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PERGUNTAS & RESPOSTAS

O “Perguntas & Respostas” que durante anos foi publicado no JB News e aqui reproduzido, está agora no “Blog do Pedro Juk” . Para visita-lo ou tirar suas dúvidas clique http://pedro-juk.webnode.com/ ou http://pedro-juk.blogspot.com.br

terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

REAA - POSIÇÃO DOS COBRIDORES NA RETIRADA DO TEMPLO E OUTRAS QUESTÕES

Em 09.10.2022 o Respeitável Irmão Ronaldo Souza, Loja Guido Marlière, 66, REAA, GLMMG (CMSB), Oriente de Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, apresenta as seguintes questões:

POSIÇÃO DO GUARDA DO TEMPLO E OUTRAS QUESTÕES.

Amado irmão Pedro, me chamo Ronaldo Souza, sou Mestre Maçom, atualmente nos graus filosóficos 9 do REAA e iniciado no capítulo do Sagrado Arco Real do GOB. Sou obreiro da ARLS Guido Marlière 66 do oriente de BH/MG, atualmente no cargo de Mestre de Cerimônias.

Meu pai era maçom obreiro da ARLS Gonçalves Lêdo do GOB no oriente de BH/MG, portanto sempre estive rodeado pela atmosfera maçônica e sempre tive muito interesse pelos assuntos da ordem, resumindo, sempre fui muito “goteira” no melhor sentido da palavra.

Tenho consumido muito o conteúdo postado e abordado pelo irmão e tem me ajudado muito nos meus estudos e evolução dentro da ordem. Tenho muita necessidade de entender o porquê das cousas da ordem e não somente saber que elas existem e aplicadas (ritualística). Recentemente debati com alguns irmãos sênior de minha oficina sobre três temas específicos aos quais ainda não chegamos em unanimidade e gostaria muito da análise do irmão e de ouvir sua opinião sobre.

1) Qual a correta posição do G∴ T∴ na saída ritualística? No ritual da Grande Loja no REAA não é claro, na pg. 43 e 44 do Ritual de Aprendiz edição de 2017 (mais atual) no tópico Entrada e Saída diz: “o G∴ T∴ abrirá a porta e ficará próximo a Col J de frente ao préstito. O M∴ CCer∴ postar-se-á próximo a Col B de frente para o GT. Em relação a saída fala-se apenas que ela deve acontecer na ordem inversa da entrada dos irmãos, ou seja, sai o Ven∴ Mestre primeiro pelo Sul e sucessivamente na ordem inversa da entrada os demais irmãos, no entanto não deixa claro que o G∴ T∴ e o M∴ CCer∴ devem inverter suas posições em frente as CCol∴ J e B. Da mesma forma o Manual de Etiqueta & Protocolo Maçônico da Grande Loja REAA edição 2012 (mais atual) nas pg. 19 a 24 também não esclarece essa dúvida.

Minha dúvida existe devido ao que acontece após a leitura do expediente no Grau 1 quando o G∴ T∴ vai verificar a existência de irmãos retardatários no átrio e franqueia a entrada do C∴ Ext∴ ao Templo que “adentra discretamente e ocupa seu lugar junto à porta na Col∴ do N∴”, ou seja, Col∴ B.

Pensando que em nosso templos, ou na maioria deles, as colunas estão dentro do templo (um erro crasso mas completamente entendido) o C∴ Ext∴ estaria posicionado ali (Col B) quando da saída ritualística, portanto, ou o G∴ T∴ abre a porta e volta para o seu lugar agora com a espada repousada no ombro direito (a Loj está fechada) ou porta-se de pé ao lado do C∴ Ext∴ junto a Col∴ B.

Obs.: li um texto seu sobre isso no seu blog, mas a minha dúvida permaneceu.

2) Qual a sucessão lógica das Luzes quando de sua ausência temporária?

2.1 - Na ausência do Ven∴ Mestre em uma reunião (magna ou adm.) quem conduz deveria ser o 1º Vig∴ ou o ex-Ven∴ Mestre mais moderno? Lembrando que os irmãos 1º e 2º VVig∴ não foram instalados no trono de Salomão. Esta semana o Grão-Mestre da Grande Loja emitiu um Decreto informando que devido sua ausência a plenária seria conduzida pelo eminente Grande 1º Vig∴, se é automático a substituição qual a necessidade do Decreto?

2.2 - Na ausência temporária do 1º Vig∴ quem assume na Col∴ do N∴, é o 2º Vig∴ ou o 1º Exp∴, que via de regra deve ser um ex-Ven∴ Mestre mais experiente da Loja?

2.3 - Na ausência temporária do 2º Vig∴, quem assume na Col∴ do Sul, é 1º Exp∴, que via de regra deve ser um ex-Ven∴ Mestre mais experiente da loja ou fica a critério do M∴ de CCer∴ orientado pelo Ven∴ Mestre?

3) Qual o significado de bater a mão direita no avental para responder satisfatoriamente à pergunta do Ven∴ Mestre após o 1º Vig∴ falar do seu papel na Col∴ do Norte dizendo: “aqui tenho assento para fechar a loja, pagar os OObr∴ e despedi-los contentes e satisfeitos”. Mais uma vez no ritual do Grau 1 não deixa claro o motivo desta ação pelos obreiros, o que ela significa afinal, por que batem a mão e não simplesmente falam “estamos”, qual o simbolismo por detrás deste gesto? Alguma mensagem subliminar que os antigos maços operativos usavam para afirmar sua satisfação sem que fosse explicitamente verbalizado?

Vi que o irmão tem um texto em seu blog que aborda esse assunto falando inclusive da “ilharga”, fiz algumas pesquisas sobre o motivo de se bater a mão em avental e encontrei apenas explicações sobre “bate mão” que era um acessório (pano) essencial usado nas culinárias antigas pelos cozinheiros que era afixado ao avental, sua principal função era limpar e secar as mão durante a preparação dos alimentos para assim não sujar os panos de pratos e demais utensílios de cozinha. Fazendo uma analogia imaginei que talvez poderia ser uma prática similar para “limpar” as mãos sujas de terra, cimento e etc., devido ao serviço manual durante a construção do templo de Salomão para assim não “sujar” o seu pagamento (dinheiro) pelas mãos sujas do labor.

Enfim meu irmão, o assunto é vasto e cheio de detalhes, o que o torna mais fascinante ainda. Desde já agradeço a ajuda nos esclarecimentos.

CONSIDERAÇÕES:

Posição o Cobridor Interno - Em se tratando do REAA, não há formação de préstito para saída do Templo. Por ocasião da retirada, o Mestre de Cerimônias, do seu lugar em Loja (correto é na Coluna do Sul à frente do Chanceler), pede aos Irmãos que se retirem na ordem inversa da entrada, contudo sem formação. Isso é só uma condição pró forma pois os trabalhos já estão encerrados e não há critério de circulação, isto é, com a Loja fechada todos saem pelo Norte ou pelo Sul. Por sua vez, o Cobridor Interno permanece na Coluna so Sul e abre a porta para a passagem dos Irmãos.

Quanto ao Cobridor Externo, o mesmo se retira junto com os Irmãos Mestres em retirada. Não há necessidade de que ambos os Cobridores fiquem voltados um para o outro. Isso nada mais é do que mero excesso de preciosismo.

Durante a retirada sem formalidades, o penúltimo a deixar o recinto é o Mestre de Cerimônias e o último o Cobridor Interno que, à saída fecha a porta do templo.

Essa é a ritualística mais simples e apropriada para o REAA, contudo, antes de mais nada segue-se o disposto no ritual em vigência, mesmo que ele pareça contraditório.Luzes da Loja - Na falta do Venerável Mestre, de modo precário, assume o 1º Vigilante, que na ocasião veste os seus paramentos e utiliza a joia do Venerável como representação distintiva do cargo. O 1º Vigilante não precisa ser Mestre Instalado para preencher o cargo de modo emergencial se a Loja estiver trabalhando em sessão ordinária (econômica). Por sua vez, ocupa o cargo vago deixado pelo 1º Vigilante o 2º Vigilante, que também não precisa ser um Mestre Instalado. Preenche o cargo do 2º Vigilante o 2º Experto, que também não precisa ser um Mestre Instalado.

Caso a sessão seja magna e careça do ato da consagração do candidato, então recomenda-se que o substituto do Venerável Mestre seja o ex-Venerável mais recente da Loja.

Vale mencionar que é muito antigo o costume de ser o 1º Vigilante o substituto imediato do Venerável Mestre. Isso ocorria muito antes do aparecimento do Mestre Instalado (que não é grau). O costume do 1º Vigilante substituir o Venerável remonta aos tempos operativos, período em que não existiam graus especulativos, mas classes de profissionais. O Venerável era o Mestre da Obra.

A rigor, cerimônia de Instalação de Venerável Mestre na Moderna Maçonaria é original na vertente anglo-saxônica. Na vertente francesa de Maçonaria, de onde se origina o REAA, tradicionalmente não existe Instalação esotérica como a que conhecemos por aqui. Na França, Instalação é simplesmente a posse do Venerável eleito.

