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PERGUNTAS & RESPOSTAS

O “Perguntas & Respostas” que durante anos foi publicado no JB News e aqui reproduzido, está agora no “Blog do Pedro Juk” . Para visita-lo ou tirar suas dúvidas clique http://pedro-juk.webnode.com/ ou http://pedro-juk.blogspot.com.br

domingo, 31 de outubro de 2021

TRANSFORMAÇÃO DE LOJA

TRANSFORMAÇÃO DE LOJA
(republicação)

O Respeitável Irmão Mar Sakashita, Orador da Loja Fraternidade Águas Claras, 3.672, REAA, GOB-PR, Oriente de Goioerê, Estado do Paraná, apresenta a seguinte questão:
marsaka@uol.com.br

Saudações, com grande prazer venho à presença do Ilustre Irmão grande conhecedor de ritualística Maçônica, esclarecer uma dúvida em relação à transformação de Loja de Aprendiz direto ao Grau 3, se pode ser feita direto, após a retirada de Aprendizes e Companheiros, com golpe de malhete e mudança de esquadro e compasso na posição do Grau? Qual a maneira correta?

CONSIDERAÇÕES:

No R⸫E⸫A⸫A⸫, rito de origem francesa, a Loja pode ser transformada do Grau de Aprendiz ao de Mestre, sem que se faça todo o procedimento ritualístico da abertura ou encerramento da Loja no grau em questão. Diferente do sistema francês, no inglês é que se aplica o procedimento de abertura e encerramento de grau em grau.

Em linhas gerais no formato anglo-saxônico não se abre uma Loja de Grau de Companheiro ou de Mestre diretamente como acontece com o Rito Escocês, por exemplo. Nos trabalhos ingleses para se abrir uma Loja de Companheiro, primeiro se abre a de Aprendiz.

Se o caso for à de Mestre, abre-se primeiro a de Aprendiz, posteriormente a de Companheiro e por fim a de Mestre (a atitude é a mesma para o encerramento). Nesse conjunto ritualístico é feita toda a dialética de abertura de grau por grau, não existindo o procedimento de “transformação”.

Voltando ao Rito Escocês Antigo e Aceito, de origem latina, o método é diferente, pois nele existe a prática da transformação, todavia não sem antes obedecer alguns critérios.

Primeiro que essa de abrir a Loja com um só “golpe de malhete” é atitude equivocada e não está prevista. Nenhuma “sessão” será verdadeiramente maçônica se for aberta por um só golpe de malhete. Não confundir com a abertura de uma parte da sessão onde geralmente ao estar proclamado pela dialética ritualística o Venerável anuncia dando um golpe de malhete: “está aberta a Ordem do Dia”, ou “está aberto o Tempo de Estudos” (isso não é abertura de sessão).

Quanto à maneira correta de se fazer a transformação ela está inserida no ritual de Mestre (página 42 e seguintes) em vigência no tocante ao Grau 02 para o Grau 03. Esse procedimento também é usado no caso da Loja de Aprendiz diretamente para Mestre. No caso de Aprendiz para Companheiro, o procedimento é o mesmo com atitudes ritualísticas distintas ao grau de transformação.

Note que pelo ritual referenciado, após a cobertura (retirada) do Templo aos Irmãos que estavam impedidos de permanecer, faz-se o telhamento através dos Vigilantes; ato seguido o Orador lê no Livro da Lei o trecho compatível mudando a posição do Esquadro e do Compasso. O Mestre de Cerimônias expõe o Painel do Grau e as luzes são acesas conforme está previsto.

Como se pode notar, a Loja já estava aberta, todavia sofreu uma transformação para outro Grau, entretanto, alguns costumes básicos que determinam a característica do Grau devem ser rigorosamente observados.

Assim, não se faz uma transformação apenas mudando a posição do conjunto emblemático por um golpe de malhete. Um golpe de malhete é dado pelo Venerável para anunciar que os trabalhos estão a partir dali abertos em outro grau, porém não sem antes cumprir determinadas regras ritualísticas.

Ratifico: o procedimento correto está no Ritual de Mestre em vigência. Mesmo ele se referindo de Companheiro à Mestre, ele pode ser executado do Aprendiz, diretamente ao Mestre. O retorno para os trabalhos originários da abertura da Loja também no ritual citado está previsto.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 596, Florianópolis (SC) 15 de Abril de 2012.

O COMANDO DE UMA LOJA

O COMANDO DE UMA LOJA
Ir∴ Valdemar Sansão

"A verdade é que na grande maioria das vezes você sabe o que é certo fazer. A parte difícil é fazer. (General Norman Schwarzkopf, Exército Americano).

Hoje, não se concebe um Irmão assumir o cargo de Mestre da Loja desconhecendo pontos fundamentais de uma Maçonaria renovada, da Maçonaria contemporânea.

O Venerável é a primeira Luz, o Guia Espiritual e o Presidente da Loja Simbólica. Ele deve ter estudado a ciência maçônica e desempenhado os postos e dignidades inferiores. É necessário que possua um conhecimento profundo do homem e da sociedade, além de um caráter firme, mas razoável. Suas atribuições e deveres acham-se definidos e detalhados com precisão, de acordo com o Rito e a Constituição da Potência de sua jurisdição.

Para ser o Venerável de uma Oficina Maçônica, e por conseguinte tornar-se o guia dos Irmãos de sua Loja, o candidato deve possuir, entre outros os seguintes predicados:

sábado, 30 de outubro de 2021

PALAVRA SAGRADA DO APRENDIZ - TRANSMISSÃO INICIÁTICA

Em 21.05.2021 o Respeitável Irmão Errol Joerê Foltran Júnior, Loja Luz e Fraternidade, 1828, REAA, GOB-PR, Oriente de Cascavel, Estado do Paraná, apresenta a seguinte questão:

TRANSMISSÃO DA PALAVRA

Estou assistindo a live sobre orientações ritualísticas do REAA, e você acabou de falar sobre a palavra do grau do Aprendiz...

Minha dúvida é: na transmissão da palavra, do Venerável Mestre ao 1º Diácono, e assim sucessivamente... ela deve ser transmitida como foi orientado... letra por letra. Já fui Diácono nomeado da minha Loja e sempre foi assim, (aliás, algumas vezes falavam a palavra letra por letra e depois diziam as duas sílabas). Pois bem, agora, com essa pandemia, poucos Irmãos em Loja, substitui o 2º vigilante. Qual foi minha surpresa quando o 2º diácono me passou a palavra apenas silabada!!! Quase falei, Irmão 1º Vigilante, tudo não está justo e perfeito. Agora, pensando nisso, me arrependo de não ter feito isso.

Afinal, a palavra do grau de Aprendiz deve ser passada apenas com as letras, é isso? Se a palavra vier silabada, o Vigilante pode/deve que não está J∴ e P∴?

CONSIDERAÇÕES:

De início é bom que se diga que no REAA a P∴ S∴ do Aprendiz é dada soletrada em qualquer circunstância. É uma questão iniciática onde o Aprendiz, representando simbolicamente a infância (sua e da humanidade) ainda não aprendeu a silabar, portanto ao dar a P∴ a dá soletrada.

Iniciaticamente, quem transmite por sílabas a P∴ é o Companheiro que, por estar simbolicamente mais evoluído, já sabe juntar as letras e formar sílabas.

Nesse sentido, existem duas situações que ocorrem no REAA envolvendo a transmissão da palavra. A primeira é no telhamento, ou seja, quando se está examinando a qualidade maçônica de alguém. A segunda é a transmissão da palavra que ocorre na abertura e encerramento dos trabalhos envolvendo as Luzes da Loja e os Diáconos. Nesta ocasião não se trata de telhamento, mas da liturgia da transmissão simbolizando as aprumadas e nivelamentos do passado na época da Maçonaria Operativa.

Pois bem, no primeiro caso, o do telhamento, os interlocutores trocam entre si as letras da P∴ S∴. Isto é, soletram intercalando sequencialmente cada letra da palavra na forma de costume. Nesse caso, quem pede a P∴ é quem dá a primeira letra, recebendo em seguida a segunda, e assim sucessivamente. Vide instruções no SOR - Sistema de Orientação Ritualística sobre o Cobridor do Grau.

No segundo caso, não se trata mais de telhamento, mas da simples transmissão da P∴ S∴ do Aprendiz entre dois Mestres Maçons (cargos em Loja são privativos de Mestres). Assim, de modo soletrado, quem transmite a palavra o faz transmitindo letra por letra, isto é, soletrada para o outro protagonista – que apenas recebe a palavra soletrada. Nesse caso, não há troca de letras entre interlocutores. Um transmite e o outro simplesmente a recebe.

O que foi corrigido através do Sistema de Orientação Ritualística do GOB RITUALÍSTICA foi o equívoco que de há muito tempo vinha ocorrendo ao final da transmissão quando erradamente repetia-se a palavra soletrada por sílabas! Ora, o Aprendiz simbolicamente só sabe soletrar e não silabar! Quem sabe silabar, repetimos, é o Companheiro, não o Aprendiz.

Desse modo - o que não era sem templo - esse erro crasso foi extirpado. Assim, em qualquer caso, tanto como no primeiro, quanto no segundo aqui mencionados, a P∴ S∴ do Aprendiz é dada apenas e tão somente letra por letra. Ela, como P∴ S∴ maçônica, sob nenhuma hipótese pode ser pronunciada por sílabas.

