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PERGUNTAS & RESPOSTAS

O “Perguntas & Respostas” que durante anos foi publicado no JB News e aqui reproduzido, está agora no “Blog do Pedro Juk” . Para visita-lo ou tirar suas dúvidas clique http://pedro-juk.webnode.com/ ou http://pedro-juk.blogspot.com.br

sexta-feira, 31 de março de 2023

COLUNAS ZODIACAIS CORRESPONDENTES AOS COMPANHEIROS E AOS MESTRES - REAA

Em 08/11/2022 o Respeitável Irmão Wellington Sampaio, Loja Cavaleiros de Aço de Alagoas, 34, REAA, GLOMEAL (CMSB), Oriente de Maceió, Estado de Alagoas, apresenta a seguinte questão:

COLUNAS ZODIACAIS DO COMPANHEIRO E DO MESTRE

Esta semana houve uma apresentação de uma peça de arquitetura sobre as Colunas Zodiacais e os Doze Pentaclos, e durante a apresentação foi dito que as seis colunas do Norte corresponderiam à senda iniciática do Aprendiz, as três primeiras colunas do Sul (Libra, Escorpião e Sagitário), a do Companheiro, e as três últimas (Capricórnio, Aquário e Peixes), a do Mestre, porém, logo após a apresentação um Irmão Mestre questionou dizendo que as três primeiras colunas do Sul (Libra, Escorpião e Sagitário) de fato corresponderiam à senda do Companheiro, mas que somente a sexta coluna (Libra) corresponderia a Companheiro, e as demais (de Escorpião a Peixes), a do Mestre. Face a essa discordância, resolvi pesquisar e, para minha surpresa, vi autores corroborando com o a primeira versão e outros com a segunda.

Diante do acima exposto, solicito ao Irmão, se possível, verificar a possibilidade de esclarecer essa celeuma.

CONSIDERAÇÕES:

De fato, alguns autores assim interpretam, com isso colocam o Companheiro Maçom apenas na constelação correspondente à Libra. Entretanto, outros, como eu, enxergam de modo mais amplo, ou seja, determinam que o 2º Grau é senhor de todo o ciclo iniciático correspondente ao outono que ocorre no hemisfério Norte.

Eu assim entendo porque o Grau de Mestre é recente na conjuntura histórica da Maçonaria Especulativa – o 3º Grau somente veio aparecer em 1725, sendo oficializado na Inglaterra em 1738.

Historicamente, entre os séculos XVII e XVIII o 2º Grau seria enfim desmembrado para resultar em um 3º. Iniciaticamente essa jornada acabaria se dividindo em duas últimas etapas – a do outono e do inverno. Vale lembrar que até o segundo quartel do século XVIII a Maçonaria Especulativa (dos Aceitos) possuía apenas “dois graus”, o de Aprendiz e o de Companheiro.

No contexto dessa alegoria iniciática e o REAA, já que este possuí as Colunas Zodiacais na sua decoração, Libra marca o ingresso do Companheiro nessa fase da vida, no entanto durante toda a estação outonal ele continuará sendo o Companheiro. Em síntese, ele passa pelos alinhamentos astronômicos correspondente à Libra, Escorpião e Sagitário. Na alegoria da Natureza o Companheiro tem o seu ápice, meio e fim, em Libra, Escorpião e Sagitário respectivamente.

A conclusão do ciclo outonal menciona que o iniciado alcançou a maturidade, etapa em que iniciáticamente ele encerra o trabalho material para, com base na sua experiência até então adquirida, doravante ensinar aos pósteros o que ele efetivamente aprendera.

Nesse sentido, o iniciado então passa da ação e do trabalho material - pragmática do 2º Grau - para o ciclo espiritual, condição necessária para o renascimento que virá após o ciclo do inverno.

Assim, nas últimas três etapas (Capricórnio, Aquário e Peixes), encerra-se a jornada pela morte simbólica no Iniciado, restando como exemplo para a eternidade a sua obra – conforme a semeadura virá a colheita.

Sob essa óptica, entendo que o trajeto iniciático do REAA pelo topo do Sul corresponde aos ciclos do outono e do inverno, por extensão aos graus de Companheiro e Mestre respectivamente.

Desse modo, os três últimos meses da jornada correspondem ao inverno que ocorre ao Norte (onde nasceu a Maçonaria). Alegoricamente esse fato representa a morte do Sol (H∴ A∴).

Dias curtos e noites longas deixam a Terra viúva do Sol, o que em linhas gerais significa a prevalência das trevas. Os meses do inverno, estigmatizados pelos três mm∴ CComp∴, golpeiam a Luz deixando a Mãe Terra inerte até a próxima primavera.

Essa passagem iniciática está fartamente representada na Câmara do Meio e na Exaltação ao Grau de Mestre Maçom do REAA.

Graças a isso é que reafirmo ser esse o meu entendimento sobre a jornada iniciática do Maçom ao passar pelo topo da Coluna do Sul.

T.F.A.
PEDRO JUK - SGOR/GOB
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

ESCOLA DE CIVISMO MAÇONARIA

O Mestre Maçom tem como obrigação compreender que uma das funções da Maçonaria, é a preparação dos homens para o desempenho das funções públicas, ou particulares, do progresso e da evolução, dentro dos sagrados princípios da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, e é, para isso, que a Ordem precisa ser uma escola de civismo onde se deve aprender a praticar os verdadeiros preceitos da Arte Real, para que, assim, possa continuar mantendo a tradição milenária de vanguarda do progresso da civilização como nos primeiros tempos da sua existência.

Mas, o que são nossos Trabalhos hoje na Maçonaria? São somente as discussões sobre assuntos internos da Ordem? Ou são simplesmente perguntas e repostas já decoradas por todos? Não, todos nós Mestres sabemos que, não é assim? Nós temos por obrigação saber que a Ordem é um conjunto de conhecimentos que nos tornam homens aptos a intervir eficientemente em todas as atividades que sejam de interesse público, seja ele qual for. É por isso que cada maçom passa ser um perfeito obreiro da Arte Real, e que a Maçonaria ainda deveria ser uma verdadeira escola de civismo, o mais puro, de forma que dentro dos seus Sagrados Templos, sejam cultivados, os desenvolvimentos espirituais dos Irmãos, na formação das consciências esclarecidas no culto do dever e devoção pelo interesse público com elevado critério de são patriotismo e de verdadeiro civismo.

É da discussão dos múltiplos problemas de interesse públicos dentro do Templo, é que surge a LUZ dos conhecimentos que nos esclarece e nos prepara para que sejamos homens úteis na atuação na vida profana. As discussões que se travam nos recintos de nossos Templos, devem ser obrigatórias à intervenção de todos que estejam presentes à sessão, porque, naquele espaço da Loja, não existem doutores nem generais; nem patrões nem ricos, nem pobres; nem negros nem brancos; todos nós somos iguais, nivelados ao mesmo nível pelos laços da fraternal amizade que nos une, e, por isso, as discussões se travam no mais perfeito ambiente de igualdade, de lealdade e de franqueza, com o respeito devido à livre opinião de cada um, dentro do mais perfeito ambiente de harmonia com ausência da mesquinhez autoritária ou de interesses pessoais, tendo em vista somente o bem e o aperfeiçoamento da Humanidade nas diversas modalidades da atividade humana.

Todos devem manifestar a sua opinião, desde os mais modestos e humildes aos mais instruídos e preparados, porque é do conjunto de opiniões, da experiência e da prática de uns, aliada à teoria de outros e completada com a boa vontade de todos, que se chega a conclusões acertadas. (Desconheço a autoria)

quinta-feira, 30 de março de 2023

LUZES DA LOJA FORA DE SEUS LUGARES

(republicação)

Questão apresentada pelo Respeitável Irmão Hudson Silva, Orador da Loja Cavaleiros de Salomão, REAA, GOB-PR, Oriente de Curitiba, Estado do Paraná.
hudson.silva@redisul.com.br

Estou com uma dúvida sobre uma questão que surgiu em Loja e gostaria da sua ajuda para esclarecer aos Irmãos. Estive lendo os rituais e procedimentos ritualísticos e não encontrei algo, então conversei no GOB-PR e me sugeriram que lhe procurasse. Há algumas sessões o Irmão Segundo Vigilante levantou e ficou entre colunas para apresentar um trabalho, porém na “Palavra a Bem da Ordem em Geral” outro Irmão disse que as Três Luzes jamais poderiam deixar seus lugares durante uma sessão, exceto àqueles momentos estabelecidos no ritual, e que o trabalho pelo Segundo Vigilante deveria ter sido apresentado no seu lugar. Ritualisticamente existe esta restrição?

CONSIDERAÇÕES:

Quanto às Luzes da Loja “jamais” poderem deixar os seus lugares não é nenhuma regra, até porque se o ritual prevê, significa que eles realmente podem. O que não se deve é abusar desnecessariamente desse procedimento. 

Assim se realmente houver necessidade de um Vigilante se posicionar entre Colunas, primeiro ele pede autorização ao Venerável que, pode ou não conceder.

Seria de melhor alvitre que cada qual apresentasse os seus escritos, ou pronunciamento do seu próprio lugar e, em se tratando de um Vigilante, ele pode até falar sentado no Ocidente como uma das Dignidades da Loja. 

Porém, se preferir falar em pé, se posiciona à Ordem compondo o Sinal com a mão, ou mãos, se for o caso. O malhete nessa oportunidade fica sobre a mesa. A regra é a mesma para o Venerável no tocante à Ordem e o malhete sobre o Altar.

Demais, a objetividade é uma virtude. Assim o bom-senso prevê que se evitem “firulas” desnecessárias que apenas e tão somente contribuem para a perda de tempo.

É também prerrogativa do Venerável dispensar o Sinal, todavia somente quando necessário. A prática descontrolada dessa dispensa não condiz com o verdadeiro procedimento ritualístico e colabora para imensos palavreados que, de Sinal composto, o falante pelo desconformo mede a sua retórica.

Assim, deixar o seu lugar para falar entre Colunas não deve ser tratado como uma regra costumeira, entretanto, como uma exceção pouco executada.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 0851 Florianópolis (SC) 01 de janeiro de 2013

FRASES ILUSTRADAS



 

O PAINEL ALEGÓRICO DA LOJA DE APRENDIZ

Ir∴ Jorge Luís dos Passos
Itajaí - SC

À medida que o aprendiz vai adentrando nos augustos mistérios da ordem maçônica, começa a ter sua visão clareada pelos ensinamentos a ele transmitidos, possibilitando interpretar os simbolismos que cercam e regem esta sublime instituição, de forma que, tais informações, venham a auxiliá-lo no cumprimento de seus trabalhos em loja, bem como fora dela, moldando seu caráter, como na analogia da lapidação da pedra bruta.

Visando intensificar este aprimoramento, ficam dispostos na loja o Painel Alegórico da Loja de Aprendiz, que fica no Oriente, na parede por trás do 1o Diácono e o Painel Simbólico do Grau de Aprendiz, sendo este, exposto no Ocidente, de frente para o Altar dos Juramentos.

Para esta peça de arquitetura, se dará maior ênfase ao Painel da Loja, sendo que neste, figuram como principais símbolos, as Colunas Gregas, o Piso Mosaico, o Altar dos Juramentos e sobre este, o Livro da Lei; as Pedras Bruta e Cúbica, a Escada de Jacó e sobre ela, a Cruz Latina, a Âncora e a Mão empunhando a Taça; Estrela Flamejante, o Sol e a Lua e as Estrelas, a Orla Dentada e as Quatro Borlas da Corda de 81 nós.

As três colunas, das três grandes ordens arquitetônicas gregas – Dórica, Jônica e Coríntia – são as que simbolicamente, sustentam a loja de Aprendiz Maçom.

A coluna dórica é a coluna clássica da arquitetura grega, não possui base e com um capitel simples, era esta para os antigos gregos, a personificação da Força do homem e por isso, é designada ao 1o Vig∴, responsável pela Coluna da Força, sendo esta, a representação de Hiram, rei de Tiro, por seus esforços empenhados em auxiliar os trabalhos de construção do Templo de Jerusalém, fornecendo homens e materiais.

A coluna Jônica, mais esbelta, possui uma base e um capitel trabalhado com quatro volutas, para os antigos gregos, era símbolo da sabedoria feminina, atribuída à figura da deusa Atena (Minerva para os romanos), sendo esta coluna, assimilada pelo Ven∴M∴, personificação da Sabedoria. É também, a ela atribuída, a representação de Salomão, por sua sabedoria em criar um Templo dedicado aos desígnios de Deus.

A coluna Coríntia, por sua vez, possui o capitel de maiores detalhes e acabamentos, é a representação da Beleza, sendo esta, designada ao 2º Vig∴, responsável pela Coluna da Beleza, e ela, representando Hiram-Abif, artista designado a criar os acabamentos primorosos do Templo de Jerusalém.

O Piso Mosaico tem sua origem na cultura Sumeriana, povo oriundo da antiga Mesopotâmia. De acordo com alguns autores, deve rigorosamente ocupar todo o piso do templo, simbolizando, com seus quadrados
brancos e pretos, os opostos encontrados na vida do homem.

O Altar dos Juramentos é onde fica depositado o Livro da Lei e onde são realizados os juramentos ritualísticos da ordem. É ele que corresponde ao Santo dos Santos, do templo de Jerusalém emé este, o local mais íntimo e de maior conteúdo místico do Templo Maçônico.

O Livro da Lei, ao lado do Esquadro e do Compasso, é o principal das três grandes luzes emblemáticas da Maçonaria, simbolizando a lei divina, podendo ser a Bíblia cristã, o Corão muçulmano, a Tora hebraica, o Avesta hindu, entre outros.

Dentre os símbolos encontrados no Painel, temos a Pedra Bruta, objeto do trabalho de Apr∴M∴, tendo que ser esta, desbastada e esquadrejada, para ser transformada em Pedra Cúbica, polida e regular. Esta transição, de pedra bruta para cúbica, simboliza o esforço do Apr∴em aperfeiçoar seu caráter e espírito, bem como fortalecimento de sua integridade e de seus princípios, sendo que este evoluir, dependerá muito dele próprio, mas também do apoio de seus MM∴, para que ele não permaneça em estado de estagnação.

Também encontramos no Painel, a representação da Escada de Jacob, com os símbolos ascendentes das três virtudes teologais: a Cruz Grega, representando a Fé, a Âncora, que representa a esperança e o Cálice ou Graal, simbolizando a caridade. Trata-se de uma referencia bíblica, onde Jacob teria visto em sonho, uma escada o céu, sendo ela o caminho a percorrer todo aquele que fosse dotado das três virtudes (fé, esperança e caridade). Os degraus são em números de sete, sendo este, segundo a concepção mística hebraica, o número perfeito, onde muitos autores viram relação com os sete dias da criação, ou com os sete planetas conhecidos na antiguidade, o que lhe daria um sentido astrológico.

No topo da Escada de Jacob, encontra-se a Estrela Flamejante, esta com sete pontas, simbolizando as sete principais direções em que se move lentamente toda vida, até sua completa união com a divina; os sete raios ou emanações, com que Deus encheu o Universo com a luz de sua vida, (sete períodos ou dias simbólicos); os sete espíritos ou Ministros ante o trono do Senhor (Apocalipse - 1:4); as sete estrelas simbolizando os sete poderes misteriosos adquiridos pelo Homem Perfeito, o Senhor da vida e da morte (Apocalipse – 1:16).

Também podemos observar a presença do Sol, sendo a ele atribuído a figura de Apolo, da mitologia greco-romana, como deus do Sol e da Luz. Para a Maçonaria, simboliza a luz do conhecimento, do esclarecimento e engrandecimento mental e intelectual, tendo esta definição encontrado base na Alquimia, que muito influenciou a mística maçônica, simbolizando o constante renascer, para que o neófito possa percorrer o caminho do aperfeiçoamento e do conhecimento, visando o constante evoluir ou a busca pela perfeição, tendo este seu lugar no Or∴. Na correspondência cósmica dos cargos em Loja, é representado pela figura do Orad∴.

A Lua representa a alma, assim como o Sol, simboliza o espírito; a ela fora atribuído à figura da deusa Ísis, sendo esta, a grande iniciadora da alma nos mistérios do espírito. Esta fica no Oc∴, em meio às trevas, visando demonstrar a caminhada iniciática do Apr∴, das trevas em direção a luz, tendo na figura do Secr∴, a correspondência cósmica dos cargos. Em ambos os casos, a figura destes dois elementos, podem ter sua representatividade no retábulo do Or∴.

A Orla Dentada representa o princípio da atração universal, simbolizada pelo Amor, sendo ela, com seus inúmeros dentes, a representação da união dos Obr∴ , unidos e reunidos para aprimorar seus conhecimentos em busca de tudo aquilo considerado Justo e Perfeito, a fim de aplicar estes ensinamentos em prol do bem da humanidade em geral.

A Temperança, Justiça, Coragem e Prudência são representadas pelas Quatro Borlas da Corda de 81 nós, sendo dispostas de forma que cada uma delas, fique em um dos cantos da Loja, lembrando as quatro virtudes cardeais, que devem conduzir as ações de todo maçom, conforme a tradição de nossos antigos Irmãos. As Borlas que representam a Justiça e a Prudência, de acordo com alguns autores, são dispostas na entrada do Templo, simbolizando a visão igualitária e progressista da Maçonaria, que está sempre em busca de novos Obr∴com disposição de contribuir para a evolução do Homem e para o engrandecimento da Humanidade.

Tudo que fora aqui descrito, somente vem a dirimir quanto ao que o Apr∴ deve esperar nesse início de jornada, buscando conhecer cada elemento que o cerca, visto que nada no Templo tem a mera função
ornamental, tendo que buscar em tudo que ali se faz e ali se vê, significados que servirão de ferramentas, visando auxiliá-lo no árduo trabalho de cada maçom, que a busca pela perfeição.

Fonte: JBNews - Informativo nº 203 - 18/03/2011

quarta-feira, 29 de março de 2023

AUTORIDADES INGRESSANDO APÓS A ORDEM DO DIA

(republicação)
Em 07/11/2017 o Respeitável Irmão Flávio Augusto Batistela, Loja Solidariedade e Firmeza, 3052, REAA, GOSP-GOB, Oriente de Dracena, Estado de São Paulo, apresenta a seguinte questão:

AUTORIDADES INGRESSANDO APÓS A ORDEM DO DIA

Mais uma vez recorro aos seus conhecimentos maçônicos, e desde já agradeço imensamente por sempre responder com gentileza e carinhos todas as minhas dúvidas.

Tenho visto Veneráveis Mestres, em sessões ordinárias, fazendo autoridades maçônicas entrarem após a Ordem do Dia, como emana o ritual.

Existe algo diferente para autoridades maçônicas? 

Pergunto isso, não por excesso de preciosismo, por achar que as autoridades maçônicas estão em um patamar superior, mas por uma questão até de desenvolvimento de função. Por exemplo, acho estranho deixar o Coordenador Regional, que tem como função visitar as Lojas orientando e checando se tudo está caminhando bem nas sessões, fazê-lo entrar após a Ordem do Dia.

Em sessões magnas obviamente não há dúvidas, pois o ritual é claro no sentido de que as autoridades entram após a abertura da Loja. 

CONSIDERAÇÕES:

Todas as autoridades maçônicas têm o direito de ingressar no Templo conforme o protocolo de recepção, embora elas também possam, por sua própria vontade, ingressar em família, isto é, por ocasião de ingresso dos obreiros no Templo para a abertura dos trabalhos e dispensando as formalidades.

Assim, a questão não é do Venerável Mestre “fazer” as autoridades ingressarem após a Ordem do Dia conforme configura o Ritual, mas do desejo das próprias autoridades entrarem em família, pois não cabe a ninguém sugerir ou impor a elas algo contrário nesse sentido.

Há que se notar também que o próprio ritual menciona essa possibilidade quando dá orientações para a abertura dos trabalhos, tanto em Sessão Ordinária como Magna. Assim prevê o Ritual de Aprendiz do REAA/GOB em vigência nas orientações para abertura ritualística, páginas 43 e 85:

(...) Visitantes, que, tendo direito ao Protocolo de Recepção às Autoridades, desejem (o grifo é meu) entrar “em família” e (...).

Obviamente que tudo é uma questão de bom senso por parte da autoridade, sobretudo numa Sessão Ordinária realizada à noite e em meio de semana, levando-se em conta a demanda de tempo para a recepção protocolar. 

Dando por concluído, penso que muitas vezes essas práticas contradizem um dos verdadeiros ensinamentos da Ordem - o do exercício da humildade. Talvez seja por isso que encontramos Orientes demasiadamente espaçosos em algumas das nossas Lojas.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br

MINUTO MAÇÔNICO

BEM-AVENTURANÇA

1º - Bem-aventurados os MAÇONS que tem um coração de pobre, porque deles é o reino dos céus!

2º - Bem-aventurados os MAÇONS que que tem fome e sede de justiça, porque serão saciados!

3º - Bem-aventurados os MAÇONS misericordiosos, porque alcançarão a misericórdia!

4º - Bem-aventurados os MAÇONS que são perseguidos por causa da justiça, porque eles ganharão o reino dos céus!

5º - Bem-aventurados os MAÇONS pacíficos, porque serão chamados filhos do Grande Arquiteto do Universo!

Fonte: http://www.cavaleirosdaluz18.com.br

A CALÚNIA

Um dos graves defeitos do ser humano é caluniar.

A calúnia consiste em atribuir a alguém fato definido como crime, atingindo a honra alheia; na maioria das vezes tem raízes na falsidade.

Constitui no Brasil um crime previsto no Código Penal; em certas ocasiões, as ofensas caluniosas são punidas mesmo que surja a exceção da verdade, pois o espírito do legislador foi o de preservar a sociedade.

Atribuir a alguém, em público, a alcunha de ladrão, mesmo que o seja, está atingindo toda a sociedade; se alguém rouba, o certo é chamá-lo às barras do tribunal.

Os regulamentos maçônicos são rígidos a respeito do caluniador. 

O maçom deve pensar várias vezes antes de, em um ímpeto nervoso, chamar alguém de criminoso.

Se... esse alguém for um irmão, o delito torna-se mais grave e o ofensor está sujeito às penas da lei maçônica.

Quem cultiva o amor fraterno jamais cometerá a leviandade de caluniar o seu próprio irmão.

Paralelamente ao impulso fraterno está a tolerância, que é uma das maiores virtudes maçônicas.

Fonte: Breviário Maçônico / Rizzardo da Camino, - 6. Ed. – São Paulo. Madras, 2014, p. 81.

terça-feira, 28 de março de 2023

CIRCULAÇÃO DO SEGUNDO DIÁCONO

(republicação)
Em 06/11/2017 o Respeitável Irmão Rogério Romani, Loja Berço dos Bandeirantes, 692, REAA, GLESP, Oriente Santana da Parnaíba, Estado de São Paulo, formula a seguinte questão:

CIRCULAÇÃO DO 2º DIÁCONO

Tenho uma duvida sobre a marcha do 2º Diácono ao dirigir-se na coluna do Primeiro Vigilante para receber a P⸫ S⸫ Seria por fora ou por dentro da coluna B⸫?

E quando o mesmo 2º Diácono marcha em direção do Altar do Segundo Vigilante para transmitir a P⸫ S⸫ seria por fora ou por dentro da Coluna B⸫?

CONSIDERAÇÕES:

Eu não sei exatamente o que menciona o Ritual da GLESP nesse particular, mas originalmente no REAA⸫ não existem essas perambulações dos Diáconos por fora de coluna e nem ao redor da mesa dos Vigilantes.

Na verdade, as Colunas B⸫ e J⸫ são vestibulares (de vestíbulo) e genuinamente deveriam estar colocadas no Átrio, portando pelo lado externo da porta do Templo.

Como infelizmente existem rituais brasileiros que equivocadamente ainda as colocam pelo lado interno, então que se diga que as mesmas demarcam o limite do Ocidente, ou seja, sob o ponto de vista do Oriente para o Ocidente, pressupõem-se que tudo que estiver além delas estará fora do ambiente de trabalho.

Partindo dessa premissa, também não deve existir passagem “por fora” delas, pois insistir nesse anacronismo aumenta ainda mais a imprecisão da localização dessas Colunas que, no rigor da razão, deveriam estar posicionadas pelo lado externo da porta.

Concluindo, devo mencionar que a objetividade da minha resposta se prende àquilo que é original no REAA⸫, portanto as minhas colocações não visam em absoluto afrontar nenhum ritual em vigência.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br

A PRISÃO DE ANDERSONVILLE


Esta imagem é uma representação da prisão de Andersonville (Estados Unidos) por John L. Ransom, um ex-prisioneiro.

A prisão de Andersonville existiu durante a Guerra Civil Americana e foi considerada por muitos, como a pior das prisões de ambos os lados da Guerra. Localizava-se na Geórgia. Tinha capacidade para abrigar cerca de 10 mil prisioneiros e era equipado com o mínimo de acomodações. No entanto, depois de um ano de atividade, o lugar abrigava quatro vezes sua capacidade máxima e a condições eram precárias. Faltavam roupas, espaço, e os encarcerados morriam por conta de doenças ou fome.

A prisão ainda contava com seu próprio sistema de justiça, com juiz e júri de presos para manter uma relativa paz no lugar. Os julgamentos aconteciam contra os grupos que atacavam e roubavam os mantimentos dos outros.

Um militar chamado John McElroy, da 16ª Cavalaria de Illinois, foi capturado na época pelas Forças Confederadas e enviado para Andersonville. Ele observou que, no meio de tantos presos, vivendo de forma desumana e precária, os prisioneiros maçons eram os poucos que tomaram a frente para fazer ações humanitárias dentro da prisão.

Os guardas (muitos deles iniciados), forneceriam aos prisioneiros maçons, alimentos e medicamentos extras, que eram imediatamente distribuídos entre os reclusos (maçons ou não) mais debilitados e em situações extremas.
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Observando este comportamento, um soldado chamado J. L. Hinley, da Cavalaria de Massachusetts, escreveu depois da guerra: "Eu não fui maçom durante a guerra, mas o que vi ali, promovido pelos maçons, induziu-me a aderir à Ordem e fui iniciado na Maçonaria em 1866".
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Este é apenas um de muitos exemplos que a historiografia maçônica nos mostra sobre a fraternidade e caridade entre maçons durante a Guerra Civil Americana. Eles mostram que os laços de fraternidade transcendem a divisão que causou este terrível período da História dos Estados Unidos.

Fonte: Facebook_Curiosidades da Maçonaria

segunda-feira, 27 de março de 2023

TELHAMENTO. O QUE SIGNIFICA

Em 07/11/2022 o Irmão Thiago Wu, Aprendiz Maçom da Loja 3 de Maio, 4323, Rito Brasileiro, GOB-PR, Oriente de Santa Terezinha de Itaipu, Estado do Paraná, apresenta a dúvida seguinte:

TELHAMENTO

Conheci o trabalho e estudos do Sr. após o último ERAC Sudoeste.

Gostaria de perguntar sobre o tema que é meu trabalho de Aprendiz (O Telhamento, no Rito Brasileiro) pois vi em seu blog que já estuda há algum tempo sobre a matéria.

Os Irmãos de minha Loja sempre dizem que o telhamento é a parte já dentro de Loja em que o Venerável Mestre realiza o questionário aos visitantes, todavia, vejo que há grandes divergências no entendimento dos Irmãos de outros ritos e Orientes, pois chamam de telhamento o questionário inicial feito fora da Loja (no rito brasileiro chamamos isso de exame de um Irmão desconhecido), será que se trata de divergência por conta dos Ritos? Ou seria algum engano de alguma das partes?

CONSIDERAÇÕES:

De início, vale lembrar que a prática do “telhamento” não é exclusividade deste ou daquele rito maçônico. O ato de se praticar o telhamento a eventuais desconhecidos que se apresentem para os trabalhos é prática universal na Maçonaria.

Em relação à questão presentada, o que me parece é que toda a “turma” aí anda é mesmo equivocada, pois não existe essa de se relacionar a ação de um telhamento fora ou dentro do templo – tudo é telhamento.

Ora, a qualquer exame feito para se verificar a qualidade maçônica de alguém, seja na parte interna ou externa do edifício que abriga a Loja, dá-se o nome de “telhamento”.

A palavra “telhamento” é um neologismo maçônico que se originou de telhadura – como está no dicionário da língua portuguesa; é a ação de cobrir com telhas.

Em Maçonaria, de maneira figurada, telhamento está diretamente relacionado à cobertura do Templo, isto é, cobrir no sentido de que ninguém possa de fora ver ou ouvir o que se passa no seu interior.

A cobertura do recinto de trabalho maçônico é muito antiga e é originária dos tempos da Maçonaria Operativa ou de Oficio (nossos ancestrais).

Desse modo, as corporações de ofício da Idade Média guardavam os planos da obra debaixo de sete chaves. O segredo profissional e do processo de construção de uma catedral, por exemplo, era estritamente observado, sobretudo porque envolvia os trâmites de negócios financeiros da corporação. Exigia-se segredo absoluto.

Sob o segredo profissional também havia uma severa vigilância, principalmente para que ao cowans[1] não interferissem na qualidade dos trabalhos.

Assim, quando um intruso era apanhado espionando algo no canteiro de obras, como castigo, geralmente o curioso era então amarrado e conduzido para debaixo das calhas de águas pluviais onde, como pela pelo delito, se submetia às águas geladas oriundas das chuvas que ocorriam nas baixas temperaturas, comuns no norte da Europa.

Graças a isso, o vocábulo telhamento se relacionou diretamente com a cobertura do recinto, ou o lugar onde a chuva não penetra. Essa é a origem do termo “goteira” que é dado na Maçonaria a um não iniciado que se aproxima.

Desse modo, nessa conjuntura os substantivos goteira, telhamento e cobertura são interligados, já que notadamente nessas circunstâncias o edifício que abriga a Loja é coberto por telhas, não por trolhas.

No argumento prático da liturgia maçônica, o templo é coberto pelo Cobridor, oficial que na Maçonaria latina tem por ofício "cobrir" os trabalhos da Loja. Na Maçonaria de origem inglesa esse oficial é o Tyler - de telhador.

Vale então dizer que em Maçonaria, qualquer ação ou prática que envolva o exame para a verificação da qualidade maçônica de alguém, chama-se “telhamento”.

Houve tempo em que graças a uma tradução errada dizia-se que telhamento era o trolhamento. Na verdade, o termo trolhamento está relacionado à trolha que é a desempenadeira utilizada pelo pedreiro para se servir da argamassa e para alisar as superfícies das paredes rebocadas. Dá-se também o nome de trolha à colher que o pedreiro utiliza para assentar pedra e tijolos na elevação das paredes. Em Maçonaria, a trolha é um instrumento que simbolicamente alisa, ou seja, elimina eventuais rusgas que porventura possam existir entre os Irmãos. Já a o telhamento é o ato de telhar, ou cobrir com telhas.

À vista disso, “telhamento” também é o nome dado ao questionário aplicado ritualisticamente pelo Venerável Mestre aos visitantes desconhecidos.

Para concluir, quem cobre o templo é o Cobridor e, diante disso, quando alguém se retirar dos trabalhos, temporária ou definitivamente, diz-se que esse alguém teve para si o templo coberto (pelo Cobridor). Portanto, é equivocada a forma de se dizer que é o retirante quem cobre o templo. Como dito, quem cobre é o Cobridor.

(*) Cowan – palavra originária de um dialeto praticado na Escócia e significa aquele que assenta pedras sem argamassa. Em linhas gerais era o profissional de qualidade inferior e que apenas empilhava pedras na construção de muros.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

RITO MODERNO

Renato Rodrigues da Silva
ARLS Estrela Vicentina no 2156 do Rito Moderno

O Rito Moderno ou Francês, segundo rito a ser praticado no Brasil (a partir de 1821),foi criado em 1761, segundo consta, com a finalidade de se libertar das influências da Maçonaria Inglesa que predominava na França, naquela época. Foi reconhecido e adotado pelo Grande Oriente da França em 24 de dezembro de 1761, mas sua implantação definitiva só se deu em 09 de março de 1773, pelo então Grão-Mestre Duque de Cartres, Felipe de Orleans.

Com a aprovação da proposição do Rev. Desmons que estabelecia a retirada da Biblia do Altar dos Juramentos e substituída pelo livro da Lei Maçônica, suprimindo a expressão "Grande Arquiteto do Universo" dos cabeçalhos de todos os documentos e Atas do Grande Oriente, a Grande Loja Unida da Inglaterra excomungou o Rito Moderno contando relações com o Grande Oriente da França.O principal argumento era de que o Rito Moderno era um rito ateu. Embora a intenção fosse deixar que os problemas de ordem metafísica continuasse sendo de foro íntimo de cada um.

Trabalha, atualmente em sete graus:
  • Aprendiz;
  • Companheiro;
  • Mestre;
  • 1ª Ordem - os Eleitos;
  • 2ª Ordem - Escocês;
  • 3ª Ordem - Cavaleiros do Oriente;
  • 4ª Ordem - Rosa-Cruz.
Origens do Rito Moderno

Para se falar das origens do Rito Moderno, deve-se começar pelas origens da Maçonaria na França.

Em 1517, foi fundado em Paris o “Colégio Francês”. Os membros originais deste colégio vinham da Península Itálica onde faziam parte de instituições conhecidas como “academias”, que tinham pessoas do porte de Leonardo da Vinci, entre outros, como seus membros. As características destes membros era serem contra os dogmas do papado e contra a interferência da Igreja no Estado. Este colégio floresceu na França com o reinado de Francisco I, e pode ser considerado o primeiro agrupamento maçônico especulativo no mundo. Porém, com a morte de Francisco I, houve um acirramento religioso na França, principalmente em reação à Reforma de Martinho Lutero. A nascente maçonaria especulativa passou a ser perseguida justamente por ser movida pela razão, e não por dogmas, e teve de se refugiar na Inglaterra, onde havia mais tolerância religiosa. A história da Maçonaria, na França, entra então num hiato, pois o centro dos acontecimentos maçônicos se transfere para a Inglaterra.

Em 1649 houve uma guerra civil na Inglaterra, que culminou com a decapitação do Rei Carlos I, da dinastia Stuart, e a adoção temporária de um modelo republicano por parte da Inglaterra. Exilados políticos que eram partidários dos Stuarts se refugiaram na França e abriram lojas maçônicas. Estas lojas passaram a ser chamadas de lojas “escocesas”, porque os partidários dos Stuarts eram escoceses.

A república inglesa, se podemos chamar assim, dura até 1660, quando a monarquia é restaurada e os partidários desta efêmera república são obrigados a se exilar na Holanda. Levavam consigo a experiência inédita de poderem ter julgado e sentenciado um rei que julgaram desleal ao país e aos seus súditos, e de terem abolido o poder da Igreja, confiscando seus bens – ou seja, conseguiram contestar o absoluto poder vigente, dando um exemplo de liberdade. Na Holanda, gravitando em torno das lojas maçônicas de lá, lançam as sementes do que depois foi conhecido como Iluminismo. Este movimento passa, por volta de 1715, também para a França, através das idéias de John Toland.

Em 1717 houve a criação da Grande Loja de Londres – ou seja a criação da Maçonaria conhecida hoje como “Maçonaria Moderna”. E em 1726 começam a chegar à França lojas maçônicas também vindas da Inglaterra, já filiadas a esta Grande Loja. Passou a haver então, na França, dois tipos de lojas: as “escocesas”, fundadas pelos partidários dos Stuarts, e as “inglesas” (ou “modernas”), filiadas à Grande Loja de Londres, além da influência ideológica daquilo que viria a se chamar futuramente de Iluminismo. Temos aqui as 3 grandes influências na Maçonaria Francesa do século XVIII: A maçonaria dita “stuartista”, mais tradicional e teísta; a maçonaria dita “moderna”, deísta e com tendências racionalistas, bem como as influências iluministas.

Em 1738, é fundada a Grande Loja da França, fazendo com que a Maçonaria francesa passasse para a mão dos próprios franceses, já que até então eram os escoceses e ingleses que a dominavam. Os grãos-mestres passam a ser franceses e esta Grande Loja da França sofre grande resistência da Grande Loja de Londres, que queria manter a maçonaria francesa sob sua tutela.

Em 1772, a Grande Loja da França foi extinta, e no seu lugar foi criado o Grande Oriente da França, o primeiro Grande Oriente do mundo. Foi este Grande Oriente que criou o que é chamado de “democracia maçônica”, onde há um poder central assessorado e vigiado por um corpo legislativo formado por deputados de todas as lojas (deputados estaduais, para os Grandes Orientes estaduais, e federais para os Grandes Orientes nacionais).

Antes disso, em 1761, o Rito Moderno, ou Francês, já havia sido criado. O motivo da sua criação foi colocar ordem na anarquia então reinante, onde havia diversos ritos com inúmeros graus, criados muitas vezes com o objetivo de vender paramentos, jóias e títulos. O Rito foi criado originalmente com apenas os 3 graus simbólicos – aprendiz, companheiro e mestre – o que causou reclamação, pois havia maçons que queriam enveredar pelo filosofismo. Então, em 1782, o Grande Oriente da França criou uma Comissão, chamada de Câmara dos Ritos, para dotar o Rito com a essência dos graus filosóficos o que culminou, após acalorados debates, em 1786, com a adoção de mais 4 graus filosóficos – Eleito, Eleito Escocês, Cavaleiro do Oriente ou da Espada e Cavaleiro Rosa Cruz. Uma das características deste novo rito foi se manter fiel às Constituições de Anderson, de 1723, e de ter retirado de seus ensinamentos coisas que não eram originais da Maçonaria. Os escocesistas, descendentes da maçonaria trazida pelos Stuarts, reagiram à esta redução dos altos graus, pois queriam ir justamente em sentido contrário, aumentando o número de graus, e criaram o que hoje conhecemos como R.E.A.A. que, portanto, não é escocês quanto à origem, mas também francês e com posteriores influências norte-americanas.

Há uma certa controvérsia quanto à origem do termo “Moderno”. Alguns autores afirmam que este termo vem da criação, em 1751, de uma loja na Inglaterra chamada de Grande Loja dos “Antigos”. Se auto-intitulavam assim porque se julgavam em oposição aos maçons de 1717, que foram os fundadores do que é chamado de Maçonaria Moderna. Ou seja, o Rito Francês-Moderno teria sido criado com o objetivo de se manter fiel à maçonaria moderna criada pelo movimento de 1717, que estava sendo desfigurada pela criação desordenada de graus, e não por ter sido um rito que tenha criado alguma “modernidade” por si só. De fato, no que diz respeito aos graus simbólicos, o Rito Moderno é o mesmo rito que a Grande Loja da Inglaterra praticava em 1717. Já outros autores afirmam que não o termo não tem relação com os “modernos” de 1717.

De resto, as características principais do Rito Moderno são a defesa intransigente da liberdade de consciência, a condenação de qualquer tipo de tirania e absolutismo , o laicismo, o agnosticismo, a tendência filosófica humanista e padrões de pensamento racionais e científicos.

O Rito Moderno continuou conforme foi criado até 1877, quando o Grande Oriente da França lhe fez uma reforma, que aboliu a exigência da crença em Deus e na imortalidade da alma. Isto gerou forte reação por parte da Grande Loja da Inglaterra, que decretou o Grande Oriente da França como irregular, acusando-o de ateísmo e materialismo. Essa acusação acabou caindo, por extensão, ao Rito Moderno, que é muitas vezes julgado como um rito ateu e materialista por quem não o conhece com a mínima profundidade. Basta, para isso, verificarmos que o 18o grau do R.E.A.A, que é considerado o grau mais espiritualista do escocesismo, nada mais é do que o 7o grau do Rito Moderno. Desta forma, como chamar o Rito Moderno de materialista ?

No caso do Grande Oriente do Brasil, que é reconhecido como regular e legítimo pela Grande Loja da Inglaterra de acordo com os termos de um tratado de 1935, a exigência da crença em Deus continua, apesar de, fiel ao laicismo, não existir invocação ao Grande Arquiteto do Universo nas sessões do Rito Moderno feitas nas lojas do GOB. Apesar de ser, atualmente, minoritário no Brasil, o Rito Moderno é o 2a Rito mais praticado no mundo; e é também, ou deveria ser, o Rito oficial de todos os Grandes Orientes do mundo, inclusive o do Brasil – ou seja, as cerimônias e sessões oficiais dos Grandes Orientes devem ser todas realizadas no Rito Moderno.

Quanto ao Brasil, não se sabe exatamente quando este Rito chegou aqui, e ainda há controvérsias se realmente teria sido o primeiro rito a chegar, pois há quem afirme ter sido o Rito Adonhiramita. De qualquer maneira, os dois ritos existiam em Portugal e na França, e como era para um destes dois países que os jovens das classes mais abastadas iam estudar, lá acabavam sendo iniciados na Maçonaria e, ao retornarem ao Brasil, abriam ou se filiavam a lojas de um dos dois ritos.

Quando da Independência do Brasil, todas as lojas do então Grande Oriente Brasílico eram do Rito Moderno. D. Pedro I, apesar de ser maçom, tinha medo que a Maçonaria lhe afrontasse o poder, de forma que fechou o Grande Oriente Brasílico em 22 de Outubro de 1822, ou seja, logo após a Independência. Quando o Grande Oriente foi refundado, já com o nome de Grande Oriente do Brasil, após ter ficado fechado por quase 10 anos, todas as lojas que constituíram sua re-fundação também eram do Rito Moderno. E este Rito ficou sendo o Rito majoritário do Brasil por muito tempo, sendo um Rito importante na formação de diversas lideranças brasileiras do Século XIX, tendo tido destacada atuação na Independência do Brasil, nas leis que culminaram na libertação dos escravos (Lei Euzébio de Queiroz; Lei do Ventre Livre e a própria Abolição da Escravatura) e na campanha republicana.

Segundo o Ir∴ Alexandre Magno Carvalho, autor do livro “O Aprendiz no Rito Moderno”, ultimamente tem havido um ressurgimento do Rito Moderno no Brasil, com a abertura de novas lojas ou com a vinda de Irs∴ de outros ritos, já que por ser um rito laico, não gera constrangimentos de ordem religiosa.

Bibliografia:
  • Manual do Rito Moderno – José Castellani e Frederico Guilherme Costa Editora A Gazeta Maçônica
  • A Maçonaria Moderna – José Castellani - Editora A Gazeta Maçônica
  • O Aprendiz no Rito Moderno – Melkisedek (Alexandre Magno Camargo) Editora A Gazeta Maçônica
  • Fundamentos do Rito Moderno – José Francisco Simas
Fonte: JBNews - Informativo nº 202 - 17/03/2011

domingo, 26 de março de 2023

IRMÃO COM O QUITTE-PLACET VENCIDO

Em 07/11/2022 o Respeitável Irmão Mauro Noronha, Venerável Mestre da Loja Renascer, 3633, sem mencionar o nome do Rito, GOB-SP, Oriente de Caraguatatuba, Estado de São Paulo, pergunta o que segue:

QUITTE- PLACET VENCIDO

Por favor, me tira uma dúvida: numa Loja de Mesa, pode participar maçom não regular (quite placet vencido)?

CONSIDERAÇÕES:

Inicialmente eu gostaria de dizer que uma Loja de Mesa ocorre em Sessão Ordinária de Banquete Ritualístico, Art. 108, § 1º, VIII do Regulamento Geral da Federação, portanto trata-se de uma sessão restrita a maços regulares.

No que diz respeito à sua questão propriamente dita, embora não seja esse um assunto de liturgia e ritualística, porém de legislação maçônica, meus comentários não são laudatórios. Trata-se apenas de uma opinião. Oficialmente a resposta cabe a quem de direito – a Guarda dos Selos, por exemplo.

Assim na minha simples apreciação é que se o Quitte-Placet estiver vencido, isto é fora do prazo determinado pela legislação, o portador do mesmo não poderá participar dos trabalhos devido a sua irregularidade, pois o Banquete Ritualístico ocorre em uma sessão Ordinária, ou seja em Loja regularmente aberta.

Para concluir, entendo que portador de Quitte-Placet vencido, para participar de uma sessão exclusiva para maçons precisará antes pedir a sua regularização.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

O SHANTI PARVA

Aqueles que não têm reverência pela virtude são tão vis entre homens como grãos sem sementes entre cereais ou o mosquito entre aves. Aquilo que está ordenado em consequência das ações de uma vida passada persegue o ator mesmo que o último se esforce o melhor que pode para deixá-lo para trás. Isto é, mesmo se ele procura evitá-lo.

Aquilo dorme quando ele dorme e faz qualquer outra coisa que ele faça. Isto é, se torna seu associado inseparável. Como sua sombra aquilo descansa quando ele descansa, procede quando ele procede, e age quando ele age. Quaisquer atos que um homem faça ele seguramente tem que obter os resultados deles.

A Morte está arrastando todas as criaturas que estão certamente destinadas a cair para as classes de existência que elas merecem e que sem dúvida estão sujeitas a desfrutar ou sofrer aquilo que foi ordenado como a consequência de seus atos. As ações de uma vida passada desenvolvem suas consequências em seu próprio tempo assim como flores e frutos, sem esforços externos de qualquer tipo, e nunca deixam de aparecer quando chega a hora certa.

Depois que as consequências, como ordenadas, das ações de uma vida passada, se esgotam por meio de prazer ou sofrimento, honra e ignomínia, lucro e perda, decadência e crescimento não fluem mais ou aparecem em relação a alguém. Isso acontece repetidamente .Uma vez que as consequências dos atos de uma vida passada são esgotados, a criatura com respeito a quem tal esgotamento ocorre, está livre de todas as vicissitudes da vida. No entanto, para que tal criatura não se torne emancipada, a visão ortodoxa é que é sempre deixado um resto de mérito e demérito, para que um novo nascimento possa acontecer e as consequências do que é assim deixado como um resto possam começar a serem desfrutadas ou sofridas.

Uma criatura enquanto ainda no útero da mãe desfruta ou sofre a felicidade ou a tristeza que foi ordenada para ela em consequência de suas próprias ações. Na infância ou juventude ou velhice, em qualquer período da vida no qual alguém faça uma ação boa ou má, as consequências dela com certeza a visitarão em sua próxima vida exatamente no mesmo período.

Como um bezerro reconhece e se aproxima de sua mãe mesmo no meio de mil vacas, assim mesmo as ações de uma vida passada reconhecem e visitam o fazedor em sua nova vida. Lavado em água um pedaço de tecido sujo fica limpo. Similarmente, homens queimando de arrependimento obtêm felicidade infinita por meio de penitências apropriadas.

PS: O Shanti Parva é o décimo segundo dos dezoito livros do épico indiano Mahabharata. Tradicionalmente tem 3 partes e 365 capítulos. A edição crítica tem 3 partes e 353 capítulos. É o livro mais longo entre os dezoito livros do épico. Wikipedia (inglês)

Fonte: Facebook

sábado, 25 de março de 2023

CONSTRUÇÃO GEOMÉTRICA DO TEMPLO MAÇÔNICO

Em 06.11.2022 o Respeitável Irmão Daniel Lins de Sales, Loja Brasil, 953, GOB-RJ, REAA, Oriente do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, apresenta as questões seguintes:

CONSTRUÇÃO GEOMÉTRICA DO TEMPLO

Tenho dúvidas relação ao átrio do templo - REAA/GOB:

1-Na planta do templo, página 22, foi empregada a proporção áurea com números de Fibonacci? Pois, vejo uma semelhança das disposições dos três retângulos: (sala dos passos perdidos + átrio + sala da loja) com as imagens de proporções áureas com números de Fibonacci.

2- O átrio deve ter uma foto do Grão-Mestre Estadual semelhante aos antigos costumes de repartições públicas?

3- O átrio é o local mais apropriado para o Pavilhão Nacional com a loja fechada?

4- O átrio é o local mais apropriado para as “estrelas” e também das “espadas”?

5- O piso e a parede do átrio devem ser correspondentes à sala do templo (cor e tipo de piso)?

6- A Câmera da reflexão pode ser adjacente ao átrio ou deve ficar fora do templo (considerando templo = sala dos passos perdidos + átrio + sala da loja)?

7- A porta da interface átrio/sala da loja deve corresponder ao painel do Grau de Aprendiz (três degraus + delta com a letra IOD + colunas vestibulares da ordem Coríntia)?

CONSIDERAÇÕES:

Atualmente, no REAA recomenda-se que o templo maçônico (onde se realizam os trabalhos) corresponda a um espaço retangular de tal modo que esse retângulo seja o resultado de três quadrados unidos. Originalmente, os primeiros rituais do rito recomendavam que a parede oriental fosse construída de modo semicircular (meio-círculo) a partir da largura do retângulo. Atualmente não existe mais essa exigência.

Desse modo, a composição do quadrângulo pertinente ao templo, geralmente se divide em um quadrado para o Oriente, um quadrado e meio para o Ocidente e o meio quadrado restante para o Átrio.

A questão da proporção áurea de Fibonacci foi sobejamente utilizada por arquitetos na construção de grandes catedrais da Idade Média. Graças a isso, e porque talvez essas catedrais na sua grande maioria tenham sido construídas por maçons operativos, nossos ancestrais, logo muitos autores iriam associar os números da constante de Fibonacci à construção de templos maçônicos.

Todavia, não há comprovação para isso, embora as igrejas, junto com o parlamento britânico, tenham servido de modelo para a construção do primeiro templo da Moderna Maçonaria que fora construído e inaugurado em Londres no ano de 1776.

As lojas maçônicas no período operativo não possuíam decoração e limites simbólicos como os que atualmente são utilizados pelos ritos maçônicos. As lojas na realidade eram as oficinas de trabalho e serviam também como alojamentos para as corporações de ofício da Idade Média.

Com o advento da Maçonaria dos Aceitos, devido o declínio do Ofício, os Maçons especulativos, a partir do século XVII, se reuniam em tabernas, cujas salas da Loja alugadas e improvisadas estavam longe de seguir padrões de proporções áureas, por exemplo.

Assim, paulatinamente, com a profusão de ritos maçônicos no século XVIII, as Lojas começaram a edificar seus próprios locais de trabalho. Atualmente, por questões econômicas e racionais muitas Lojas, geralmente de um mesmo rito, ocupam um mesmo espaço que é alugado para cada dia da semana.

Também não se exige atualmente medidas e proporções, desde que o espaço comporte os trabalhos litúrgicos do rito.

No tocante à Planta do Templo constante da página 22 do Ritual de Aprendiz do REAA/GOB, ela é apenas um croqui esquemático para orientar a ocupação e decoração do recinto a ser utilizado para os trabalhos maçônicos. Nada que exerça o excesso de preciosismo.Não há necessidade. Nada consta a respeito no ritual de Aprendiz, dele o item 1.3 – Disposição e Decoração do Templo, página 21. Do mesmo modo, nada consta do SOR, Sistema de Orientação Ritualística do GOB hospedado na sua página oficial. Fica a critério da Loja.

É o espaço consagrado para essa finalidade. A maioria das Lojas assim procedem.

Idem.

Rigorosamente, conforme o ritual não há necessidade, contudo não exista óbice para tal. Na verdade, no caso do REAA, o átrio é parte contígua à sala da Loja (templo). Desse modo, muitas Lojas utilizam o pavimento mosaico também no átrio. Quanto à gradação da pintura das paredes no átrio, geralmente se segue o mesmo padrão utilizado nas paredes do interior da sala da Loja.

A Câmara de Reflexão pode ser estabelecida em qualquer lugar do edifício que abriga o templo, desde que fora do átrio e do recinto da Loja. Deve obedecer na sua constituição os critérios que lhe são característicos – sem janelas, decorada conforme o ritual e fique em um lugar discreto, longe das vistas de Irmãos curiosos.

Absolutamente não. Não existem degraus para a porta da sala da Loja. O pórtico constante no Painel e os três degraus são elementos simbólicos do Painel, nada tem a ver com a porta de entrada para recinto dos trabalhos.

Como referencial, o piso do átrio possui o mesmo nível do Ocidente da Loja. As Colunas Vestibulares B∴ e J∴ situadas no átrio (daí vestibulares - de vestíbulo) ladeiam a porta. Conforme consta no ritual de Aprendiz, página 21, as colunas são de estilo egípcio (na verdade babilônico). No REAA as Colunas Vestibulares não são de ordens de arquitetura grega.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

MAÇONS FAMOSOS


JOSÉ DE SOUZA MARQUES (Rio de Janeiro, 1894 — Rio de Janeiro, 1974). Educador, político, advogado, pastor e teólogo brasileiro. Era neto de escravizados, filho de trabalhadores humildes - pai marceneiro e mãe lavadeira - aos dezessete anos de idade, sem escolaridade, semianalfabeto, era prático nas artes da marcenaria e carpintaria, que aprendera com o pai.

Sendo de origem humilde, estudante negro num país recém saído da abolição da escravatura, numa situação incomum para sua época, com esforço e grande mérito conseguiu bacharelar-se em Ciências e Letras, no Colégio Batista do Rio, posteriormente tendo graduado-se em Teologia no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, na turma de 1922, com 28 anos de idade.

Foi pastor no Paraná durante algum tempo. Voltou ao Rio de Janeiro e formou-se em Direito. Em 1929 fundou uma Escola Primária que se transformou no Colégio Souza Marques, posteriormente integrado na Fundação Técnico-Educacional Souza Marques, na região de Cascadura, no Rio de Janeiro, que também mantém uma Faculdade de Medicina.

Seguindo uma tradição norte-americana, de militância de líderes cristãos na Maçonaria, foi um destacado membro do Grande Oriente do Brasil. Exerceu cargos importantes na administração maçônica, tendo sido inclusive presidente, por muito tempo, do Supremo Tribunal de Justiça Maçônico.

INICIAÇÃO MAÇÔNICA: 14 de abril de 1943.
Loja: Brasil nº 0953 (GOB), Rio de Janeiro, Brasil.
Idade que foi Iniciado: 49 anos.
Faleceu aos 80 anos de idade.

Fonte: Facebook_Curiosidades da Maçonaria

QUAIS SÃO OS INIMIGOS DO MAÇOM?

Sérgio Quirino

Saudações, estimado Irmão!

No artigo da semana passada (915 – Quais são os inimigos da Maçonaria?), deixamos claro que a Ignorância, o Fanatismo e a Ambição são a causa/origem das trincas e das quebras do Edifício Moral que é a Maçonaria. Entretanto as picaretas e as marretas desses inimigos são manuseadas pelos Maçons ("o mau está dentro de nós!").

Esse mal habita o Id de nosso aparelho psíquico. O Id, por sua vez, é formado por pulsões e desejos e desconhece juízo, lógica, valores, ética e moral. É exigente, impulsivo, cego, desobediente, irracional, antissocial e egoísta. Em outras palavras, são condutas desgraçadas que nos arrastam para o mal. As religiões as nominam como pecados.

E há uma relação maçônica interessante entre os Pecados Capitais, os Planetas da Antiguidade e o número sete. A ligação mais explícita é que, assim como os Pecados Capitais, também são sete os Planetas que "circundam a Terra", de acordo com as leis colocadas por Ptolomeu no primeiro século depois de Cristo.

O primeiro Pecado Capital é o ORGULHO, representado pelo SOL. Sua mensagem maçônica é de que podemos até ter orgulho do que somos e aonde chegamos para inspirar e iluminar o próximo. Porém muita luz cega, e ser orgulhosoé se queimar.

A PREGUIÇA, típica da LUA no perigeu da noite, faz-nos esquecer da Lei da Régua de 24 Polegadas.

Os SATURNINOS demonstram prudência em excesso, beirando a AVAREZA. Esta, muitas vezes, materializada nas notas de dois reais nos Troncos de Solidariedade.

O comedimento típico dos Maçons passa longe da GULA nos brindes a JÚPITER.

MERCÚRIO, viajando a 180 mil km/h, agita; é um vai e volta. A ambição calçada na INVEJA é o Maçom que acredita que está pronto. Acredita que já fez todas as "translações e as rotações" necessárias para ser o líder, porém tudo aconteceu no tempo dele, e não do grupo.

O planeta VÊNUS, por sua beleza, recebeu o nome da Deusa do Amor e da Beleza, os quais, mal direcionados, configuram a LUXÚRIA. Para além da conotação lasciva, encontramos a vaidade exposta em paletós que mais lembram fardas de generais sul-coreanos do que uniformes pretos que igualam aqueles que aspiram apenas ao título de Irmão.

O último e sétimo Planeta é MARTE, oposto de Vênus, representando a CÓLERA e a violência. E sabe onde encontramos tais vícios entre nós? Quando não cumprimos nossos juramentos! É a silenciosa manifestação da impetuosidade em não cumprir regras simplesmente por não haver o ganho pessoal nelas. Na Maçonaria, aprendemos que esse agente funesto traz má sorte e produz dor ou sofrimento moral.

Falamos, então, dos sete Pecados Capitais, dos sete Planetas da Antiguidade, de sete interações com a Maçonaria. E sobre o número sete? A que conclusão devemos chegar?

O numeral sete é o definidor de muitas métricas e sabedorias populares (cor do arco-íris, dias da semana, notas musicais etc.), simplesmente por representar a perfeição e a integralidade de tudo o que nos rodeia. O sete é a ponte entre o profano e o sacro.

TENDO PLENA CONSCIÊNCIA DO VÍCIO, A VIRTUDE SE TORNA MAIS PLENA.

Neste ­17º ano de compartilhamento de instruções maçônicas e provocações para o enlevo moral e ético dos Irmãos, permanecemos no nosso propósito maior de disponibilizar uma curta reflexão a ser discutida em Loja. O Ritual não pode ser delapidado. A Ritualística deve ser seguida integralmente. O Quarto-de-hora-de-estudo é fundamental em uma sessão Justa e Perfeita.

Sinto muito, me perdoe, sou grato, te amo. Vamos em Frente!

Fraternalmente.

sexta-feira, 24 de março de 2023

CIRCULAÇÃO E SAUDAÇÃO EM LOJA - REAA

O Respeitável Irmão Narciso João Pinto, Loja Fé e Trabalho, 635 e Milton Leite Bastos, 4338, ambas do REAA, GOB-PR, Oriente de Rio Negro, Estado do Paraná, apresenta as dúvidas seguintes:

CIRCULAÇÃO E SAUDAÇÃO EM LOJA

1 - Quando da circulação em Loja, ao subir e descer no Oriente, quando se faz a saudação? Somente depois da Loja aberta? E se faz a parada ou não?

2 - Ao final da sessão, após fechado o Livro da Lei, é necessária fazer a parada ao subir e descer do Oriente, ou pode ser com passos normais?

3 - Ao final da sessão, na saída dos Irmãos é necessária a circulação pelo painel, ou se pode sair direto (1º Vigilante, 2º Diácono, 1º Experto)

4 - Quando se ocupa cargos, os Mestres, usam a joia por cima da faixa, ou retiram a mesma e ficam só com o avental e a joia.

CONSIDERAÇÕES:

Primeiramente eu gostaria de salientar que muitas dessas questões podem encontrar respostas no SOR – Sistema de Orientação Ritualística do GOB implantado pelo Decreto 1784/2019 do Grão-Mestre Geral e publicado no Boletim Oficial do GOB nº 31 de outubro de 2019. O SOR encontra-se na página oficial do GOB e foi criado para atuar sobre os rituais.

Assim, segue-se o Ritual de 2009 e, sobre ele todas as orientações, adequações e correções que constam no SOR.

 Nesse sentido, destaco que o guardião dos rituais do GOB é o Grão-Mestre
Geral e ele tem poder para emitir Decreto corrigindo os rituais.

O acesso ao SOR é feito na plataforma do GOB RITUALÍSTICA através do nº do CIM do Irmão, da Palavra Semestral e de um dos PIN(s) do GOB CARD que será solicitado na ocasião do acesso.

Dito isso, seguem as respostas às suas questões.

1. A saudação pelo Sinal ao Venerável Mestre que é feita quando se acessa o Oriente, e dele se sai (página 42 do Ritual), somente ocorrerá em Loja declarada aberta. Nessa ocasião, se o obreiro estiver empunhando (segurando) um objeto de trabalho ou outro de ofício, ele fará apenas uma parada rápida e formal – sem meneios com a cabeça e sem inclinação do corpo. Estando com as mãos livres, saúda pelo Sinal na forma de costume.

Se a Loja não estiver aberta, o acesso e a saída do Oriente ocorrerá em se andando normalmente.

2. Como já explicado no item 1 acima, faz-se andando normalmente.

3. Como a Loja já está fechada não há circulação. Assim, em direção à porta, nessa ocasião cada um sai pelo lado que lhe seja conveniente. Tanto faz, ou pelo Norte, ou pelo Sul.

4. Exceto os Cobridores e os Expertos, os demais Oficiais e as Dignidades vestem apenas o avental e o colar com a joia distintiva do cargo. Mestres sem cargo usam, além do avental, também a faixa de Mestre.

Ressalte-se que os Cobridores e o Expertos usam a faixa sob o colar. Isto porque eles têm como instrumento de trabalho a espada. Desse modo, a faixa possui um dispositivo de metal na sua extremidade inferior para acondicionar a mesma (vide no Ritual de Mestre). Dessa forma, esses oficiais quando não estiverem empunhando a espada por dever de ofício devem mantê-las presas ao dispositivo da faixa. Admite-se também deixar a espada presa no aparelho que geralmente fica fixado atrás do espaldar da cadeira. Outros detalhes podem ser encontrados no SOR.

Ao concluir, vale também mencionar que está previsto no SOR o momento em que se iniciam as circulações em Loja. Nele orienta-se que no início dos procedimentos de abertura, assim que o Venerável Mestre solicita ajuda dos Irmãos para abrir a Loja (página 44 do Ritual de Aprendiz), a circulação passa a ser obrigatória, somente sendo dispensada após estar o Livro da Lei fechado no encerramento dos trabalhos. Circulação em Loja nada tem a ver com Sinais. A referência de quando devem se iniciar as circulações tem apenas o caráter de padronização dos trabalhos.


T.F.A.
PEDRO JUK
Secretário Geral de Orientação Ritualística do GOB/PODER CENTRAL
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

EM BUSCA DE NOVA IDENTIDADE MAÇÔNICA

Márcio dos Santos Gomes

O termo “identidade” tem uma diversidade de conceitos e, segundo várias fontes, é entendido como um conjunto de caracteres próprios e exclusivos que permitem diferenciar pessoas, animais, plantas, objetos, produtos, a cultura de um povo, entidades, uma empresa etc.. No seu sentido mais popular representa um documento legal que acompanha um indivíduo e atesta que é o próprio.

É muito comum termos acesso ao documento de identidade de uma pessoa e constatarmos que a foto é antiga e marcas do tempo distanciam as duas imagens, donde se conclui que nada é estático, que a mudança é uma consequência natural da vida.

Na Maçonaria, um conjunto de princípios, chamados os “Landmarks” da Ordem, por se tratarem das mais antigas leis que a regem, lhe conferem uma identidade imutável, sendo considerado os seus limites e que não poderiam sofrer modificações. Muitos dizem que sem eles a Maçonaria já não existiria ou teria tomados outros rumos. Porém, resguardando a sua essência, que a fez prosperar até os nossos dias, não se pode refutar que a Maçonaria recebe influências de época e passa por esse processo sutil de transformação.

Aqui não se pretende atacar a prática da tradição constante nos Rituais e no Simbolismo que se constituem na seiva que mantém a Ordem fortalecida desde o século XVIII e nem por isso sofre de obsolescência, face aos valores morais defendidos. É fato que novos ritos derivaram do original, mantidos os princípios, para atender a projetos de poder inevitáveis quando outros motivos se tornam imperiosos.

Desde sua estruturação em 1717, na forma como hoje a conhecemos, a Maçonaria sempre se posicionou politicamente identificando-se com causas nobres, lutas sociais e movimentos cívicos, revolucionários e libertários, que a fez prosperar até nossos dias, sempre combatendo a intolerância, os preconceitos, os privilégios e defendendo novas ideias. Por isso angariou também a antipatia de poderosos.

No contexto atual, apesar do conceito positivo junto àqueles que a conhecem, ainda é desconhecida por grande parte da população brasileira. No cenário político nacional não tem nenhuma representatividade e não exerce qualquer influência a exemplo da norte-americana ou da europeia, não obstante todo o capital intelectual e consciência de sua importância para as transformações necessárias à promoção da justiça social.

A prática de reverenciar as glórias do passado é por muitos vista como desgastada, sob o argumento de que o seu potencial hoje não é utilizado na sua plenitude, passando ao largo de temas palpitantes e gravosos da atualidade, apenas manifestando-se a sua inconformidade através de posicionamentos perante o povo e reafirmando compromissos históricos de recolocar a Ordem na linha de combate contra as mazelas que pipocam aqui e acolá, sem, contudo, comprometer-se efetivamente na busca de soluções. Comprometimento e envolvimento têm dimensões diferenciadas. Somente caprichar na retórica e bradar que alguém tem que tomar uma providência, de que do jeito que está não pode ficar, de que não dá mais para aguentar et cetera e tal, é muito confortável. O comodismo e o obsequioso silencio político da Maçonaria do Brasil precisam ser quebrados.

Esse cenário nos remete a um acontecimento histórico ocorrido em 13 de maio de 1968, em Paris, onde cerca de um milhão e meio de pessoas participaram de uma marcha contra o governo de Charles De Gaulle. O movimento começou com uma revolta estudantil e foi ampliado com a incorporação de trabalhadores, sindicalistas professores e comerciários e, entre os meses de maio e junho, mais de nove milhões de pessoas declararam greve. Entretanto, De Gaulle venceu as eleições realizadas em junho daquele ano e o movimento se viu derrotado pela então denominada “maioria silenciosa”. Mas o movimento ganhou um simbolismo e transformou-se em um marco das mobilizações políticas e influenciou inúmeras revoltas mundo afora, provocando rupturas e revisão de valores da sociedade.

Neste particular, seria injusto e deselegante deixar de destacar o papel da Grande Loja Maçônica de Minas Gerais, em face de sua permanente contribuição através de parcerias com os Governos do Estado e Municípios, que muita diferença tem feito em favor da Sociedade Mineira. Mas, recorrendo à abrasileirada metáfora de Aristóteles (384-322 a.C.), “uma andorinha não faz verão”. Como fica o Brasil?

É recorrente o argumento de que a Maçonaria brasileira não age como instituição, mas através dos Maçons, o que não comprova a sua história de verdadeiro partido político no passado. Essa realidade e as várias Potências em que se dividiu a Ordem, com destaque para as cisões de 1927 e 1973, com reconhecida perda de sinergias, nos relembra a necessidade de reflexão sobre o conceito de família unida representada pelo “Feixe de Esopo”, do fabulista grego de mesmo nome (séc. VI a.C), que relembra o combalido conceito de que a união faz a força.

Embora haja impedimentos regulamentares para discussão política partidária nas Lojas, dentre outros temas, nada obsta à promoção de debates públicos, fóruns de discussão, seminários, oferecimento de projetos e estudos, investimento em obreiros com potencial eleitoral e orientação do voto maçônico, que promovam o retorno da Maçonaria ao cenário político nacional, em especial na trincheira de combate às mazelas que desvirtuam os valores mais caros do nosso povo.

Para esse fim, torna-se inadiável para a Ordem no Brasil reaprender a traduzir em linguagem política os descontentamentos e anseios latentes em nossa sociedade, mostrando alternativas, ocupando espaços que permitam aos obreiros a reivindicarem, de forma organizada, as mudanças que todos exigem “como nunca antes na história deste país”, pois a perda de contato com a realidade paralisa a consciência crítica. O dramaturgo e poeta Bertolt Brecht (1898-1956) certa vez escreveu em uma poesia: “O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala. Nem participa dos acontecimentos políticos...”. Aquele pensador ainda reforçou: “Que continuemos a nos omitir da política é tudo o que os malfeitores da vida pública mais querem”.

Essa reflexão invariavelmente resvala na dúvida a respeito da identidade da Maçonaria. Teria ela se perdido nestes tempos de mudanças-minuto, ideias curtas e respostas rápidas? Atualmente, bastaria apenas parecer bonito e importante na foto? Restaria à Maçonaria no Brasil apenas um grande passado pela frente e permanecer contemplando-se no retrovisor da história?

E assim retomamos os questionamentos primitivos onde precisemos saber primeiro o que somos, para onde iremos, o que nos motiva, que questões nos unem e nos moldam. Sem isso a imagem no documento de identidade ficará cada vez mais irreconhecível em confronto com a realidade de quem a exibe.

“Não somos responsáveis apenas pelo que fazemos, mas também pelo que deixamos de fazer.” (Molière, dramaturgo francês)

Fonte: https://opontodentrodocirculo.wordpress.com