Vale lembrar que o termo “precário” aqui utilizado remete a uma ausência não definitiva do cargo, mas algo por força maior, transitória. Se o Venerável Mestre se afastar definitivamente do cargo de dirigente da Loja se faz necessário consultar o que prevê o Regulamento da Obediência nesse caso.Bater com as mãos sobre o avental - Esse é mais um penduricalho ritualístico que não representa absolutamente nada sob o ponto de vista iniciático. O gesto não pode ser confundido com um sinal maçônico.

Nos rituais que trazem esse procedimento, ele apenas representa a afirmativa de que o obreiro está satisfeito no final dos trabalhos. Rigorosamente isso nem deveria existir no REAA, contudo se ele está no ritual em vigência da sua Obediência, então deve ser cumprido.

De certo modo, quem fecha a Loja, amparado nas tradições operativas, é o 1º Vigilante. Nos tempos do ofício, um dos Wardens, hoje o 1º Vigilante, tinha o dever de conferir e encerrar os trabalhos de uma etapa da construção, cabendo a ele pagar os obreiros e despedi-los contentes e satisfeitos, readmitindo-os no futuro quando do início de uma nova etapa, o que geralmente ocorria depois do inverno, já que esta estão era época insalubre e imprópria para os trabalhos de cantaria.

Graças a isso é que na Moderna Maçonaria, especulativa por excelência, quem fecha a Loja é o 1º Vigilante, rememorando, de certo modo, práticas dos nossos antepassados. É bem possível que foi daí que especulativamente surgiu essa forma de bater no avental. Penso que essa possibilidade seja a menos fantasiosa.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

A GRANDE VIAGEM E OS 4 ELEMENTOS

Ir∴ Mauricio Massarotto AP∴ M∴ 
Loja Fênix de Brasília nº 1959

Desde o momento que a venda lhe é tirada dos olhos, o aprendiz recebe a Luz e se vê cercado de irmãos, em um lugar totalmente desconhecido até então.

Para o resto de sua vida o Aprendiz Maçom jamais será o mesmo.

Ao receber o traje Maçônico, um Avental branco, o Aprendiz terá postura serena, gestos solenes e disciplina, estando sempre “Em Pé e a Ordem”.

INTRODUÇÃO

Certamente todos nós mantemos viva em nossas lembranças o dia da nossa iniciação. Sobre esse momento impar, quando tivemos nosso primeiro contato com a Ordem, e fomos submetidos às provas iniciáticas, a da TERRA, AR, ÁGUA e o FOGO, que por mais simples que possam parecer a primeira vista, somente no convívio diário com os irmãos é que podemos compreender a amplitude daquele momento especial, ao tomarmos contato com os QUATRO ELEMENTOS.

DESENVOLVIMENTO

A TERRA

Ao nos prepararmos para sermos recebido Maçom, somos cercados de diversos mistérios e alegorias, que somente após a iniciação é que vamos tomando consciência do seu significado e grandeza.

Primeiramente, antes de adentrarmos ao Templo, temos os olhos vendados, nesse momento percebemos que estamos nos desligando da luz física do mundo profano e indo ao encontro da Verdadeira Luz, a luz espiritual, aquela que nos ajudará a desvendar os Augustos Mistérios. Somos colocados de forma nem nus, nem vestidos e despojados de todos os metais.

Neste momento, é preciso mergulhar na idéia central do simbolismo maçônico, do grão de trigo que é colocado na terra aparentemente morto, porém, que contém em si todas as possibilidades de vida, e ao perder sua casca e em contato com a terra, está pronto para germinar começando um novo ciclo. Desta forma o aprendiz Maçom deve imitar o grão de trigo: é a necessidade de morrer para renascer em uma vida mais elevada e mais perfeita.

O Recipiendário despojado de todos os metais e de parte de suas vestes, (pode até parecer ser ridículo aos espíritos superficiais), mas é fantástico o simbolismo deste gesto. Seu testamento é o que sobrevive do homem que foi. Seu traje violado, o coração está descoberto e exprime fraqueza, o gesto de ajoelhar-se é feito com sinceridade e, em sinal de respeito ao Templo, o pé direito descalço, em sinal de respeito ao Grande Arquiteto do Universo. Nesta condição, caminhando em direção aos hipogeus, somos conduzidos a câmara de reflexões onde elaboramos o nosso testamento espiritual e nos deparamos com vários pensamentos escritos dos quais destaco, se fores dissimulado serás descoberto e vários objetos, entre os quais a imagem de um galo, uma caveira, um copo com água, um pouco de enxofre, sal, que são representações simbólicas de muita profundidade, encerrada a prova, o irm. Terrível nos conduz à porta do Templo..

Nota: segundo definição do Dicionário Universal Hipogeu significa túmulo subterrâneo, onde os antigos depositavam os mortos, por extensão, adega, celeiro, túnel;

Após passar pela à prova da TERRA, fui levado a refletir sobre a tirania e o cerceamento da liberdade, da supertição e preconceito, da necessidade de morrer para o Vício e nascer para a Virtude, a Honra e a Sabedoria, acreditando na existência de um Princípio Criador: o G\A\D\U\, foi quando fiz contato com o PRIMEIRO ELEMENTO.

Lembro-me que após a primeira prova a que fui submetido levaram-me à porta do Templo, após passar pela sala dos passos perdidos, (lugar que exotéricamente significa que o homem fora do templo pode perder-se), quando no átrio fui identificado como sendo um temerário forçando a porta do Templo, que caminhando nas trevas e despojado de todas as vaidades, desejava receber a Luz. Foi quando pela primeira vez, fui identificado como sendo uma pessoa livre e de bons costumes, e de que meu coração era sensível ao bem.

Ao entrar no Templo, escuto a leitura da Declaração de Princípios da Maçonaria Universal, tomando conhecimento dos princípios e os fins da Subl:. Ordem, fui questionado se cria num Ente Supremo, o que entendia por Virtude, o que pensava sobre o Vício, pelo que respondi de acordo com meus princípios.

Chegada a hora do Juramento de Honra prestado sobre a Taça Sagrada junto ao Altar, e após provar da bebida doce e depois a amarga, escuto em tom alto e áspero:

“- Alterara-se o vosso semblante. A vossa consciência desmentiria, por ventura, as vossas palavras?

– A doçura dessa bebida mudar-se-ia em amargor? Retirai o Candidato”:

Confesso irmãos, que fui tomado de enorme angustia, e ao ser retirado pensava:

– Será que alterei realmente meu semblante?

– Será que não serei aceito na Ordem?

A Primeira Viagem – O AR

Aí surgem novas provas, a Primeira Viagem… um caminho árduo e repleto de obstáculos e trovões ecoando, são os ventos transportados pelo sopro do espírito afastando as impurezas, separando o joio do trigo, porém, segui com confiança na escuridão apesar de guiado por alguém de nome estranho… um tal de “Irmão Terrível”, (será que devo confiar minha integridade a alguém com esse nome?), porém, apesar do nome, mostrava-se um guia confiável e seguro. Neste momento percebo que às cegas não chegaremos a lugar algum, sem assistência, sem um braço protetor.

Neste momento escuto o Irmão Terrível anunciar minha intenção de ser recebido como Maçom; pelo que fui questionado quanto ao que me levou a conceber tal esperança? É quando pela segunda vez sou retratado como sendo “livre e de bons costumes”.

Está feita a “Primeira Viagem”, esta por sua vez, representa o SEGUNDO ELEMENTO, o AR, símbolo da vitalidade, com suas tempestades e calmarias, perturbações e equilíbrio, o que demonstra que o progredir está sujeito a variações contraditórias e que apesar das dificuldades, é necessária coragem e perseverança para vencer as paixões, submeter às vontades e fazer progressos na Maçonaria.

A ÁGUA

Inicío uma nova jornada, a “Segunda Viagem”, desta vez ouço o tilintar de metais, que simulam os combates que devemos sustentar contra as forças maléficas, o egoísmo, as paixões a inveja, a ganância, a ignorância e a supertição. E novamente, cuidadosamente sou guiado na escuridão, paro e sou questionado quanto minha pretensão de ser recebido Maçom; e mais uma vez meu condutor responde tratar-se de uma pessoa livre e de bons costumes. É quando meu interlocutor exclama:

– “Então que seja purificado pela ÁGUA”, como nos batismos da Judéia, de São João, nosso padroeiro.

Eis que sou contemplado com o TERCEIRO ELEMENTO ao ter as mãos lavadas em água que representam o oceano, que banha praias, continentes e ilhas e que para os Maçons simboliza o povo, hora inerte em suas calmarias hora agitado e revolto, sua instabilidade retrata o comportamento humano com seus caprichos e vaidades.

O FOGO

Realizo a “Terceira Viagem”, não percebo obstáculos e tampouco qualquer barulho, o questionamento se repete tal qual a resposta dizendo que sou livre e de bons costumes, então sou submetido às chamas purificadoras, que nas iniciações egípcias era uma caminhada sobre o braseiro, no interior da Pirâmide. O iniciado aí obtém o domínio completo de si mesmo. Como a Salamandra, deve viver entre as chamas, sem sentir seus efeitos: as chamas das paixões humanas. Eis que surge o QUARTO ELEMENTO, o FOGO. O último modo de purificação.

Nota: Salamandra segundo a definição de Aurélio Buarque é: operário que, nas fundições e nas regiões petrolíferas, penetra nas caldeiras quentes a fim de consertá-las ou enfrenta os incômodos dos poços de petróleo para apagar;

Conclusão

Agora, simbolicamente limpo pela água e purificado pelo fogo, cujas chamas simbolizam aspiração, fervor e zelo, estou apto a prestar meu juramento de nunca revelar os mistérios da Maçonaria e ajudar meus irmãos maçons naquilo que puder e for necessário.

As portas da verdadeira amizade estão se abrindo e ao receber os primeiros raios de LUZ, começo a enxergar um novo caminho a percorrer, saindo da escuridão e da ignorância.

Finalmente, sou conduzido ao altar do 1º Vig e ajoelhado realizo o meu primeiro trabalho, tendo às mãos um Malho e um Cinzel, onde me ensinam a trabalhar a Pedra Bruta, neste momento sinto estar frente a frente comigo mesmo, imperfeito, áspero, cheio de arestas.

Percebo então o árduo e continuo trabalho de desbastamento, esquadrejamento e polimento em busca do aperfeiçoamento moral e espiritual que jamais poderá ser terminado, pois é sabido que cada um de nós, carrega dentro de si sua própria PEDRA BRUTA, e a cada desbastamento das maiores imperfeições, as menores se destacam e novo polimento se faz necessário.

Ao passar pelas provas e viagens simbólicas, posso concluir que um verdadeiro Maçom não combate tão somente às próprias paixões, mas também combate outros inimigos da humanidade, os hipócritas que enganam, os pérfidos que defraudam, os ambiciosos que usurpam e os corruptos que abusam da confiança dos povos.

Isso demonstra o sentido da pergunta:

– “O que vindes aqui fazer?”.

– Pelo que o verdadeiro Maçom responde:

– “Vencer minhas paixões, submeter minha vontade e fazer novos progressos na Maçonaria”.

Bibliografia:

Ø Editora Maçônica A trolha – Trabalhos publicados
Ø Ritual do Grande Oriente do Brasil – Rito Escocês Antigo e Aceito
Ø Melo e Souza, Valfredo- Construção do Pensamento Maçônico Camino, Rizzardo da
Simbolismo do Primeiro Grau
Ø Castellani, José – Consultório Maçônico
Ø Assis Pellizzaro, Reinaldo - Decálogos do Grau de Aprendiz e de Companheiro
Ø Apostila 4ª Instrução do Aprendiz – Loja Fênix – DF

Fonte: brasilmacom.com.br

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

RITUAIS DO REAA DE 1972 E 1988 NO GOB

Em 06.10.2022 o Respeitável Irmão Reynaldo Calaza, Loja Comércio, 0058, REAA, GOB-RJ, Oriente do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, faz a seguinte pergunta:

REAA, RITUAIS DE 1972 E 1988

Recentemente ganhei alguns Rituais antigos do REAA. Comecei a ler os Rituais que ganhei e vi que no Ritual de 1972 não havia as colunas Zodiacais, os Aprendizes se sentavam na Coluna do Sul, a Pedra Bruta também na Coluna do Sul, a Coluna Sul como "B" e claro que na Coluna do Norte o oposto, Companheiros, "J" e a Pedra Cúbica.

No Ritual de 1988 8º edição, já tem a atual formatação, por ter passado pela função de 2º Vigilante e atualmente como 1º Vigilante me perguntam (Aprendizes e Companheiros) o porquê desta diferença/mudança para os outros Ritos.

O Irmão poderia explicar o porquê desta mudança do REAA ou indicar uma literatura?

CONSIDERAÇÕES:

Lamentavelmente esse ritual de 1972 do GOB é um verdadeiro atentado contra a liturgia e a ritualística original do REAA. O de 1988 melhorou um pouco, mas deixou muito a desejar.

Para que se possa compreender essa indevida inversão de colunas vestibulares no escocesismo, é preciso antes entender que nos ritos Moderno e Adonhiramita essas colunas de fato são invertidas em relação ao que é usado no escocesismo.

Originalmente no REAA a Coluna B∴ fica à esquerda de quem entra e a Coluna J∴ à direita (como descrito em Reis). Já nos Ritos Moderno e Adonhiramita, J∴fica à esquerda e B∴ à direita.

A explicação para essa inversão é porque na França esses dois ritos, através do Grande Oriente da França seguiam a forma com que os Modernos ingleses da Premier Grand Lodge (1717) de Londres dispunham as colunas vestibulares (J e B). É notório que os Modernos da Primeira Grande Loja londrina fizeram alterações drásticas na forma antiga de trabalho para fugir das exposures (revelações) que apareciam cada vez dos jornais londrinos da época e revelavam como os maçons trabalhavam em suas lojas.

Essa forma alterada de trabalho fez com que surgisse mais tarde na Inglaterra uma Grande Loja rival que combateria essas alterações e assim se autodenominaria como “Antiga” por preservar, segundo eles, os costumes originais, enquanto que pejorativamente, chamava a primeira Grande Loja de “Moderna” por ter alterado a antiga forma de trabalho.

Isso é um detalhe importante na história, até porque na época existiam na França duas vertentes de Maçonaria, a do Grande Oriente da França que era ligado aos “Modernos” da Inglaterra (daí o nome de rito Moderno) e a outra, que era livre e não se submetia às influências da Primeira Grande Loja inglesa. Essa vertente livre nascera no Norte da França no século XVII e esteve ligada ao séquito dos Stuarts (Reis Católicos da Inglaterra), cuja viúva de Carlos I, Henriqueta de France, recebera do rei Luís XIV exílio em Saint-Germain-en-Laye. Vertente maçônica ligada aos Antigos que faziam oposição aos Modernos, ela acabaria dando origem ao escocesismo, sistema de altos graus que mais tarde culminaria no Rito de Perfeição (Heredon) e por fim no rito Antigo e Aceito que ficaria universalmente conhecido como Rito Escocês Antigo e Aceito.

O adjetivo “escocês” ocorreu porque a família dos Stuarts, era natural da Escócia. Essa família, conhecida no contexto como Reis Católicos, esteve no trono da Inglaterra por diversas vezes. A rainha Henriqueta era a esposa de Carlos I, então decapitado em 1649 durante a revolução puritana de Cromwell. Foi por esse motivo que a rainha acabou se exilando na França - esses são conhecimentos básicos para se entender o que é o escocesismo na Maçonaria.

No que diz respeito às Lojas rivais, Antigos e Modernos, para melhor entendimento sobre o assunto, sugiro perscrutar a história da Maçonaria Inglesa e a sua influência na França. Esses pormenores são importantes porque eles ajudam, no final e em muitos casos, explicar a liturgia e a ritualística particular de cada rito dessas vertentes, aqui em especial a do REAA.

É bom que se diga que os ritos maçônicos trazem muitas diferenças entre eles quando se trata de liturgia e ritualística. É o caso, por exemplo, das Colunas B∴ e J∴ que aparecem dispostas de uma maneira em alguns ritos e de outra em outros ritos. Do mesmo modo, invertem-se também a posição dos Vigilantes conforme o rito, e por aí vai.

No que diz respeito à disposição das Colunas Vestibulares, tomando-se por base três ritos de origem francesa, como o REAA, o Moderno e o Adonhiramita, logo percebe-se que em relação a posição esquerda e direita de quem ingressa no templo, no REAA a Coluna B∴ fica à esquerda e a J∴ à direita, enquanto que nos outros dois ritos as colunas se encontram dispostas de modo invertido, ou seja, J∴ à esquerda e B∴ à direita.

Observe-se também que a disposição J∴ (esquerda) e B∴ (direita) ocorre na vertente francesa dos chamados “Modernos”, enquanto que B∴ (esquerda) e J∴(direita) ocorre na vertente francesa, mas do escocesismo, onde muitos costumes se relacionam com os “antigos”, livres e aceitos.

Comentados esses aspectos relacionados à inversão das duas Colunas Vestibulares, outro detalhe importante a ser ressaltado é que o REAA, o Moderno e o Adonhiramita são todos ritos nascidos no hemisfério Norte. Esse é um importante detalhe que serve para explicar que independentemente de como estejam dispostas as Colunas Vestibulares e os Vigilantes no templo, os Aprendizes sempre ocuparão a Coluna do Norte e os Companheiros a do Sul. Nesse caso, a observação do Sol na sua eclíptica é necessariamente feita do hemisfério Norte da Terra e é ela que define e explica muitas das disposições de elementos na Loja.

O que de fato regula a posição dos Aprendizes e Companheiros na Loja não são as Colunas B∴ e J∴, mas o hemisfério em que o rito correspondente nasceu. As colunas podem até se inverter conforme a vertente maçônica, mas os Aprendizes e Companheiros nunca quando se tratar de rito originário do Hemisfério Norte.

O porquê dos Aprendizes no Norte e Companheiros no Sul – Do ponto de vista do hemisfério Norte, quanto mais ao Norte alguém estiver, mais afastado ele estará do Equador, isso quer dizer que devido a esse afastamento o topo do Norte acaba recebendo menos luz do Sol.

Assim, os ritos maçônicos nascidos no Norte se valem dessa alegoria solar - haurida dos cultos solares da Antiguidade - para iniciáticamente definir o lugar dos Aprendizes e dos Companheiros no templo. Desse modo, os Aprendizes, representando a infância e por estarem no início da jornada, portanto com menos conhecimento, ocupam o Norte do templo onde simbolicamente há menos luz. Já os Companheiros, representando a juventude, portanto mais instruídos, ocupam o Sul do templo onde simbolicamente há mais luz. Nesse contexto, a luz simboliza conhecimento, esclarecimento, aperfeiçoamento, etc.

Vale mencionar que a banda Sul é aparentemente mais iluminada devido ao movimento aparente do Sol na sua eclíptica. Isso pode ser facilmente constatado nos Painéis do 1º e 2º do Grau quando observamos que nele há três janelas que indicam a passagem da luz, uma situada no Oriente, outra ao Sul e ainda outra no Ocidente. O detalhe é o de que no Norte não há janela porque no seu movimento aparente, quem estiver no Norte vê o Sol passra pelo Sul. Graças a essa distribuição solar, do ponto de vista do setentrião, é que o Sul, desde os tempos bíblicos ficou também conhecido como Meio-Dia (hora mais iluminada).

Desse modo é possível explicar do porquê que em qualquer circunstância, em se tratando dos Ritos Moderno, Adonhiramita e Escocês Antigo e Aceito, os Aprendizes sempre ocuparão o Norte e os Companheiros o Sul, mesmo que haja inversão de Colunas Vestibulares e de Vigilantes nos dois primeiros mencionados.

Nesse contexto cabe mencionar que a Maçonaria Brasileira é filha espiritual da França. Isso porque os dois primeiros ritos regulares por aqui praticados foram o Rito Francês (Moderno), e o Rito Adonhiramita, em 1801. O REAA, que também é de origem francesa, somente chegaria oficialmente ao Brasil no ano de 1832.

Em relação à ritualística primitiva do REAA, cabe registrar que ele somente teve o seu primeiro ritual para o simbolismo em 1804 na França. Esse ritual, embora ainda de construção rudimentar, já em 1816 teria que se adaptar ao sistema capitular de Lojas, formato então criado pelo Grande Oriente da França onde o Athersata, dirigente do Capítulo Rosa Cruz (Grau 18 do REAA) era também o Venerável Mestre do simbolismo. Na realidade, tudo ocorria em Loja Capitular, razão pela qual criou-se o Oriente elevado e dividido no REAA para acomodar o santuário Rosa Cruz. Nessa época só ingressavam no Oriente os portadores do 18º Grau. Quando tudo isso acabou, o Oriente permaneceu elevado e separando, ficando reservado apenas aos Mestres Maçons e aos ex-Veneráveis.

Esses acontecimentos - que merecem ser estudados amiúde - colaboraram para o aparecimento logo em 1820/21 de um guia denominado Guia dos Maçons Escoceses, cujo qual já alterava em muitos pontos a estrutura do primeiro ritual nascido em 1804.

Na verdade, esse guia romperia com a originalidade, ainda que incipiente, do primeiro ritual, principalmente para se adaptar à liturgia capitular, pelo menos enquanto ela durasse.

Mais tarde, após a definitiva extinção das Lojas Capitulares, desafortunadamente muitos costumes do Capítulo acabariam ficando enraizados nos rituais do simbolismo do REAA. Assim, iniciava-se a sofrida trajetória de enxertos e acomodações nos rituais do simbolismo do REAA.

Alerto que para se entender o trajeto da paulatina construção dos rituais do simbolismo do REAA é necessário antes estudar (em fonte de água limpa) a história do primeiro ritual e os elementos que influenciaram a sua construção na França. Fica aqui a dica (muito a respeito pode ser encontrado no Blog do Pedro Juk em http://pedro-juk.blogspot.com.br).

Não obstante as alterações que ocorreriam por conta do que foi comentado, também no Brasil, por ocorrências históricas, os rituais simbólicos do escocesismo acabariam sofrendo ao longo dos séculos XIX e parte do XX toda a sorte de enxertos oriundos de outros ritos, principalmente dos ritos Moderno e Adonhiramita que por aqui já vinham sido praticados desde 1801 sob os auspícios do Grande Oriente da Ilhe de France, e do Grande Oriente Lusitano – o GOB somente apareceria em 1822.

Esses registros ritualísticos desencontrados podem até parecer compreensíveis em se levando em conta as dificuldades naturais advindas dos primórdios da Maçonaria brasileira, sobretudo pela falta de comunicação em uma época ainda distante das evoluções tecnológicas da comunicação. Nessa época os rituais eram compilados em simples folhas avulsas de papel e traziam um conteúdo bastante reprovável em termos de originalidade. Fazer o quê? Era o que tinha.

Além disso, ainda outros fatores no decorrer dos tempos iriam colaborar para a proliferação de muitos textos ritualísticos anacrônicos e suspeitos na sua originalidade.

Além do sistema capitular que também ingressaria no Brasil, a partir de 1854 a Maçonaria Brasileira passaria a ser comandada por um Soberano Grande Comentador do Grau 33 do REAA. Isto é, o Soberano Grande Comentador era também o Grão-Mestre Geral da Maçonaria Brasileira. Isso duraria aproximadamente até 1954 quando o GOB voltaria a essencialmente uma obediência simbólica.

Essa ingerência do Supremo Conselho do REAA no simbolismo não agradou os demais ritos aqui praticados, sobretudo pelo trato desprezível que era dado à liturgia e a ritualística dos três primeiros graus.

Em resumo, mais rituais contraditórios à originalidade de cada rito apareceriam. Entenda-se que o Rito Moderno possuía 7 graus e tinha sua Oficina Chefe, assim como o Adonhiramita com seus 13 graus. Todos comandados por um Soberano do REAA com 33 graus. Por certo que isso nunca daria certo. Por oportuno, é bom lembrar que também já transitava por aqui o Rito de York.

Assim, sem nenhum critério a maioria dos rituais eram elaborados misturando práticas e costumes que se somavam ainda às invencionices e aos achismos.

No início do segundo quartel do século XX viria, em 1927, a primeira grande cisão da Maçonaria no Brasil. Diante desses fatos, mais rituais seriam então elaborados e cada um deles geralmente construídos com práticas estranhas a originalidade do rito.

Agora com duas Obediências constituídas, o REAA no Brasil teria rituais para as Grandes Lojas e outros para o GOB. Infelizmente, entre eles persistiam diferenças, muitas delas hauridas por conta de reconhecimento. Por exemplo, muitas práticas das Blue Lodges norte-americanas acabariam indevidamente enxertadas nos rituais do REAA.

Muitas dessas indevidas inserções perduram até hoje e são visíveis pelas diferenças encontradas entre alguns rituais de um mesmo rito, mas de Obediências distintas.

Em 1972/73 aparece então a segunda grande cisão na Maçonaria brasileira, oportunidade em que vem a luz uma nova obediência maçônica, esta então composta por Orientes Independentes. Com isso, a obediência que acabara de florescer passava a elaborar os seus próprios rituais.

A Maçonaria Brasileira, agora com três Obediências regulares, o GOB, a CMSB, e a COMAB, passava a se servir de mais rituais editados para um mesmo rito, mas ainda com muitos procedimentos ritualísticos diferenciados.

Há que se destacar que essa profusão de rituais de um mesmo rito, mas com visíveis diferenças de procedimentos conforme a Obediência, acabaria produzindo mais elementos contraditórios nos trabalhos das Lojas, sobretudo quando Irmãos mudam de Obediência e levam consigo costumes muitas vezes contraditórios ao ritual da Obediência que os recebeu e insistem indevidamente a alterar o previsto no ritual. Água mole em pedra dura tanto bate até que fura, muitas dessas inserções acabam sendo adaptadas quando da impressão de novos rituais.

Assim, a Maçonaria regular brasileira acabou produzindo uma enorme quantidade de rituais, contudo na sua grande maioria de originalidade suspeita. Um exemplo disso são esses dois rituais citados na questão. Sem medo de errar, eles são produtos dessa situação criada principalmente no modo latino de fazer Maçonaria, onde graças aos carimbos e convenções, para muitos somente vale o que está escrito, não importando se o que está escrito esteja certo ou errado.

Enfim, cada rito foi construído sobre uma base doutrinária, portanto, muitos elementos simbólicos e alegóricos têm nele finalidade única. É preciso perscrutar a chave dessa construção para compreender seus propósitos doutrinários. Boa parte dos ritos maçônicos são solares. Alguns possuem caráter ou deísta, ou teísta ou ainda agnósticos. Desse modo os elementos simbólicos e topográficos se distribuem na decoração do Templo de tal modo que eles façam sentido na mensagem proposta.

O Rito de York, rito de origem anglo-saxônica, por exemplo, é teísta por excelência. Nele a Pedra Bruta fica junto ao 2º Vigilante no Sul, no entanto, os seus Aprendizes ocupam o lado nordeste da Loja. Já nos ritos Moderno, Adonhiramita e REAA, a Pedra Bruta fica do mesmo lado em que os Aprendizes sentam, ou seja, no Norte. As Colunas Zodiacais, marcam as constelações do Zodíaco na base da abóbada do REAA. Elas marcam a senda do iniciado em busca de aperfeiçoamento. No princípio, o Zodíaco era representado apenas na base da abóbada. Não haviam Colunas Zodiacais. Elas só apareceriam mais tarde como opção de representar os ciclos iniciáticos comparados aos ciclos da Natureza. A propósito no Blog do Pedro Juk poderão ser encontradas muitas referências sobre as Colunas Zodiacais e os topos das Colunas do Norte e do Sul.

Então, antes de tentar identificar o que é certo ou errado nesse oceano de rituais brasileiros, recomento antes compreender a proposta do Rito, sua história, sua cultura, sua formatação iniciática, etc. Compreendido esse particular o caminho certamente se tornará mais claro para que se possa separar o joio do trigo.

Ao concluir posso lhe assegurar que o GOB em 1996 deu um grande passo na purificação dos seus rituais do REAA, conseguindo extirpar grande parte dos enxertos e invenções que os descaracterizavam. Assim, o ritual de 2009 em vigência, orientado pelo SOR, Sistema de Orientação Ritualística criado pelo Decreto 1784/2019 do Grão-Mestre Geral é o que se tem de melhor no momento para o escocesismo no GOB. Ao contrário do que muitos pensam, não houve mudanças, porém, correções e volta à originalidade. É verdade que muito ainda precisa ser feito. Foi com esse propósito que o SOR foi elaborado, ou seja, para ser aplicado sobre os atuais rituais em vigência.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

A ORIGEM DO ALFABETO MAÇÔNICO

A origem do Alfabeto Maçônico se deu ao místico e alquimista alemão: Heinrich Cornelius Agrippa Von Nettesheim.

Heinrich Cornelius Agrippa, nasceu em 15 de Setembro de 1486 em Colônia, na Alemanha. Passou boa parte de sua vida na França e Itália, onde trabalhou também como teólogo, médico, jurista e soldado. Dedicava o seu tempo principalmente ao estudo das ciências ocultas, que mesmo sendo considerada uma heresia naquela época, nunca existiu evidências de que ele foi seriamente acusado ou condenado, devido a esse interesse ou prática das mesmas.

Em 1503, Agrippa assumiu o nome de Cornelius Agrippa Von Nettesheim, adotando o "Von" para sugerir assim a sua origem nobre. Em 1506, ele fundou uma sociedade secreta em Paris, direcionada aos estudos da Astrologia, da Magia e da Cabala. Na sua carreira profissional, Agrippa foi agente secreto, soldado, médico, orador e professor de Direito. Em 1509, ele instalou um laboratório em Dole, com o objetivo de sintetizar ouro, e durante a década seguinte viajou pela Europa vivendo como um alquimista e dialogando com importantes humanistas. Em 1520, começou a praticar medicina em Genebra, tornando-se médico pessoal da mãe da rainha em 1524, na corte do Rei Francis I em Lyon. Posteriormente moveu a sua pratica médica para Antuérpia, sendo mais tarde proibido por praticar sem licença. Ressurge depois como historiador na corte de Charles V.

Agrippa estudou profundamente a filosofia Hermética, a Cabala judaica e o Cristianismo. Escreveu e publicou três livros de filosofia oculta, sendo estes uma exposição sistemática do oculto no sentido do conhecimento. É um trabalho enciclopédico de magia renascentista, fornecendo informações sobre tópicos tão diversos como regências planetárias, virtudes ocultas, simpatias e inimizades das coisas naturais, encantamentos, feitiços, tipos de adivinhação, as escalas de números e seus significados, talismãs astrológicos, a Trindade Divina, os nomes cabalísticos de Deus e as ordens dos espíritos malignos.

Agrippa morreu em Grenoble no ano de 1535. No romance e na ópera ele é apresentado como estando em uma posição perigosa com as autoridades religiosas: nelas Agrippa nega enfaticamente que sua pesquisa é sobrenatural, afirmando que se trata apenas do estudo aprofundado da própria natureza.

O sistema de codificação mono alfabética, utilizado há muito tempo pela Maçonaria, mais conhecido como Alfabeto Maçônico, foi atribuído a esse místico e alquimista alemão, Cornelius Agrippa Von Nettesheim.

Em 1533, Agrippa publica "De Occulta Philosophia" em Colônia, na Alemanha. No livro 3, capítulo 30, ele descreve a sua codificação.

Vale ressaltar que este Alfabeto foi muito utilizado nos séculos XVII e XVIII, sendo que até hoje alguns Maçons ainda o utilizam, mais como uma forma de manter a sua tradição do que mesmo assegurar a confidencialidade de um conteúdo ou mensagem, visto que a sua chave foi “quebrada”, ou melhor, tornou-se de conhecimento público há muito tempo.



Abaixo se encontram o Alfabeto Maçônico Alemão, o Inglês e o correspondente na Idade Média, bem como a sua chave de código ao lado:


Fontes consultadas: www.renaissanceastrology.com , www.rlmad.net e demais pesquisas na internet.

Fonte: http://alemdoultimograu.blogspot.com/

domingo, 26 de fevereiro de 2023

REAA - POSTURA NA CONDUÇÃO DA BOLSA PELO MESTRE DE CERIMÔNIAS E HOSPITALEIRO

Em 06.10.2022 o Respeitável Irmão Francisco Kennedy C. de Souza, Loja Estrela da Fronteira, 2024, REAA, GOB-MS, Oriente de Mundo Novo, Estado do Mato Grosso do Sul, apresenta a dúvida seguinte:

CONDUÇÃO DA BOLSA DE PROPOSTAS E INFORMAÇÕES

Novamente me dirijo aos teus conhecimentos para sanar uma dúvida. Estou ocupando o cargo de Mestre de Cerimônias e minha postura ao conduzir o Saco de PProp∴ e IInf∴, desde o momento em que me levanto até retornar a meu assento, faço a condução do mesmo portando com as duas mãos no lado esquerdo.

Entretanto, me informaram que quando me dirijo ao Altar do Venerável Mestre para ser conferido o seu conteúdo e que também após esse momento onde me dirijo a minha cadeira eu deveria portá-lo com apenas uma das mãos a minha frente ou a minha esquerda.

CONSIDERAÇÕES:

A condução das bolsas, tanto a de PProp∴ e IInf∴, assim como a do Tr∴ de Benef∴, é feita por cada titular com as duas mãos, trazendo-a aberta e colada junto ao quadril esquerdo. No momento da coleta o titular, com discrição, oferece a bolsa na forma de costume.

Portando a bolsa, andando ou parado, a atitude corporal do titular é sempre a mesma. Dispensa-se essa postura apenas quando os titulares, após terem cumprido cada qual a sua missão, estiverem retornando aos seus lugares. Nessa ocasião permite-se a condução normal do recipiente, podendo ser apenas com a mão direita.
A maneira de conduzir a bolsa junto ao quadril esquerdo vem das igrejas cristãs francesas do século XVII e XVIII, principalmente. Nelas havia um personagem denominado “esmoler ou hospitalário” que trazia consigo uma grande bolsa (saco) presa à tiracolo da direita para a esquerda. Ele se apresentava ao final das missas oferecendo a bolsa aos fiéis no intuito de colher donativos em dinheiro para serem destinados aos necessitados.

Logo, a Maçonaria Francesa, cumprindo a virtude teologal da caridade, instituiu em alguns dos seus ritos uma pequena bolsa para arrecadação de óbolos entre os seus membros. Assim, o Hospitaleiro, nome dado ao oficial coletor de óbolos, ao oferecer com discrição o recipiente seguro pelas duas mãos pelo seu lado esquerdo, de certa forma copiava o gestual do antigo esmoler que atuava nas portas das igrejas.

Na intenção de uniformizar os procedimentos, a mesma postura corporal utilizada pelo Hospitaleiro na coleta do óbolo, também seria adotada para o Mestre de Cerimônias quando no exercício de coletar propostas e informações dos obreiros.

É graças a isso que no REAA, rito de origem francesa, o Mestre de Cerimônias e o Hospitaleiro no exercício dos seus ofícios se portam dessa forma, parados ou andando, durante as respectivas coletas (imitam a velha bolsa à tiracolo).

Outras orientações a respeito podem ser encontradas no SOR - Sistema de Orientação Ritualística que é o mecanismo de orientação oficial do GOB implantado em 2019 pelo Decreto 1784/2019 do Grão-Mestre Geral.

T.F.A.
PEDRO JUK – SGOR/GOB
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

AS QUATRO BORLAS - UM ANTIGO SÍMBOLO OPERATIVO

Eduardo Bandeira Lecey, M∴M∴ e M∴I∴
ARLS Guardiões da Arca 4348 (Rito Brasileiro)
Porto Alegre, Grande Oriente do Brasil

Para a Igreja Católica Apostólica Romana existem quatro virtudes cardinais ou virtudes cardeais que polarizam todas as outras virtudes humanas. Este conceito teológico destas quatro virtudes teve a sua origem inicialmente do esquema de Platão e adaptado por Santo Ambrósio de Milão, Santo Agostinho de Hipona e São Tomás de Aquino.

