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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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quinta-feira, 23 de março de 2023

A CÂMARA DE REFLEXÕES

Ir∴ José Aparecido dos Santos
A∴R∴L∴S∴Frederico Chalbaud Biscaia no 119 – Rito Francês – Oriente de Maringá

A Câmara das Reflexões é o útero onde o não iniciado ou homem comum prepara-se para renascer maçom, refletindo sobre a vida que levou até o dia de sua iniciação e os conceitos que desenvolveu até então.

Os símbolos ali distribuídos lembram-lhe, especialmente, a morte, para que reflita na transitoriedade de todas as coisas, na gravidade do passo que está dando, assim na importância de uma preparação para uma vida em busca da perfeição e na responsabilidade que contrai ao ingressar na Ordem.

As provas simbólicas para sua admissão têm inicio nesse lugar.

A Câmara deve ser simples e austera, decorada com sobriedade e sem invencionices, como de resto os rituais, e deve ser construída sem janelas ou iluminação interior.

As advertências ali inscritas devem induzir o candidato à profunda reflexão sobre si mesmo, seu modo de ser e seus conceitos sobre o que o cerca em seu dia a dia e como interpreta tudo que a vida lhe oferece, assim como deve ter uma opinião formada sobre as razões que o levaram a aceitar o convite de ingressar na Ordem, com o que se lhe proporciona, ainda que superficialmente, uma idéia do que se espera dele após o seu ingresso.

Por certo não estará em condições de refletir com profundidade a respeito do significado dos símbolos ali dispostos, sobre o que se ocupará oportunamente.

Sua atenção estará mais voltada para as frases e algumas palavras soltas, a respeito do significado das quais meditará.

A sigla V.I.T.R.I.O.L., é uma palavra desconhecida, normalmente, do postulante. Inúmeras proposições foram feitas, mas a única que encontra alguma relação histórica e a tradução dos alquimistas Rosa Cruz, que também tiveram, entre tantos outros, sua participação na formação da Maçonaria Moderna.

A sigla é comum nos ritos de origem francesa e teoriza-se ter sido uma criação do monge beneditino Basílio Valentim (cujo nome significa régulo poderoso em Grego), cuja chave correta deve ser: “ Visita Interiora Terrae Rectificandoque, Invenies Ocultum Lapidem”, cuja tradução é, “Visita o Interior da Terra e retificando, encontrará a Pedra Oculta”.

Considerando o contexto simbólico da Maçonaria, faz sentido a mensagem alegórica que propõem é simples: o homem “foi feito do barro” (elementos da terra), logo, é o seu próprio interior que deve ser visitado e examinado, visto que é o primeiro passo para a completa individuação, ou autoconhecimento, no sentido da completa compreensão dos elementos que compõem nossa personalidade, só depois de iniciarmos o autoconhecimento é que podemos alcançar a Pedra Oculta, que é a Sabedora oriunda do despertar da consciência superior.

É o conhece-te a ti mesmo das antigas iniciações gregas, que se atribui a Sócrates, e cujo complemento é: e conhecerás o universo e os deuses.

Ninguém é capaz de mudar o que não reconheceu necessário mudar, avaliar a nossa personalidade é indispensável antes de iniciarmos a jornada do aperfeiçoamento que a Maçonaria postula, como Escola de Aperfeiçoamento.

É a mesma técnica de psicologia moderna (psicodrama)!

Tudo na Câmara induz realmente a reflexão, especialmente as frases dispostas nas paredes e no questionário, pois a morte é um tema que, segundo Sócrates, quando se reflete sobre ela, leva o homem a viver de um modo positivamente diferente. Ainda que estejamos aqui tratando de uma morte alegórica, é a morte do homem velho para que um novo homem possa nascer que está implicada na liturgia da Câmara de Reflexão.

“DENTRO DA CÂMARA DAS REFLEXÕES, ENCONTRAMOS OS SÍMBOLOS”

O Galo é o símbolo da Vigilância e da Alvorada de uma nova existência. Significa que o novo iniciado deverá estar atento para o bem desempenhar seu papel na sociedade, buscando sempre seu aperfeiçoamento pessoal. O Galo, também como símbolo de esperança, ainda representa o triunfo da Luz sobre as Trevas (ou o amanhecer de uma forma mais ampla e tolerante de perceber o que nos cerca) e, esotericamente, a força moral que guia o maçom. Na alquimia é o Mercúrio, símbolo da Sabedoria.