No caso específico da sua questão, o mensageiro fez a transmissão de maneira completamente equivocada. Em primeira análise, se a transmissão não foi a contendo, então, para o bem da liturgia, ela deveria ser retransmitida na forma correta.

Infelizmente, muitos dos nossos Irmãos ainda pouco sabem do significado das passagens ritualísticas que compõem a liturgia maçônica. Já falei bastante a respeito disso, contudo, não me nego a repetir o significado da alegoria da transmissão da P∴ S∴ na abertura e encerramento dos trabalhos no REAA. Lá vai de novo:

A transmissão da abertura e encerramento que envolve os Diáconos e as Luzes da Loja, alegoricamente revive as aprumadas e nivelamentos que ocorriam no período da Maçonaria Primitiva, principalmente nas atividades de início e de encerramento dos trabalhos nos canteiros de obra da Idade Média.

Genericamente, para começar uma etapa da construção, o Mestre da Obra (atual Venerável Mestre), através dos mensageiros, comunicava aos seus Wardens (hoje os Vigilantes) para que dispusessem os cantos da construção aprumados e nivelados para o começo dos trabalhos. Desse modo, depois de receberem a missão cumpriam-na integralmente e, estando tudo nos conformes era então comunicado ao Mestre que tudo estava J∴ e P∴. Só assim se iniciavam os trabalhos.

Ao final daquela etapa de trabalho, da mesma forma o Mestre, através dos mensageiros, ordenava que aquela etapa deveria ser aferida, isto é, verificada se de fato os trabalhos transcorreram de modo satisfatório, ou seja, nivelados e aprumados.

Se tudo estivesse de acordo, ou seja, J∴ e P∴, a etapa era então dada por encerrada pelo 1º Vigilante e todos os operários eram pagos e despedidos contentes e satisfeitos. Em seguida a Loja (oficina ou canteiro de trabalho) era fechada pelo 1º Vigilante. Tudo isso ocorria no período operativo.

Atualmente, contudo, na Moderna Maçonaria, especulativa por excelência, as aprumadas e nivelamentos primitivos se transformaram simbolicamente na alegoria da transmissão da palavra que, estando ela transmitida J∴ e P∴, os trabalhos da Loja podem ser abertos e também fechados.

Presentemente, na oficina especulativa o Venerável Mestre é o antigo Mestre da Obra; os Vigilantes, os Wardens e os Oficiais de Chão (mensageiros), os Diáconos. Note que ainda hoje as joias dos Vigilantes são respectivamente o Nível e o Prumo e é o Primeiro Vigilante quem fecha a Loja.

Para concluir, vale mencionar que sendo bem compreendida a Arte, certamente fatos equivocados não se espalhariam como ervas daninhas pelo fértil solo da liturgia maçônica. Tenho dito que o ordenamento ritualístico não foi criado por acaso. Tudo nele faz sentido; a questão é matar a sede do conhecimento procurando e bebendo em fontes de água limpa.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

MAÇONS FAMOSOS

INICIAÇÃO MAÇÔNICA DE SANDFORD FLEMING

Sir SANDFORD FLEMING (Kirkcaldy, Escócia, 1827 - Halifax, Escócia, 1915). Engenheiro e inventor escocês-canadense. Nascido e criado na Escócia, emigrou para o Canadá colonial aos 18 anos. Fleming promoveu fusos horários padrão em todo o mundo, um meridiano primário e o uso do relógio de 24 horas como elementos-chave para comunicar o tempo exato, o que influenciou a criação do Tempo Universal Coordenado. Ele desenhou o primeiro selo postal do Canadá, deixou um enorme corpo de levantamento e mapeamento, projetou grande parte da Intercolonial Railway e da Canadian Pacific Railway, e foi membro fundador da Royal Society of Canadá e fundador do Canadian Institute, uma organização científica. em Toronto.

INICIAÇÃO MAÇÔNICA: 9 de maio de 1854 (Terça-feira)

Loja: St. Andrew's nº 16, Toronto, Canadá.

Idade: 26 anos.

Oriente Eterno: Faleceu aos 88 anos de idade.

Fonte: famososmacons.blogspot.com

LEWIS - A PROMESSA MAÇÔNICA

LEWIS - A PROMESSA MAÇÔNICA
Pesquisa por Alberto Feliciano

O Lewis é uma ferramenta operacional para levantar grandes pesos, um símbolo maçónico ou ainda o nome dado ao jovem que é adoptado por uma loja. Iremos analisar todos estes aspectos deste símbolo que aparece nos painéis e que é pouco entendido.

As origens do Lewis como instrumento usado na maçonaria operativa estão perdidas para a história. Sabe-se que os romanos o usaram. Provavelmente a sua origem remonta ainda mais longe. Nos tempos modernos, diferentes tipos de ferramentas ainda são referidas como Lewis, embora a forma como elas sejam diferentes das formas mais antigas. A origem do nome Lewis também se perdeu na história. Há quem acredite que Lewis era realmente um nome próprio, talvez o inventor da ferramenta. Outros acreditam que pode vir do latim leva para levantar, como também levantado por levavi e levatum.

O Lewis é um instrumento da maçonaria operativa constituído de um ferro de grampo que é inserido numa cavidade preparada para esse fim em qualquer pedra grande, de modo a prender uma polia e um gancho, de modo que a pedra possa ser convenientemente elevada a qualquer altura e depositada na sua posição adequada. O artefacto já era conhecido dos romanos, e vários deles encontrados em antigas ruínas estão agora no Vaticano.

Provavelmente, a palavra deriva do francês antigo levis, significando qualquer ferramenta de elevação. Os franceses modernos o chamavam de o instrumento de louvor.

No sistema inglês de maçonaria, o Lewis é encontrado no painel simbólico do aprendiz, como no de John Harris, onde é usado como um símbolo de força, porque, com a sua assistência, o Maçom operativo era capaz de levantar as pedras mais pesadas com pouca força física aplicada.

Há evidências de que o dispositivo foi empregue para colocar em prática algumas das pedras mais maciças da Muralha de Adriano ou da Muralha Romana (120 DC), para o que parece ter sido feito um buraco de Lewis que ainda pode ser visto em partes construídas pelo imperador romano Severus, que reparou o muro em 120 DC.

O Lewis do Maçom é um grampo, para o qual um encaixe de formato especial precisa ser cortado na face superior dos blocos de pedra a serem levantados. Dois lados opostos ou extremidades são rebaixados. Duas peças de aço cónico em forma de cunha são inseridas no corte e entre elas é inserido um espaçador de aço paralelo, que espalha as cunhas nas partes rebaixadas. Um pino de manilha, ou parafuso, é passado através das extensões superiores dos três e fornece uma retenção para a corrente de elevação. (A ilustração acima mostra como o dispositivo funciona.)

O objectivo preciso da Lewis é permitir que a corrente de elevação do tripé, torre ou guindaste, levante a pedra e a abaixe na sua posição final exacta na estrutura, o que não seria possível se correntes ou cordas passassem por baixo do pedra.

Quando a pedra está na sua posição exacta, a chave de metal e o parafuso da manilha são removidos, permitindo que a peça espaçadora seja retirada e depois as duas cunhas.

Assim, o Lewis não apenas fornece ao Maçom um método conveniente de prender as correntes de elevação à pedra, mas também a capacidade de levantar as pedras mais pesadas com o mínimo de esforço físico.

A primeira vez que um Maçom especulativo aprende sobre o Lewis é geralmente quando ainda aprendiz, recebe a palestra sobre o Painel do Grau e lhe dizem que o Lewis denota força e significa o filho de um Maçom. O uso da palavra na maçonaria especulativa parece ter surgido como resultado da antiga amizade entre a França e a Escócia, que passou a ser conhecida como “Aliança Auld”, desde 1295.

Nas Constituições de Anderson 1738, o termo aparece no trecho:

“Mais uma vez, deixe-o passar para o NOME REAL,
Cuja admissão gloriosa coroou toda a nossa fama:
Que nasça um LEWIS, a quem o mundo admira,
Sereno como a sua mãe, augusto como o seu SENHOR”.

Os historiadores maçónicos concluem que o termo entrou em uso no século XVIII. A Palestra no Segundo Grau, publicada por William Preston na década de 1780, contém um longo discurso sobre Lewis.

A visão mais geralmente aceita é que o Lewis é derivado do francês “louve”, que significa “ele o lobo”. A palavra “louvateau” refere-se a toda a assembleia de Lewis. Também é geralmente aceito que o “louve teau”, que significa “filhote de lobo”, ou “pequeno filhote”, refere-se às duas partes laterais em forma de cunha da montagem Lewis. A palavra “louve teau” foi usada, na França, na década de 1740, para descrever o filho de um Maçom, da mesma forma que “Lewis” foi usado, na Inglaterra, por volta do ano de 1738, para designar o filho não iniciado de um Maçom.

