Páginas

PERGUNTAS & RESPOSTAS

O “Perguntas & Respostas” que durante anos foi publicado no JB News e aqui reproduzido, está agora no “Blog do Pedro Juk” . Para visita-lo ou tirar suas dúvidas clique http://pedro-juk.webnode.com/ ou http://pedro-juk.blogspot.com.br

quarta-feira, 26 de junho de 2024

A RECONSTRUÇÃO DA MAÇONARIA INTERNACIONAL

Pedro Rangel
Ao longo de mais de 300 anos da existência da maçonaria especulativa, constatamos a existência de ciclos de evolução e de retrocesso.

Desses retrocessos surgiu a possibilidade da reconstrução maçónica.

A maçonaria do período pós-guerra vai renascer das cinzas.

Muito impulsionada numa primeira fase pelas Lojas militares americanas e inglesas, a Maçonaria Europeia começa a reconstruir-se.

O Grande Oriente de França e a Grande Loja de França, reiniciam as suas atividades maçónicas no final da década de 40 do século passado, dando início a uma nova fase na maçonaria Europeia.

Nos anos 60 e 70 a maçonaria na Europa é marcada por uma forte dinâmica liderada essencial- mente pelo Grande Oriente França e pela Grande Loja Unida de Inglaterra, que formam assim dois blocos na Maçonaria Universal: a corrente liberal e a corrente tradicional/regular.


Neste mosaico maçónico europeu multi-obediencial, emerge a necessidade do aparecimento de organizações maçónicas internacionais, que de uma forma abrangente vai possibilitar a reconstrução da paisagem maçónica universal.


O CLIPSAS - Centro de Ligação e de Informação das Potencias Maçónicas Signatárias do Apelo de Estrasburgo

Neste enquadramento geo-maçónico, é criado o CLIPSAS em janeiro de 1961, em Estrasburgo, por iniciativa do Grande Oriente de França e do Grande Oriente da Bélgica.

A obrigatoriedade imposta pela Grande Loja Unida de Inglaterra, na crença de um Deus reve- lado, seguindo a corrente teísta, e a não permissão da iniciação de mulheres, leva à criação desta confederação de obediências maçónicas.

Assim, e de uma forma inter-obediêncial assiste-se a uma nova fase da maçonaria, que defende a Liberdade Absoluta de Consciência, alicerçada nas correntes positivista e deísta das Obediências Maçónicas Liberais Adogmáticas.

Fazem parte do CLIPSAS, duas Obediências Maçónicas Portuguesas: o Grande Oriente Lusitano e a Grande Loja Simbólica de Portugal.

Com o Apelo de Estrasburgo, a Maçonaria Liberal reconstrói-se.

Com ou sem o Livro Sagrado nos Altares das Lojas Maçónicas, e com a defesa da iniciação feminina, a Maçonaria Liberal dá um novo passo levando ao aparecimento de novas Obediências Mistas, para além da Ordem Internacional Direito Humano.

Surgem, sobretudo em França, a Grande Loja Mista Universal (1973) e a Grande Loja Mista de França (1982) que dão um novo impulso à Via Mista da Maçonaria Universal.

A União Maçônica do Mediterrâneo


Com os múltiplos e complexos desafios que o século XXI impõe, a Maçonaria tem vindo a reconstruir-se a nível regional, realizando encontros de reflexão e debates com a interligação das principiais Obediências Maçónicas internacionais.

Neste contexto surge em 2001, por iniciativa da Grande Loja de Itália, a UMM-União Maçónica do Mediterrâneo.

A UMM engloba as principais Obediências Maçónicas do Mediterrâneo, nomeadamente Médio Oriente, Norte de Africa e Europa Mediterrânea reconstruindo assim um verdadeiro Mare Nostrum dos Valores e Princípios da Maçonaria, nomeadamente na Defesa dos Direitos Humanos, Ambiente e Democracia, através de colóquios, conferências, acções culturais e de solidariedade regional.

