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PERGUNTAS & RESPOSTAS
quarta-feira, 30 de abril de 2025
CORDA E BORLAS - SIMBOLOS MAÇÔNICOS
CORDA E AS BORLAS
Boa tarde meu Irmão, gostaria se possível, que me elucida-se uma dúvida. Em um templo do REAA a corda de 81 nós que acaba em duas borlas ao lado do pórtico do templo, não deveria acabar em quatro borlas, pois no que me consente elas simbolizam as quatro virtudes cardeais.
CONSIDERAÇÕES:
As Borlas, elementos simbólicos associados à corda, no REAA, rito de origem francesa, aparecem como acabamento decorativo das pontas da Corda com 81 Nós. Em linhas gerais a Corda que circunda a Loja termina em duas pontas pendentes à cada lado da porta de entrada. Esta abertura da corda simboliza a Maçonaria como parte evolução da ciência, das artes, da cultura e da humanidade.

Ocorre, entretanto, que na Maçonaria Anglo-saxônica, a exemplo do Rito de York, não é mencionada nenhuma corda circundando a Loja, contudo há referência às borlas, as quais se colocam nos quatro cantos da Loja. Geralmente elas estão presentes nos quatro cantos do Tapete, naturalmente unidas à Orla Denteada, ou Dentada.
Em linhas gerais, no Rito de York estas quatro Borlas simbolizam a Justiça, a Prudência, a Temperança e a Coragem (virtudes Cardeais), as quais somadas às outras três virtudes, as Teologais (Fé, Esperança e Caridade) compõem a alegoria da Estrela com Sete Pontas que fica no topo de uma Escada que aparece na Tábua de Delinear Inglesa do 1º Grau.
Já o REAA, originário da França, portanto latino, mas com influências históricas hauridas da Maçonaria anglo-saxônica, acabou recebendo, em alguns dos seus painéis e rituais, também os emblemas ingleses das quatro Borlas e da Orla Denteada, o que acabou resultando em um sincretismo de símbolos extraído das duas principais vertentes maçônicas, a inglesa e a francesa
Graças a isso, é que as quatro Borlas inglesas acabariam aparecendo nos cantos de muitos Painéis franceses, como é o caso dos do REAA, que originalmente deveria ter, na sua estrutura doutrinária, apenas duas borlas - as pendentes da Corda com 81 Nós - mas que por algumas circunstâncias acabou recebendo, no seu corolário simbólico, mais quatro Borlas, enxertadas do Rito de York.
Assim, a boca se entorta conforme o hábito do cachimbo.
T.F.A.PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br
PÍLULAS MAÇÔNICAS
Vamos descrever abaixo parte da vida maçônica do grande Maçom William Preston, descrita por outro grande escritor Maçom Alec Mellor, da França. É interessante para nosso conhecimento, pontos de vista de escritores não ingleses, como neste caso.
Nascido em Edimburgo em 1742, William Preston foi a Londres em 1760 e foi iniciado em 1763. A sua carreira maçônica foi fecunda e brilhante. Após vários veneralatos, foi colocado na cadeira do rei Salomão pela Loja Antiquity nº 1 (atualmente nº 2), que trabalhava sem carta, já que era “de tempos imemoriais” (situação que persiste até hoje).
No dia de São João de 1777, uma delegação dessa Loja, precedida por Preston, foi à Igreja Saint-Dunstan para nela assistir ao ofício, com os Irmãos com os seus aventais, condecorações e luvas, a igreja encontrando-se a pouca distancia e a delegação só tendo uma rua para atravessar. Depois voltou à Loja.
O incidente fez com que a Grande Loja condenasse Preston, em virtude da proibição tradicional às Lojas de se mostrarem assim publicamente sem a sua autorização. Preston invocou a titulo de privilégio o fato de que a sua Loja trabalhava “desde tempos imemoriais”, opinião juridicamente insustentável, pois ela colocava a Loja na condição de Obediência autônoma.
Preston foi expulso da Maçonaria.
Seguiu-se um cisma, a Loja Antiquity nº 1 separando-se da Grande Loja e constituindo-se em um outro corpo, com o nome de Grand Lodge of England South of the River Trent (Grande Loja da Inglaterra do sul do Rio Trent) – ver Pílula Maçônica nº 56.
Em 1787, depois dos cismáticos terem dado as satisfações exigidas pela Grande Loja, esta reintegrou-os.
O nome de William Preston permanece ligado aos seus “Illustrations of Freemasonry” (Esclarecimentos sobre a Franco-Maçonaria), cuja primeira edição é de 1772. A obra teve dezessete edições, das quais doze durante a vida do autor, que morreu em 1818. Foi enterrado na catedral de São Paulo em Londres.
Os “Illustrations of Freemasonry” constituem uma coletânea de conferências eruditas e de alto valor literário para uso nas Lojas.
A Grande Loja da Inglaterra deve ainda a William Preston a fundação das famosas “Prestonian lectures”, que, não obstante algumas interrupções, permanecem atuais até hoje, conferências em geral notáveis sobre assuntos de interesse maçônico.
A coletânea é publicada pela Loja Quatuor Coronati nº 2076 de Londres.
Fonte: pilulasmaconicas.blogspot.com
O PAPEL DA MAÇONARIA NA ERA MODERNA

Mas não será justo falar de história da Maçonaria em Portugal sem relevar o período subsequente a 1869, data da criação do Grande Oriente Lusitano Unido, sob a égide do Grão-Mestre Conde de Paraty, e por onde passaram figuras tão ilustres como Elias Garcia, António Augusto de Aguiar, Bernardino Machado, mais tarde presidente da República, Sebastião de Magalhães Lima, Mouzinho da Silveira, Alexandre Herculano, Garrett, João de Deus, o cardeal Saraiva, patriarca de Lisboa, Machado Santos, Afonso Costa, António José de Almeida, António Maria da Silva, Miguel Bombarda, Sidónio Pais, Camilo Castelo Branco, Antero de Quental, Eça de Queirós, Rafael Bordalo Pinheiro, Egas Moniz (prémio Nobel da Medicina), Teixeira de Pascoais, Jaime Cortesão e Aquilino Ribeiro, entre muitos outros.
Mas com o intuito de inferir qual o verdadeiro papel do Maçon, tornemos por um breve instante às primícias do tudo; em termos etimológicos, a palavra Maçonaria deriva do francês “Maçonnerie”, que significa uma qualquer construção realizada por um qualquer pedreiro, o Maçon. A Maçonaria tem assim como propósito essencial, a edificação de algo e o Maçon, o também apelidado de pedreiro-livre, não é mais do que o obreiro dessa construção, o que trabalha para o erguer de um edifício.
