Homem. Nesse particular não cabem definições ocultistas e místicas, a despeito que esse pensamento não pode ser unânime em um espaço que a grande arte está na convivência e não opiniões pessoais e dogmáticas. 

Se ainda existem ritos que preconizem o arrastar dos pés, o que não é o caso do Rito Escocês Antigo e Aceito seria necessária à compreensão da sua proposta doutrinária para elucidar o ato. 

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.090 - Florianópolis (SC) – terça-feira, 27 de agosto de 2013

MAÇONS FAMOSOS


GWYLLYN SAMUEL NEWTON FORD (Québec, 1916 — Los Angeles, 2006). Ator canadense que atuou nos Estados Unidos. Ficou famoso atuando em filmes de Western. Foi Membro-Fundador da Loja Riviera nº 780, Califórnia, EUA. A Loja que foi iniciado hoje se chama Loja Santa Mônica Palisades nº 307.

INICIAÇÃO MAÇÔNICA: 17 de julho de 1954.

Loja: Palisades No. 637, Los Angeles, Estados Unidos.

Idade que foi iniciado: 37 anos.

Faleceu aos 90 anos de idade, vítima de um AVC

Fonte: Facebook_Curiosidades da Maçonaria 

LIVRO DA LEI E LANDMARKS: DEÍSMO - TEÍSMO - ATEÍSMO

Fernando Guilherme Neves Gueiros
M∴M∴R∴L∴ Sphinx Paulistana, Paulista - PE BRASIL

Um dos temas mais difíceis de serem abordados é Religião, Religiosidade, Crença ou Fé. Quaisquer que sejam as formas, por mais simples ou complexas que se tenha de abordar estes assuntos, sempre haverá a possibilidade de ferir suscetibilidades de outrem, quer por fórum íntimo ou coletivo. Todos os que crêem, de certo, acreditam ser a sua religião a certa, a correta.

De antemão, jamais polemizo, em hipótese alguma, sobre dois temas, os quais, já dou por definidos: quem pagará a conta do chope ou sobre a  religião de cada um. Declarada a opção, estou sempre de acordo. Porém, há algum tempo, vivenciei intolerantes ações em diversas reuniões sobre questões relativas à religiosidade ou a crenças, em diversas lojas, e que me levam agora a tecer algum comentário sobre esses temas.

Em certa ocasião ouvi um comentário, numa loja, sobre um Venerável Mestre que se dizia estar querendo fazer de uma reunião uma sessão espírita.

Este Venerável tinha como opção religiosa à doutrina Espírita. Tinha por hábito levar um copo d água para colocá-lo sobre a mesa do sólio e solicitar nas aberturas dos trabalhos que todos irmãos fizessem um minuto de silencio para a mais absoluta concentração. Pior do que apenas os comentários era a condenação daqueles atos.

Se este Venerável não professasse nenhuma crença (totalmente improvável), e tivesse por estes atos nada mais alem do que saciar a sua sede ou requerer dos irmãos o Maximo de atenção para uma perfeita sessão seria, por certo, aceito as suas atitudes. Muito se confundem Ritos com Cultos. Os ritos são necessários, não só para criar uma - ambientação particular -, mas para agir por uma forma de impregnação do subconsciente, ao qual, eles darão uma força e uma eficiência real aos trabalhos. Foram os comentários apenas intolerância? Também.

O mais crível é o desconhecimento do que é, e representa, o Livro da LEI para os membros da maçonaria. O livro da Lei seria a Bíblia? O Alcorão? O Talmude? O Veda Rig dos Hindus? O Zendavesta dos Masdeístas da Pérsia? Ou o Evangelho Espírita de Allan Kardec? Eu diria: são estes e outros mais. É também uma das imprescindíveis luzes, juntamente com o Compasso e o Esquadro.

Segundo o 21o. Landmark:  É indispensável à existência, no Altar, de um   Livro da Lei, o Livro que, conforme a crença, se supõe conter a verdade revelada pelo Grande Arquiteto do Universo. Não cuidando a Maçonaria de intervir nas peculariedades de fé religiosa dos seus membros, esses livros podem variar de acordo com os credos. Exige, por isso, este Landmark que um Livro da Lei seja parte indispensável dos utensílios de uma Loja. Afora os grifos meus, o texto é ipsis litteris dos LANDMARKS UNIVERSAIS da Maçonaria, considerados como princípios fundamentais da Instituição.