Fazem parte da UMM, quatro Obediências Maçónicas portuguesas: Grande Oriente Lusitano, Grande Loja Feminina de Portugal, Grande Loja Simbólica de Portugal e a Grande Loja Simbólica da Lusitânia.

O último encontro da União Maçónica do Mediterrâneo foi realizado em Lisboa, em 2019, pela Grande Loja Simbólica de Portugal e pela Grande Loja Simbólica da Lusitânia.


Actualmente a Maçonaria passa por uma redefinição ou reconstrução geo-estratégica.

As organizações mundiais decaem com a saída das principais obediências maçónicas europeias e dão origem ao surgimento de organizações maçónicas regionais possibilitando uma maior aproximação aos problemas e agendas regionais.

Nessa reconstrução da Maçonaria Europeia, surge a Aliança Maçónica Europeia.


A Aliança Maçónica Europeia nasce oficialmente em 2016, é registada em Bruxelas e reúne mais de trinta Obediências Maçónicas.

O objectivo é a reflexão de temas tais como: educação, democracia, cidadania, diálogo intelectual, desigualdades e inovação social, numa óptica da defesa da Dignidade Humana e da Liberdade Absoluta de Consciência.

A Aliança Maçónica Europeia assenta os seus Valores e Princípios, na Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948, na Convenção Euro- peia para a Proteção dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais de 1950 e na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia de 2000.

A AME é particularmente activa na Comissão Europeia e Parlamento Europeu onde organiza um colóquio anual.

Existem duas Obediências Maçónicas Portuguesas como fundadores da Aliança Maçónica Europeia: Grande Oriente Lusitano e Grande Loja Simbólica de Portugal.

Actualmente existem cinco Obediências Maçónicas Portuguesas membros da AME, tendo-se juntado às duas primeiras a Grande Loja Simbólica da Lusitânia, a Grande Loja Feminina de Portugal, e a Federação Portuguesa do Direito Humano.


O panorama actual maçónico está em reconstrução.

A Via Maçónica Plural

No âmbito internacional, as principais Obediências Maçónicas alteraram os seus Estatutos e Constituições, anulando a separação de género e abrindo às Lojas a possibilidade de serem masculinas, mistas ou femininas, chamando a este novo paradigma a Via Maçónica Plural.

Este novo modelo tem início em 2010, no Convent do Grande Oriente de França que aprovou a Iniciação independente do género.

Em fevereiro de 2020, o Grande Oriente da Bélgica aprovou a Iniciação de mulheres possibilitando as três vias maçónicas na Obediência.



Estas duas Obediências Maçónicas históricas iniciaram um processo de reconstrução na Maçonaria Liberal e Adogmática, que irá alterar a paisagem maçónica mundial.

Mesmo a Grande Loja Unida de Inglaterra tem mostrado sinais de abertura em relação às duas Obediências Femininas Inglesas: The Order of Women Freemasons e a HFAF – Freemasonry for Women.


Em Portugal, a Grande Loja Simbólica da Lusitânia é a primeira Obediência Maçónica Portuguesa que se afirma como Plural, dando a possibilidade às Lojas de serem Mistas, Femininas ou Masculinas.

Trabalha o Rito Escocês Antigo e Aceite, o Rito Antigo e Primitivo Memphis Misraim e o Rito Emulação com as Cartas Patentes do Grande Oriente de França.

Ao nível das Jurisdições Portuguesas, a Grande Ordem Egípcia Portuguesa - Altos Graus do Rito Antigo e Primitivo Memphis Misraim, é a única Jurisdição Plural, com as Cartas Patentes do Grande Oriente de França e defende a constituição de Colégios Mistos, Femininos e Masculinos.

Este é o novo desafio na reconstrução da maçonaria universal.

Fonte: Revista Fanzine nº 4 - Junho/2021






Nenhum comentário:

Postar um comentário