Deve-se notar que, nos mistérios egípcios de Ísis, o candidato foi obrigado a usar a máscara da cabeça de um lobo, portanto, nestes mistérios, um lobo e um candidato eram sinónimos. Este rito osiriano surgiu da lenda de que Osíris assumiu a forma de um lobo durante uma disputa com o seu irmão e matador final, Typhon. Na mitologia grega, segundo Mackey, o lobo foi consagrado a Apolo por causa da semelhança entre “luke”, que significa “luz” e “lukos”, que significa “lobo”.

Filho do Maçom

O filho de um Maçom é chamado Lewis na Inglaterra e Lowton noutros países, porque ele constitui a força do futuro da maçonaria seguindo os passos do seu pai. Nos rituais de meados do século passado, ele foi chamado de Louffton. A partir daí, os franceses derivaram a sua palavra para Louveteau e chamam a filha de um Maçom de Louvetine.

Louveteau provavelmente é derivado directamente de louve, o nome francês do implemento de ancoragem das pedras. Num diálogo de Preston encontramos:

Pergunta: Como chamamos o filho de um Maçom?

Resposta: Lewis.

Pergunta: O que é que isso significa?

Resposta: Força.

Pergunta: Como um Lewis é representado na Loja de um Maçom?

Resposta: Como uma peça de metal, pela qual, quando fixados numa pedra, grandes e pesadas ​​pedras são elevadas a uma certa altura e fixados nas suas bases apropriadas, sem as quais os Maçons Operativos não o poderiam fazer tão convenientemente.

Pergunta: Qual é o dever de um Lewis, filho de um Maçom, para com os seus pais idosos?

Resposta: Suportar o fardo pesado no calor do dia e ajudá-los em momentos de necessidade, dos quais, devido à sua grande idade, devem ser dispensados dos deveres, de modo a tornar o final dos seus dias feliz e confortável.

Pergunta: Qual é o seu privilégio por fazer isso?

Resposta: Tornar-se Maçom antes de qualquer outra pessoa, por mais digna que seja por nascimento, posição social ou riqueza, a menos que, por meio da sua decisão, renuncie a esse privilégio.

Claramente, os Lewis podem ser considerados um símbolo apropriado da FORÇA – um símbolo duplo, na medida em que tal nome foi dado ao filho de um Maçom, sendo seu dever suportar o fardo e o calor do dia para que os seus pais idosos possam descansar na velhice, tornando assim o ‘crepúsculo’ das suas vidas pacífico e feliz.

Tal simbolismo duplo é mencionado em alguns catecismos antigos, mas o ritual normal da maçonaria não se refere a ele, embora o dispositivo tenha um lugar especial na Maçonaria.

Na Maçonaria especulativa, Lewis é filho de um Maçom que se junta à fraternidade. Como analogia, geralmente entende-se que o pai levantou (levatum) o filho para que ele ocupasse o seu lugar como parte da estrutura da Maçonaria, tomando o seu lugar.

Curiosamente, nas descrições de como os maçons operativos antigos colocaram os objectos no lugar, diz-se que eram usadas cintas adicionais para evitar uma colisão no andaime, causando a queda da pedra antes de ser colocada. Estendendo a analogia de Lewis em relação aos maçons especulativos, as tiras poderiam ser vistas como outros membros da loja que ajudam no levantamento da nova pedra.

Algumas jurisdições maçónicas fornecem jóias de Lewis para os seus membros. Os requisitos variam de jurisdição para jurisdição quanto ao que torna um indivíduo elegível para receber uma jóia de Lewis. É quase sempre que pai e filho sejam maçons. Pode haver várias graduações numa jóia de Lewis, uma linhagem de membros da família que remontam a várias gerações de maçons.

A jóia de Lewis está em uso na Inglaterra e noutras jurisdições da Grande Loja Unida da Inglaterra há muitas décadas para homenagear o pai de um novo Maçom. A jóia também foi adoptada nas jurisdições de Vermont, Texas, Massachusetts, Virgínia, Connecticut e outras nos Estados Unidos e é oferecida em todo o Canadá.

A Grande Loja do Canadá na província de Ontário autorizou o uso de uma jóia de Lewis. A jóia de Lewis consiste em duas barras conectadas por correntes. A barra superior contém o nome do pai e a data da sua iniciação. A barra inferior, o nome do filho e a data da sua iniciação.

O Lewis maçónico

Não há dúvida de que o Lewis e particularmente o desenvolvimento posterior do Lewis sendo incorporado no arranjo do tripé, com o Ashlar Perfeito, foram de particular importância para os “Modernos”. Para os “Antigos”, não passava de outra inovação “Moderna” e, portanto, digna de desprezo. Os “modernos” tinham uma mente diferente. Eles incluíam o Lewis, de uma forma ou de outra, no frontispício de várias edições do seu Livro das Constituições. A união dos “Antigos” e dos “Modernos” provocou a formação da Grande Loja Unida da Inglaterra em 1813. Pouco antes da unificação, o maior oponente dos “Modernos”, Laurence Dermott, morreu e ficou claro que um dos pontos conquistados por eles foram a retenção da montagem de Lewis e tripé. Isto é comprovado pelo facto de ainda estar em uso hoje.

Baptismo Maçónico e Adopção

A adopção de um “louve teau” criou uma obrigação para todos os membros da Loja. Eles tiveram que cuidar da sua educação e, quando isso foi concluído, fornecer a ele, se necessário, os meios para estabelecê-lo nos negócios da Maçonaria. Um documento emitido pela Loja dava testemunho da adopção. Quando o “louve teau” (ou Lewis) atingia a idade necessária para se tornar um Maçom, era necessário apenas, na apresentação da Carta de Adopção”, que ele cumprisse a Obrigação. A posse deste documento dava ao titular o direito de pertencer a qualquer loja da sua escolha, sem as referências ou investigações habituais. O seu carácter foi dado como garantido como estando acima da censura. Infelizmente, essa suposição absurda causou, às vezes, um constrangimento agudo às Lojas em questão. Vários desses maçons adoptivos tornaram-se expositores e aviltadores da Arte, trazendo desonra, e não o contrário, para a Loja.

Conclusão

Em conclusão, podemos ver que o artefacto chamado “Lewis” é sem dúvida uma antiguidade, sendo conhecido pelos antigos romanos. Como símbolo da Maçonaria Especulativa, os ensinamentos morais a ela ligados parecem ter nascido no momento da transição das Lojas Operativas para as dos Maçons Livres e Aceitos. O tripé e o Ashlar Perfeito podem ser vistos como de origem inglesa. De facto, este símbolo foi reconhecido apropriadamente na Inglaterra ao ser incorporado ao crachá do Instituto Real Maçónico para Meninos. Embora a derivação da palavra maçónica “Lewis” seja perdida na antiguidade, para nós como maçons, ela vive como um dos símbolos mais importantes dos nossos mistérios. Como tal, merece muito mais destaque do que recebe.

A adopção pela Loja do filho de um Maçom é praticada com cerimónias peculiares em algumas lojas francesas, alemãs e brasileiras, e foi introduzida, tanto para meninos como para meninas em alguns casos.

Fonte: www.freemason.pt

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

REUNIÕES VIRTUAIS DE LOJAS E SESSÃO RITUALÍSTICA PRESENCIAL

Em 21.05.2021 o Respeitável Irmão Ordalio Frizzo Júnior, Loja Saldanha Marinho, 1601, REAA, GOB-PR, Oriente de Curitiba, Estado do Paraná, apresenta o que segue:

REUNIÕES VIRTUAIS x RITUALÍSTICA

Nessa fase tão complicada para mantermos nossos laços com os Irmão das nossas lojas, partimos então para as reuniões virtuais que estão sendo mantidas com a mesma frequência que as sessões presenciais e nessa semana realizamos na ARLS Saldanha Marinho nº 1601 a 54º reunião virtual. Obviamente não realizamos nenhuma atividade ritualística nessas reuniões, e procuramos manter a atividade o mais próximo possível das atividades realizadas em loja como leitura de ata, ordem do dia etc., e, principalmente o tempo de estudos no qual nos dedicamos aos mais variados assuntos maçônicos (não ritualísticos) e ainda sobre história, filosofia entre outros.

Porém, o distanciamento do templo e da ritualística vem mostrando que os Irmãos sentem muita falta dos hábitos de loja e nessa semana surgiu a seguinte situação; Um irmão sugeriu que para aproximarmos mais a nossa reunião virtual de uma sessão deveríamos no início pedir ao Irmão Orador que fizesse a leitura do salmo lido em sessão no grau 1, porém, na visão do Orador a leitura já faz parte da ritualística e não seria apropriado fazê-la em reunião virtual.

Poderia nos dar seu parecer como segundo as Orientações Ritualísticas para o REAA.

COMENTÁRIOS:

É louvável a preocupação da Loja com as respectivas sessões que se encontram prejudicadas pela propalada pandemia.

De tudo, graças à evolução tecnológica, a maioria das Lojas têm se mantido em atividade, mesmo que de forma precária (sem reuniões presenciais).

Por óbvio, sabemos que sessões ritualísticas, por questões iniciáticas, não são possíveis virtualmente, contudo as reuniões virtuais têm se apresentado como uma solução para manutenção das atividades da Loja.

Nas atividades on-line resolvem-se questões de cunho administrativo e econômico, assim como é possível manter a prática instrucional que é um elemento chave para o aperfeiçoamento dos Irmãos.

No tocante a leitura simples do Salmo numa reunião virtual maçônica, eu não vejo problema algum, pois o conteúdo bíblico não é propriedade exclusiva da Maçonaria e nem revela, digamos, “um segredo”.

T.F.A.
PEDRO JUK-jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

RESPOSTA A UM MAÇOM DESILUDIDO...

RESPOSTA A UM MAÇOM DESILUDIDO...
Por J. Filardo M.’.I.’.

Caro Irmão,

É triste perceber que você não entendeu do que se trata Maçonaria, mesmo tendo percorrido todo o caminho. Mas, posso entender que você alimentou expectativas irreais, resultantes da difusão desordenada de conceitos conflitantes e fantasistas do que seja a Ordem Maçonica.

Volte no tempo e estude (aqui mesmo no blog você encontrará tudo o que precisa) a história da Maçonaria com um olhar objetivo. Ela foi inventada por homens inteligentes com objetivos muito práticos. A simbologia que realmente tem sentido é básica e muito simples.

O que aconteceu depois de sua invenção em 1717, foi um festival de inclusões de conteúdos e objetivos que nada tinham a ver com o seu projeto inicial. E ela foi assim se transformando em um cipoal de opiniões travestidas em conceitos que somente contribuiram para a confusão e para o desencanto daqueles que procuram na Maçonaria algo que ela não se propõe a oferecer.

Maçons que também não entenderam do que se trata sempre dizem “você precisa fazer os graus filosóficos, onde se encontra a verdadeira maçonaria” .

Bullshit!

A verdadeira maçonaria se encontra na LOJA SIMBÓLICA. Em nenhum outro lugar. No simbolismo, nos três primeiro graus. Quem não entender o que é maçonaria até chegar ao grau de Mestre, nunca vai entender e vai ficar dando cabeçada até entender, ou até se desencantar, como parece ser o caso do irmão.

Maçonaria é apenas e tão somente o cultivo da fraternidade. O famoso MICTMR. É encontrar em uma cidade distante, alguém que te trata como irmão sem nunca ter te visto. É encontrar apoio para empreitadas sociais. É estar presente em sua comunidade para “dar aquela mãozinha” na Associação de Pais e Mestres, na Associação de Vizinhos., nas obras sociais da paróquia ou da comunidade religiosa a que pertence. É socorrer um vizinho em dificuldade. É ir aos aniversários de irmãos da loja ou de seus familiares. É estar presente quando um irmão a ele recorre. É contribuir para organizações que trabalham pelos menos favorecidos, Médicos sem Fronteiras ou uma ONG mais local. É participar da política, candidatando-se a síndico do seu edifício, vereador em sua cidade, presidente do seu país!

A Loja “oferece” um ambiente onde o maçom que já entendeu o conceito acima possa dedicar-se a estudos que não têm lugar na sociedade atual. Ali, ele encontrará outros irmãos que se interessam por arcanos, hierofantes, atanores, obra em negro, e tantos assuntos fascinantes, mas também encontrará irmãos com menos apetite por tais assuntos, mas que são pessoas generosas, divertidas, afáveis. Por outro lado, a estrutura da comunidade maçônica também oferece uma outra organização de lojas de estudo de conteúdo moral, esotérico, hermético chamados “Altos Graus”, ou Graus Filosóficos. Se o maçom quiser, pode frequentar essas lojas, mas não é obrigado. Os graus filosóficos acima dos três primeiros graus têm a ver com maçonaria somente na medida que permitem o exercício da fraternidade, mas são graus de cavalaria. Os graus de Maçonaria estão relacionados com a profissão de pedreiro, de construtor.

Se ele não quiser frequentar os altos graus, basta seguir sua emoção e desenvolver o conceito de fraternidade, estendendo-o a todas as pessoas que conhece. Será então o melhor maçom do mundo.

Mas, precisa ter cuidado com as informações equivocadas que recebe no meio. A Maçonaria que conhecemos e à qual pertencemos existe somente após 1717, com a fundação da Grande Loja de Londres. Ela não é a continuação da Maçonaria Operativa. Ela só aproveitou muita coisa dela.

Os maçons operativos eram pedreiros, quase sempre analfabetos, que não detinham nenhum “conhecimento esotérico da Grande Obra”. Só queriam preservar os conhecimentos de construção para garantir seu trabalho. Por isso o segredo. Mas eram homens simples, alegres e despreocupados que gostavam muito de beber cerveja nas tabernas onde se reuniam, de dar risadas, brincar.

Todo esse conteúdo esotérico, iniciático foi introduzido no século XIX por maçons que vinham da Rosacruz (essa sim, uma ordem iniciática, esotérica, etc. etc.) e outras ordens que cultivavam o hermetismo.

Nós, os maçons somos homens simples que buscam a fraternidade e o aperfeiçoamento de si e da sociedade através do exemplo ou através da influência que possamos exercer sobre ela. Pense bem, passe uma borracha no seu passado e recomece do zero.

Seja um maçom feliz como eram os maçons operativos!

Fraternalmente,

Fonte: https://bibliot3ca.com

quinta-feira, 28 de outubro de 2021

QUESTÕES - LIVES MAÇÕNICAS

QUESTÕES APRESENTADAS POR OCASIÃO DA PALESTRA ON-LINE PARA O GRUPO LIVES MAÇÔNICAS

Em 17.05.2021 recebi do Respeitável Irmão Gustavo Patuto algumas questões relativas à palestra on-line que proferi no dia 16 do corrente sobre os Ritos e Rituais Maçônicos praticados do Brasil, para o Grupo Lives Maçônicas.

QUESTÕES:

Perguntas e comentários:

O Irmão citou “rito regular”, o que de fato e de direito é um rito regular?

Pedro Juk – No meu entender é um rito adotado regularmente por uma Obediência Maçônica devidamente reconhecida. Em síntese, é um rito praticado por uma Obediência devidamente reconhecida por outra Obediência regular.

Enéias A. R. Ferreira – Pergunta: Caro Irmão Pedro. Como sempre, excelente palestra. Agradeço o conhecimento divulgado. Aproveito e gostaria de saber, se possível, porque as falas do Venerável Mestre são repetidas pelos Vigilantes no REAA e não no York? Seria para que todo canteiro de obras fosse notificado?

Pedro Juk – Tem sido a forma consagrada com que alguns ritos perpetuam a dialética utilizada na liturgia maçônica. Obviamente que no contexto ritualístico há um elevado significado simbólico de conformidade com o arcabouço doutrinário do rito. De certa forma essa dialética de perguntas e respostas possui um caráter de universalidade, sobretudo pelo que isso significa no espaço especulativo de trabalho haurido dos antigos canteiros de obra da Idade Média onde atuavam os maçons operativos.

Sob o aspecto esotérico a dialética alude a amplitude do alcance dos trabalhos maçônicos pelos quatro cantos do Orbe. Em síntese essa dialética simula a universalidade da Maçonaria. A sua liturgia segue as tradições dos Ritos. Isso faz com que algumas formas acentuem momentos e práticas às vezes diferenciadas.

Edinildo Souza Dos Santos - Pergunta: Em um artigo da MasonicRoundtable, fala que o incenso sempre esteve presente na maçonaria antiga, pois a maçonaria parte de sua construção a forma do parlamento inglês e sua estrutura ritualística veio do cristianismo (católico e anglicano) mais foi retirado em 1813. Em sua pesquisa você encontrou algo parecido? P. S: Senti falta do Rito de São João!

Pedro Juk - Não há como generalizar as formas de trabalhos maçônicas haurida dos ritos. Na Maçonaria primitiva não existiam ritos e nem templos. De fato, o que existiam eram oficinas de trabalho. A alegoria do Templo de Jerusalém tem por objetivo construir o elemento doutrinário da Ordem e não propriamente como um modelo palpável de templo maçônico.

Com todo o respeito ao artigo mencionado, incensar os recintos de trabalho não é nada original na Moderna Maçonaria, sobretudo porque nos trabalhos maçônicos tomam parte Irmãos de diversas religiões. Para se evitar qualquer conceito antagônico, as crenças e os credos devem ficar do lado de fora dos nossos umbrais. É certo que na transição operativa para especulativa a Maçonaria se utilizava das tabernas, estalagens e cervejarias, principalmente na Inglaterra. Também é certo que nesse período muitas ideias foram trazidas pelos elementos “aceitos”. Apesar disso, não existe nenhuma constatação de que nesses espaços eram usadas práticas de incensação do recinto. O primeiro templo é de 1766 na Inglaterra e teve por base a orientação construtiva das igrejas (nada a estranhar pelas nossas origens e a proteção eclesiástica) e do parlamento britânico (modo especulativo). Nada disso, contudo, sugere práticas de crenças e credos religiosos como condição de doutrina maçônica.

A respeito do Rito de São João, só posso deixar uma grande interrogação a respeito. Embora as minhas andanças pelas prateleiras e arquivos empoeirados da Maçonaria desde há muito, não conheço a história desse rito. Os Joões, solstícios e os cultos solares da Antiguidade são meus velhos companheiros de pesquisa, entretanto não como rito de São João, se não como as Lojas de São João.

Destaco que não estou contestando a existência do Rito de São João, mas estou afirmando que para mim é um ilustre desconhecido.

Luiz V. Cichoski - parabéns ao Ir. Pedro Juk, luminar no conhecimento maçônico em geral; obrigado aos irmãos pelo convite; Perguntaria ao irmão Pedro seu entendimento sobre o movimento que se percebe em muitas Potências na busca pela originalidade dos graus praticados no Brasil, como o REAA, Moderno entre outros.

Pedro Juk – Acho extremamente saudável. Como maçons, somos investigadores da Verdade. Já está mais do que na hora de extirparmos as invencionices e achismos que proliferam a nossa Maçonaria. Autenticidade elimina fantasias. Buscar a originalidade de cada rito é no mínimo contribuir para uma formação maçônica salutar e longe das fantasias.

Rubens Caldeira:

a) Os ingleses atualmente não aceitam mais dizermos que o Arco Real é uma certa continuação do grau de Mestre, embora eu acho que faça sentido. O GOB também entende que é uma “extensão do Mestrado”, como a “completar” o grau de Mestre, ou um grau 3?

Pedro Juk – Essa é uma longa história e conservou-se desde a União de 1813 por conta dos Irlandeses. A bem da verdade essa foi quase que uma condição dos Antigos para a constituição da Grande Loja Unida. Como pesquisador e historiador da banda autêntica da Ordem, tenho a dizer que originalmente o Grau de Mestre da Moderna Maçonaria somente apareceu em 1725 na Inglaterra. O primeiro Grão-Mestre da Moderna Maçonaria era um Companheiro Maçom, destacando que a Maçonaria primitiva possuía apenas e tão somente duas classes de operários – Aprendizes Admitidos e Companheiros do Ofício. A Lenda do Terceiro Grau apenas aparece na exposure de 1730 de Prichard no seu Masonry Dissected.

Assim entendo que o Franco-Maçônico básico da Moderna Maçonaria é composto por três graus, Aprendiz, Companheiro e Mestre. Qualquer grau acima desse é particularidade de Rito ou Trabalho. Em síntese, o simbolismo possuí três graus. Acima disso são graus de aperfeiçoamento e nada tem a ver com o simbolismo. A plenitude maçônica é alcançada quando o maçom atinge o grau de Mestre Maçom, só isso. Cada rito maçônico explica a Lenda do Terceiro Grau conforme o seu método doutrinário, portanto, qualquer extensão do mestrado é aperfeiçoamento e não uma regra para se atingir plenitude.

O GOB é uma Obediência Simbólica que atende a plenitude maçônica quando o maçom alcança o Grau de Mestre Maçom. Não existe nenhuma condição para se completar o 3º Grau. Nesse sentido, o Arco Real é um grau lateral, ou de aperfeiçoamento que não condiciona a plenitude do Mestrado. O GOB admite Arco Real e até incentiva a sua prática para dar mais conhecimento aos seus obreiros, mas o simbolismo continua com os três primeiros graus básicos.

b) Você disse que as Lojas Capitulares deixaram de existir em 1927 com a saída de Behring, porém existem circulares do GOB tratando delas até 1960 e vestígios até 1977. Até quando foi mantida essa característica mista (graus simbólicos e altos graus) no GOB?

Pedro Juk – Existir vestígio não confirma regularidade. Não há registros oficiais. Circulares que mencionam Lojas Capitulares na época estão mais ligadas ao título distintivo da Loja do que a sua existência capitular. O GOB desde 1951 deixou de ser Obediência Mista (simbolismo e altos graus) e adotou apenas os três graus simbólicos. Bem antes desse período o sistema Capitular tinha deixando de existir (inclusive na França). Vestígios desse sistema nas datas mencionadas não condizem com afirmativa história. Reitero, há muita diferença entre títulos distintivos de documentos, cabeçalhos e nome capitular de lojas da prática administrativa e iniciática onde o Athersata, no santuário Rosa-Cruz (Oriente elevado e dividido) era o Venerável da Loja. É certo sim que muitas dessas irregularidades resistiram pontualmente, mas merecem uma análise mais acurada antes de darmos com vestígio de Loja Capitular.

A partir de 1927, com o advento das Grandes Lojas Estaduais Brasileiras, outros rituais do REAA para o simbolismo apareceriam, tanto para as Grandes Lojas quanto para o GOB. Nenhum desses rituais doravante mencionam formato capitular de trabalho único ao simbolismo. Insisto que ainda encontramos muitas Lojas que conservam no seu título distintivo o nome capitular, porém elas não trabalham mais no sistema capitular de outrora. Isto é, a Loja conserva o nome, mas nada tem a ver com o 18º Grau Capitular.

c) Pelo que entendi da sua apresentação você fala que o Rito de York do sistema inglês tem influência dos antigos de York… Porém entendo que isso foi somente uma imposição da União de 1813. Os antigos seguiam as práticas irlandesas e de York, principalmente se mantendo no ritual de Bristol, e sendo congelada nos EUA com a independência.

Pedro Juk – Há um equívoco no seu entendimento sobre o que eu disse. Comentei sim que os Irlandeses, através de Laurence Dermott, usavam a reunião lendária de York datada de 1926 para assegurar e dar uma sustentação “antiga”. Obviamente que depois das escaramuças entre os Antigos e os Modernos e a união de 1813, o ideário dos “Antigos” prevaleceu em muito nas demonstrações de uma nova forma de trabalho. A cerimônia de Instalação, a adoção dos Diáconos, por exemplo, é obra dos Irlandeses que permaneceu integrada à Maçonaria Inglesa depois do Ato de União de novembro de 1813 – entenda que essa é uma análise muito superficial, pois cabe ainda, nesse contexto, considerações sobre a Maçonaria na Escócia.

No tocante ao princípio da Maçonaria Norte-Americana, esta se serviu da forma antiga, principalmente e depois da organização de Thomas Smith Webb – vide Ducan’s Ritual. Os Norte-Americanos, visando a sua independência por certo não iriam aderir a formas maçônicas de trabalho que estivessem ligadas à Grande Loja dos Modernos, principalmente porque esses últimos se colocavam próximos à Coroa Britânica.

d) Essa mescla esotérica enfatizada no Adonhiramita você entende que foi por influência da Teosofia?

Pedro Juk – É possível existir essa probabilidade se levarmos em conta que o conteúdo religioso e filosófico Adonhiramita está ligado, ou simulado a uma visão mística do Criador e das Leis do Universo. Destaco, contudo, que é preciso antes perscrutar o primeira Compilação Preciosa do Maçonaria Adonhiramita, a original impressa no século XIX na Filadélfia que é considerada como uma espécie de bíblia da Maçonaria Adonhiramita. Isso antes dessa compilação ter sofrido inúmeras deturpações para não fugir à regra latina de intervir na originalidade.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

FRASES ILUSTRADAS

 

AS LOJAS UNIVERSITÁRIAS E A MODERNIZAÇÃO DA MAÇONARIA

AS LOJAS UNIVERSITÁRIAS E A MODERNIZAÇÃO DA MAÇONARIA

A criação e desenvolvimento de Lojas Universitárias é algo ainda pouco estudado na literatura maçônica.

Por este aspecto ainda existem muitas dúvidas sobre o funcionamento e a finalidade desse tipo de Loja. O presente artigo tem por objetivo classificar e analisar o panorama das Lojas Universitárias no Brasil e a sua contribuição para a modernização da Maçonaria na primeira década do Século XXI. O estudo foi amparado por uma pesquisa de cunho histórico e bibliográfico, além da experiência recente do autor na qualidade de fundador da Loja Maçônica “Universitária-Verdade e Evolução” nº. 3492 em Brasília – DF.

Abstract
The creation and development of University Blue Lodges has still been little studied in the masonic literature. Thus, there are still many doubts regarding the working and purpose of this specific kind of Blue Lodge. This article aims to classify and analyze the panorama of the University Blue Lodges in Brazil and their contributions towards the modernization of Freemasonry during the first decade of 21th Century. The study is supported by a historical and bibliographic research, besides of the author’s own recent experience as a founder himself of the Masonic Lodge “Universitária – Verdade e Evolução” nº.3492 in Brasília – DF – Brazil.

Um Estudo no GOB na Primeira Década do Século XXI

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

COMPROMISSO - LIVRO DA LEI PARA CANDIDATO DE OUTRA RELIGIÃO

O Respeitável Irmão Fernando Rodrigues de Souza, Loja Virtude e Bondade, 146, REAA, GOB-AL, Oriente de Maceió, Estado de Alagoas, apresenta a seguinte questão:

LIVRO DA LEI PARA CANDIDATO DE OUTRA RELIGIÃO

Estaremos iniciando um candidato que professa uma religião não-cristã, para isso está sendo providenciado o livro sagrado da tradição religiosa que ele segue para o momento do juramento. Diante disso, as dúvidas são:

1. Qual deve ser a posição do livro da tradição do candidato no altar dos juramentos? Em cima do livro da lei com o esquadro e compasso por cima dele, ou deve ficar ao lado do livro da lei? E o livro deve estar aberto ou fechado?