Quando eu coloquei entre parênteses a expressão totalmente improvável é devido ao Landmark 19 que em síntese determina que a negação a uma crença é impedimento absoluto e insuperável para a iniciação. Se assim não fosse (a crença, a espiritualidade) poder-se-ia pensar em colocar sobre o Altar, no caso, a nossa Constituição Federal ou o Código Civil Brasileiro. Em ambos há inscrito códigos de ética moral e conduta. Quiz, porem, os Landmarks inscrever ou traçar um código de espiritualidade as reuniões. Esta espiritualidade é criadora natural para condutas de comportamentos e do amor do próximo a seus semelhantes. 

Daí, também, considerarmos fora de quaisquer questões ou discussões o ATEÍSMO. Por outro lado temos que analisar a vista da crença de cada um, alguns aspectos que dizem respeito aos fundamentos da sua religião. Deísmo ou Teísmo. No aspecto deísta, rejeitam estes a revelação, ou conjunto de verdades sobrenaturais manifestadas por Deus ao homem através da inspiração e iluminação ou pelo ensino oral, comunicado aos patriarcas, profetas, apóstolos e santos. É foro íntimo. É semântica qualquer discussão. Estes crêem em Deus pela natureza. Pela VIDA. 

Enquanto que no Teísmo existem mais dogmas. As maiorias das religiões teístas provem de uma revelação divina. Por não discordar ou concordar com aquela ou esta forma, tenho minhas convicções que o fundamento maior está em ser crente. A crença é vital. 

Certa ocasião um irmão, hoje no oriente eterno, eu ainda um companheiro, perguntador, me disse taxativamente: há na maçonaria coisas que absolutamente não concordo, tais como: ser obrigado a se acreditar num Deus e o veto das mulheres serem iniciadas. Disse ele ainda: isto fere o direito de igualdade e o livro arbítrio. E acima de tudo ambos discriminatórios. Companheiro ainda, inseguro, não sabendo se aquilo partindo de um Mestre veterano seria um pulha, um dito para me pegar, respondi: não sei ler ou escrever estou aprendendo a soletrar.

 Diria hoje a aquele amado irmãozinho, o que sabia antes e pelo maior amadurecimento sei hoje: olhando a natureza na sua complexa extensividade, tomando conhecimento da extensividade infinita do universo e olhando a pequeníssima ordenação destas duas naturezas, só posso acreditar que há, existe, uma  mão que dá ordem a isso tudo, essa mão é de um DEUS. Essa ordenação pura e simples sem um ordenador não me satisfaz. 

O homem sob todos os aspectos é um desígnio de Deus. No homem existe uma aura já provada pelo método da fotografia Kirlian. Esta aura, sob algum aspecto, é a alma que imanta o corpo. Por ela se podem determinar regiões pobres em energias, doentes, sobre o seu corpo vital. Ora, se assim, tão fisicamente é crível determinar estas energias, quão não será através da fé. 

Em verdade ver-se-á numa loja em quaisquer reuniões aqueles que estão cheios de energias, saudáveis, capazes de imantar os mais pobres por estas saudáveis energias. Por isso, considero saudável, quiçá obrigatório, que o Mestre Arquiteto energize o templo para que ao adentrar todos possam receber estas energias possíveis. Para isso é necessário crer. 

Quando no altar do livro da lei, sobre o Orador, que o abrirá, se forma uma cobertura trapezoidal, o pálio imaginário, é para proteção das energias negativas e angariar positivas energias do alto. Energias espirituais. Este trapézio tem suas dimensões formadas pelos bastões dos irmãos 1o. e 2o. Diáconos, o bastão do irmão Mestre de Cerimônia e a coluna do altar do Livro da Lei. 

Como então desprezar esta ou as oportunidades? Porque não se fazer o mínimo dos esforços para que os trabalhos possam ter esta magnetização para o bem comum. Todos sairão imantados de energias positivas. É só crer. 

O que se requer para isto. O mínimo. A Fé e a Tolerância. 

Humildemente, como eterno aprendiz. 

Ateísmo -Doutrina dos ateus; agnosticismo, descrença.

Agnosticismo -1 Qualquer doutrina que afirma a impossibilidade de conhecer a natureza última das coisas. 2 Doutrina que afirma a impossibilidade de conhecer a Deus e a origem última do Universo. 

Crença -1 Ato ou efeito de crer. 2 Fé religiosa. 3 Opiniões que se adotam com fé e convicção. 4 Crédito diplomático. 

Culto -1 Que se cultivou; cultivado. 2 Ilustrado, instruído, sabedor. 3 Civilizado. 4 Esmerado: Linguagem culta. Antôn: inculto. sm 1 Forma pela qual se presta homenagem à divindade; liturgia. 2 A religião: Culto católico, culto protestante. 3 Cerimônias religiosas. 4 Veneração. C. externo: cerimônias e festividades religiosas. C. interno: o que se rende a Deus por atos interiores da consciência.