A Taça ou Cálice simboliza a riqueza, a plenitude da vida e a alegria de viver. No Rito Moderno o cálice representa o receptáculo da Sabedoria, ou seja, a mente que bem interpreta as experiências que enfrentamos. Nos ritos de influência cristã, deístas e teístas, representa ainda a prova (“Pai, se queres, afasta de mim este cálice! Contudo não a minha vontade, mas a Tua seja feita!”) em que Jesus foi submetido desde a traição de Judas.

O Enxofre além de um elemento químico é o símbolo alquímico, representando o principio essencial dos corpos, a força pela qual as moléculas se combinam dando origem às formas; representa ainda a Força Vital. É um dos símbolos do Homem e está associado à energia expansiva existente nos seres biológicos e representada na Coluna “J”. Sua cor é vermelha.

O Sal é outro símbolo alquímico e representa os minerais entre os elementos que compõem o corpo do Homem. É o símbolo de equilíbrio e permanência, representando a Sabedoria oriunda da Ciência.

A Ampulheta simboliza o Tempo em sua marcha inexorável, alertando o postulante que a morte (niveladora de toda existência) não avisa a hora da chegada nem detém seus passos diante de nenhuma criatura. Lembra que os Filhos da Luz devem viver de tal maneira que estejam sempre prontos para enfrentar seu desiderato, e que uma vida dedicada somente ao acúmulo de bens e aos prazeres sensoriais é uma vida desperdiçada.

O Esqueleto simboliza o caos, lembra a possibilidade de uma realidade infinita e eterna, portanto, representa a esperança de uma vida futura, mas também nos adverte para a possibilidade de interrupção de nossos projetos pela ação da morte. É o símbolo da igualdade, que a morte assegura o despeito da condição social dos Homens de vida. Demonstra a inutilidade da vaidade, da soberba, do orgulho e das ambições humanas. É, também, um símbolo do sigilo, do silêncio e da transitoriedade da existência sobre a Terra e a mutabilidade de todas as coisas. A Foice (Alfanje) associada a ele representa a destruição ou dissociação dos elementos, provocada pela morte, portanto é um símbolo da transformação da matéria.

A Água é um símbolo de purificação, de transformação, e sendo um elemento abundante nos seres (cerca de 70%), representa a vida ou energia vital.

O Pão representa a fraternidade, a beneficência e a partilha das posses. Associados representam a frugalidade, o comedimento e a simplicidade do verdadeiro iniciado, o alimento intelectual e físico, essenciais para o equilíbrio do ser humano. 

O candidato neste turbilhão de conjecturas, quando depara com as frases sugestivas de advertência: com relação à coragem, curiosidade, hipocrisia, dissimulação, etc., estas frases provavelmente sejam as que mais impressionam o candidato, pois são diretas, objetivas e rigorosas:

Se tens medo não vás adiante.
Se a curiosidade aqui te conduz, retira-te.
Se fores dissimulado, serás descoberto.
Se queres bem empregar a tua vida, pense na morte.
Se tens receio de que se descubram os teus defeitos, não estarás bem entre nós.
Se és apegado as distinções mundanas, retira-te; nos aqui, não as conhecemos.

Aquele que a só com sua consciência, encaram os símbolos e dispõe sobre seu testamento, sua última vontade, é porque certamente morrerá, Se não a morte física, e dos sentidos, mas a morte para o erro, para as paixões indomáveis, para a ignorância e todo o mal (vícios). Morrer neste sentido, ser iniciado para outra vida, para tanto os símbolos ali estão gritando muito alto, o que é a fragilidade da vida. Assim, a morte constitui o primeiro passo decisivo para que o profano deixe esta condição (profano), e caminhe confiante rumo a “Verdadeira Luz”.

Caneta e Papel são elementos utilitários, que o profano utiliza para registrar no documento que lhe é entregue suas opiniões no testamento filosófico; simbolicamente podemos considerar que representam a memória.

Fonte: JBNews - Informativo nº 202 - 17/03/2011

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