Maçonaria significa, pois, construção; o Maçom edifica o seu futuro tornando-se um homem melhor e nesse trajecto a Maçonaria esclarece e aperfeiçoa a humanidade, tornando-a mais justa e perfeita. Este objecto está inscrito, como pedra basilar, nas constituições maçónicas do mundo moderno; a Constituição do Grande Oriente Lusitano de 1926, define a Maçonaria como “uma instituição essencialmente humanitarista, procurando realizar as melhores condições de vida social” enquanto que a Constituição de 1985 aponta como seu propósito o “aperfeiçoamento da Humanidade através da elevação moral e espiritual do indivíduo”. Diferem apenas as palavras, não o sentido.
Em suma, e citando em forma de homenagem o Nosso Irmão António Arnaud, a Maçonaria é uma ordem iniciática e ritualista, universal e fraterna, filosófica e progressista, baseada no livre-pensamento e na tolerância, que tem por objectivo o desenvolvimento espiritual do homem com vista à edificação de uma sociedade mais livre, justa e igualitária. Não aceita dogmas, combate todas as formas de opressão, luta contra o terror, a miséria, o sectarismo e a ignorância, combate a corrupção, enaltece o mérito, procura a união de todos os homens pela prática de uma moral universal e pelo respeito da personalidade de cada um, e considera o trabalho como um direito e um dever, valorizando igualmente o trabalho intelectual e o trabalho manual.
Apesar de todos estes predicados serem em tudo actuais, selecciono os dois que entendo melhor estarem alinhados com a inscrição que encima este texto; a Maçonaria como instituição universal e fraterna, isto é, a visão do mundo como uma verdadeira família, em que os homens se vejam verdadeiramente como irmãos, sem qualquer distinção de raça, sexo, religião, ideologia e condição social; e a Maçonaria como instituição progressista, no pressuposto de que é possível conceber um homem melhor, através da sua elevação espiritual, capaz de contribuir para o aperfeiçoamento da humanidade, encurtando desigualdades e reduzindo as injustiças sociais.
Mas, sendo a Maçonaria um espaço que se qualifica como de diálogo e de tolerância, de que forma deve, ou pode exercer a sua influência no mundo profano de modo a contribuir de forma resoluta para a fraternidade universal e para o progresso da humanidade?
Vivendo num regime democrático, não serão os partidos o veículo privilegiado para realizar as transformações político-sociais que nós Maçons tanto almejamos? Na verdade, não, pois os partidos são em geral máquinas de poder, praticamente esvaziadas dos seus princípios programáticos e assolados por um carreirismo desenfreado e tentacular, que por vezes parece ameaçar e subverter o próprio ideal democrático.
Sendo a Ordem Maçónica um espaço de diálogo fraterno entre pessoas de todas as ideologias, esta pode e deve continuar a desempenhar por esta via, um papel de relevo no aperfeiçoamento das instituições, inclusive das instituições democráticas, insuflando-lhes os valores morais que são o apanágio de um verdadeiro Maçon.
Parece, assim inquestionável que a influência da Maçonaria no mundo profano não se exerce directamente, pois não estabelece directivas nem impõe qualquer tipo de intervenção concreta, mas apenas indirectamente, através do exemplo, da pedagogia e da influência individual dos seus membros nos locais onde exercem a sua actividade, sejam nos seus no empregos, partidos políticos, organizações cívicas e sociais. Não esqueçamos o início deste parágrafo… “parece inquestionável”.
Não obstante, entendo que este preceito não desresponsabiliza a Maçonaria enquanto instituição; se não mais exemplos houvesse, vejamos como a Maçonaria foi, não só útil, mas como cardeal na abolição da escravatura, na reconstrução de uma sociedade destroçada pelo terramoto de 1755, na instauração da república em 1910, e mesmo na manutenção dos ideais maçónicos na sociedade durante a clandestinidade no período do estado novo.
Ainda neste contexto, recordemos as organizações ditas para-maçónicas, existentes desde o século XVIII e fomentadas e dirigidas por Maçons, e que actuaram sobre múltiplos aspectos da actividade social, seja na cultura, na beneficência, na política, nos direitos do homem ou nas relações internacionais.
Ao longo da sua vetusta história a Maçonaria em Portugal criou, dinamizou e deixou extinguir mais de 400 organizações para-maçónicas, das quais se enaltecem a Academia das Ciências, as Escolas Livres, a Voz do Operário os Jardins-Escolas João de Deus e das quais apenas perduram a Escola Oficina Nº 1 e o Internato de São João, ainda que de forma com tanto de modesto como de desvirtuada no seu objecto.
Retornando ao século XXI, e agora que está abolida a escravatura, reconstruída a metrópole, conquistada a liberdade, instaurada a república, escrita a constituição, reivindicada a igualdade, pelo menos na sua forma mais basilar, garantidos cuidados de saúde para todos, instituída a luta pela igualdade social, que contendas nos restam? Estaremos condenados ao esquecimento ou pior, a sermos apenas recordados nas parangonas das polémicas dos jornais?
Por certo questionar-se-ão como se pode sequer propor a hipótese da extinção de uma instituição com um percurso de mais de dois séculos como o Grande Oriente Lusitano? Vetada à cessação por uma qualquer lei arbitrária de um qualquer governo? Fruto de desentendimentos internos que promovem a sua dissolução? Alvo de perseguições de uma Igreja velada por antigos ofícios? Saqueada por populares revoltosos?
Talvez num passado longínquo, mas não hoje; não, hoje a Maçonaria sucumbe por mérito de uma única palavra, utilidade; a Maçonaria falece porque deixa de ter um papel relevante para a sociedade, porque deixa de ter préstimo para os homens.
Prova disso será talvez o continuado despovoamento das fileiras do Grande Oriente Lusitano, seja sob o pretexto de cisões realizadas sob duvidosos subterfúgios, seja pelo abandono de Irmãos desalentados, seja pela pouca adesão de novos Irmãos.
Seguramente que todos os Irmãos que hoje coabitam comigo neste templo têm no seu íntimo a honra e o privilégio que é ser Maçom, uma qualidade que não está ao alcance de todos. Mas se todo o homem livre e de bons costumes pode almejar juntar-se à nossa Ordem, seja por sua iniciativa ou por convite, porque não temos à nossa ombreira essa turba de homens de moral irrepreensível, que por certo os haverá?
É desses mesmos homens, aqueles que mais teriam para oferecer à sociedade, que é recorrente ouvir o discurso da falta de disponibilidade, da vergonha de represálias ou até mesmo da dificuldade em compreender a nossa utilidade na sociedade moderna.