Deísmo - Sistema dos que crêem em Deus, mas rejeitam a revelação.

Deísta - Sectário ou pessoa sectária do deísmo; deícola.

-1 Crença, crédito; convicção da existência de algum fato ou da veracidade de alguma asserção. 2 Crença nas doutrinas da religião cristã. 3 A primeira das três virtudes teologias. 4 Fidelidade a compromissos e promessas; confiança: Homem de fé. 5 Confirmação, prova. 6 Testemunho de certos funcionários que faz força nos tribunais; confirmação de um testemunho.

Religião -1 Serviço ou culto a Deus, ou a uma divindade qualquer, expresso por meio de ritos, preces e observância do que se considera mandamento divino. 2 Sentimento consciente de depen-dência ou submissão que liga a criatura humana ao Criador. 3 Culto externo ou interno pres-tado à divindade. 4 Crença ou doutrina religiosa; sistema dogmático e moral. 5 Veneração às coisas sagradas; crença, devoção, fé, piedade. 6 Prática dos preceitos divinos ou revela-dos. 7 Temor de Deus. 8 Tudo que é considerado obrigação moral ou dever sagrado e inde-clinável. 9 Ordem ou congregação religiosa. 10 Ordem de cavalaria. 11 Caráter sagrado ou virtude especial que se atribui a alguém ou a alguma coisa e pelo qual se lhe presta reverên-cia. 12 Conjunto de ritos e cerimônias, sacrificais ou não, ordenados para a manifestação do culto à divindade; cerimonial litúrgico. 13 Filos Reconhecimento prático de nossa depen-dência de Deus. 14 Filos Instituição social com crenças e ritos. 15 Filos Respeito a uma re-gra. 16 Sociol. Instituição social criada em torno da idéia de um ou vários seres sobrenatu-rais e de sua relação com os homens. 17 Mística ou ascese

Religiosidade -1 Sentimento da religião; tendência natural para a adoração do que se reputa divino ou superior a nós. 2 Qualidade de religioso. 3 Sentimento de escrúpulos religiosos. 4 Conjunto dos sentimentos religiosos. 5 Exatidão ou pontualidade no cumprimento e execução dos a-tos e deveres de cada um; fidelidade, probidade, retidão, zelo. 6 Piedade, temor de Deus, espírito de oração. 7 Virtude específica dos membros de ordens, congregações e institutos religiosos; observância das Santas Regras. 8 Religião.

Ritos -1 Conjunto de cerimônias e fórmulas de uma religião e de tudo quanto se refere ao seu culto ou liturgia. 2 Cerimonial próprio de qualquer culto. 3 Culto, religião, seita. 4 Ordem ou conjunto de quaisquer cerimônias. 5 Sistema das fórmulas e práticas das organiza-ções maçônicas. R. de iniciação, Sociol: cerimônias, de caráter religioso ou não, realizadas na admissão de um indivíduo a uma sociedade ou associação: Ritos de puberdade. R. de na-talício, Sociol: solenidade realizada entre os povos antigos e os selvagens, por ocasião do nascimento de um filho, a fim de purificar mãe e filho e dar a este força e energia.

Teísmo - Crença na existência de Deus e em sua ação providencial no Universo.

Teístas -1 Que acredita na existência de Deus. 2 Pertencentes ou relativos ao teísmo: Doutrina teísta. Pessoa que acredita na existência de Deus.

sexta-feira, 26 de abril de 2024

SETE MESTRES PARA ABRIR UMA LOJA

(republicação)
Em 07.05.2018 o Respeitável Irmão Alveriano Dias, Loja Tomaz de Medeiros, REAA, Grande Loja Maçônica do Estado da Paraíba, Oriente de Picuí, Estado da Paraíba, envia através do Respeitável Irmão Hercule Spoladore a questão seguinte:

SETE MESTRES PARA ABRIR UMA LOJA

Em uma reunião foi questionado a possibilidade do Aprendiz ocupar cargos em Loja, principalmente no Oriente. Diante do exposto gostaria que você, se possível, respondesse o seguinte questionamento:

Para uma Loja funcionar é necessária a presença de sete obreiros, dos quais pelo menos três Mestres maçons. Então pergunto: se os outros quatro obreiros forem Aprendizes, nessa Loja pode funcionar os cargos de Orador e Secretário? Caso seja afirmativa a respostas, pergunto ainda: como pode um Aprendiz ocupar um cargo de Orador ou Secretário que tem assento no Oriente quando eles têm assento no Norte? Aguardo respostas, se possível dentro da filosofia maçônica.

CONSIDERAÇÕES: