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PERGUNTAS & RESPOSTAS

O “Perguntas & Respostas” que durante anos foi publicado no JB News e aqui reproduzido, está agora no “Blog do Pedro Juk” . Para visita-lo ou tirar suas dúvidas clique http://pedro-juk.webnode.com/ ou http://pedro-juk.blogspot.com.br

domingo, 30 de junho de 2024

PRÁTICAS RELATIVAS AO SINAL DE ORDEM E A SAUDAÇÃO

Em 27.09.2023 o Respeitável Irmão João Vianei Werlang, Loja Tiradentes, 2432, REAA, GOB-PR, Oriente de Marechal Cândido Rondon, Estado do Paraná, apresenta a dúvida seguinte:

SINAL DE ORDEM E SAUDAÇÃO

Ao ler a sua publicação SAUDAÇÃO PELO SINAL EM LOJA – REAA, de 01/09/2022, disponível em http://pedro-juk.blogspot.com/2022/09/saudacao-pelo-sinal-em-loja-reaa.html, resolvi estudar um pouco mais sobre o Sin⸫ de Ord∴ e a Saud∴ Maç∴.

Naturalmente fiquei com algumas dúvidas e gostaria do seu auxílio.

Para tanto, tomei como pano de fundo o momento em que o V∴ M∴ solicita ao M∴ CCer∴ que cumpra o seu dever, colhendo as assinaturas no balaústre que foi lido.

Questões:

1. O M⸫ de CCer⸫, ao se levantar para ir ao Or⸫, precisa fazer a Saud⸫ Maç⸫ ou simplesmente se levanta de sua cadeira e inicia seu deslocamento?

2. Ao entrar e sair do Or⸫ me parece que não há dúvida de que deva fazer a Saud∴ Maç⸫, conforme orientação da pág. 42, item 1.8, último parágrafo do Ritual de Aprendiz e item 31 do SOR. Certo?

3. Ao se aproximar do Secr⸫, precisa saudá-lo antes de pegar a ata?

4. Após entregar a ata ao Ven∴ Mestre e enquanto aguarda que ele assine, entendo que deve ficar à Ord⸫, desfazendo o Sin⸫ de Ord⸫ ao receber a ata de volta do V⸫ M⸫ (pelo Sin⸫ Gut⸫, o que não se confunde com Saud⸫). Correto?

5. Da mesma forma deve proceder enquanto o Orad⸫ assina o balaústre, certo?

6. Ao retornar ao Secr⸫, após lhe devolver a ata, precisa saudá-lo? Precisa aguardar que o Secr⸫ também assine a ata?

7. Ao retornar ao seu lugar, antes tomar assento, precisa fazer a saudação?

Acredito que esses esclarecimentos serão muito úteis pois se aplicam a diversas outras situações em Loja aberta.

RESPOSTAS:

1. Ele simplesmente se levanta e toma no seu percurso. Não se faz Sinal nesse instante. Saudações em Loja seguem o que prevê o ritual.

2. Tanto na entrada e saída do Oriente em Loja aberta faz-se a saudação pelo Sinal ao Venerável Mestre.  Segurando algum objeto de trabalho, o protagonista faz apenas uma parada rápida e formal, sem meneios com a cabeça e nem inclinação com o corpo.

3. Não. Basta que o Mestre de Cerimônias apanhe a Ata das mãos do Secretário e a conduza ao destino. O Secretário entrega a Ata sentado. Não há saudação entre ambos.

4. Sim. O Mestre de Cerimônias aguarda à Ordem a devolução da Ata assinada. Ao recebê-la de volta desfaz o Sinal e se dirige ao Orador. Obviamente que isso não é saudação, mas o ato de desfazer o Sinal de Ordem pelo Sinal Penal - do estático para o dinâmico.

5. Diante do Orador o procedimento é o mesmo. Reitera-se: quem estiver em pé e parado em Loja aberta deve ficar à Ordem; em deslocamento, desfaz o Sinal na forma de costume e prossegue.

6. Basta que o M∴ de CCer∴ entregue a ata ao Secretário, que permanece sentado. Não há nenhuma composição de Sinal nessa ocasião. O M∴ de CCer∴, após entregar o livro de atas, retira-se imediatamente. Não é necessário que ele espere o Secretário assinar a Ata.

7. Não há nenhuma saudação prevista. Sem fazer Sinal, o M∴ de CCer∴simplesmente se senta.

T.F.A.
PEDRO JUK - SGOR/GOB
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

BREVIÁRIO MAÇÔNICO

A FILANTROPIA

A origem do vocábulo é grega: philos e anthropos, que pode ser traduzida por “amor ao homem”, no sentido de amparo.

A religião possui um sinônimo de filantropia: caridade.

Inexistem Lojas Maçônicas Filantrópicas porque o objeto da Maçonaria não é prática da caridade, no sentido de auxílio aos necessitados, porém trata-se de uma prática virtuosa do maçom que recebe os ensinamentos para dedicar Tempo e haveres em benefício ao próximo.

A Maçonaria forma e forja o maçom na prática da filantropia, como parte do aperfeiçoamento, na novel filosofia da vida.

Em todas as sessões maçônicas são recolhidos os óbulos destinados aos necessitados.

Essa prática tradicional não passa de um primeiro impulso, de um exercício para demonstrar que a prática da caridade é uma virtude.

No entanto, ao serem depositados os óbulos, o maçom deposita ao mesmo Tempo a si mesmo.

Não é o óbulo que aliviará a necessidade do carente, mas a dação total (espiritual) do maçom. A esmola não é um ato mecânico de desprendimento meramente simbólico: deve ser um gesto de humanidade, de amor e de altruísmo.

Um olhar benévolo, uma atitude amistosa, um apoio moral, isso significa exercitar a filantropia.

Breviário Maçônico / Rizzardo da Camino, - 6. Ed. – São Paulo. Madras, 2014, p. 166.

UM SONHO

Ir∴ Lauro José Toledo dos Santos

Quantos de nós, na calada da noite ou mesmo em momentos perdidos durante o dia, quantos de nós não temos sonhos ou devaneios olhando o horizonte, apreciando as flores, viajando com as nuvens?

Quantas vezes nosso pensamento se perdeu no espaço, pairou em qualquer lugar para procurar alguma coisa, que não sabemos o que é, e onde está? 

Como uma hélice em alta rotação, nosso pensamento voa, procura um ponto de sustentação e, muitas vezes, desaparece como a fumaça e se esvai pelo ar. Devaneios, sonhos, pensamentos perdidos? Talvez! Muitas vezes, porém, eles retornam à base de origem e encontram um lugar no próprio cérebro fertilizando-o, desenvolvendo-o a ponto de criar uma ideia e a ela dar sentido para beneficiar toda a humanidade. 

Surgiram, assim, os grandes artistas, os inventores, os filósofos, os compositores, os escritores e os músicos; os cientistas e os estadistas, enfim, todos os construtores do progresso, da evolução e da tecnologia atual. 

De um sonho também surgiu a Arte Real, ou melhor, de sonhadores. Sonhadores, há tempos pensaram numa forma de unir a humanidade, pelo amor, estreitando as boas relações entre os homens tão distantes uns dos outros. Uma Realidade: Uma instituição universalmente reconhecida, soberana, tendo como fins supremos a Liberdade, a Igualdade, a Fraternidade, proclamando nos seus princípios a prevalência do espírito sobre a matéria pugnando pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da humanidade buscando constantemente a Verdade. Nasceu e floresceu a Maçonaria...

Maçonaria: O que somos, para onde vamos: A Maçonaria não é apenas uma sociedade secreta, de origem antiga, com seus diversos graus iniciáticos e ritual próprio. Maçonaria não se faz nos templos, aprende-se nos templos; Maçonaria não se encerra nas lojas, principia-se nelas; 

Maçonaria não se executa nas oficinas, - cumpre-se na consecução dos seus fins - exaure-se na realização dos seus objetivos. - completa-se no desempenho de sua missão; A Maçonaria não é uma sociedade comum, que bastam contratos e estatutos. Não é uma religião, nem seita, nem tampouco anti-religiosa. A Maçonaria é um movimento filosófico ativo, universalista e humanitário, corporação disciplinada, que exige dos seus adeptos a crença fundamental no Grande Arquiteto do Universo – Que é Deus e no primado do espírito sobre a matéria. 

A Maçonaria trabalha no aperfeiçoamento do homem, para a construção de uma sociedade humana fundada nos princípios da moral, da razão, do direito e da justiça. É, portanto, uma instituição científica filosófica, adogmática, filantrópica, apolítica, apartidária. O fim primeiro da Maçonaria é o homem; o fim último a sociedade em que ele vive. O objetivo da ordem maçônica é alcançar a Perfeição dos poucos escolhidos para que estes, com a beleza dos seus espíritos e a força avassaladora da sua substância material, possam encontrar o caminho da superação consciente, a solução dos problemas, a seiva da vida, a transcendência da morte. 

A missão da Maçonaria é transformar a Sociedade, pelo homem, fazê-la mais justa e perfeita, sem fanatismos, nem distinções.

E hoje onde estamos? Só haverá sociedade ideal quando houver homens capazes, conhecedores da ciência criadora, dominadores da filosofia que edifica. 

Reunindo, assim, as forças imperecíveis da natureza aos princípios basilares e eternos da sabedoria, a Maçonaria busca a felicidade do homem, no seu sentido universal. A Maçonaria quer então, a felicidade de todos: Felicidade – horizontal e vertical. Não aquela fugaz, passageira... Mas a duradoura. 

A felicidade está na crença em Deus, porque aquele que confia em Deus... É feliz... Não no deus que os homens fizeram, mas no Deus que fez os homens... 

A felicidade está em se ter uma religião... Não daquelas religiões dogmáticas autoritárias, que buscam nos mistérios a intimidação dos crentes ou na persuasão, a cegueira fanática. 

Não na religião que abomina o corpo e amedronta a alma, mas naquela religião que busca Deus no interior de cada um, para encontrá-lo no mundo exterior. 

Ninguém verá Deus lá fora senão encontrá-lo primeiro no seu interior. As religiões não são as igrejas ou as suas Constituições, mas o que elas ensinam e praticam de são e puro. O melhor templo está no nosso interior, no nosso coração e naquilo que pensamos de bom e verdadeiro. O mais perfeito templo está na natureza. 

Por isso que a Maçonaria transportou para o interior de seus templos – lojas ou oficinas, as grandezas do universo. Por isso que a Maçonaria faz das leis do universo os seus princípios. Primeiro, os maçons creem em Deus; depois a Maçonaria ensina que os iniciados tenham religião, mesmo que seja aquela criada por cada um, forjada na essência daquilo que as religiões tenham de certo e autêntico - Que seja ao mesmo tempo elevado e profundo. 

Prosseguindo, a felicidade só se completa com a constituição da família. Nas afeições da família estão as mais nobres e preciosas forças. O homem traz a força criadora. A mulher o poder vitalizante, tanto que já sentenciou um emérito estadista que foi Maçom: Ao lado de um grande homem há sempre uma grande mulher! Não há lares harmônicos sem homens com qualidades e mulheres virtuosas; nem filhos vencedores sem pais amigos. É na família, pelos ensinamentos sólidos e pelos exemplos edificantes que se formam os valores. E a grandeza de um país, de uma nação, está no caráter de seu povo.

A Maçonaria não crê vitorioso apenas quem amealhou riquezas materiais. A prece, na ação dos homens para a manutenção da felicidade, é o alimento da alma; a meditação, a sustentação do espírito. Pois, não há vigor físico sem boa nutrição; nem espírito iluminado sem a chama da Oração. Tanto é verdade que os trabalhos maçônicos são sempre abertos e encerrados invocando-se a proteção do Grande Arquiteto do Universo. Para o maçom a saúde do corpo e a do espírito são importantes. 

Esta, porém, mais que aquela, porque enquanto uma é passageira a outra é eterna. Para a Maçonaria não há felicidade distanciada do amor, afastada da amizade. 

A Maçonaria não conhece a felicidade que não tenha a bondade no pensamento e a caridade nos gestos. Para a Maçonaria a paz que se procura está no silêncio e na grandeza da humildade. Não pode ser feliz quem não alcança a razão e atinge a sabedoria, na medida das limitações de cada um, pois um analfabeto pode ser um sábio e um cientista um neófito. 

A felicidade, portanto, não se ganha, se conquista. Para conquistá-la é preciso escolher, Amar... em vez de odiar; Rir... Em vez de chorar; Criar... Em vez de destruir; Perseverar... Em vez de desistir; Louvar... Em vez de difamar; Curar... Em vez de ferir; Dar... Em vez de roubar; Agir... Em vez de procrastinar; Crescer... Em vez de minguar; Orar... Em vez de amaldiçoar; Viver... Em vez de morrer. 

Por tudo que lhe é concedido, o maçom deve ser um homem especial, diferente dos outros, incomum, extraordinário. Às vezes, entrementes, tropeça e cai, como os outros, mas não se detém; levanta-se e segue a sua rota, irredutível em sua fé, imperturbável em sua ação porque marcha em direção à luz. 

E, quem marcha em direção da luz não pode se deter para contar o que acontece nas sombras. Para atingir estes atributos a Ordem lhe ensina o caminho do aperfeiçoamento, desbastando a pedra bruta. 

Um maçom pode ser identificado, não só pelos toques e pelos sinais, mas também e principalmente pelos gestos e ações porque ele é sempre discreto e sóbrio, conquanto alegre e seguro, reto e probo, humano e fraterno, empreendedor e humilde. 

Por tudo e, portanto, o maçom há que ser um homem sábio, paladino nas lutas contra os males; sintonizado com a alma do universo, de coração largo, tolerante, nobre, cumpridor da ordem cósmica, caminhante do infinito imortal, não se subjugando em destino algum.

Os anos passam... A vida corpórea acaba... Contudo permanece de nós, maçons tudo aquilo que fizemos de bom de terno e de verdadeiro!

(Peça de Arquitetura apresentada no Encontro do Dia do Maçom no ano de 2008 em Blumenau/SC)

sábado, 29 de junho de 2024

OS SUBSTITUTOS DOS VIGILANTES - REAA

Em 26.09.2023 o Respeitável Irmão Álvaro Mattos da Costa Filho, Loja Fé e Esperança, REAA, GOB-SP, Oriente de Jaboticabal, Estado de São Paulo, apresenta a dúvida seguinte:

SUBSTITUTOS DOS VIGILANTES

Mais uma vez recorro aos seus conhecimentos para nos esclarecer uma dúvida:

Na composição da Loja, antes do início dos trabalhos estando ausentes os titulares dos cargos de Primeiro e Segundo Vigilantes, quais oficiais os substituem?

O Primeiro Experto substitui o Primeiro Vigilante e o Segundo Experto substitui o Segundo Vigilante, seria isso?

Nas mesmas condições (antes do início dos trabalhos), estando ausente somente o Segundo Vigilante seria o Primeiro Experto que o substituiria?

Contando mais uma vez com sua atenção, agradeço antecipadamente.

CONSIDERAÇÕES:

Inicialmente, vale mencionar que não existe previsão para que sejam substituídos, por falta de frequência, os dos dois Vigilantes titulares de uma Loja, de uma só vez. Nesta conjuntura, entende-se que se das três Luzes eleitas para dirigir a Loja, estejam faltando duas delas, algo não está correndo bem no seu cotidiano.

A bem da verdade, os nossos Regulamentos e Rituais não foram elaborados prevendo faltas, atrasos, etc., e outros elementos não recomendáveis.

Deste modo, é até admissível, esporadicamente, por motivos de força maior, a ausência de uma das Luzes da Loja, no entanto, duas delas, ou até as três, serial algo inadmissível e desrespeitoso para com os regulamentos em vigência. Entende-se que quando se tratam de regras legalmente estabelecidas, é inadmissível o “faz de conta”.

Assim, no REAA, por exemplo, na hipótese da falta de uma das Luzes da Loja, no caso o Venerável Mestre, por exemplo, em uma Sessão Ordinária, conforme o RGF, o 1º Vigilante é o seu substituto legal. Por extensão, o cargo do 1º Vigilante, conforme o RGF, será ocupado pelo 2º Vigilante que, por sua vez, terá o seu cargo preenchido pelo 2º Experto, nunca pelo 1º Experto, como expressa a sua questão. Desse modo, o 1º Experto não é substituto do 1º Vigilante em nenhuma hipótese.

Vale salientar que no caso das sessões magnas de Iniciação, Elevação e Exaltação, na falta do Venerável Mestre titular, o substitui o Mestre Maçom Instalado mais recente da Loja

À vista destes comentários, admite-se até a falta de uma das Luzes que foram eleitas para dirigir a Loja, todavia, duas delas, não. Consequentemente, não é possível criar regras porque uma Loja tem problemas com frequência. Nesse caso, o mais apropriado é resolver os problemas da Loja e não os resolver com estratagemas equivocados.

T.F.A.
PEDRO JUK - SGOR/GOB
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

MAÇONS FAMOSOS


Richard Christopher "Rick" Wakeman (nascido em 18 de maio de 1949) é um tecladista, compositor, apresentador de televisão e rádio inglês. Ele é mais conhecido por estar na banda de rock progressivo Yes em cinco períodos entre 1971 e 2004 e por seus álbuns solo lançados na década de 1970. Sua arte incluía estilos e gêneros como rock progressivo, música cinematográfica e art rock.

Iniciado: 2007 Passado: 2008 Arrecadado: Setembro 2008 / “Chelsea Lodge No. 3098”, Londres

Fonte: Facebook_Curiosidades da Maçonaria

O DEVER DE UM PADRINHO MAÇOM

Normalmente observamos Irmãos tecendo comentários e até criticando Lojas que não conseguem crescer rapidamente. Chegam inclusive a perguntar se os Irmãos componentes daquelas Lojas não têm amigos.

Não é bem assim. Não é qualquer amigo que deve ser convidado para engrossar as colunas da Ordem.

Em verdade, a Maçonaria não tem interesse apenas na quantidade de membros, mas, principalmente na qualidade dos componentes de seu quadro, porque somente com qualidade é que perpetuar-se-ão seus propósitos e ensinamentos, que não devem ser conhecidos por não iniciados.

Outrossim, o Padrinho não deve esquecer de que seu afilhado no futuro pode vir a ser um Venerável Mestre e até Grão-Mestre. Por isso, tem que ser exigente na escolha e não convidar qualquer pessoa que conheceu e achou que tem perfil para ser maçom, ou porque a pessoa lhe prestou algum favor ou ainda, porque faz parte de uma casta social de médio a alto nível.

A perpetuação da Ordem Maçônica depende em muito do padrinho, pois, conforme for sua escolha ou indicação terá a Maçonaria excelentes obreiros ou simplesmente maçons incapazes de desenvolver o trabalho a que ela se propõe, que é oferecer meios que facultem melhores dias para a humanidade ser feliz.

Os meios apresentados pela instituição maçônica para que possa a humanidade ser feliz, são de simplicidade ímpar, bastando que os maçons os exercite e os coloque em prática no mundo profano.

Na prática dos meios estabelecidos pela Ordem Maçônica, deve o maçom pregar:

1º – o amor como meio primordial de resolução de qualquer problema e união das pessoas;
2º – que por meio do aperfeiçoamento dos costumes é possível se viver em sociedade sem tumulto;
3º – que se exercitando a tolerância com paciência, se evitam atritos entre as pessoas;
4º – que todos são seres humanos com ideias próprias e como tal, devem ser tratados com igualdade e respeito, inclusive se respeitando a autoridade e a crença de cada um, não se estabelecendo para isso fronteiras ou raças, até porque todos são efetivamente iguais.

Daí uma grande responsabilidade do Padrinho na indicação do candidato, porque deve ele ter perspicácia de saber se seu escolhido pode ou não, desenvolver as atividades maçônicas na forma como lhes forem ensinadas e exigidas.

Por essas e outras razões é que dizemos que o padrinho ou Proponente deve ser considerado tão importante quanto o próprio candidato a maçom, vez que, é o responsável direto pelo seu afilhado.

Perante a Assembleia da Loja, o Padrinho garantiu por meio de documento assinado, que seu escolhido reúne todas as qualidades exigidas pela Ordem para que ele possa pertencer a seu quadro.

A responsabilidade que tem início na escolha do candidato deve continuar durante toda a vida maçônica dos dois (Proponente e Candidato), nunca o Padrinho permitindo que seu afilhado se engendre em caminhos tortuosos, orientando-o sempre da melhor forma, para que o seu convidado possa vir a galgar graus, exclusivamente por merecimento.

Padrinho significa protetor, patrono, enquanto que afilhado tem o significado de protegido, patrocinado.

Já a palavra “candidato” tem como raiz o significado “Cândido”, ou seja; que tem alma cândida, caracterizado pela candura. Em sentido figurado: ingênuo, inocente, puro. Assim, um candidato deve, efetivamente, reunir as qualidades que lhe dão dignidade para juntar-se aos membros da instituição maçônica como base da filosofia milenar, sempre oportuna e atual.

Ao Padrinho maçom compete conhecer muito bem o candidato, bem como, necessário se faz conhecer a família do candidato. Quando algum profano se inicia na Ordem Maçônica, também tem ingresso sua esposa e seus filhos e demais familiares, razão pela qual, é de suma importância a participação efetiva de todos os membros da família, para a realização dos mais diversos atos, tais como solenidades festivas, Ordem DeMolay, Filhas de Jó, movimentos caritativos etc. e etc.

Logo, é necessário que o Padrinho tenha muita cautela na escolha do afilhado, devendo para isso, conhecer seu relacionamento familiar, seu procedimento com os colegas de trabalho, sua situação econômica, sua disponibilidade financeira, sua disponibilidade de tempo para acompanhar os interesses da Ordem, seu grau de cultura, sua desenvoltura no manejo das palavras e principalmente seu grau de percepção no entendimento dos assuntos a ele expostos.

Um profano só deve ser convidado a ingressar na Maçonaria, quando ele demonstre sem sombra de dúvidas, interesse para isso e quando sua esposa, se casado for, não apresente qualquer sintoma de má vontade.

O Padrinho, ao apresentar o nome de seu candidato através de Pré-Proposta para que a Assembleia decida se deve ou não ser liberada a Proposta Definitiva, quando aprovada, está ele investido de uma autoridade delegada por Irmãos que confiam piamente nele, entendendo que esse Padrinho traga ao seio da Maçonaria, um futuro Irmão, que preserve os costumes da Ordem. Contudo, a responsabilidade do padrinho não para por aí, porque dele depende o comportamento do seu afilhado, tendo o Padrinho como exemplo, cujo Padrinho também é responsável pela manutenção desses costumes.

O Padrinho deve aparecer para o seu afilhado como sendo o Mestre dos Mestres, deve ser como um Pai, um grande amigo, um confidente conselheiro procurando iluminá-lo, de forma que seus passos na conquista dos graus sejam alcançados exclusivamente por mérito. Logo, ao Padrinho compete dar bom exemplo para seu afilhado inclusive, cumprindo rigorosamente com suas obrigações pecuniárias na Ordem.

É bom lembrar que o Padrinho tem o dever de procurar seu afilhado, quando esse se encontre inadimplente com a Loja ou Grande Loja, pois, quando apresentou o nome do seu proposto, afirmou categoricamente mediante documento assinado, estar em condições de responder pela idoneidade moral e financeira do candidato. Em outras palavras, o Padrinho quando apresenta à Assembleia o nome de um candidato, verifica-se que quase ninguém conhece o apresentado.

Ocorre que os membros da Assembleia simplesmente acreditam nas afirmativas do Irmão e aprovam o envio da Proposta Definitiva. Todavia, quando se formaliza o processo com sindicâncias e documentos comprobatórios da idoneidade do candidato, é de bom alvitre que o Venerável Mestre oriente aos sindicantes no sentido de que sejam exigentes, não apenas confiando nas informações do proponente, porque, mesmo sendo o proponente um maçom, não deixa de ser um ser humano passível de erros.

Infelizmente acontecem casos em que o Padrinho depois da iniciação do afilhado, se afasta da Ordem como se dissesse: “vou deixá-lo no meu lugar”. Outras vezes se observa o afilhado cobrando do Padrinho as responsabilidades que esse não vem cumprindo. Em verdade, conforme já dito, o Padrinho deve ser o espelho do seu convidado.

Deve ser estabelecido como princípio maçônico que o nome de um candidato não surge apenas de uma vontade profana, mas de uma “predestinação divina.

Resumindo: é o G∴A∴D∴U∴ que passa às mãos de um maçom que recebe o título de “apresentador” ou “padrinho”, aquele que, de fato e de direito, merece ser iniciado nos AAug.’. Mistérios da sublime Ordem Real.

Quando um Irmão recebe a incumbência determinada pelo G∴A∴D∴U∴ de propor um candidato, deve se conscientizar dos encargos que advêm com aquela apresentação. Por isso, não deve fazer a escolha motivado pela emoção, mas tão somente, por força da razão. O Padrinho tem o dever inclusive, de no dia da iniciação, conduzir seu afilhado até o local onde será iniciado.

Chegando ao prédio onde funciona a Loja, na sala dos PP∴PP∴ o candidato é vendado por seu Padrinho para que fique privado da visão. Privado do mais precioso órgão dos sentidos, o candidato deixa de ver com os olhos materiais e passa a enxergar com os olhos do espírito, tendo início verdadeiro processo esotérico que produzirá efeitos misteriosos, cujos efeitos, criarão pouco a pouco algumas imagens e alegorias na mente do iniciando dali em diante.

Uma vez vendado, o candidato é entregue ao Exp.’. que colocando a mão sobre seu ombro diz: – “Sou o vosso guia. Tende confiança em mim e nada receeis”. (pág. 38 Ritual Aprendiz Maçom) Depois de iniciado, ao Padrinho compete dotar o neófito das condições básicas para que ele possa se desenvolver com satisfação e entusiasmo.

Deve o Padrinho, ainda no dia da iniciação, orientar o iniciado no sentido de que não deve comentar com ninguém o que se passou, até porque ele prestou um juramento nesse sentido. Deve ainda o proponente orientar o afilhado na parte ritualística, ensinando-o a entrar em Loja quando chegar atrasado, explicando a circulação em Loja no sentido dextrocêntrico, de forma que o lado direito esteja sempre voltado para o Altar dos Juramentos.

Deve orientá-lo em quais momentos se faz o sinal, deve inclusive treiná-lo no trolhamento e incentivá-lo à leitura de livros pertinentes ao Grau de Aprendiz Maçom.

Com esses ensinamentos básicos, de certo, as qualidades do neófito serão adequadamente desenvolvidas, passando a compreender o universo que representa a instituição maçônica. Deve também o Padrinho capacitar seu afilhado no uso da sabedoria, ensinando-o a exercitar a paciência e ficar observando de forma contínua todos os procedimentos, sejam ritualísticos ou não.

Se o afilhado realmente for pessoa merecedora e tiver alcançado seu objetivo com a iniciação que o transformou em maçom, será capaz de absorver com clareza qualquer informação que lhe chegar.

Ainda compete ao Padrinho, fortalecer o entusiasmo e o dinamismo do seu afilhado, levando-o ao deslumbramento da iniciação, explicando de forma inteligível todo o processo iniciático, inclusive, mostrando que o simbolismo da iniciação está exatamente na morte do homem profano para que nasça o maçom.

Com isso, deve o Padrinho exaltar toda a magnitude da Maçonaria como Instituição, como elemento agregador e fortalecedor de nossos pensamentos, deixando o afilhado apto e vigoroso para enfrentar e ultrapassar todos os obstáculos, os quais, na sua maioria, são trazidos por falsos maçons imbuídos de vaidades e com imposição de ideias desagregadoras.

Quando por ventura ocorrerem tais imposições capazes de desagregar provocando a desarmonia na Loja, deve aflorar na mente do afilhado a figura do Padrinho maçom que sempre deu bons exemplos de dedicação à Sublime Ordem.

Na maioria das vezes, o padrinho só é lembrado no momento da indicação de um profano. No entanto, o Padrinho deve se fazer presente e nunca ser esquecido, porque ele desempenha papel fundamental na formação filosófica do afilhado que pretende alcançar os mais elevados graus dentro da Instituição.

QUE O G∴A∴D∴U∴ NOS AJUDE A CUMPRIR ESSA SUBLIME MISSÃO.

Fonte: Revista Universo Maçônico

sexta-feira, 28 de junho de 2024

BATIDAS NA PORTA DO TEMPLO

Em 26.09.2023 o Respeitável Irmão Orlando dos Santos Souza, Loja Amor e Trabalho do Rio, 10, REAA, GOIRJ (COMAB), Estado do Rio de Janeiro, RJ, apresenta a dúvida seguinte:

BATIDAS NA PORTA NA ENTRADA DO TEMPLO

Mais uma vez ouso incomodá-lo com perguntas que ainda geram dúvidas e dívidas.
Meu irmão quando estamos na Átrio e após a entrada do Cobridor Interno, quantas pancadas são dadas na porta do Templo? E uma vez dentro do Templo, quantas batidas são dadas pelo Mestre de Cerimônias para anunciar a composição da Loja?

CONSIDERAÇÕES:

O mais comum, no caso do REAA, é que no Átrio, para o ingresso no Templo, o Mestre de Cerimônias dê com o punho cerrado da mão direita (passa momentaneamente o bastão para a mão esquerda) pelo lado de fora da porta, a bateria do grau que a Loja irá trabalhar.

Por sua vez, o Cobridor Interno, que já deve estar dentro do Templo nesta ocasião, abre a porta, sem percutir nenhuma bateria.

Após a condução, pelo Mestre de Cerimônias, do Venerável Mestre ao trono, a porta é fechada e o Mestre de Cerimônias, em silêncio, simplesmente se desloca ao seu lugar em Loja. Originalmente, não existe nenhuma bateria, e nem é comum o Mestre de Cerimônias, neste instante, anunciar a composição da Loja. 

Ora, isso originalmente ocorre mais adiante no ritual, quando o Venerável Mestre pergunta ao Chanceler se há número regular para a abertura dos trabalhos e em seguida ao Mestre de Cerimônias se a Loja está devidamente composta. 

Assim, não faz sentido o Mestre de Cerimônias antecipadamente dar essa informação, muito menos efetuar bateria.

Na hipótese de existir algum ritual que preconize essa prática extemporânea do Mestre de Cerimôniasa, este carece de uma regular correção.

T.F.A.
PEDRO JUK-jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

DO LADO DE DENTRO OU DO LADO DE FORA?

Sérgio Quirino Guimarães
ARLS Presidente Roosevelt 025

Existem duas situações e várias variantes sobre o posicionamento das Colunas “J” e “B”, porém o mais importante é compreendermos que há dois Templos, um real e histórico outro lendário e místico. O que foi realmente construído com pedras é o TEMPLO DE JERUSALÉM, obra de Hiram Abiff, Hiram Rei de Tiro e do Rei Salomão que reinou entre 971 a.C. e 941 a.C. Nesta obra material, que foi erguida no Monte Moriah (Moriá), conforme descrito em Reis I, Capítulo 7, versículo 21 (“Depois levantou as colunas no pórtico do templo; levantando a coluna direita, pôs-lhe o nome de Jaquim; e levantando a coluna esquerda, pôs-lhe o nome de Boaz.”) as Colunas “J” e ”B” ficam do lado de fora do Templo. Então os mais apressadinhos dirão que as Colunas devem ficar do lado de fora do ambiente onde funciona uma Loja Maçônica.

Não é bem assim; eu pergunto ao Irmão se a estrutura física que abriga sua Loja Maçônica é uma cópia do Templo de Jerusalém? Sim ou não? Espero que tenha dito não, pois fica difícil imaginar o Templo de Jerusalém com bancos na posição que se encontram em nossos dias. Há alguma descrição bíblica da Escada de Jacó no Templo de Jerusalém? Dentro da liturgia ou ritualística dos hebreus teria lugar para um Primeiro Vigilante? Tantos altares e Oficiais? Se ainda esta em duvida, observe que em alguns Templos Maçônicos encontramos bustos de deuses grego-romanos (Hércules, Minerva/Palas, Vênus/Afrodite), o olho de Hórus (cultura egípcia), e o busto de Marianne esta dentro de todos os Templos Maçônicos franceses. E então chegamos à conclusão que tudo esta errado! Errado é pensar assim! 

Os Templos Maçônicos só começaram a serem construído no Século XVIII, a primeira inspiração dos nossos Irmãos foi o ambiente material onde desenrola nossa Lenda, logicamente com os elementos físicos e simbólicos que nos remeteriam as instruções e valores maçônicos.

Mas não foi a única fonte de coleta de símbolos e instruções. Nosso pavimento por exemplo, lembra muito uma das bandeiras dos Templários. Neste momento é que realmente foi construído o TEMPLO DE SALOMÃO, obra ficcional, ou seja, uma obra parcialmente baseadas em fatos reais, mas sempre com algum conteúdo imaginário.

Nesta obra mítica é que esta inserida uma Loja Maçônica, nós trabalhamos no “Templo de Salomão” que não é uma obra de pedra, pois não somos mais Maçons Operativos, trabalhamos com valores, ao cavarmos masmorras ao vício, não sujamos nossas mãos de terra, pelo contrário, as luvas brancas devem continuar sem máculas. 

Ao levantarmos templos a virtude não podemos suar, afinal este trabalho deve ser algo rotineiro e como Maçons Especulativos já estamos habituados. O verdadeiro Templo Maçônico é uma estrutura composta de muitos símbolos, anexados aos trabalhos conforme a ritualística, a cultura e as instruções do Rito. 
Portanto se em seu labor a visualização do símbolo lhe ajudará a compreender a instrução, este símbolo deve estar presente. Resumo: O verdadeiro Templo de Salomão não é o Templo de Jerusalém, as Colunas “J” e “B” do Templo de Jerusalém ficavam do lado de fora. As Colunas “J” e “B” do Templo de Salomão ficam do lado de dentro. E então alguém perguntará: - Mas Irmão Quirino, em nossa Loja ou Potência sempre as Colunas estiveram do lado de fora! Tudo bem, deixe-as onde estão, mas por favor, por uma questão de coerência coloquem o “Mar de Bronze” também do lado de fora.

Fonte: JBNews - Informativo nº 241 - 26.04.2011

quinta-feira, 27 de junho de 2024

CHEGANDO ATRASADO E OUTROS PROCEDIMENTOS

Em 25.09.2023 o Respeitável Irmão Gessy Faustino Barbosa, Loja Luz e Redenção, 2005, REAA, GOB, Oriente de Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, apresenta as dúvidas seguintes:

CHEGANDO ATRASADO

Gostaria de alguns esclarecimentos:

1) Na sua orientação dada através do blog em 24/04/23 sobre a entrada em loja de irmãos retardatários, a reposta do Cobridor Interno deve ser 3 e não 1. Nossa Loja vem praticando resposta com 1 batida. Poderia me orientar?

2) Grau 2. Ritual pag. 29, 1º Vig∴ - Verificar se todos os presentes nas colunas são MMaç∴. pergunto, o correto não seria CComp∴ MMaç∴?

Os VVig.'. Percorrem as suas CCol∴ ... recebem o Sin∴, Toq∴ e Pal∴ de Pas∴ ... Li em nas suas orientações da SOR que deve ser a Pal∴ Sagr∴, Confere? Antecipadamente deixo aqui meus agradecimentos e quero parabenizá-lo pelo seu belíssimo trabalho.

CONSIDERAÇÕES:

O ritual em vigência do REAA não menciona a hipótese do atraso, portanto, não há ainda uma orientação oficial nesse sentido. O novo ritual previsto para o ano de 2024 trará uma orientação nesse sentido. Sem a pretensão de regulamentar o atraso, haverá uma orientação de procedimento para o caso.

Assim, as recomendações previstas no ritual que virão, são as de que o atrasado bata sempre como Aprendiz Maçom. Se o momento não for propício, o Cobridor Interno responde com a mesma bateria (Aprendiz) pelo lado de dentro da porta. Isto significa que o retardatário deve aguardar até que seja possível a sua entrada. Daí em diante seguem-se os procedimentos costumeiros, onde o Cobridor Interno, sendo possível, comunica à Loja sobre a presença de um retardatário no Átrio. Cabe ao Cobridor, nos procedimentos da praxe, verificar se o atrasado tem grau suficiente para entrar.

Pancada única é bateria profana e não é o caso. Inventaram essa pancada e ela acabou se difundido. Ela não estará prevista no novo ritual do REAA que virá em 2024.

Verificar se todos nas colunas são “maçons”. No caso do Grau de Companheiro, o novo ritual que virá trará o seguinte: “verificar se todos nas Colunas são Companheiros Maçons”.

Sim, é a Pal∴ Sagr∴, pois a de Pal∴ de Pas∴ somente deve ser solicitada, caso necessária, ao se ingressar no Templo. Assim, na verificação dos presentes para a abertura da Loja, os Vigilantes tomam a Pal∴ Sagr∴, já que a ocasião é a de examinar a qualidade do Grau dos presentes dentro do Templo. Isso já faz tempo que foi corrigido no SOR - Sistema de Orientação Ritualística implantado pelo Decreto 1784/2019 e publicado no Boletim 31 de outubro de 2019. Graças a isso é que o SOR se encontra hospedado na Página Oficial do GOB. Para acessá-lo é necessário o E GOB CARD, o CIM e a Palavra Semestral. Todas as correções e orientações inseridas no SOR farão parte dos novos Rituais.

T.F.A.
PEDRO JUK - SGOR/GOB
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

FRASES ILUSTRADAS

A MAÇONARIA E A IGREJA CATÓLICA

Ainda acontece principalmente em cidades mais do interior, que um irmão, ou o que é pior, uma esposa de maçom, sejam discriminados dentro da igreja católica.

O objetivo desse trabalho é apresentar um histórico e tentarmos entender um pouco dessa discriminação à maçonaria e aos maçons em particular, que felizmente tem diminuído sensivelmente, praticamente não existindo mais em grandes centros.

A Maçonaria, pode-se dizer, nasceu dentro da igreja católica. Como construtores que eram, passavam longo tempo construindo catedrais e mosteiros. Houve um tempo em que a maçonaria e a igreja católica coexistiam pacificamente. O que mudou?

A História

A maçonaria como instituição associativa, deu seus primeiros passos em 1356, quando um grupo de pedreiros (Free maçons) dirigiu-se ao prefeito de Londres e solicitou o registro de associação dos pedreiros livres.

Oficialmente registrada a associação e devidamente autorizada, passavam os seus membros ou associados a ter certos direitos e vantagens, que, acredita- se, mais tarde viriam a despertar o interesse dos especulativos. Como:
  • Trânsito livre – pois naquela época não se tinha a liberdade de ir e vir.
  • Liberdade para fazer reunião – que naquela época também era proibido, por receio de conspirações.
  • Isenção de impostos – que convenhamos, agrada a qualquer um.
Pouco tempo depois, surge uni invento revolucionário. Em 1455 inventa-se a impressora com tipos móveis. É publicada a primeira bíblia em latim. Além da cultura em geral, o evangelho também passa a chegar mais facilmente a todas as camadas sociais. Quem lê, pensa mais, sabe mais. A história começa a mudar.

Praticamente desconhecida, cuidando do que lhe era concernente, a maçonaria nem de longe poderia prever que em 1509 seu futuro já estava sendo influenciado. É que neste ano, subia ao trono da Inglaterra, Henrique VIII. Ao ver contrariadas suas pretensões de conseguir o divórcio junto ao papa, para casar-se novamente com Ana Bolena, revolta-se e desconhecendo a autoridade do papa, funda urna nova religião, a Anglicana.

Constitui-se como único protetor e supremo chefe da Igreja e do clero da Inglaterra. Acaba com o celibato, e confisca os bens do clero. Está aberta mais uma lacuna na igreja católica, abrindo-se uma ferida profunda entre os poderes. A maçonaria mais tarde, certamente sofreria as consequências de sua origem inglesa. Em pouco tempo e devido a outras grandes cisões o catolicismo perdeu terreno e influência na Inglaterra, Alemanha e Suíça, como permanece até os dias atuais. E a maçonaria? Continuava operativa. Não incomodava e nem era incomodada.

Em 1600, outro fato, aparentemente sem importância, iria mudar totalmente os rumos da maçonaria. É aceito o primeiro especulativo de que se tem noticia. Lord John Boswel, um fazendeiro, simples plantador de batatas. Foi o primeiro a ver vantagens em pertencer a associação dos pedreiros livres. A maçonaria, que mais tarde seria só “especulativa”, como a conhecemos até hoje, começou a mudar aí.

Alguns anos mais tarde, em 1603, assume o trono da Inglaterra, Jaime I. católico, começando a dinastia dos Stuans. Levando consigo a grande esperança da igreja católica para mudar os rumos do catolicismo.

Mas interesses econômicos outros, lutas políticas na busca do poder, e o puritanismo, levaram Oliver Cronwel a frustrar as pretensões da igreja, levando os Stuarts a se exilar na França e quando voltam não tem forças para se firmar. Em 1714 termina a dinastia dos Stuarts com Ana Stuan, assumindo Jorge I, iniciando a dinastia Hannover. Mas nesse meio tempo em 1646, é aceito outro especulativo. Elias Ashmole.

A importância do fato estava em ser ele um intelectual, alquimista e Rosa Cruz. Alguns autores lhe creditam a confecção inicial dos rituais. As lojas proliferam. Eram mistas (operativos e especulativos) ou só de especulativos. Em 24 de junho de 1717 é fundada a Grande Loja de Londres. Oficialmente. é nessa data que começa a Maçonaria especulativa.

É convidado o Ministro Protestante, reverendo James Anderson, a compilar todas as tradições, usos e costumes dos maçons, para fazer uma constituição que regesse a Maçonaria. Após estudos, com outros irmãos, foi submetida a uma assembléia que a aprovou em 1723, sendo promulgada a primeira constituição maçônica, dita de Anderson. Alguns anos mais tarde, em 1738, ela seria reformada.

Devidamente regulamentada e oficializada, a Maçonaria estava pronta a expandir-se, mas sua expansão não seria pacifica. Como num jogo de xadrez, o desenrolar da história vai determinando certos lances que vão mudar o futuro.

E, talvez o lance mais importante dessa ocasião seja a eleição. em 1730, do Papa Clemente XII, aos 79 anos de idade, que seria o precursor das condenações à maçonaria. De idade avançada, muito doente, alguns autores acreditam que sua eleição tenha sido mais como um prêmio pela sua dedicação. do que pelos seus reais méritos. Quase morre logo ao assumir. mas consegue se recuperar.

Pouco tempo passa, e logo em 1732 fica totalmente cego e a gota o ataca severamente, obrigando-o a guardar leito com constância.

Corno o nepotismo é próprio de quem tem o poder, o papa nomeia Neri, seu sobrinho, como seu assessor direto. Este, ambicioso e sem qualidades, mais tarde deixaria as finanças em precárias condições.

A Maçonaria, por sua vez, continuava sua expansão, derivada de Londres e sendo exportada para países vizinhos.

Instalou-se na Holanda em 1731;
Na França e em Florença em 1732;
Em Milão e Genebra em 1736 e em 1737 na Alemanha.

Esta estranha sociedade secreta, que guarda segredo absoluto de tudo o que faz constituída de nobres, aristocratas, intelectuais. Começou a inquietar os poderes dominantes de cada país. O medo das tramas e subversão para a derrubada do poder foi mais forte e começaram as proibições.

Sem saber o que acontecia nas reuniões, sempre secretas, criou-se um alvoroço, e muitos governantes pediam providências ou soluções ao papa. As alegações eram de que a sociedade admitia pessoas de todas as religiões; que era exigido de seus membros segredo absoluto, sob severas penas: que prestava obediência a um poder central em Londres.

O Santo Oficio bem que procurou descobrir alguma coisa, mas nada de concreto conseguira. Consta que muitos elementos do clero já haviam sido iniciados. Na frança, em especial. o clima era puramente político, unia luta pela força e poder. A maçonaria crescia, mas era cerceada como fosse possível.

O Papa Clemente XII continuava doente, constantemente acamado, totalmente cego ha 6 anos, rodeado de pessoas que lhe filtravam as informações, sendo que tudo o que lhe chegava ao conhecimento dependia do interesse dos que o rodeavam. Para assinar os documentos necessários, sua mão tinha que ser direcionada. Nessas condições, sob pressão dos governantes que exigiam providências e também dos inquisidores que exerciam sua influência, é que o papa assinou, com sua mão direcionada, em 28/04/1738, a bula in eminenti, selando assim o destino dos maçons católicos em especial, e da maçonaria em geral.

Bula "In Eminenti" do papa Clemente XII, condenando a maçonaria.

A bula em si, tinha sido promulgada por três motivações:
A) Motivo de caráter político – que era o receio dos governantes pela segurança dos remos;
B) Motivo de caráter religioso – que era a “união de homens de diferentes religiões. Nos males que de tais uniões resultam para a saúde das almas; no parecer de pessoas honradas e prudentes”;
C) Motivo de caráter secreto ou seja “por outras justas e razoáveis causas conhecidas por nós” assim pregavam. O interessante disso é que essas causas ficam em segredo. Quase um segredo tão grande quanto a Maçonaria. Alguns autores relacionam este motivo a causa dos Stuarts, na defesa da causa católica pelo trono da Inglaterra. Lembram?

A pena de excomunhão quase nada mudou no comportamento dos maçons na época. Esta pena estava tão banalizada que até o cardeal Fleury, da França diria “a bula que o papa havia dado contra os maçons não bastaria talvez para abolir essa confraria, a não ser que existisse outro freio diferente da pena de excomunhão”.

Excomungava-se por qualquer coisa: por motivos tão irrisórios como pequenos furtos ou simples questões de etiqueta. Os editos da inquisição, afixados nas portas das igrejas, iam providos do correspondente aviso: “ninguém o tire sob pena de excomunhão maior”.

Qualquer pessoa poderia obter o direito de excomungar, era só pagar uma taxa na chancelaria e mediante um documento, a pessoa poderia excomungar até uma pessoa que tirasse um livro, sem ordem do dono da biblioteca. etc.

Conta-se que um fotógrafo do Vaticano. Arturo Mari, no começo de sua carreira, ainda muito jovem e afoito, cobrindo a eleição do Papa João XXIII, empurrou todo o mundo, na ânsia de fotografá-lo primeiro. Um cardeal o excomungou. Logo, o novo papa suspenderia a punição.

Para se chegar ao alto cargo de cardeal na hierarquia do clero, parece que não era tão necessária uma exaustiva e brilhante carreira, pois Clemente XII, logo que assumiu. Nomeou dois sobrinhos seus, sendo um como assessor direto. Em 1735, nomeou o sereníssimo infante de Espanha, de apenas 8 anos de idade, como cardeal, e também Ottoboni, com 17 anos de idade, sobrinho de Alejandro VIII, também como cardeal. Os interesses espirituais escorregavam diante do poder material. Quem cuidava realmente da religião? A resposta não parece muito difícil.

Bem, com a bula sendo conhecida e publicada nos países católicos, iam se desencadeando as proibições em vários países. No entanto, na França, o parlamento não aprovou a publicação e por isso não foi promulgada. Por isso, oficialmente, na França a bula não entrou em vigor.

Criou um círculo interessante. O papa condenou a maçonaria porque os governantes pediam, e agora, os governantes a condenavam porque era o papa quem pedia. Nos estados pontifícios, cuja constituição administrativa era católica, todo delito eclesiástico era castigado como delito político, e vice-versa. Infringir a religião era infringir a lei, e infringir a lei era o mesmo que infringir a religião. Com a morte de Clemente XII em 1740, assume Bento XIV, que não se manifesta inicialmente a respeito da proibição. De imediato, que reflexos estavam tendo na maçonaria a bula de Clemente XII?

A inquisição, encarregada de executar as ordens papais, começava sua primeira e mais conhecida vitima em Portugal; John Coustos (maçom). Denunciado em outubro de 1740, foi torturado e condenado a 6 anos nas galés. Outra vitima foi Francisco Aurion Roscai:1m, na Espanha em I 744, condenado ao isolamento e banido para sempre. Estes foram os primeiros maçons, vitimas da bula do Clemente XII.

Começam boatos que Bento XIV não confirmaria a bula anterior. De Nápoles vinham muitas pressões por um posicionamento. Somente 11 anos depois da bula in eminenti de Clemente XII, saiu a bula de Bento XIV, com o nome de Constituição Apostólica Providas. Nada mudava da anterior. Até então, após duas bulas, a maçonaria ainda era uma sociedade que era “inconveniente”, sem ser um perigo iminente. Na dúvida, melhor proibir. As coisas permaneceriam assim até a morte de Bento XIV em 1758. Também com Clemente XIII de 1758 a I 769, com Clemente XIV de I 769 a 1774, com Pio VI, de 1775 a 1799, com Pio VII de 1800 a 1823.

Só que neste papado de Pio VII, surge a figura de Napoleão Bonaparte, que acabaria por ter uma influência positiva na liberação das colônias portuguesas. Os ideais de liberdade ganharam força quando Napoleão afugentou a coroa portuguesa para o Brasil em 1808, avançou para a Espanha e adentrou em Roma, proclamando o fim o poder temporal do papa, e mantendo- o preso no castelo de Fontainebleau. Pio VII só recuperou parte de suas possessões com a queda de Napoleão em 1815.

Mas a história começa a mudar. Isto se reflete nas colônias que começam seus movimentos de libertação. Praticamente todas lideradas por maçons, que conseguem logo em seguida, neste penado, sua independência:
  • Obra de Benedito Calixto mostra José Bonifácio de Andrada e Silva, o tutor de D. Pedro I
  • Chile – 1818, liderada por O’Higgins (maçom);
  • Colômbia – 1821, liderada por Bolivar (maçom):
  • Peru – 1821, liderada por Bolivar e San Martim (maçons);
  • Argentina – 1822, liderada por Bolívar e San Martim ( maçons);
  • Brasil – 1822, liderada por D. Pedro I e José Boni fácio de Andrada e Silva (maçons).
Já havia o exemplo vitorioso de libertação dos Estados Unidos em 1783, liderada por maçons como George Washington. Na queda da bastilha, na França, em 1789, maçons lutaram com seus aventais. A maçonaria deixara de ser simplesmente “inconveniente”, passando a ter uma atuação concreta e objetiva e a receber condenações mais veementes da igreja, embora esta não se considerasse diretamente atingida ou ofendida.

Seria óbvio que a igreja apoiasse Portugal e Espanha, seus mais fiéis aliados, condenando a Maçonaria, para tentar conter essa avassaladora onde de independências. Um péssimo negócio, diga-se de passagem, para quem recolhia pesados tributos. Mas não é tão simples como parece, à primeira vista, a condenação católica a Maçonaria.

Começou com a bula “in eminenti”, com um caráter mais preventivo que coercitivo, se tomou opressiva, a condenação, quando politicamente, a igreja tentou ajudar seus mais fiéis aliados. Portugal e Espanha como já dissemos, até aqui, pode-se dizer que a igreja católica condena a Maçonaria por motivações de terceiros. Ela, em si, nunca se sentira ameaçada para que se justificasse a manutenção da condenação.

A Unificação da Itália – O Maior dos Motivos

Os verdadeiros motivos da condenação, sem dúvida alguma. Resultaram da unificação da Itália. O trauma desse episódio não deixa certos setores da igreja esquecer até os dias de hoje. A Maçonaria foi considerada cono um inimigo mortal, por ter apoiado a unificação.

Houve a época. a fundação da Carbonária, seita de caráter político, independente da Maçonaria, tendo como finalidade principal a unificação da Itália. A carbonária tomara-se perigosa e prejudicial à Maçonaria, pois era confundida com esta e colocada erroneamente, no mesmo pé de igualdade, enquanto que, na realidade, não tinha nada em comum, nem nas origens, nem nas finalidades, nem nas formas. Os carbonários para conseguir o seu ideal, matavam-se preciso.

Os carbonários tiveram seus aprendizes, mestres, grão mestres. Mestre de cerimônias, orador, secretários, sinais, toques e palavras, juramentos, e é claro, segredos. Por isso a maçonaria era muito confundida. Essa similitude externa propiciou a Leão XII a identificar os carbonários, em sua bula “quo graviora”, como se fosse um retrato da Maçonaria, lançado em 1825.

A partir dai a situação agravou-se ainda mais. Posteriormente já com o papa Pio IX lança-se a bula em 1864, condenando as sociedades secretas, que nelas se exigisse ou não o segredo.

É proclamado rei da Itália unificada – Vitor Manuel. 

A venda das terras desapropriadas da igreja em 1867 foi apenas uma, entre várias medidas anticlericais. Mas o povo italiano queria a unificação. Para se ter uma idéia do anseio popular pela unificação da Itália, o plebiscito deu como resultado: 456.000 a favor com apenas 756 contra. Os italianos não aceitavam outra capital que não fosse Roma.

A essa altura, Pio IX já tinha lançado a “multiplices inter” contra a Maçonaria e a Carbonária como: “os inimigos do nome cristão que ousaram assaltar a igreja de Deus, esforçando-se, bem que inutilmente, por arruiná-la e destruí-la”.

Logo ern seguida, em 1869, a “apostolice sedis”, contra a maçonaria e as sociedades secretas, com a excomunhão latae sententiae, contra “todos que dão seu nome á seita dos maçons ou dos carbonários, ou a outra seita do mesmo gênero, que “maquinam” aberta ou secretamente, contra a igreja e contra os legítimos poderes”.

A situação se agravara de tal maneira que ficara insustentável. Como se vê. a essa altura, a Maçonaria estava definitivamente condenada. O grande motivo? A unificação da Itália, um ideal Carbonário.

Um episódio brasileiro ocorreu em 1872 com o desencadeamento da questão religiosa. Envolveu dois bispos, um do Pará e outro de Olinda, que condenaram a Maçonaria em suas dioceses, contrariando as leis vigentes no país. Foram julgados e condenados por um supremo tribunal de justiça a quatro anos de trabalhos forçados. Por interferência do Duque de Caxias foram, a contragosto de D. Pedro I, anistiados.

Mas, voltando a Itália, ideal era dos carbonários, mas a culpa ficou para a Maçonaria.

Em 1917 – é promulgado por Bento XV, através da “providentissima mater ecclesia”, o primeiro código de direito canônico. também chamado de pio-beneditino. Este código regulamentava todas as atividades da igreja, e definia a situação da Maçonaria em vários cânons:

Cânon 2335 “os que dão seu próprio nome à seita maçônica, ou outras associações do mesmo gênero, que maquinam contra a Igreja ou contra os legítimos poderes civis, incorrem ipso facto, na excomunhão si mpliciter reservada á sé apostólica”.

Com esse cânon, ficaria estigmatizada especificamente a denominação “Maçonaria”, bem como caracterizada a sua pena: a “excomunhão”

Os sacramentos proibidos são: o batismo, a eucaristia. a crismar (ou confirmação da fé), a penitência (ou confissão dada antes da eucaristia ), o matrimônio, a ordenação sacerdotal e a unção dos enfermos.

Para atender aos anseios dos irmãos católicos, a maçonaria criou certas ritualísticas especiais: ritual de adoção de lowtons, para um apadrinhamento: ritual de pompas fúnebres; ritual de confirmação de casamento.

Ainda na questão Itália, continuava pendente a questão romana, que seria finalmente decidida por Pio XI e Mussolini com a assinatura do tratado de Latão em 11/02/1929, criando o Estado do Vaticano.

Acabava oficialmente o poder temporal do papa, ficando restrito ao Vaticano e apenas 44.000 metros quadrados, e reconhecia a posse política de Roma e dos Estados Pontifícios.

Em 1959. o papa João XXIII, ouvindo clamores, anuncia a revisão do código pio-beneditino. Ventos de paz sopravam forte entre a igreja e a maçonaria, havia um clima de boa vontade entre as partes. No entanto, devido o absolutismo da cúria – a burocracia papal em Roma que durante séculos ditara as normas da vida católica – foi ainda restrito.

Wojtyla, mais tarde, papa João Paulo II, juntamente com alguns bispos já se pronunciavam afirmando que qualquer que seja a razão pela qual um católico se tome um maçom, ele permanece católico. Mas, nem todos os setores da igreja estavam coerentes e alguns achavam pouco prudente essa abertura aos pedreiros livres.

O maçom e carbonário Giuseppe Garibaldi, que lutou na Unificação da Itália.

Em 1983 e promulgado por João Paulo II o novo código de direito canônico. Com o cânon 1374 fica excluído o nome da maçonaria, e também a excomunhão. No entanto, um comunicado de doutrina da fé, aqueles mesmos que nunca fazem nada de produtivo para humanidade e se consideram os senhores da razão ditando as normas da vida católica, mantém a recomendação de que os “inscritos na maçonaria” incorrem em pecado grande, ficando impedidos de receber a santa comunhão. Mesmo contrariando a vontade papal.

Finalmente, agora recentemente, o papa pede perdão a tudo e a todos que porventura a igreja católica tenha atingido. Felizmente. Paciência e esperança, essas são as palavras.

A discriminação deixará de existir plenamente e a pacificação total, inclusive em cidades do interior, já bate a nossa porta.

Este trabalho foi elaborado pelo Ir.’. Sigisfredo Hoepers, fundamentado no livro de titulo MAÇONARIA E IGREJA – CONFLITOS. do Ir∴  Lutffala Salomão – Editora A Trolha
Fonte: Palavra de Passe – Informativo mensal da A∴R∴L∴S∴ – Perfeição de Biguaçu IV° 3156 – ENCARTE ESPECIAL

A∴R∴L∴S∴ União Catarinense nº 2764
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CEP 88085-480

Fonte: focoartereal.blogspot.com

quarta-feira, 26 de junho de 2024

MEDIDAS E PROPORÇÃO - ÁTRIO DO TEMPLO NO REAA

Em 25.09.2023 o Respeitável Irmão Alan Cardek Júnior Souza Loja, Loja Roosevelt, 01, REAA, GLMEG (CMSB), Oriente de Anápolis, Estado de Goiás, formula a seguinte questão:

ÁTRIO DO TEMPLO - REAA

Meu querido irmão, desculpe incomodá-lo outra vez! Queria saber sobre o Átrio. Escutei um irmão que tem muito conhecimento maçônico dizer que o Átrio faz parte da medida do Templo, sendo o Oriente um quadrado com medida de 9 x 9, o Ocidente com 9 x 13 e o Átrio 9 x 5, ficando assim a proporção de 1 para 3, ficando 9 x 27 (na Bíblia seriam 20 côvados x 60 côvados). O que você pode me dizer sobre isso?

CONSIDERAÇÕES:

No tocante ao Átrio pertencer ao Templo, em parte não está errado, contudo, o que não procede são essas especulações numéricas comparativas do Templo Maçônico com o 1º Templo de Jerusalém.

Não resta dúvida que a Maçonaria tem o 1º Templo hebraico como uma, senão a maior, das suas alegorias, todavia, isso não autoriza ninguém a compará-lo, ipsis litteris, com um edifício maçônico.
 
Assim, na conjuntura doutrinária maçônica, em alguns ritos, o templo maçônico recebe figuradamente divisões metafísicas, tal como o Tabernáculo e depois o Templo hebraico, que segundo o Velho Testamento, fora construído pelo Rei Salomão. Nesse contexto, é preciso se levar em conta que uma alegoria serve como elemento referencial e não propriamente uma afirmativa histórica.

O REAA, por exemplo, utiliza a divisão emblemática do templo hebraico, mas apenas como elemento de comparação.

Vale ressaltar que, historicamente, o primeiro templo maçônico foi construído em 1776, na Moderna Maçonaria, pela Grande Loja Unida da Inglaterra. Registre-se que os nossos ancestrais, do século X até o século XV eram na sua imensa maioria, operativos, portanto, as suas reuniões ocorriam geralmente nos adros das igrejas e nos alojamentos, isto é, em ambientes até certo ponto acanhados. Mais tarde, já no período puramente especulativo, os maçons se serviam de recintos alugados ou emprestados das Tabernas e Cervejarias.

Em nenhuma dessas condições é encontrado algo determinante com medidas, dimensões e proporções relativas à construção Templo de Salomão.

É bem verdade que somos herdeiros dos construtores de catedrais da Idade Média, cujos quais utilizavam na construção de portentosas catedrais, elementos matemáticos relacionados à proporção áurea, todavia isso era aplicado nas construções dos edifícios religiosos medievais e não na construção de templos maçônicos.

Com o passar dos tempos, os ritos maçônicos desenvolveram suas particulares culturas litúrgicas que, por influência hebraica, a exemplo do REAA, adota a seguinte referência proporcional "simbólica" para um templo: um quadrado para o Oriente, um quadrado e meio (um retângulo) para o Ocidente e outro meio quadrado para o Átrio. A origem dessa divisão é a de um quadrilongo constituído por três quadrados divididos conforme especificado acima. Na verdade, essa condição é mais emblemática do que a obrigatoriedade de a seguir na construção.

Essa seria uma exposição mais racional, sem articulação com medidas, proporções áureas, etc. Vale dizer que originalmente, no ritual de 1804, o primeiro do REAA, nem mesmo havia divisão do espaço, pois os trabalhos eram realizados em uma sala plana, geralmente retangular, sem oriente elevado e demarcado. Nem mesmo existia o átrio.

Hoje, o REAA compara o seu espaço de trabalho a um quadrilongo orientado no seu comprimento de Leste para Oeste e do Norte para o Sul na sua largura. É um segmento simbólico da superfície da Terra situado sobre o equador, onde o pavimento mosaico é o solo terrestre e a abobada, o firmamento. O Templo é uma Oficina Universal onde os maçons trabalham para construir um Templo dedicado à Virtude.

Reitero, tudo é simbólico. Atualmente não procede a construção de um templo maçônico respeitando essas medidas mencionadas na sua questão. Hoje, vale o bom senso e a ocupação econômica do espaço, desde que possa suprir às necessidades litúrgicas de cada rito.

Para encerrar, destaco que a proporção áurea é uma igualdade ligada às ideias de harmonia, beleza e perfeição. Euclides de Alexandria, matemático grego (300 a.C.) foi um dos primeiros pensadores que formalizaram esse conceito. Geralmente, o motivo do interesse de pesquisadores pela proporção áurea, ou divina, é que ela se aproxima da criação da Natureza, inclusive nas plantas e no corpo humano. Isso faz com que a ela seja um elemento de estudo de diferentes profissionais ligados à área de biologia, arquitetura, artistas e designers. Apesar da sua inquestionável importância nas proporções matemáticas, ela não é condição rígida ou referência para a construção de um Templo maçônico.

PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

PÍLULAS MAÇÔNICAS

nº 53 - As Duas Colunas Externas dos Templos

Desde as épocas mais remotas da Civilização, a mente humana se volta para os “deuses” na procura de esclarecimentos e auxílio divino para a vida cotidiana.

Temerosos e, consequentemente, devotos, os primitivos ofertavam comidas, objetos e sacrifícios para aplacar a ira dos “deuses” que se manifestava pela intempérie e animais selvagens. O local onde eles faziam essas oferendas era “solo sagrado”, provavelmente, num recanto sombrio de uma floresta, e só os mais “esclarecidos” podiam fazê-las.