O conceito teológico destas quatro virtudes, segundo a Doutrina da Igreja Católica, elas são perfeições habituais e estáveis da inteligência e da vontade humana, que regulam os nossos atos, ordenam as nossas paixões e guiam a nossa conduta segundo a razão e a fé. As virtudes cardeais são quatro:
  • A prudência (originalmente “Sapientia” que em latim significa conhecimento ou sabedoria), dispõe a razão para discernir em todas as circunstâncias o verdadeiro bem e a escolher os justos meios para atingi-lo. Ela conduz a outras virtudes, indicando-lhes a regra e a medida, sendo por isso considerada a virtude-mãe humana.
  • A justiça, que é uma constante e firme vontade de dar aos outros os que lhes é devido;
  • A fortaleza (ou Força) que assegura a firmeza nas dificuldades e a constância na procura do bem;
  • E a temperança (ou Moderação) que modera a atração dos prazeres, assegura o domínio da vontade sobre os instintos e proporciona o equilíbrio no uso dos bens criados, sendo por isso descrita como sendo a prudência aplicada aos prazeres. “Pendente nos cantos da Loja estão quatro borlas, destinadas a nos lembrar das quatro virtudes cardeais, a saber: Prudência, Justiça, Fortaleza e a Temperança, a totalidade das quais, nos informa a tradição, era constantemente praticada pela maioria de nossos antigos irmãos”.
Esta provavelmente seja a referência mais conhecida sobre as quatro borlas, mencionada nos principais rituais Ingleses, Escoceses e Irlandeses, de onde derivam a maioria dos rituais do mundo. As virtudes cardinais como esculpidas na tumba do Papa Clemente II na Catedral de Bamberg.

As Quatro Borlas pendentes dos quatro cantos da Loja que são mencionados nas instruções sobre o painel do Primeiro Grau, estão diretamente relacionadas com os métodos utilizados pelos mestres pedreiros operativos ao definir os quatro cantos do prédio e ao implantar os cantos em um canteiro de obra. Mesmo hoje em dia, um mestre de obra, ao construir os cantos das linhas de um prédio irá suspender prumos a partir de suportes de madeira, adjacente aos cantos, para garantir que os cantos fossem perpendiculares, bem como corretamente localizados com relação aos demais pontos de canto estabelecidos.

Estas linhas eram também esticadas entre as linhas de prumo relevantes nos cantos, para garantir que as paredes seguiriam as linhas corretas e assegurar que os cantos estavam no esquadro e perpendiculares. As Quatro Borlas também aludem às linhas de prumo, que foram colocadas nos cantos do prédio durante a construção.

Em tempos operativos as Quatro Borlas que eram suspensas nos quatro cantos do alojamento representavam guias, que foram destinados a ajudar um maçom para manter uma vida justa e correta, de onde derivou a referência para as quatro virtudes cardeais que, tradicionalmente, são prudência, justiça, fortaleza e a temperança.

Em lojas modernas especulativas essas Quatro Borlas, representando respectivamente a prudência, justiça, fortaleza e a temperança, nesta sequência, deve começar no canto sudeste, que está ao lado esquerdo do Venerável Mestre, em seguida, avançar no sentido horário em torno do recinto da loja. Hoje em dia borlas não é uma característica comum em templos maçônicos, mas geralmente são representados apenas pelo nome de uma das quatro virtudes cardinais em cada canto. Em linguagem atual temperança sugere moderação ou mesmo abstinência; fortaleza implica coragem no sofrimento; prudência transmite uma impressão de cautela e justiça implica em reconhecer o que é certo.

A prática da temperança ou moderação deve estar estreitamente aliada à fortaleza ou força, o que implica coragem moral, bem como ser forte e destemido. Mesmo assim, a busca do curso de ação correto deve ser sempre temperada ou moderada com prudência, que envolve o uso do bom senso e da boa aplicação da razão e da lógica. No senso comum a justiça implica na interpretação estrita da lei, mas no seu sentido mais amplo, deve refletir o maior bem para a comunidade como um todo. É por isso que, em muitas versões da instrução sobre o painel do primeiro grau, a referência às quatro virtudes cardeais é seguida imediatamente por uma declaração semelhante à seguinte passagem citada do Ritual de Emulação Inglês:

“As características distintivas de um bom maçom são virtude, honra, e misericórdia, e que elas possam sempre ser encontradas no peito de um maçom.” Neste contexto, misericórdia implica que a justiça por si só é insuficiente, mas que ela deve ser temperada pela misericórdia se for para alcançar um resultado equitativo. A virtude e a honra são corolários importantes da misericórdia. Virtude significa bondade, moralidade e probidade, e também significa muitos atributos de honra, que por sua vez significa honestidade, integridade, retidão e justiça.

Na época operativa, todas as estruturas religiosas significativas e outros edifícios imponentes foram criados a partir do centro, quando a localização do centro de uma estrutura tinha sido decidida, o primeiro dever do mestre pedreiro era estabelecer o ponto central da estrutura no terreno. Chamava-se a isso de bater o centro. Ele, então, iria determinar a necessária orientação do edifício por um método apropriado e configurá-la no chão. Nós maçons especulativos deveríamos estar cientes de que, simbolicamente, eles têm por objetivo encontrar as respostas para suas perguntas no centro, que é o ponto dentro de um círculo a partir do qual todas as partes da circunferência são igualmente distantes.

O Círculo entre Paralelas Tangenciais e Verticais é também importante símbolo maçônico e, como essas paralelas representam os trópicos de Câncer e de Capricórnio, ou seja, os dois São João, o Batista e o Evangelista, a figura mostra que o Sol não transpõe os trópicos e recorda, ao maçom, que as concepções metafísicas e a consciência religiosa de cada obreiro são de foro íntimo e, portanto, invioláveis.

O ponto dentro de um círculo é um hieróglifo antigo e sagrado que se refere à divindade. O mundo maçônico é um mundo geométrico por excelência, portanto podemos definir o quadrado como a matéria, o círculo como o espírito e o ponto é a origem de tudo, o criador. É um símbolo de importância suficiente para merecer uma contemplação profunda, mas bastará agora dizer que as respostas encontradas no centro são aquelas estabelecidas de acordo com os decretos da divindade.

Edifícios sagrados geralmente eram obrigados a facear ou o leste ou o nascer do sol no solstício de verão. Caso se necessitasse que a orientação fosse de leste a oeste, o primeiro passo seria determinar a verdadeira linha Norte-Sul com precisão, por meio de uma linha passando pelo ponto central, a partir da qual a verdadeira linha Leste-Oeste poderia ser estabelecida.

Quando as quatro marcas de canto tinha sido estabelecidas, estacas perpendiculares distintamente marcadas eram criadas perto delas, com cordões ou fitas coloridas suspensas distinguiam as estacas marcadas, da mesma forma como hoje são usadas estacas pintadas ou estacas com bandeiras coloridas, chamando a atenção para a sua localização e protegendo-as contra danos acidentais.

Como as lojas operativas eram orientadas na mesma direção do templo de Salomão em Jerusalém, que é o inverso de lojas especulativas modernas, a entrada para o alojamento era no leste e o mestre sentava no oeste. Para evitar possíveis confusões, na discussão a seguir será feita referência à posição dos oficiais na loja, e não aos pontos cardeais. Lojas Operativas tinham um Mestre, um Primeiro Vigilante e um Segundo Vigilante que tinham uma localização relativa entre eles.

Em lojas operativas havia também um quarto oficial, o Superintendente de Trabalho, cuja localização era do lado oposto ao do Segundo Vigilante. Nesta explicação sobre a localização e o simbolismo das Quatro Borlas pendentes dos cantos do alojamento, assume-se que todos esses quatro oficiais ficam sentados de frente para o centro do alojamento.

A borla no canto do lado direito do Mestre deve representar justiça e a do seu lado esquerdo deve representar temperança. A razão para isso é que, quando governa seu alojamento e administra sua força de trabalho, o Mestre deve fazê-lo com justiça que, no entanto, deve ser temperada com misericórdia, de modo a garantir que não só o cliente obterá o serviço que está pagando, mas também que os seus trabalhadores vão receber os devidos pagamentos.

A borla no canto do lado direito do Superintendente do Trabalho deve representar prudência e a do seu lado esquerdo deve representar justiça. Tal como o seu Mestre, a quem ele representa, o Superintendente do Trabalho deve ser prudente na utilização de sua força de trabalho e dos materiais, para que o Mestre esteja devidamente servido; mas ele também deve garantir que os homens sejam tratados com justiça, para que eles recebam os proventos a que têm direito.

Os dois Vigilantes são os oficiais que exercem controle direto sobre os trabalhadores, sob a supervisão imediata do Superintendente do Trabalho. A borla no canto do lado direito do Administrador Sênior, o Primeiro Vigilante, deve representar fortaleza e a do seu lado esquerdo deve representar prudência.

A razão para isso é que, como o oficial que exerce o controle direto sobre os trabalhadores enquanto estão no trabalho, ele é responsável por superar as muitas dificuldades que inevitavelmente afligem o trabalho, o que exigirá a máxima firmeza de sua parte. Ao mesmo tempo, deve exercer o seu controle sobre o emprego dos homens e do uso de materiais com a máxima prudência, para proteger o bem-estar dos homens e, ao mesmo tempo garantir que a execução da obra não seja penalizada.

O Segundo Vigilante, cujo dever é ajudar o Administrador Sênior, é o oficial principal responsável pelo bem-estar dos homens, especialmente quando eles estão em repouso e descanso. A borla no canto do lado direito do Segundo Vigilante deve representar temperança, em alusão à forma pela qual o descanso deve ser sempre conduzido. A borla do lado esquerdo do Segundo Vigilante deve representar fortaleza, porque ele deve personificar Hiram Abif cuja fortaleza deve ser sempre imitada por todos os maçons.

Para o nosso pleno desenvolvimento como Maçom e como ser humano, devemos não só praticar as quatro virtudes cardiais, prudência, justiça, fortaleza e a temperança, bem como as três virtudes teologais, a fé, a esperança e a caridade, as quais nós deveremos usar com muita sabedoria e inteligência.

BIBLIOGRAFIA
1. https://leonardoboff.wordpress.com/2011/07/19/face-a-crise-quatro-principios-e-quatro-virtudes/
2. LEWIS, C.S. Cristianismo Puro e Simples, Livro III, cap. 2. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
3. https://bibliot3ca.wordpress.com/as-quatro-borlas/
4. https://focoartereal.blogspot.com.br/2015/06/as-borlas-e-corda-de-81-nos.html
5. http://bodeadormecido.blogspot.com.br/2016/01/as-quatro-borlas-na-maconaria.html
6. Ritual no Grau de Mestre Maçom do G.’.O.’.B.’. dos seguintes ritos, Brasileiro, R.’.E.’.A.’.A.’., Adonhiramita e York.

Fonte: maçonaria.net

sábado, 25 de fevereiro de 2023

MARCHA DO APRENDIZ NO REAA E A POSIÇÃO DOS PÉS

Em 01.10.2022 o Respeitável Irmão Arimar Marçal, Loja Santo Graal, 4690, REAA, GOB -RS, Oriente de Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul, apresenta a seguinte questão:

MARCHA DO APRENDIZ

Para onde aponta (Oriente ou mais ou menos para o Tesoureiro) o pé esquerdo na Marcha de Aprendiz no REAA.

Mais uma vez venho pedir socorro numa questão ritualística que gerou um debate (salutar) em nossa Oficina.

No Tempo de Estudos (previamente agendado) um Irmão levantou a questão da Marcha do Aprendiz e que esta tinha sofrido “uma alteração” no SOR inclusive citando um artigo seu onde confirmava esta “mudança”.

A mudança consistiria no ângulo dos pés que em vez do pé esquerdo apontar para a luz (Oriente) deveria apontar para a Coluna do Norte e o pé direito para a Coluna do Sul, formando um estranho ângulo (parecido com os pés do Charles Chaplin) e que assim o Aprendiz deveria marchar, seguindo a linha do rejunte do piso e não a interseção do mosaico como aprendi.

Entendo que o piso mosaico da Loja é disposto na forma diagonal e que a marcha segue a linha da Luz (Oriente) justamente na Linha imaginaria do Equador que seria a interseção da cerâmica mosaica, mas, sempre seguindo em Linha Reta.

Argumentei que enquanto não viesse uma Determinação Oficial do SOR, continuaríamos seguindo o que consta no Ritual de Grau 1 (2009), até por uma questão de prudência da Oficina.

Conforme determina o próprio Ritual em sua página 12 que proíbe atos, procedimentos ou permissões que ali não constem e também como A QUARTA INSTRUÇÃO DO GRAU 1 (pág. 164) que expressa:

“Deveis estar perfeitamente ereto, formando com os pés uma esquadria, pé esquerdo voltado para a frente. Avançai agora com o pé esquerdo juntando em seguida ao seu calcanhar o calcanhar do pé direito.

Este é o primeiro Passo Real da Maçonaria e é nesta posição que se comunicam os segredos do grau

Como nossa intenção é sempre aprender e ensinar de forma correta os que estão chegando, valho-me de seu conhecimento para dirimir mais esta dúvida.

CONSIDERAÇÕES:

Inicialmente eu gostaria de alertar que o SOR – Sistema de Orientação Ritualística é um mecanismo oficial do GOB e está à disposição dos Irmãos gobianos na página do GOB.

O SOR foi instituído pelo Decreto 1784/2019 do Grão-Mestre Geral e publicado no Boletim sob o nº 31 em outubro de 2019. Seu conteúdo é para ser aplicado sobre os rituais do GOB.

Não obstante essas iniciais colocações, vale ainda mencionar que o guardião dos rituais do GOB é apenas e tão somente o Grão-Mestre Geral, cabendo exclusivamente a ele expedir Atos e Decretos pertinentes a alterações, correções e orientações nos rituais. Isso é ponto pacífico.

Feitos esses comentos iniciais, é preciso que olhemos para questões ritualísticas de maneira ampla, sobretudo naquilo que envolve originalidade e principalmente o seu significado.

É notório que nem tudo o que consta nos rituais oficiais estão de acordo com a aplicação doutrinária correta do Rito. Aqui no Brasil, por conta de circunstâncias históricas, particularmente o REAA sofreu muitas intervenções indevidas, ao ponto de ser comparado a uma colcha de retalhos, tal a quantidade de enxertos de práticas oriundas de outros ritos – sem falar das invencionices.

Graças a isso é que o ideário iniciático do REAA foi assaltado por práticas deturpadas e sem sentido para a sua liturgia iniciática. Somado a isso ainda há a turma do “acha bonito”, comumente conhecida como “os achistas”. O resultado disso muitas vezes tem sido um amontoado de práticas que não fazem sentido para o arcabouço doutrinário do rito. No final as ervas daninhas nascidas do enxerto e do achismo se tornaram verdadeiras carcaças de dinossauro – são difíceis de consumir.

Nessa conjuntura, no que diz respeito à Marcha do Grau, o equívoco está principalmente na posição dos pés e na forma de se deslocar (andar). Nesse caso, a posição dos pés, um apontado para frente e outro para o lado (parece caminhando de lado) foi indevidamente copiada de outros ritos.

No REAA essa posição equivocada do pé apontado para frente se firmaria ainda mais porque por muitos anos determinados rituais traziam o Pavimento Mosaico construído na forma de um tabuleiro de xadrez (juntas do piso a Norte-Sul e Leste-Oeste), o que não é próprio do escocesismo. Nesse contexto, salvo alguns abnegados, desafortunadamente ninguém sequer reparava nesse importante detalhe, ignorando assim por completo que o pavimento serve também para regular os passos.

Outro detalhe no REAA que passava completamente despercebido era o do Pavimento Mosaico, então construído na forma de um tabuleiro de xadrez. Em muitas Lojas, para piorar, ele ocupava apenas um reduzido espaço ao centro do Ocidente, conquanto o correto seria cobrir todo o piso ocidental da Loja.

Tudo isso, mais as práticas enxertadas de outros ritos, faria com que paulatinamente se consolidasse no REAA essa posição indevida dos pés, onde um deles fica apontado para frente (Leste) e outro literalmente para o lado esquerdo (Sul). Não há dúvidas que há ritos que adotam essa disposição, porém nunca no REAA.

Como em 2009 a disposição correta (oblíqua) do Pavimento Mosaico apareceu na Planta do Templo do Ritual de Aprendiz do REAA do GOB, felizmente boa parte desse equívoco começava a ser solucionado, no entanto faltava ainda ajustar a disposição dos pés na formação da esq∴, bem como a forma de se caminhar nas Marchas de Aprendiz e de Companheiro.

Felizmente, com a criação do SOR por Decreto do Soberano Grão-Mestre Geral em 2019, foi então dada a possibilidade de se corrigir a anomalia ritualística de apontar o p∴ esq∴ para a frente durante os pp∴ do grau no REAA.

Acredito que por desconhecimento do Sistema de Orientação Ritualística oficial do GOB, muitos Irmãos entenderam que isso foi uma alteração inaceitável, pois confrontava o previsto no ritual. Na verdade, não houve desrespeito ao ritual, mas amparado pelo SOR, o que houve foi um retorno à forma original, ou seja, dar os passos na forma de costume com o protagonista posicionado de frente para o Oriente, não de lado.

Nesse sentido, a disposição dos pés durante a execução da Marcha tem como referência (nada meticulosamente medido) o piso disposto de modo oblíquo, diferente, por exemplo, do Rito Moderno e do Adonhiramita que adotam o Pavimento organizado na forma de um tabuleiro de xadrez.

Conforme mencionam autores autênticos como Theobaldo Varolli Filho, Jules Boucher, José Castellani, René J. Chalier, dentre outros, cada quadrado que compõe o Pavimento Mosaico serve também para regular cada um dos passos dados normalmente, ou seja, anda-se de maneira natural, sem arrastar os pés. Nessa conjuntura a intersecção das juntas oblíquas do piso correspondem a junção dos pp∴ pelos ccalc∴ em esq∴.

Nessa condição e sem o exagero de comparação com a forma de andar de Charlie Chaplin interpretando Carlitos no cinema, figuradamente na Marcha o pé esquerdo fica apontado para a banda nordeste do templo e o direito para sudeste. O protagonista, sobre o equador do templo anda de forma mais natural possível, apenas ajusta os seus pés em esq∴ de acordo com as juntas do Pavimento quando unir os pés a cada passo. Anda de frente para o Oriente.

No REAA o Pavimento Mosaico representa o solo terrestre. Historicamente o Rito teve o seu primeiro ritual para o simbolismo em 1804 na França, ritual esse que não tardou a sofrer modificações em 1820/1821 por conta do Guia dos Maçons Escoceses e as Lojas Capitulares.