E se dissertamos sobre o futuro, porque não são os mais jovens mais diligentes na sua aproximação à Maçonaria, da mesma forma que se entrincheiram nos meandros da política e de outras organizações apartidárias?
Não será este um claro prenuncio que algo deveria mudar?
Há um vocábulo que ouço recorrentemente no seio do Grande Oriente Lusitano e que me atemoriza tanto quanto decepciona; recrutamento. A Nossa Ordem não tem, não deve e não pode caminhar sobre a égide de crescer através da angariação de membros, como se de uma vulgar colectividade se tratasse. A Maçonaria é tudo menos vulgar; e sim, tem de crescer, não só em número como também, e perdoem-me a frontalidade, nas qualidades morais desses novos Irmão. A Maçonaria tem de florescer cativando, conquistado, fascinando, envolvendo, empolgando, e isso não se realiza com discrição, mas pelo contrário com presença, visibilidade, participação e intervenção social.
Se é verdade que somos por excelência uma organização discreta e nos reservamos o conhecimento de certas práticas e saberes, é também verdade que isto não pode ser sinónimo de displicência; não podemos ficar à margem da sociedade como se dela não fizéssemos parte, não podemos olhar o mundo com tanto desprendimento; não é esse o propósito da Maçonaria; não é esse o propósito de ser Maçon.
habitamos numa era despojada de valores ético-morais, dominada por um capitalismo infrene, sem alma nem regras, que enredou o homem em novas e mais sofisticadas servidões, privando-o da liberdade e da igualdade; urge pois a nossa intervenção na sociedade.
Nós, Maçons, somos muito mais do que carregadores de paramentos, anéis, luvas e símbolos; somos os filhos da viúva, os eternos aprendizes; temos e mantemos viva nas nossas mentes, esta condição, este estado que é perene e que constitui o nosso próprio ser, como ser fraterno.
Como podemos então impugnar tal desígnio?
Em primo e lugar de destaque estará sempre o Grande Oriente Lusitano, pois enquanto instituição jamais se poderá desresponsabilizar do seu propósito e do seu dever para com a humanidade, independentemente do subterfúgio, inclusive o da circunspecção. Repliquemos algumas das sugestões alvitradas por esta mesma Loja no XV Congresso do GOL:
- Reunir as obediências maçónicas seja por meio de tratados de amizade, de seminários, de conferências ou de simples encontros, para debater os temas prementes da sociedade e gerar as directrizes para a acção no mundo profano.
- Exortar as lojas ao debate sobre as já referidas problemáticas da sociedade, procurando que as conclusões provenientes dessas demandas se traduzam em acções concretas.
- Fomentar uma imagem de maior transparência e abertura para o exterior, incentivando também a sociedade civil a participar activamente em algumas das iniciativas de discussão organizadas.
- Reabilitar o nosso património, tornando-o útil à sociedade, seja através de novas instituições para-maçónicas que actuem na área do apoio social ou da educação, seja através da sua alocação para fins de beneficência.
- Revitalizar a Escola Oficina Nº1, reatribuindo-lhe o seu verdadeiro papel na educação em Portugal, assim como o recuperar do verdadeiro sentido e rumo do Internato de São João no apoio aos órfãos, crianças e jovens desamparados.
- Não mais expectar pela exposição desregrada na imprensa dos assuntos internos o Grande Oriente Lusitano mas, ao invés, criar uma figura que articule e potencie as comunicações com o mundo profano, em continuidade uma política de maior abertura ao exterior e de ensejo de uma contribuição palpável para o progresso da sociedade em particular e da humanidade em geral.
Ainda antes de voltar ao papel do Maçom enquanto indivíduo, cabe enfatizar o dever das lojas, cujo ofício é não só congregador e organizativo, mas também orientativo. A loja é tida como a união dos Maçons, e é precisamente quando estes se reúnem num qualquer templo para empreender os trabalhos maçónicos, que esta resplandece e enaltece em valor e significado.
A Maçonaria, quando bem compreendida, educa, instrói e orienta, contribuindo para elevar o nível moral e intelectual da sociedade, na prossecução dos trabalhos meditados dentro do templo maçónico. Este trabalho intelectual das oficinas deverá pôr em actividade os irmãos que tenham vocação para as letras, ciências, artes, etc., estimulando-os não só ao aprofundar desse saber como também à sua difusão.
E nesse sentido, para que os que não sabem possam aprender, e os que sabem possam ensinar, que todos os irmãos devem participar nos trabalhos da sua loja, sem falhas, sem mácula, sem desânimo; a loja não pode sentir-se abandonada pelos seus obreiros, sob pena de se tornar insignificante e inútil.
Mas o estar em loja é algo mais do que cumprir os desígnios do ritual da sessão; é no interior desta célula orgânica, deste cérebro pensante, que as mentes se devem agitar, que a inquietude deve reinar, que a vivacidade deve prevalecer; o Maçom deve honrar-se a si e a todos os irmãos que já passaram pela sua loja nunca se remetendo ao silêncio, à inépcia, à prostração, à resignação, à sujeição.
Por vezes penso se o benefício de já não estarmos sujeitos aos perigos do passado não se arrisca a tornar-se no pior dos desígnios, conduzindo muitos irmãos a um conformismo desolador. A tarefa maçónica contemporânea requer por isso um trabalho mais metódico e constante do que em épocas ancestrais bem mais conturbadas; é mais fácil treinar combatentes para derrubar um qualquer regime absolutista do que instruir obreiros para as conquistas por meio do discurso do conhecimento.
E eis pois que regressamos ao elo mais importante desta cadeia, o Maçon. E sobre o próprio, pronunciamos em Maçonaria que alguém que foi iniciado, nunca perde a sua qualidade de Maçon; ainda que seja forçado a concordar com o estrito das palavras, questiono a sua latitude… pode o crente ser católico se não praticar, tão só e apenas por ser baptizado? Pode o mestre manter seu título, sem nunca erguer nenhuma obra, somente por ter escritos num papiro? E o Maçon, pode ser Maçom se não praticar as virtudes que tanto enaltece, apenas por ter sido iniciado?
Só desta forma, afirmando um ideal moral de solidariedade e justiça, podemos ambicionar em algum momento poder mudar o homem e a sociedade; e sim, acredito que apenas um homem com um simples gesto pode mudar o mundo… e se ao invés de apenas um só indivíduo, formos numerosos Maçons, indubitavelmente que, sob o cunho das virtudes que nos ligam, sob a égide da sabedoria, da força e da beleza que comungamos, como elos dessa cadeia que nos une pelo amor fraterno, que seremos verdadeiramente capazes de transfigurar a humanidade.
Vide comigo as palavras de Álvaro de Campos, em dois trechos do seu poema Tabacaria, e talvez apreendendo o caminho que não devemos trilhar, saibamos que rumo seguir, que Maçom ambicionar:
Façamos pois propósitos, tracemos objectivos, esquadrinhemos intenções, sejamos ambiciosos e, acima de tudo, sejamos constantemente irrequietos, obstinadamente irreverentes, incansavelmente inconsoláveis… apenas porque, só assim se muda o Mundo.
Fonte: freemason.pt
terça-feira, 29 de abril de 2025
DÚVIDAS
SACERDOTES CATÓLICOS
- Padre Antônio de Albuquerque Montenegro - Fez parte do Areópago de Itambém, PE, 1796.
- Padre Antônio Félix Velho Cardoso (Revolucionário pernambucano).
- Padre José da Silva Pinheiro - Membro nº 4 da Loja Amparo e Virtude, Grau 30, 1872. Residia em Marapicu (RJ).
- VIgário Bartolomeu da Rocha Fagundes - Natal. Suspenso da Ordem em 1873 por ser Maçom.
- Padre Braz Magaldi - Grau 3 da Loja "Amizade", São Paulo, 1875 - Pároco do Campo Largo de Sorocaba.
- Padre Carmelita Caetano de Santa Rita Serejo - Membro nº 21 da Loja "Vera Cruz" de São Luís-MA, 1877.
- Padre Cândido de Santa Isabel Cunha - Loja "Segredo e Amor da Ordem" de Recife, 1860.
- Padre Di Mago - Membro da Loja "Amizade", São Paulo, 1875 (Era Grau 3).
- Padre Geraldo Leite Bastos - Escritor pernambucano.
- Bispo José Joaquim da Cunha de Azevedo Coutinho (foi bispo de Olinda).
- Padre João Ezequiel Teixeira Pinto - Pároco de Atibaia-SP (Loja "Amizade, São Paulo, 1872).
- Vigário João Gomes Carneiro - Membro nº 175 da Loja "Reunião Benef.", RJ, Grau 9 em 1875.
- Cônego João Pedro Gay - Santo Ângelo, RS. Iniciado na Loja "Amizade", SP, em 1850.
- Padre João Ribeiro Pessoa - Areopágo de Itambé, PE, 1796.
- Cônego Joaquim Antônio das Mercês - Venerável da Loja "União e Segredo", Bahia, 1840.
- Bispo de Florianópolis Joaquim Domingos de Oliveira.
- Padre José de Couto Pau Brasil - Membro nº 161 da Loja "Reunião Beneficente", RJ. Era Grau 9 em 1875.
- Padre José Luís Almeida Martins - Grande Orador do GOB, RJ, 1872.
- Padre José. da Silva Figueiredo de Caramuru - Loja "Amizade", 1875. Grau 3.
- Cônego Juliano de Faria Lotário - Orador pernambucano.
- Padre Luiz Francisco Cardoso de Menezes e Souza - Venerável da Loja "Sete de Setembro", RJ, 1838.
- Padre Luiz Pinto de Almeida - Membro 45 da Loja "Reunião Beneficente", RJ. Era Grau 30 em 1875.
- Padre Manoel Inácio de Carvalho - Escritor pernambucano.
- Padre Manoel Ribeiro Gonçalves Júnior - Membro nº 89 da Loja "Vera Cruz", MA. Era Grau 3 em 1877.
- Monsenhor Muniz Tavares - Secretário da Academia do Paraíso, 1802.
- Cônego Raimundo da P. dos Santos Lemos - Membro nº 125 da Loja "Firmeza e União", MA, em 1873.
- Padre Vicente Ferreira Alves do Rosário - Membro da Loja "Luz e Ordem", Porto Alegre, 1870. Grau 33.
- Padre Vicente Zeferino Dias Lopes - Membro da Loja "Luz e Ordem", Porto Alegre.
O QUE É SER LIVRE?

O conceito de liberdade nem sempre é bem interpretado. Ser livre significa, de pronto, ter-se a faculdade de se poder fazer ou de se deixar de fazer alguma coisa. Isso parece estabelecer o direito de cada um poder dispor de sua pessoa como bem entender, sem se sujeitar a qualquer tipo de imposição ou de coação física ou moral. Mas, ao mesmo tempo, só é livre aquele que goza de sua plena dignidade como ser humano, pois ser livre não significa mudar de senhor, mas, sim deixar de ser escravo. A vontade é um componente importante na manutenção de nossa liberdade. É ela que determina se seremos escravos de uma ideia, de um vício. E é ela que molda nossos atos, colocando-nos sob a proteção da lei ou sob sua mira punitiva. Enfim, ser livre é nunca dar a ninguém o direito de ferir nossa integridade moral.
Quando somos iniciados maçons, nossa Ordem sonda nossa alma, nosso caráter, nosso coração e nossa inteligência, procurando saber se somos realmente livres. Livres de preconceitos, da preguiça de trabalhar ou de procurar a verdade. A Maçonaria não nos impõe sua verdade. Ao contrário, concita-nos a investigá-la pois, sabiamente, nossa Instituição entende que cada um de nós procura a sua verdade pessoal. Nosso irmão, o grande poeta clássico alemão Goethe, informava-nos de que a verdade possui particularidades absolutamente individuais.
O Grande Arquiteto do Universo dotou-nos de livre arbítrio. A partir daí, somos livres para agir, sem nos esquecermos, é claro, de que a cada ação corresponde uma reação em sentido contrário e em igual intensidade. Destarte, procuremos nos lembrar sempre de que não podemos fazer tudo o que queremos, mas sim o que podemos ou devemos.
Imagine -se membro de uma orquestra. Você tem liberdade de executar seu instrumento, mas tudo dentro de um tempo e de um compasso estabelecidos anteriormente, além das notas que são escritas para sua participação. Você pode desrespeitar tudo isso e tocar como quiser, mas prejudicará a todos, principalmente a você. Sua atuação correta, por outro lado, será benéfica a todos. A Maçonaria é uma floração mística da alma. E a mística maçônica é apoiada na razão. Por isso, sabemos que quem traz, ganha; quem vem apenas buscar, perde. A realidade é que o trabalho é um hino de amor à vida. Se trabalhamos, merecemos um salário. Não é por acaso que os maçons são chamados de obreiros. Prestamos um juramento de modo livre, sem coação, de combatermos a ignorância, os erros, a injustiça e de glorificarmos o amor, a justiça, o direito e a verdade.
Quando não trabalhamos por preguiça ou desinteresse, descurando-nos das tarefas que nos são cometidas, estamos nos esquecendo de parte do juramento que fizemos, qual seja o de respeitar aos que vierem a ser nossos superiores hierárquicos e agredimos à nossa própria razão. E o que é pior: agredimos aos nossos irmãos, também. Gibran dizia que o culpado é, muitas vezes, a vítima do ofendido. É melhor termos para receber do que para pagar. Afinal, somos livres ou escravos do descumprimento do dever? O homem livre encontra a paz no cumprimento do dever.
Nunca procuremos nos justificar por não termos realizado o que era de nossa obrigação fazer e que a preguiça ou o desinteresse não nos permitiu. Cada um de nós percebe quando os ouvidos e o coração ficam contentes ou não com o que ouvem da boca. Nosso amado Mestre Jesus alertou-nos: conhecereis a verdade e ela vos libertará. E a maior verdade que precisamos conhecer é sobre nós mesmos. Quantas faces da verdade sobre nós mesmos já procuramos conhecer? Somos livres para amar, para sermos tolerantes, solidários, fraternos, leais. Nossos atos é que constituem o melhor ensinamento que poderemos transmitir aos nossos irmãos e semelhantes.
Bebamos mais um pouco da sabedoria de Gibran Khalil Gibran, orientando-nos sobre nossas preces a Deus:
“Nada Te podemos pedir, pois Tu conheces nossas necessidades antes mesmo que nasçam em nós. E continua o grande pensador libanês: Se penetrardes no templo unicamente para pedir, nada recebereis. É bastante que entreis no templo invisível.”
E Gibran maravilha-nos quando comenta a comunhão da abelha com a flor, falando-nos do prazer que a abelha sente em sugar o mel da flor. E a flor sente-se feliz por poder oferecer o mel à abelha, a fim de que esta possa levar lenitivo a quem sofre de amargura.
Aquele que vive escondido na sombra acaba tendo medo da luz. O Maçom deve dizer, sem medo de desagradar a seus ouvidos e a seu coração:
“Sou livre e honro o Criador, amando a criatura. Faço isso livremente porque desejo viver um dia na luz plena, onde não haverá trevas nem amargura e onde todos serão verdadeiramente irmãos e bendirei todas as ações que desenvolvi, contribuindo para que nosso templo fosse sempre um reflexo da ordem e da beleza que resplandecem no trono do Grande Arquiteto do Universo.”
Fonte: https://opontodentrodocirculo.wordpress.com
segunda-feira, 28 de abril de 2025
POSIÇÃO DO MESTRE DE CERIMÔNIAS - INGRESSO DO PRÉSTITO
POSIÇÃO DO MESTRE DE CERIMÔNIAS
Preciso de sua orientação, pois não encontrei respostas na literatura, e consultando IIr∴, as respostas não são unânimes. Na entrada do cortejo, o Mestre de Cerimônias aguarda fora do Templo, ou entra e aguarda ao norte, na entrada do templo, em frente ao Cobridor Interno, para conduzir o Venerável Mestre? Pergunto, pois estou como Mestre de Cerimônias em minha loja, e alguns dizem que devo aguardar dentro, outros dizem que é fora, e as lojas da região trabalham com as duas situações. Qual a forma correta?
CONSIDERAÇÕES:
Inicialmente, vale a pena mencionar que se o M∴ de CCer∴ tivesse que ingressar e se colocar no Norte para dirigir a entrada do préstito, ou conduzir o Venerável Mestre, certamente este procedimento estaria escrito no ritual.
Assim, o mais comum e apropriado no REAA é que o M∴ de CCer∴, depois de bater à porta e o Cobr∴ Int∴ abri-la, se coloque próximo, ainda no Átrio, e dali dirija o ingresso do préstito. Por último, à frente do Venerável Mestre, o M∴ de CCer∴ o conduz ao seu lugar no Oriente.
T.F.A.PEDRO JUK
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br
IRMÃO MUITO DEDICADO
AS 48 LEIS DO PODER
domingo, 27 de abril de 2025
MARCHA DO GRAU ALTERADA - REAA

BREVIÁRIO MAÇÔNICO
COLUNA CORINTIA
sábado, 26 de abril de 2025
PROFANOS EM SESSÃO ORDINÁRIA
MAÇONS FAMOSOS
O DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA DE TRÊS GRAUS (I/II)

Palestra Prestoniana de 1925 (Parte I de II)
Os Três Graus, tal como os temos hoje em dia no Ofício, são um desenvolvimento, pelas mãos de maçons especulativos, de um sistema de Grémio que consistia originalmente, tanto quanto podemos averiguar, num simples juramento de admissão para o aprendiz, um rapaz na sua adolescência, e numa cerimónia formal de admissão a membro de pleno direito, com possivelmente um rito secreto associado à mestria. Nos dias da Grande Loja, este sistema passou a ter apenas dois graus, a Aceitação e a Parte do Mestre. Em 1725, ou pouco antes, a Aceitação foi dividida para formar os graus Aprendiz Admitido e Companheiro, e em 1730 o sistema de três graus estava definitivamente estabelecido. Mas não se pode dizer que a forma de trabalho que praticamos actualmente tenha surgido antes de o ritual ter sido acordado pela Loja da Reconciliação. Este ritual foi ensaiado na Reunião Especial da Grande Loja, realizada em 20 de Maio de 1816, mas é provável que a Loja de Reconciliação não tenha organizado um conjunto de palavras para a totalidade de cada cerimónia e não o pretendesse fazer.
Só em 1838 é que Claret publicou o seu primeiro ritual (o seu nome foi apenso pela primeira vez à edição de 1840), tendo estado presente em duas reuniões da Loja da Reconciliação como visitante, actuando como candidato. Ele foi Antigo Venerável. das Lojas 12 e 228, e o trabalho apareceu em edições sucessivas até 1866. O máximo que se pode afirmar é que representa a forma em que o trabalho se tinha estabelecido nesta época nas próprias Lojas de Claret.
Para todos os efeitos práticos, é o nosso trabalho actual, tal como ensinado nas Lojas de Instrução, e a afirmação de que o sistema, tal como o temos hoje, é o sistema acordado após a União das duas Grandes Lojas é, afinal, suficientemente exacto para a maioria das pessoas, pois estamos bastante seguros em assumir que as modificações que foram introduzidas após a Loja de Reconciliação ter deixado de funcionar foram todas dirigidas a questões de pormenor; Mas houve modificações posteriores, e as reivindicações apresentadas hoje de um conhecimento absolutamente exacto das cerimónias, tal como foram ensaiadas em 1816, não foram injustamente descritas pelo Irmão Hextall, é A. Q. Hextall, A.Q.C. em 1910, como ilusórias, pela própria razão de que em 1816 elas não estavam estabilizadas na sua totalidade.