2. Pelo fato dele não ser cristão, qual a posição que o candidato deve estar no momento do juramento? Ou isso não muda?

Desde já, muito obrigado

CONSIDERAÇÕES:

Concernente à questão 01, menciona o Ritual em vigência do REAA, pagina 17 e explicativo relacionado ao Livro da Lei:

“A Bíblia Sagrada é o L∴ da L∴ de uso nas Lojas que praticam o REAA, no entanto, o iniciado ou maçom tem o direito de prestar os juramentos que a Ordem exige, sobre o Livro Sagrado da sua crença. Neste caso, no momento do compromisso, poderá ser usado outro Livro Sagrado sem que a Bíblia seja retirada do Altar (grifo no original)”

Nesse sentido, orienta-se que no momento do compromisso seja oferecido ao candidato o Livro da Lei pertinente a sua fé. Esse Livro não precisa ser aberto, bastando que no momento o recipiendário pouse sobre ele a sua mão direita. Como menciona o explicativo, a Bíblia não deve ser retirada do Altar, devendo, portanto, permanecer no seu lugar aberta com o Esquadro e o Compasso dispostos na forma de costume, sem nada por cima, sobre o centro da superfície do Altar. O outro Livro permanece fechado ao lado da Bíblia, não sendo necessário outro conjunto de Esquadro e Compasso. Basta o Livro fechado.

Referente à questão 02, se a crença do candidato não lhe permitir genuflexão, então, em respeito à sua fé, ele pode prestar o seu juramento em pé. Isso não altera o momento solene.

T.F.A.
PEDRO JUK
Secretário Geral de Orientação Ritualística – GOB
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

MINUTO MAÇÔNICO

TEMPO

1º - Medida intrínseca do movimento, sem o qual não há tempo; este pode ser definido como a duração das coisas na sucessão dos dias, horas e momentos.

2º - Os antigos divinizaram e personificaram o tempo na figura de Saturno, conservando-lhe os modernos, nas alegorias que lhe consagraram, a maior parte dos atributos desta divindade.

3º - Representam-no, em geral, sob a figura de um velho descarnado, de grandes barbas e cabeleira branca, com asas para mostrar rapidez, tendo na mão a foice, símbolo do poder destruidor, e algumas vezes a ampulheta, emblema do desaparecimento contínuo dos anos.

4º - É representado, na Maçonaria, como tentando desembaraçar os cachos de uma virgem em prantos que está à sua frente.

5º - Este trabalho que não tem fim, mas que o tempo tenta realizar, busca ensinar ao Maçom que o tempo, a paciência e a perseverança, o tornam capaz de realizar o grande objetivo do labor maçônico, conseguindo finalmente a Palavra verdadeira, símbolo da Verdade Divina.

Fonte: http://www.cavaleirosdaluz18.com.br

COWANS: OS PEDREIROS SEM A PALAVRA - CAPÍTULIO I

COWANS: OS PEDREIROS SEM A PALAVRA - CAPÍTULIO I
Autor: Victor Guerra
Tradução: José Filardo


Em geral, idealizamos bastante o mundo das guildas de pedreiros e tudo o que tem a ver com elas e, por extensão, tudo aquilo que tem recebido o nome de Maçonaria, englobado aí aqueles “sindicatos profissionais” e seus regulamentos e a ação daqueles reunidos em lojas chamadas lojas especulativas que tomaram emprestados símbolos e ferramentas dos pedreiros. Bem, naquele ambiente profissional exclusivo ocorreram discriminações que atravessaram essa barreira para se estabelecer no seio do ritual especulativo maçônico.

Dentro da grande fraternidade que é a Maçonaria, e cujos começos podemos colocar em 1717, entre cujos objetivos o documento funcional as Constituições de Anderson incluem que “ela se tornará um centro de unidade e será o meio de estabelecer relações amistosas entre pessoas que fora dela permaneceriam separadas umas das outras”.

No entanto, ao longo de sua história, manterá uma série de pessoas e grupos fora de seus limites, e um desses grupos os chamados “cowans”, uma questão que vem dos primeiros dias do sistema operativo e diante do temor da intrusão não só os segregou, mas para impedir sua entrada em outras guildas impôs os “Tylers” ou telhadores à porta das lojas.

Por que motivo vale a pena perguntar quem eram esses profissionais marginalizados ligados ao mundo da pedra?

Em termos gerais, podemos dizer que eles eram pedreiros que não veremos integrados nas cidades e nas poderosas organizações ligadas à pedra, tais como guildas, grêmios, irmandades e corporações, organizações que não aceitavam os pedreiros-canteiros vinculados ao mundo rural, onde eram vistos erguendo aquelas paredes de pedra que dividiam as terras dos habitantes locais. Seu trabalho era construir paredes de 1 a 1,5 metros, que raramente tinham argamassa e menos ainda cal.

Esses profissionais inseridos no mundo rural eram verdadeiros especialistas em corte de pedras, pois sabiam cortar a pedra ao longo de suas linhas de fissura e esquadrar as diferentes faces para moldar a parede com elas, em um intrincado emparelhamento. Por meio de sua arte podemos rastrear a presença deles em muitas culturas.

É verdade que no mundo rural, pelo menos na antiguidade, fazendeiros e pecuaristas sabiam, em maior ou menor grau, erigir essas paredes de maneira grosseira, embora isso não os impedisse de participar, como é o caso, da construção de cabanas e currais em todo o território rural inglês.

Essa tarefa de construir e manter esses recintos correspondia, portanto, a esses pedreiros rurais e a outros do tipo descritos como wallers, que estavam encarregados deste trabalho como tal cow-men […] Embora o trabalho deles também tenha sido regulamentado conforme declarado em 1636 em Canongate, e por cujos estatutos sabemos que eles tinham permissão para usar argila como argamassa, mas não podiam usar cal, uma questão que também é confirmada por um decreto anterior de Glasgow em 1623, pelo qual o cowan John Sheldden estava autorizado a construir muros com argamassa de argila, mas sem cal e areia, com a condição de que esse muro tivesse apenas um metro de altura.

O que é estranho, ou talvez mais sintomático, é o fato de que esses trabalhadores acabaram recebendo a qualificação de eavesdroppers (bisbilhoteiros). Talvez a palavra certa fosse “intrusos”, pois não se tratava de espionar ninguém nas lojas, mas de uma possível intrusão profissional.

É evidente que esses cowans discriminados estavam a uma distância, maior ou menor, em termos da experiência, dos pedreiros e também das organizações (guildas, grêmios, corporações, etc.) que administravam grandes pedreiras e, portanto, sabiam esculpir os grandes blocos que obtinham previamente e cujo processo, até chegar a conclusão do edifício, seja ele religioso ou civil, exigia treinamento, aptidões e qualificações muito diferentes.

As técnicas evoluíam para vários motivos: sociais, políticos ou religiosos, ou simplesmente motivados por um grande incêndio, de modo que o novo edifício exigisse argamassa cujos componentes essenciais estavam na mesma pedreira: poeira de calcário, técnicas aperfeiçoadas que, por sua vez, eram mantidas em segredo pelas guildas que, tentavam e conseguiam, como era o objetivo, manter os grupos de canteiros unidos e seu poder nas áreas urbanas relevantes, onde os famosos cowans não haviam penetrado.

Portanto, vale a pena perguntar por que essa rejeição de corporações profissionais fechadas de natureza urbana em relação a profissionais individuais que se aglomeravam no meio rural?

Primeiro, devemos especificar uma pergunta sobre a presença deles nos textos manuscritos nos quais encontramos algumas referências, principalmente tratando-se de textos de origem escocesa como os famosos Estatuto de Shawde 1596, que indicam tal regulamentação:

That na Maister or Falow–of–Craft ressave the paine of twentie ony cowanis to wirk in his societie or company nor send name of his servants to wirk wit cownis under pundis so often as ony persone offendis heirintill. [1]

Eles também eram definidos como dry-diker, alguém que constrói sem cimento, isto é um Maçom sem a Palavra, ou seja, a Palavra de Maçom.

Mas, além disso, pouco mais existe, e não nos explica essa marginalização e desacordo entre as guildas e esses pedreiros rurais.

A Peste Negra teve algo a ver com todo esse desenvolvimento. Seu término implicou uma verdadeira remodelação das sociedades, de seus relacionamentos e de suas estruturas como conglomerado social e trabalhista. Um desses efeitos foi a administração da igreja como um poder institucional projetado a partir daquele momento na construção de igrejas e catedrais, em cujo desenvolvimento as guildas e corporações desempenharão um papel fundamental, onde ressurgirão fortemente e, como tal, se tornarão cada vez melhores em termos de suas técnicas e de seus próprios desenvolvimentos enquanto organizações sociais e profissionais.

Essa mudança provocou a construção de grandes edifícios, aos quais era agregado um edifício adjacente chamado loja, cuja faceta multifuncional servia tanto para proporcionar abrigo, armazenar ferramentas, reunir a corporação, servir de escritório para o Mestre de Obras, ou para os trabalhadores se alimentar ao abrigo de diferentes situações climáticas, etc.

Essa antessala das obras reunia os trabalhadores menos qualificados do lado de fora, sendo o interior reservado para pedreiros mais especializados, tais como os entalhadores. O lugar era guardado por um Tyler (telhador), que era o nível mais baixo na hierarquia da corporação.

Algumas guildas, em que pese a ideia utópica de liberdade tão exagerada na mídia historiográfica, eram bastante limitadas e é necessário acrescentar a sua própria rigidez enquanto estruturas jurisdicionais nos territórios, tanto é que esses Ofícios Jurados estavam entregues às mãos dos senhores feudais, que finalmente anularam a possível mobilidade profissional. De fato, sua liberdade foi resgatada das mãos da forte regulamentação normanda que regulava o país com mão de ferro, pela própria Igreja que precisava ter mão de obra para desenvolver seu impressionante projeto de erguer igrejas e catedrais.

Essa liberdade foi alcançada, seja através de preços ou dispensas da Igreja para dispor de tais trabalhadores que por ,sua origem e desenvolvimento, acabaram se tornando “corporações cada vez mais livres”, embora isso também seja relativo, uma vez que estavam limitados aos regulamentos, jurisdições das corporações e dos poderes públicos.

Portanto, esse grande projeto eclesial deu origem à construção de edifícios religiosos no tranquilo ambiente rural e, como tal, levou à contingência do encontro entre duas especificações profissionais nesse campo.

Neste tranquilo espaço rural, os membros do ofício da corporação de pedreiros se encontrarão e, por outro lado, os cowans que viram chegar às suas construções novas oportunidades de trabalho, mesmo que nunca tenham realizado obras dessa magnitude, nem tivessem certas capacidades técnicas. Com o tempo eles foram adquirindo habilidades, o que por sua vez gerava atritos entre os dois setores mas os cowans perderam a batalha e ficaram confinados aos empregos mais simples do ofício. Entretanto, apesar de sua antiguidade no mundo da pedra, eles não podiam enfrentar as poderosas e herméticas guildas, que se fechavam em bando recusando-se a dar espaço a eles em seu organograma profissional, nem mesmo como aprendizes.

E para isso eles adotaram medidas de proteção tais como palavras e gestos de reconhecimento.

E mesmo quando conseguiram um certo reconhecimento, na realidade isso nunca foi real ou foi o resultado de uma questão circunstancial, seja porque os sindicatos não estavam interessados em um determinado trabalho ou porque a força de trabalho tinha que ser grande devido a requisitos de prazo de execução, como aconteceu com a reconstrução de Londres, onde todos os profissionais pedreiros foram convocados para trabalhar, fossem pedreiros, cowans ou membros das sociedades de Irmandade (Compagnons, Bahütte, etc.) para trabalhar com as corporações estabelecidas na reconstrução da cidade.

Além disso, existe um terrível paradoxo: enquanto as Guildas do Ofício sempre se recusaram a abrir as portas para os cowans, curiosamente, portas e janelas eram abertas para aos cavalheiros para que se tornassem parte da estrutura corporativa cada vez mais decadente. Portanto, as lojas foram cada vez mais articuladas como centros de poder burguês urbano, onde pouco podiam os famosos cowans, o que eu já indico no título do artigo não “tem a palavra”, na verdade, temos a loja-mãe escocesa Kilwinning, que define os cowans como diaristas fora das guildas e “maçons sem a Palavra”.[2]

Em dezembro de 1598 em Edimburgo, através dos Estatutos Schaw, em relação à observância de todos os Mestres de Obras e Observadores Gerais do Ofício, o artigo 15 afirma que:

Nenhum Mestre ou companheiro do ofício receberá um cowan para trabalhar com ele, nem enviará nenhum de seus assistentes para trabalhar com Cowans, sob pena de multa de vinte libras cada vez que alguém quebre essa regra.[3]

Até a Assembleia de York enfatiza que “nenhum mestre deve fazer planta, esquadro ou régua para um desbastador ou montador de pedra sem argamassa”.

A disciplina férrea em que o “juramento ou promessa” por parte do artesão mediou uma estrutura reguladora inflexível alcançou tal extensão conforme nos mostra um documento da loja Mary’s Chapel de Edimburgo em que se registra que um maçom da loja tinha que reconhecer e confessar ter ofendido a guilda e o mestre da loja por oferecer trabalho a um cowan, tendo que fazer uma confissão humilde e prometer nunca fazê-lo novamente. Em outros lugares, são coletadas informações sobre multas e condenações pecuniárias pela contratação de tais cowans.

Notas

[1] – Que nenhum professor ou companheiro do escritório recebeu nenhum cowan para trabalhar em sua sociedade ou empresa ou enviar qualquer um de seus funcionários para trabalhar com os cowans.

[2] – Popow, Corine. James Hogg. O fundador do romance psicológico. Dissertação. 2004

[3] – Hurtado, Amar. Nós maçons. Editorial MASONICA 2014.

Autor: Luiz Marcelo Viegas

Mestre Maçom da ARLS Pioneiros de Ibirité, nº 273, jurisdicionada à GLMMG. Membro da Academia Mineira Maçônica de Letras. Contato: opontodentrodocirculo@gmail.com

Fonte: https://opontodentrocirculo.com

terça-feira, 26 de outubro de 2021

O SIGNIFICADO DA PALAVRA SAGRADA

O SIGNIFICADO DA PALAVRA SAGRADA
(republicação)

Questão que faz o Respeitável Irmão José Edson Haesbaert, Mestre Instalado, Loja Apóstolos da Caridade, GOB-PR, R⸫E⸫A⸫A⸫, Oriente de Curitiba, Estado do Paraná.
jehaesbaert@pop.com.br

Qual é o significado da Palavra Sagrada no Rito Escocês Antigo e Aceito nos seus Graus Simbólicos?

CONSIDERAÇÕES:

Antes das considerações propriamente ditas deixo aqui a seguinte recomendação. Nas Lojas Simbólicas os apontamentos concernentes a esse tema se resumem apenas e tão somente ao simbolismo. 

Devido à pluralidade de ritos praticados pela Maçonaria, muitos destes possuem graus de aperfeiçoamento, ou os ditos altos graus, muito comuns no Rito Escocês Antigo e Aceito, por exemplo. 

Assuntos inerentes aos graus que não dizem respeito ao simbolismo, dentre eles, a Palavra Sagrada, não devem ser tratados nas Lojas Simbólicas – no simbolismo tratam-se apenas dos graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre.

Dadas essas considerações, também cabe aqui outro esclarecimento. O termo “sagrado” em alusão ao complemento da Palavra tem o significado de “dignidade” e “consagração”, daí se faz cogente a compreensão que o vocábulo não possui em Maçonaria qualquer conotação religiosa.

Quanto ao significado da Palavra Sagrada. Primeiro no sentido de reconhecimento ela é parte integrante dos verdadeiros segredos da Ordem (Sinais, Toques e Palavras). Assim é o importante método do telhamento que averígua a qualidade do Maçom conforme os três graus do franco maçônico básico.

Segundo - quanto ao seu formato de transmissão, alude no Rito em questão, a etapa iniciática – Intuição (o Aprendiz soletra), análise (o Companheiro dá por sílabas) e a síntese (o Mestre a dá por pronúncia direta). 

Essa questão é tão importante que revela a etapa iniciática do Obreiro. Nenhum Irmão será verdadeiramente iniciado, elevado e exaltado caso não conheça os segredos do Grau que, em linhas gerais, compreendem os Sinais, Toques e Palavras.

Terceiro – de maneira doutrinária a palavra, ou palavras, conforme o Grau elabora uma lição de sociabilidade e progresso, cujo emblema é o principal artifício de igualdade e o despojamento de títulos profanos no Canteiro da Maçonaria. 

Isso significa que só detém a Palavra àquele que estiver realmente apto para possuí-la – um Aprendiz só tem a Palavra se tiver passado regularmente pela cerimônia de Iniciação. Um Companheiro só será um Companheiro se tiver sido antes um Aprendiz. Por fim o Mestre que para chegar à plenitude só o será se antes tiver sido um Aprendiz e um Companheiro. 

A Maçonaria rechaça qualquer distinção profana nas suas lides. Assim, a Palavra é um rótulo emblemático da etapa de aperfeiçoamento na Moderna Maçonaria.

No caso do simbolismo do Rito Escocês Antigo e Aceito há ainda o uso da transmissão da Palavra Sagrada para a abertura e encerramento dos trabalhos. Essa prática remonta a um passado distante, desde o Operativo, e a conferência da demarcação da obra para o início da construção e o confronto ao seu término para despedir os obreiros contentes e satisfeitos. 

É por essa razão que há a referida transmissão que tem o sentido figurado de verificação. Como hoje não usamos literalmente o nível e o prumo para marcar e conferir a obra dado que a matéria prima não é mais a pedra e sim o Homem, o artifício especulativo é o uso correto da Palavra na sua transmissão. 

Isso significa que se a Palavra estiver correta, tudo estará Justo e Perfeito para se iniciar o labor, assim como que ao seu término o objetivo fora qualificadamente conseguido – note que no ritual isso acontece tanto para abrir a Loja quanto para fechá-la, inclusive os protagonistas que pronunciam o termo “justo e perfeito” têm com joias o nível e o prumo (Primeiro e Segundo Vigilantes).

Finalizando esse breve comentário, a Palavra Sagrada está presente na Maçonaria desde os canteiros medievais e pode ser acuradamente observada nos “fragmentos” e “antigas obrigações” da Sublime Instituição que possui aproximadamente oitocentos anos de História. 

No princípio eram apenas duas Palavras, pois a Maçonaria era composta por duas classes. Posteriormente, já na Moderna Maçonaria e com o aparecimento do Grau de Mestre (1.724) seria incluída a Palavra do Terceiro Grau embasada na Lenda de Hiram.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 595, Florianópolis (SC) 14 de Abril de 2012.

MOTIVAÇÃO EM LOJA

PIRÂMIDE DE MASLOW
MOTIVAÇÃO EM LOJA
Ir∴E.Figueiredo (A∴R∴L∴S∴ Pentalpha Paulista - 208)

Nunca entendemos tão bem uma coisa, e a adotamos como nossa, quando a descobrimos por nós mesmos." (Renê Descartes)

Por que algumas Lojas conseguem motivar os seus Obreiros e outras não ? Por que alguns Irmãos são motivados por natureza e outros não ? Por que quando se fala em motivação muitos pensam que é algo por prazer material ? Por que avocamos motivação para as nossas atividades?

Teríamos vários "por quês" para citar e para analisar. E se ativéssemos a elaborar um estudo, iríamos esbarrar em conceitos mil, passando, fatalmente, pela famosa pirâmide das necessidades humanas, de Abram Maslow. Não é o caso, neste momento.

A maioria das Lojas não sabe como fazer para motivar seus Obreiros. É verdade que a coisa não é tão fácil e simples como pode, a princípio, parecer, mesmo porque a freqüência dos mais assíduos não é assim tão freqüente, isto é, os Irmãos não se fazem presentes em TODAS as reuniões, para que, ao se estar elaborando um programa, um plano de trabalho e até mesmo uma tarefa, não haja solução de continuidade.

Explicando melhor, através de um exemplo:

"Uma Loja de 30 Obreiros, que numeraremos de 01 a 30. Estiveram presentes numa reunião para estudo de um programa, os seguintes Irmãos do quadro:

"01", "02", "04", "06", "08", "09", "13", "14", "15", "18", "20", "29" e "30".

Nessa reunião iniciou-se a discussão de um projeto. Na reunião seguinte, estiveram os seguintes Irmãos:

"02", "03", "05", "08", "10", "13", "14", "19", "20", "21", "24", "25", "29" e "30".

Observa-se que na segunda reunião estavam presentes Irmãos que estiveram na primeira e outros que desconhecem o programa. O que acontece, então? Certos detalhes discutidos e aprovados/reprovados voltam à tona por causa das idéias e considerações daqueles que tomam ciência do assunto pela primeira vez.

Na terceira reunião os presentes eram:

"01", "02", "04", "07", "11", "12", "18", "19", "22", "23", "24", "25", "26", "29", e "30".

Nessa reunião haviam quatro grupos distintos, a saber:

I - Irmãos que estiveram em todas as reuniões;
II - Irmãos que estiveram na primeira e na segunda;
III - Irmãos que estiveram na primeira e na terceira; e,
IV - Irmãos que estiveram na segunda e na terceira.

E existe, ainda, um grupo que não apareceu em nenhuma delas e que, provavelmente, deverá fazer um dia, quando dará os seus palpites.

O que resultará isso? Neste particular, a indagação pode, facilmente, ser respondida com o próprio exemplo:

Um Irmão que esteve na primeira reunião e faltou na segunda vai estranhar que determinada sugestão aprovada na primeira não consta do projeto por ter sido reprovada na segunda. Aí ela é discutida novamente. Novos argumentos são apresentados, novas dúvidas, outros prós e contras, e vai por aí a fora.

Durma-se com um barulho desse !

Surgem os descontentamentos, reclamações com enfoque de "desmotivação" por aqueles que se julgam preteridos em suas idéias, reduzindo suas aparições em Loja, prejudicando o projeto que se estudava, com reflexos, inclusive, em outras atividades da Oficina.

Serão enfatizadas as alegações de "falta de motivação" para comparecer às sessões, além de gerar críticas à Loja, num todo.

Evidentemente, o termo "motivação" está sendo usado incorretamente, e é sabido que as ausências dos Irmãos provocam inúmeros outros problemas. E é fácil de perceber que uma "bola de neve" está se criando."

Podemos falar, também, dos Irmãos que, mesmo com boa freqüência, estão alheios às atividades da Loja. O que leva os Irmãos a agirem dessa forma? Alega-se, quase sempre, que o culpado é o padrinho que convida o profano e, depois de iniciado, larga-o para que, sozinho, tente descobrir os segredos da Arte Real; não induz o aprendiz às pesquisas, à leitura, ao estudo propriamente dito. O aprendiz se vê deslocado ao ponto de deixar de perguntar, para esclarecer-se sobre dúvidas existentes por não saber interpelar. Com certeza, esse Irmão, já como Mestre, irá alegar que não tem motivação para ir à Loja, engrossando o "team" dos desmotivados e geradores de problemas.

Outros exemplos poderiam ser citados, todavia, independentemente de qualquer outra razão, inclusive material, o Irmão é motivado pela sua automotivação, ou seja, nada consegue motivar alguém cuja automotivação esteja morta. Entende-se que a automotivação é um fator psicológico, intrínseco ou não, que predispõe a pessoa à realizar certas ações. Determina, também, a conduta instintiva despertando-lhe o interesse com tendência preferencial, que tanto pode ser para leitura, para trabalho, para esporte, para lazer ou para participação ativa junto à comunidade da sua Loja. A motivação acompanha o ser humano em todos os seus atos e corresponde a uma modificação do organismo que o põe em movimento indicando a sua manifestação.

A automotivação é um dom que todos os seres humanos possuem, porém nem todos descobriram essa maravilhosa força! Muitos tentam exercitar. E sabe-se que somente o ser humano, dentre os animais, é dotado de automotivação...

...e chegamos à conclusão, pois, de que a motivação, somos nós mesmos que a criamos.

Fonte: JBNews - Informativo nº 147 - 21/01/2011

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

USO DO AVENTAL DO OUTRO RITO

Em 16.05.2021 o Respeitável Irmão Luis Felipe Bezerra Pinto, Loja Forte Castelo do Mar, sem mencionar o nome do Rito, GOB-PE, Oriente de Cabo de Santo Agostinho, Estado de Pernambuco, apresenta a seguinte questão.

AVENTAL DE OUTRO RITO

Um irmão pertencente ao quadro de Obreiros de uma Loja praticante do Rito Brasileiro é exaltado Mestre, desta forma seu avental vai possuir a identidade do Rito Praticado, mas o mesmo visita lojas do R.E.A.A, no entanto após ser exaltado no Rito Brasileiro, o mesmo utilizou o Avental do R.E.A.A em vez do seu Rito Praticado. Sabemos que podemos nos filiar em diversas lojas e em Ritos diferentes, mas no caso específico, em que apenas o Irmão é praticante do Rito Brasileiro é correto a utilização de outros aventais sem que o mesmo seja praticante do Rito? Há alguma legislação no GOB que trate sobre o assunto?

COMENTÁRIOS:

É bom que se diga, que avental do grau de Mestre é avental de grau de Mestre independente do rito maçônico. Não importa o rito praticado, e o avental utilizado, o grau é igual para todos os Mestres. Assim, um Irmão que alcançou o 3º Grau, é Mestre Maçom, seja ele de qualquer rito regular. O avental, nesse caso, somente se diferencia para identificar o rito. Independente do avental, a plenitude alcançada é igual para todos.

No tocante ao avental, a praxe é a de que o Mestre visitante de um determinado rito se apresente com os seus paramentos.

No caso exposto na sua questão, o mais comum é que o visitante, no caso sendo do Rito Brasileiro e em visita a uma Loja do REAA, se apresente com os seus paramentos, ou seja com os paramentos do rito da Loja a que ele pertence.

Contudo, salvo melhor juízo, ele pode ser um visitante de passagem pelo Oriente e não esteja de posse dos seus paramentos. Nesse caso, desde que ele esteja trajado nos conformes de costume, nada impede que ele visite uma Loja e dela receba cortesmente um avental para participar dos trabalhos, mesmo que este não seja do mesmo rito que ele pratique. Como dito, é uma questão de se adequar a uma determinada situação sem ferir princípios, isto é, usar de bom-senso antes de tudo.

Vale mencionar que nessa questão estamos tratando do simbolismo, portanto, em qualquer situação os paramentos utilizados devem ser do simbolismo.

Sobre legislação no GOB, a sua Constituição atende em seu Artigo 2º, Postulados Universais da Instituição Maçônica, IX, o uso de avental em todas as sessões. Consta ainda no Art. 217 do RGF, Parágrafo Único, que o visitante está sujeito à disciplina da Loja que o admite nos seus trabalhos.

Analisando superficialmente esses Artigos dos Diplomas Legais do simbolismo, a Constituição prevê a obrigatoriedade do uso do avental, sem mencionar nenhum aspecto sobre a qualidade de que seja obrigatório o uso do avental desse ou daquele rito. Aqui o que se acentua é o uso do avental, por certo, avental de ritos do simbolismo adotado pelo GOB.

Ainda, no que concerte ao RGF este menciona a adaptação à disciplina da Loja. Certamente essa disciplina é a que se relaciona àquela inerente à liturgia e a ritualística dos trabalhos, o que não se trata, por certo, de se obrigar o visitante a usar o avental do rito da Loja anfitriã.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br