Nos tempos primitivos dos rituais do REAA, não existia Pavimento Mosaico e nem existia marcha por grau da forma como conhecemos e praticamos nos dias de hoje. Os passos não eram divididos por grau. Exigia-se do iniciado simplesmente que ele desse em direção ao Mestre oito passos “normais”.

Posteriormente, após a extinção das Lojas Capitulares e a renovação e aperfeiçoamento dos rituais, os oito passos normais foram divididos e distribuídos pelos três graus, de tal modo que nos dois primeiros graus os passos tem relação direta com o Pavimento Mosaico, enquanto que no terceiro os passos simulam o movimento aparente do Sol com seus solstícios e equinócios.

Espero que essas colocações tenham sido suficientes para explicar algumas das condutas ritualísticas corretas para a execução da Marcha do Aprendiz no REAA.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

MAÇONS FAMOSOS


Harry S. Truman (1884-1972) foi o 33º presidente dos Estados Unidos. Em seu mandato, os EUA terminaram a Segunda Guerra Mundial; a tensão com a União Soviética cresceu após o conflito, iniciando a Guerra Fria.

Na imagem, Truman aparece em trajes maçônicos, quando assumiu um cargo de Venerável Mestre. Ele foi Iniciado na Maçonaria em 9 de fevereiro de 1909, aos 25 anos de idade, na Loja Belton nº 450, Missouri, EUA.

Maçom participativo junto à Ordem DeMolay, Rito de York, Rito Escocês e Shriners, Ele se tornou Grau 33 do Supremo Conselho do REAA, Jurisdição Sul dos EUA e Grande Mestre Honorário do Supremo Conselho Internacional da Ordem DeMolay.

Fonte: Facebook_Curiosidades da Maçonaria

ESPIRITUALIDADE MAÇÔNICA

Ir∴ Sérgio Quirino Guimarães

Sexta-feira passada, dia 11 a Loja Maçônica de Pesquisas Quatuor Coronati da Grande Loja Maçônica de Minas Gerais, patrocinou uma palestra muito interessante, cujo tema foi “A Espiritualidade e a Maçonaria”. O palestrante foi o Presidente da União Espírita Mineira, Irmão Marival Veloso de Matos que brilhantemente nos brindou com instruções fantásticas e sem proselitismo. Foi uma daquelas oportunidades que mesmo depois do final, ainda ecoa pela mente frases de grande impacto emocional, do tipo: 

“- Nós somos os artífices do amanhã.”; “- Nós refletimos nossa conduta de ontem.”; “- Busque a verdade, pois a verdade vós libertará.”; “- A vida é o eterno vir a ser.”; “- Trabalhe para passar do nível para o prumo.”; “- Servir é o melhor caminho de evolução.” 

Em momento nenhum ele recorreu aos princípios do espiritismo ou praticou alguma doutrinação e assim foi demonstrando que a Maçonaria também é um caminho para a espiritualização da pessoa humana. E eu me propus a refletir sobre isso e compreendi que o que praticamos não é a espiritualização religiosa é a conscientização que o Ser Humano é mais do que a matéria orgânica que o constitui. 

A Espiritualidade Maçônica é a relação natural do Maçom para com o G∴A∴D∴U∴. 

Trabalhamos para a plenitude dessa relação transcendental; na Maçonaria somos levados às práticas morais e éticas que produzem um enlevo natural, uma aproximação com o Criador. 

Observe que a “Grande Moral Maçônica” está na frase: - “Construímos Templos à Virtude e Masmorras ao Vício”; Virtude é o espírito, vício é a matéria, ou seja, trabalhamos para nos descartarmos do material e fortalecermos o espiritual. 

Em algum momento da vida maçônica devemos morrer, entregar a matéria inerte do corpo em um ataúde e nos prepararmos para a elevação do espírito. A espiritualidade é diferente de religião, pois não é baseada em crenças ou dogmas pré-determinados. 

A Espiritualidade Maçônica é sinônimo de libertação, vencer paixões, não ser intransigente, é laborar COM a matéria para que o espírito receba a recompensa, ao sermos iniciados, nos tornamos não só Irmãos Maçons, mas também adentramos em uma Irmandade espiritual que visa o desenvolvimento do grupo, “a libertação de nós mesmos”. 

Os valores aprendidos ou pelo menos disponibilizados pelas instruções maçônicas, levam o Maçom consciente à condutas que demonstram a necessidade de ser seu próprio construtor e desenvolve a consciência do desprendimento. 

O mais interessante que a perfeita síntese sobre este tema, eu não encontrei em livros maçônicos, a melhor definição foi feita pelo Teólogo Leonardo Boff que faz parte do livro “Espiritualidade”, diz o autor: 

“... espiritualidade vive da gratuidade e da disponibilidade de enternecimento e de compaixão, vive da honradez em face da realidade e da escuta da mensagem que vem permanentemente desta realidade. Quebra a relação de posse das coisas para estabelecer uma relação de comunhão com as coisas.” 

No site http://picasaweb.google.com/irquirino estão algumas fotos que tirei durante a Sessão da Loja de Pesquisa. Na segunda-feira, dia 14 estarei atualizando o álbum com as fotos tiradas pelo Irmão Joel Ribeiro, não lhes enviei diretamente para não sobrecarregar sua caixa postal.

Grato pela atenção

Fonte: JBNews - Informativo nº 199 - 14/03/2011

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

REAA - DÚVIDAS SOBRE O INGRESSO NO TEMPLO DO COBRIDOR INTERNO E O MESTRE DE HARMONIA

Em 01.10.2021 o Respeitável Irmão Roberto Aparecido dos Santos, Loja Consciência, Justiça e Perfeição, 2731, REAA, GOB-SP, Oriente de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo, pede esclarecimentos para o que segue:

INGRESSO NO TEMPLO – DÚVIDAS

Peço ao irmão esclarecimentos sobre dúvidas que surgiram em nossa sessão.

Estamos organizando a entrada do templo da seguinte forma:

Todos os irmãos ficam na sala dos passos perdidos onde, pedimos silêncio e nos organizemos para a entrada ao Átrio (sempre enfatizando o silêncio) e posteriormente ao Templo.

Neste momento o Cobridor Interno e o Mestre de Harmonia também estão na sala dos passos perdidos.

Ao convidar os Irmãos a adentrarem ao Átrio o Cobridor Interno e o Mestre de Harmonia adentram ao Templo diretamente (Preparando o início da música e abertura da porta) e os demais aguardam no Átrio sempre em silêncio a entrada do cortejo.

O costume antes era o Cobridor Interno e o Mestre de Harmonia já aguardar dentro do templo, sem esperar na Sala dos Passos Perdidos a entrada ao Átrio.

Pergunto:

Qual dos dois procedimentos está correto?

No aguardo, antecipadamente agradeço.

Muito obrigado

CONSIDERAÇÕES:

Qualquer uma das duas situações relatadas na questão acima é aceitável.

Assim, o Cobridor Interno e o Mestre de Harmonia podem ingressar antes mesmo da formação do préstito no átrio, isto é, indo direto da sala dos passos perdidos para dentro do templo, ou podem ingressar quando o préstito estiver sendo organizado no átrio pelo Mestre de Cerimônias.

De tudo, o importante é que antes do ingresso do préstito conforme previsto no SOR, os dois oficiais mencionados já estejam no interior do templo para cumprir cada qual o seu dever de ofício - abrir a porta e fazer soar música apropriada.

Vale comentar que na sala dos passos perdidos não há formalidades ritualísticas. Não se exige silêncio absoluto, pois dentre outros, como sala de espera, é o lugar onde os Irmãos aguardam informalmente o momento de se dirigirem ao átrio para formar o préstito de entrada.

Obviamente que as conversas, cumprimentos, paramentação, avisos, etc., naturais na chegada dos Irmãos da rua para os trabalhos maçônicos devem ser recatados e sem piadas e algazarras, evitando enquanto esperam, discussões de assuntos profanos assim como exageros na intensidade das falas.

A prática mais comum nessa ocasião é a de que no momento apropriado o Mestre de Cerimônias convoque todos, já paramentados e vestidos conforme a legislação para que indistintamente se dirijam da sala de espera até o átrio, lembrando que a composição da Loja (distribuição das joias) e a formação do préstito conforme o ritual ocorrem no átrio e não na sala dos passos perdidos. Da sala dos passos perdidos para o átrio não existe nenhum cortejo ordenado ou uma regra ritualística.

Exigir condutas ritualísticas, tais como em silêncio formar dispositivos sequenciais para deslocamentos da sala de espera até o átrio é algo desnecessário e carregado de preciosismo. Não vamos confundir disciplina e educação com liturgia e ritualística.

Nesse contexto, cabe relatar que a denominação “passos perdidos” dados à sala de espera do templo, não possui nenhum caráter iniciático, misterioso ou esotérico. Essa denominação é originária do parlamento britânico, onde nele existe uma sala de espera para audiências com o primeiro ministro. As pessoas que ali aguardam pela dita audiência, geralmente, para passar o tempo ficam a caminhar de um lado para o outro. Figuradamente, esses passos dados a esmo (ao acaso; sem rumo) acabariam conhecidos como “passos perdidos”. Nada a estranhar essa relação com a Moderna Maçonaria, já que esta nascera com a fundação da Primeira Grande Loja em Londres no ano de 1717, e logo acabaria recebendo no seu seio vários elementos ligados à realeza e ao parlamento britânico.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br