Com a evolução e certa estabilidade, o ser humano rudimentar tornou-se observador do céu e do horizonte. E ele começou a perceber que o Sol (sem dúvidas um dos deuses) nem sempre sumia no horizonte no mesmo local. Percebeu que o Sol se deslocava para a direita por um determinado tempo. Parava por um período e retrocedia no sentido contrário e parava novamente, agora no lado oposto. E repetia tudo novamente.

Percebeu, também, que a claridade (horas de sol) variava com esse deslocamento. E, mais importante, associou o tempo frio, a neve, a alta temperatura, as chuvas, etc com esse deslocamento, e com a melhor época de plantio, de enchente dos rios, etc.

Com isso, o “solo sagrado” foi deslocado para o cume de um pequeno monte, onde o sacerdote podia observar o horizonte e verificar onde o Sol estava se pondo e fazer seus presságios dos sinais observados. Para melhor controle, os sacerdotes colocaram nos dois extremos atingidos pelo Sol, duas estacas, que posteriormente se transformaram em colunas.

O “solo sagrado”, agora fixo num determinado local, recebeu para melhor proteção dos sacerdotes (augures) uma cobertura, e posteriormente, paredes feitas de pedras, transformando-se num Templo do passado.

Devo esclarecer que a palavra Templum vem do latim e era a denominação dada a essa faixa do horizonte, entre as duas colunas, onde as adivinhações eram feitas. O Sacerdote contemplava aquela região e tirava as conclusões.

Com o passar dos tempos, os Templos, locais agora onde os adoradores iam rezar e fazer suas oferendas, mantinham na frente, na parte externa, as duas colunas. Virou tradição. Todos os Templos construídos, mesmo sem saber o “por que” daquilo, tinham que ter as duas colunas.

Hoje nós sabemos que o deslocamento do Sol é aparente (quem se desloca é a Terra) e os pontos assinalados pelas estacas são os Solstícios (de Inverno e de Verão) e o meio deles assinala o Equinócio.

Fonte: pilulasmaconicas.blogspot.com

A RECONSTRUÇÃO DA MAÇONARIA INTERNACIONAL

Pedro Rangel
Ao longo de mais de 300 anos da existência da maçonaria especulativa, constatamos a existência de ciclos de evolução e de retrocesso.

Desses retrocessos surgiu a possibilidade da reconstrução maçónica.

A maçonaria do período pós-guerra vai renascer das cinzas.

Muito impulsionada numa primeira fase pelas Lojas militares americanas e inglesas, a Maçonaria Europeia começa a reconstruir-se.

O Grande Oriente de França e a Grande Loja de França, reiniciam as suas atividades maçónicas no final da década de 40 do século passado, dando início a uma nova fase na maçonaria Europeia.

Nos anos 60 e 70 a maçonaria na Europa é marcada por uma forte dinâmica liderada essencial- mente pelo Grande Oriente França e pela Grande Loja Unida de Inglaterra, que formam assim dois blocos na Maçonaria Universal: a corrente liberal e a corrente tradicional/regular.


Neste mosaico maçónico europeu multi-obediencial, emerge a necessidade do aparecimento de organizações maçónicas internacionais, que de uma forma abrangente vai possibilitar a reconstrução da paisagem maçónica universal.


O CLIPSAS - Centro de Ligação e de Informação das Potencias Maçónicas Signatárias do Apelo de Estrasburgo

Neste enquadramento geo-maçónico, é criado o CLIPSAS em janeiro de 1961, em Estrasburgo, por iniciativa do Grande Oriente de França e do Grande Oriente da Bélgica.

A obrigatoriedade imposta pela Grande Loja Unida de Inglaterra, na crença de um Deus reve- lado, seguindo a corrente teísta, e a não permissão da iniciação de mulheres, leva à criação desta confederação de obediências maçónicas.

Assim, e de uma forma inter-obediêncial assiste-se a uma nova fase da maçonaria, que defende a Liberdade Absoluta de Consciência, alicerçada nas correntes positivista e deísta das Obediências Maçónicas Liberais Adogmáticas.

Fazem parte do CLIPSAS, duas Obediências Maçónicas Portuguesas: o Grande Oriente Lusitano e a Grande Loja Simbólica de Portugal.

Com o Apelo de Estrasburgo, a Maçonaria Liberal reconstrói-se.

Com ou sem o Livro Sagrado nos Altares das Lojas Maçónicas, e com a defesa da iniciação feminina, a Maçonaria Liberal dá um novo passo levando ao aparecimento de novas Obediências Mistas, para além da Ordem Internacional Direito Humano.

Surgem, sobretudo em França, a Grande Loja Mista Universal (1973) e a Grande Loja Mista de França (1982) que dão um novo impulso à Via Mista da Maçonaria Universal.

A União Maçônica do Mediterrâneo


Com os múltiplos e complexos desafios que o século XXI impõe, a Maçonaria tem vindo a reconstruir-se a nível regional, realizando encontros de reflexão e debates com a interligação das principiais Obediências Maçónicas internacionais.

Neste contexto surge em 2001, por iniciativa da Grande Loja de Itália, a UMM-União Maçónica do Mediterrâneo.

A UMM engloba as principais Obediências Maçónicas do Mediterrâneo, nomeadamente Médio Oriente, Norte de Africa e Europa Mediterrânea reconstruindo assim um verdadeiro Mare Nostrum dos Valores e Princípios da Maçonaria, nomeadamente na Defesa dos Direitos Humanos, Ambiente e Democracia, através de colóquios, conferências, acções culturais e de solidariedade regional.

Fazem parte da UMM, quatro Obediências Maçónicas portuguesas: Grande Oriente Lusitano, Grande Loja Feminina de Portugal, Grande Loja Simbólica de Portugal e a Grande Loja Simbólica da Lusitânia.

O último encontro da União Maçónica do Mediterrâneo foi realizado em Lisboa, em 2019, pela Grande Loja Simbólica de Portugal e pela Grande Loja Simbólica da Lusitânia.


Actualmente a Maçonaria passa por uma redefinição ou reconstrução geo-estratégica.

As organizações mundiais decaem com a saída das principais obediências maçónicas europeias e dão origem ao surgimento de organizações maçónicas regionais possibilitando uma maior aproximação aos problemas e agendas regionais.

Nessa reconstrução da Maçonaria Europeia, surge a Aliança Maçónica Europeia.


A Aliança Maçónica Europeia nasce oficialmente em 2016, é registada em Bruxelas e reúne mais de trinta Obediências Maçónicas.

O objectivo é a reflexão de temas tais como: educação, democracia, cidadania, diálogo intelectual, desigualdades e inovação social, numa óptica da defesa da Dignidade Humana e da Liberdade Absoluta de Consciência.

A Aliança Maçónica Europeia assenta os seus Valores e Princípios, na Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948, na Convenção Euro- peia para a Proteção dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais de 1950 e na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia de 2000.

A AME é particularmente activa na Comissão Europeia e Parlamento Europeu onde organiza um colóquio anual.

Existem duas Obediências Maçónicas Portuguesas como fundadores da Aliança Maçónica Europeia: Grande Oriente Lusitano e Grande Loja Simbólica de Portugal.

Actualmente existem cinco Obediências Maçónicas Portuguesas membros da AME, tendo-se juntado às duas primeiras a Grande Loja Simbólica da Lusitânia, a Grande Loja Feminina de Portugal, e a Federação Portuguesa do Direito Humano.


O panorama actual maçónico está em reconstrução.

A Via Maçónica Plural

No âmbito internacional, as principais Obediências Maçónicas alteraram os seus Estatutos e Constituições, anulando a separação de género e abrindo às Lojas a possibilidade de serem masculinas, mistas ou femininas, chamando a este novo paradigma a Via Maçónica Plural.

Este novo modelo tem início em 2010, no Convent do Grande Oriente de França que aprovou a Iniciação independente do género.

Em fevereiro de 2020, o Grande Oriente da Bélgica aprovou a Iniciação de mulheres possibilitando as três vias maçónicas na Obediência.



Estas duas Obediências Maçónicas históricas iniciaram um processo de reconstrução na Maçonaria Liberal e Adogmática, que irá alterar a paisagem maçónica mundial.

Mesmo a Grande Loja Unida de Inglaterra tem mostrado sinais de abertura em relação às duas Obediências Femininas Inglesas: The Order of Women Freemasons e a HFAF – Freemasonry for Women.


Em Portugal, a Grande Loja Simbólica da Lusitânia é a primeira Obediência Maçónica Portuguesa que se afirma como Plural, dando a possibilidade às Lojas de serem Mistas, Femininas ou Masculinas.

Trabalha o Rito Escocês Antigo e Aceite, o Rito Antigo e Primitivo Memphis Misraim e o Rito Emulação com as Cartas Patentes do Grande Oriente de França.

Ao nível das Jurisdições Portuguesas, a Grande Ordem Egípcia Portuguesa - Altos Graus do Rito Antigo e Primitivo Memphis Misraim, é a única Jurisdição Plural, com as Cartas Patentes do Grande Oriente de França e defende a constituição de Colégios Mistos, Femininos e Masculinos.

Este é o novo desafio na reconstrução da maçonaria universal.

Fonte: Revista Fanzine nº 4 - Junho/2021