E deve ser claramente entendido que o Ritual como ensaiado em 1816, com ou sem modificações posteriores, não foi de forma alguma universalmente adoptado, e não é universal sob a Grande Loja Unida hoje. Não foi ordenado pela Grande Loja, embora o contrário seja frequentemente afirmado.
Actualmente, as duas principais escolas de Instrução diferem na sua versão das Obrigações, enquanto que nas Províncias a fraseologia é muitas vezes ainda mais afastada, e provavelmente nunca foi adoptada literalmente, nem se considerou que se pretendia que fosse adoptada. Existem variações nas cerimónias de abertura em muitas Províncias que são de interesse considerável, uma vez que se preserva frequentemente uma redacção que se encontra em exposições de meados do século XVIII e que foi claramente mantida inalterada desde os dias anteriores à União.
A frase do registo oficial da reunião da Grande Loja em Junho de 1816, quando foi tratado o resultado final dos trabalhos da Loja de Reconciliação, é que as várias cerimónias recomendadas são, com duas alterações, aprovadas e confirmadas; não são de modo algum obrigatórias. A Loja de Reconciliação opôs-se fortemente a que qualquer parte delas fosse reduzida a escrito e uma tentativa de o fazer por parte de um certo Irmão L. Thompson foi recebida com severidade. L. Thompson foi alvo de severa censura. E a Ordem como tal não era de modo algum unânime na aprovação.
Certos irmãos declararam que a Loja de Reconciliação não tinha feito o que lhes fora ordenado pelos artigos de União, e que tinha alterado todas as cerimónias e linguagem da Maçonaria e não tinha deixado uma única frase de pé. E embora esta seja, sem dúvida, a linguagem da controvérsia, é claro, se as exposições pré-União forem de todo confiáveis, que as cerimónias não foram meramente reformuladas, mas foram substancialmente variadas em particularidades materiais; e a fraseologia usada pelos próprios membros da Loja de Reconciliação sugere certamente que eles consideraram que lhes tinha sido dada uma mão livre no que diz respeito ao material à sua disposição.
Foi em 1730 que Samuel Prichard publicou o seu Masonry Dissected (Maçonaria Dissecada), a primeira ocasião em que o Terceiro Grau pretendeu ser exposto; e este foi o início de toda uma série destas exposições, muitas das quais foram reimpressas vezes sem conta em edição após edição. Seria enganador aceitar estas publicações pelo seu valor facial; mas podemos aproveitar-nos delas como dando alguma indicação do que pode ter sido a prática das Lojas da época, corrigindo-as com a nossa própria experiência.
Temos então, na Maçonaria Dissecada, publicada pela primeira vez em 1730, Jachin & Boaz 1762, Hiram 1764, Shibboleth 1765, e Tubal Kain 1777, uma série na qual, excepto por certas alterações no Terceiro Grau, o texto é preservado, quase literalmente desde 1730 até pouco antes da União, e pretende ser o trabalho da Grande Loja dos Modernos.
Jachin & Boaz também especifica certos pontos em que os antigos e os modernos diferem, e considera o trabalho Antigo também. Outra exposição, Three Distinct Knocks, publicada pela primeira vez em 1760, afirma expressamente considerar o ritual dos Antigos, mas é praticamente idêntica a Jachin & Boaz, excepto no que diz respeito às palavras dos dois primeiros graus e às orações usadas pelos Antigos. Estes dois também definem um Juramento de Instalação, com uma palavra e um aperto de mão para o Mestre; os Vigilantes fazem o Juramento mas não recebem a palavra e o aperto de mão. É geralmente entendido que esta cerimónia era praticada pelos Antigos mas negligenciada pelos Modernos.
Outras alegadas exposições são traduções do francês, tais como Salomão em toda a sua Glória, e ainda outras são manifestamente meras produções de capciosos sem validade, tais como a Chave Mestra de Toda a Maçonaria de 1760. Tudo isto não precisa de nos deter.
Mas com este conjunto de provas na nossa posse, podemos ter uma ideia muito boa da prática em ambas as Grandes Lojas antes da União, e podemos apreciar que o que então teve lugar foi mais do que uma mera reconciliação de dois sistemas não muito diferentes em si mesmos, no que diz respeito aos graus do Ofício.
Estaria fora do âmbito desta palestra alargar as alterações então efectuadas, mas resumirei muito brevemente os desenvolvimentos reais que ocorreram nas cerimónias, conforme revelado por uma comparação das exposições de Prichard em 1730 com Claret nos tempos pós-União, referindo-me apenas às mais conspícuas destas modificações. E, embora as mudanças em si sejam suficientemente manifestas, não é possível, em relação à maioria delas, sugerir com qualquer aproximação à exactidão as datas em que foram afectadas.
Originalmente, os irmãos sentavam-se à volta de uma mesa com o Mestre numa extremidade e os dois Vigilantes na outra. O Sul era ocupado por um Aprendiz Entrado Sénior. Durante o século, o 2º Vigilante passou para o Sul e foram introduzidos os Diáconos; após a União, a mesa desaparece e o Antigo Venerável Imediato é reconhecido e tem uma parte na abertura. O Candidato, que anteriormente passava por fora dos irmãos sentados à mesa, passa agora à frente deles. A Abertura no Primeiro Grau é modificada à medida que os oficiais mudam as suas posições, mas o essencial está lá em 1730, excepto que não há oração.
Até perto do fim do século, parece não haver nenhuma abertura especial para os outros graus. O Juramento do Primeiro Grau é sempre muito semelhante à actual, sendo a pena idêntica; mas não há referência à pena mais eficaz originalmente. A cerimónia é, no entanto, muito mais curta, porque muito do que agora introduzimos por meio de acusações ou discursos era transmitido por meio de perguntas e respostas em palestras. Os antigos tinham uma oração para o candidato, mas é muito diferente da que conhecemos actualmente.
O método de avanço, tal como é habitualmente descrito, é muito mais simples e aplica-se aos três graus; mas uma passagem no prefácio da primeira edição de Ahiman Rezon sugere que os Modernos tinham algo mais parecido com o que conhecemos actualmente. As exposições, no entanto, não têm qualquer indicação desse facto.
Prichard menciona dois Nomes, e refere-se a ambos como sendo comunicados no Primeiro Grau, sendo o segundo apenas usado no Companheiro. Os Modernos inverteram-nos enquanto os Antigos mantiveram esta ordem, e na União a sua prática foi mantida, com uma só palavra para cada grau.
O Candidato foi originalmente devolvido à luz no meio de um círculo de espadas. Este, que é o trabalho irlandês actual, ainda é preservado em algumas Províncias, mas foi eliminado do ritual como recomendado após a União. Os instrumentos de trabalho do Primeiro Grau são os mesmos, mas apenas um, a régua de 24 polegadas, é moralizado nas exposições. Não há referência a ferramentas de trabalho nos outros graus, mas é quase certo que eram conhecidas e foram, com toda a probabilidade, moralizadas em discursos extemporâneos.
No Segundo Grau parece não ter existido originalmente nenhuma Juramento distinto e, quando esta surge, inclui algumas disposições que agora fazem parte da do Terceiro Grau. Mas havia um acréscimo à cerimónia em que o recém-criado Companheiro voltava a entrar na Loja para receber o seu salário, o que fazia junto do 1º Vigilante, entre os Pilares, depois de ter passado um teste. Os rituais mais antigos também incluem um conjunto de versos sobre a letra G. e outras indicações de que parte do trabalho pode ter sido originalmente em rima. O relato mais antigo da penalidade apresenta-a tal como a temos.
As mudanças que tiveram lugar no Terceiro Grau, tanto antes como aquando da União, são muito mais consideráveis. Não parece que antes da União a Loja fosse escurecida; de facto, há provas directas do contrário nas várias imagens que mostram a cerimónia em curso com as velas acesas.
A narrativa original, tal como a temos, descreve o Companheiro descobrindo o Mestre decentemente enterrado numa bela sepultura. Só depois de Hiram, Jaquim e Boaz é que ele é encontrado mutilado, etc. Assim, os golpes dados pelos dois primeiros vilões lembravam originalmente as penas dos dois primeiros graus, embora toda a narrativa fosse diferente em muitos pormenores. O Juramento, como dado em Hiram, tem o ponto de castidade, mas não os Cinco Pontos da Irmandade. Estes encontram-se, no entanto, numa outra conexão na cerimónia desde o início.
Uma frase que posso designar pelas letras MACH (em Inglês) é a primeira a ser dada; depois temos a outra forma com a observação de que Mach é a mais geral. A partir de então, conforme a exposição seja Antiga ou Moderna, dá uma ou outra frase como a mais usual, mas menciona sempre ambas.
Neste aspecto, o nosso sistema actual é um compromisso manifesto. Dizemos ao candidato que um é o trabalho antigo e o outro o moderno. É evidente que, neste ponto específico, nenhuma das duas Grandes Lojas cederia e a única solução para a dificuldade era transpor para o sistema combinado os trabalhos de ambas as Grandes Lojas. Mas, em outros aspectos, o que parece ter acontecido foi que a Grande Loja dos Modernos cedeu em todos os pontos em que suas cerimónias diferiam das dos Antigos e das Grandes Lojas irmãs (Wonnacott, A.Q.C., XXIIII, 261).
A única distinção no século XVIII no que respeita ao avental era, aparentemente, o facto de a orla dos Grandes Oficiais ser azul. O avental em si era liso, mas a partir de cerca de 1760 surgiu o costume de o decorar com os desenhos que o proprietário desejasse. O Mestre Maçon pode tê-lo usado com a aba para baixo, como fazemos hoje em dia; o Aprendiz Admitido e o Companheiro mantêm a aba para cima, abotoada ao colete, o Aprendiz Admitido dobrando mais um canto. As borlas não são anteriores a 1814; as rosetas que nos acompanham são ainda mais tardias, mas podem ter sido adoptadas na Alemanha no século XVIII; parecem representar casas de botão originais para os cantos virados para cima (Hills, in Som. Master Trans. 1916, Masonic Clothing).
Se compararmos o sistema divulgado em 1730 com o sistema recomendado pela Loja de Reconciliação em 1816, verificamos que as mudanças que foram introduzidas são as seguintes: a forma da Loja é alterada e o modo como é oficializada; que a abertura anteriormente utilizada apenas para o Primeiro Grau é agora exigida, com as devidas modificações, em todos; que o vestuário se tornou mais elaborado e, eventualmente, os aventais dos graus e dos Past Masters são discriminados; e que houve uma certa transferência de matéria ritual das palestras para a cerimónia do grau em si. O Primeiro Grau não é alterado de forma material; o Segundo é privado do incidente do recebimento de salários pelo novo Companheiro de Ofício, mas agora tem o seu próprio juramento; e no Terceiro a narrativa foi consideravelmente reescrita e os sinais também parecem ter sido acrescentados, uma vez que os únicos dados nas edições pré-União de Jachin & Boaz são o aperto de mão, o sinal penal e o sinal Grande e Real.
As palavras-passe são agora introduzidas entre os graus; até agora faziam parte deles. Mas, em todos os casos, estas são apenas alterações de pormenor. Substancialmente, o sistema de 1730 é o sistema actual; isto é, ainda temos o arranjo de três graus daquele período, cujo Terceiro Grau estava relacionado com a Lenda Hirâmica.
Temos agora de recuar mais um pouco na nossa investigação e tentar determinar como é que esse sistema tríplice surgiu e qual foi a fonte dos materiais com que foi construído.
Uma consideração da fraseologia usada por Anderson no Regulamento XIII, e pela Grande Loja dois anos mais tarde, quando revogaram a regra aí estabelecida quanto à Parte do Mestre, torna certo que quando Anderson redigiu os Regulamentos de 1723 havia apenas dois graus.
Havia a admissão ou aceitação, que tornava o candidato um Aprendiz, ou como a frase agora se tornou, Aprendiz Entrado. Havia um outro grau, a Parte do Mestre, que conferia ao candidato o grau de Companheiro e Mestre. Para se qualificar para ser Mestre de uma Loja, o irmão tinha de estar “entre os Companheiros do Ofício”.
Sobre a natureza deste grau adicional em 1723 não temos qualquer prova; a divulgação que foi impressa no Flying Post nesse ano apenas se refere ao grau adicional, com o título “Companheiro entrado”, e diz que as duas perguntas de teste são: para um Aprendiz Entrado, “Estiveste na Cozinha?” e para o Fellow Entrado, “Estiveste no Salão?” Estas perguntas não se enquadram como perguntas de teste, uma vez que uma simples resposta afirmativa é suficiente para qualquer uma delas, nem se pode dizer que nos dão muita informação.
É igualmente certo que, em Fevereiro de 1725, já se trabalhavam três graus. Temos o registo definitivo de que uma Associação que se intitulava Philo-Musicae et Architecturae Societas foi fundada em Fevereiro de 1725, por oito pessoas, pedreiros, quatro dos quais estão registados no livro de actas como tendo sido regularmente aprovados como Mestres na Loja da Queen’s Head em Hollis Street. E o registo continua: “Antes de fundarmos esta Sociedade, foi realizada uma Loja, constituída por Mestres suficientes para o efeito, a fim de passar Charles Cotton, Esqr., Mr. Papillon Ball, e Mr. Thomas Marshall, Companheiros” Aqui estão claramente indicados três graus. Qual é, então, a história do período em que esta importante mudança ocorreu? A parte que interessa à nossa investigação pode ser reconstruída com algum grau de certeza.
Em 1721, o Grão-Mestre Payne leu na Grande Loja um novo conjunto de Artigos a serem observados. O texto destes não chegou até nós; o que temos em seu lugar são os Regulamentos propostos por Anderson em 1723, que são reconhecidamente uma revisão deles e também contêm matéria adicional. Mas podemos ter uma ideia bastante clara do problema para o qual Payne estava a legislar.
Sabemos que, após um período sem qualquer distinção particular e sem grande aumento de números, o Ofício deu um salto súbito de popularidade e o resultado inevitável foi que as Quatro Lojas que, nesta altura, com um número indeterminado de irmãos não ligados (Maçons de S. João, como eram chamados), constituíam sozinhas a Grande Loja, não podiam absorver as pessoas que agora clamavam por admissão.
Colocou-se então a questão de saber se era possível formar novas Lojas. Para nós, isto não constitui qualquer problema; vemo-lo fazer todas as semanas. Mas, em 1721, era uma realidade inteiramente nova por parte da Grande Loja; devemos reconhecer que era definitivamente uma questão discutível, com muito a ser dito do lado das Lojas Antigas. É, no entanto, bastante claro que a partir da reunião de Junho de 1721, a Grande Loja reconheceu a necessidade de novas Lojas e legislou sobre elas.
Conhecemos as datas da maioria das que foram então constituídas. Mas o poder de formar novas Lojas era muito restrito. Era uma prerrogativa exclusiva da Grande Loja, e cada uma tinha de ser constituída pelo Grão-Mestre, se não em pessoa, então por um Adjunto formalmente autorizado. O facto de ter sido constituída era notificado a todas as outras lojas, tendo o seu primeiro Mestre sido aprovado pelo Grande Mestre e instalado por ele por ocasião da constituição.
E parece que esta não era a única forma de a Grande Loja manter o controlo sobre as novas adesões. O Venerável Mestre tinha de estar entre os Companheiros. A Grande Loja agora determinava que o grau de Companheiro e Mestre poderia ser conferido apenas na Grande Loja. Isto talvez não tivesse importância no que dizia respeito às novas Lojas. Na prática, significava que a Grande Loja retinha nas suas próprias mãos todo o patrocínio, uma vez que podia, se quisesse, impedir que um determinado irmão de uma nova Loja se tornasse qualificado para a Cadeira. Mas mesmo que o Grau em si só agora fosse inventado, a regra funcionava para infringir os privilégios das antigas Lojas. E foi a lei do Ofício durante, pelo menos, quatro anos. Não temos registo de que a Grande Loja tenha efectivamente conferido o grau; mas isso não prova nada.
Mas podemos, penso eu, compreender que, em qualquer caso, as antigas Lojas não estariam de modo algum em sintonia com esta peça de legislação. Ora, é exactamente enquanto a lei se mantém assim que encontramos um novo grau que passa a existir, e que vem entre a Aceitação ou Admissão e a Parte do Mestre. Além disso, como uma consideração sobre ele hoje nos mostra imediatamente, não está de forma alguma ligado ao Terceiro Grau de uma data posterior, mas é em todos os sentidos complementar ao Primeiro Grau, a Admissão original. Na exposição de 1723, o candidato é obrigado a dizer: “An entered mason I have been, – and – I have seen”, enquanto o Grande Mistério dos Maçons Descoberto, de 1724, fala do primeiro dos dois nomes como a Palavra Universal. O relato de Prichard sobre estes nomes já foi referido. Tubal Kain repete-o em 1777. Assim, parece que o novo grau se apropriou de uma palavra de duas, ambas originalmente dadas ao candidato na cerimónia de admissão, e que este uso persistiu durante meio século ou mais.
A regra de a nova Loja ser constituída pelo Grão-Mestre ou pelo seu Adjunto foi rapidamente considerada impraticável. O Ofício expandiu-se de uma forma que os seus governantes não tinham previsto, e quando surgiram Lojas em Bath, Bristol, Norwich, Chichester, Carmarthen, Portsmouth, e Congleton em Cheshire, como foi o caso de em 1724, as regras quanto à Constituição tiveram necessariamente de ser modificadas. A decisão de constituir novas Lojas era agora confiado a deputações e os Irmãos seleccionados eram normalmente membros locais da Grande Loja.
Mas no que diz respeito à regra que restringia a atribuição da Parte do Mestre, a Grande Loja tomou um rumo totalmente diferente. Em vez de delegar os seus poderes também a este respeito, que é o que seria de esperar, revogou a legislação de forma absoluta a 27 de Novembro de 1725. Ao fazê-lo, pretendia restaurar a todas as Lojas, tanto as novas como as antigas, o privilégio que tinha sido a regra antes de 1721, isto é, o de seleccionar os seus próprios Mestres. Mas a concessão era vazia, pois embora a lei ainda determinasse que o Mestre devia estar entre os Companheiros de Ofício, isso era agora cumprido pelo facto de ele ter feito o novo grau intermédio que tinha esse nome.
O Terceiro Grau, como pode agora ser denominado, era de facto quase supérfluo. Conferia alguma dignidade, sem dúvida, mas embora não fosse agora necessário para a maestria da Loja, não era ainda um pré-requisito para qualquer cargo na Grande Loja, e de facto corria o risco de desaparecer completamente. Em 1730 lemos: “Não há um Maçom em cem que se dê ao trabalho de passar a Parte do Mestre.” Temos aqui, eu sugiro, a chave para a razão da introdução do Grau de Companheiro.
(Continua…)
Notas
[1] Arthur Lionel Vibert – Conferencista Prestoniano. Nascido em São Petersburgo em 1872, era filho de John Este Vibert, um professor de Inglês na Universidade de São Petersburgo, e de sua esposa Fanny. Venerável Mestre de várias lojas maçónicas e desempenhou um papel significativo na Sociedade Maçónica de Bristol em 1927-1928. Produziu uma série de trabalhos maçónicos notáveis, como “Freemasonry before the Existence of Grand Lodges” (1913), “The Story of the Craft” (1921) e “The Rare Books of Freemasonry” (1927). Fonte: https://www.myfraternity.org/