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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

DEVÍAMOS TER UM RITO MODERNO BRASILEIRO? UM RMdoB?

José Filardo M.M

Publicamos anteriormente um artigo onde explicamos, ou tentamos explicar, o motivo pelo qual o Rito Moderno no Brasil (e na Bélgica) atingiu seu estado atual de extrema objetividade e racionalidade.

O artigo provocou interessantes reações, entre elas a reação do irmão Victor Guerra, respeitado autor espanhol de obras sobre o Rito Francês ou Moderno, que tem uma enorme vivência do rito, não só na Espanha, mas também diretamente no Grande Oriente de França. Dia o irmão Victor: “Muito interessante a entrada, embora falte um estudo do impacto do positivismo no GOdF e suas consequências.”

Ao que respondemos: “Sim, por suposto, mas esse é um tema que foge à proposta de visualizar o Rito Moderno no Brasil. Na França o que deve ter acontecido é o que sempre acontece na maçonaria: os conservadores descontentes desertaram o RF em favor do REAA, e os novos irmãos, nos cinquenta anos em que a reforma Amiable vigorou, passaram a ter um perfil mais politizado que finalmente colocou o GOdF mais à esquerda no espectro político francês. Essa é minha opinião, fique claro.

Em termos de Brasil, sim, é necessário ─ com todas as dificuldades que a falta de documentos traz ─ analisar como e se a adoção do RM resultante da reforma Amiable teve consequências mais ou menos importantes para o Grande Oriente do Brasil.”

Assim, propomos uma discussão do assunto, até que as condições excepcionais da pandemia permitam a realização do Segundo Congresso Nacional do Rito Moderno, que é o fórum adequado para tal discussão. Todos sabemos que os congressos servem muito mais para expor conclusões de estudos, mais que propriamente discuti-los.

Devemos, penso eu, aproveitar o tempo e as facilidades virtuais descobertas com a pandemia para conduzir uma ampla discussão do Rito, visando resultados a serem desovados no congresso nacional.

A DISCUSSÃO

A educação no Brasil deixa muito a desejar, todos sabemos. As melhores escolas raramente oferecem uma formação medianamente aprofundada e palidamente abrangente. O resultado é que poucas pessoas, exceto especialistas, conseguem discutir assuntos filosóficos e políticos, com segurança.

Sendo assim, como pedreiro-livres precisamos construir essa discussão a partir dos princípios. Proponho, primeiramente uma atualização de conhecimentos sobre Augusto Comte e o Positivismo enquanto filosofia e visão de mundo.

Para isso, sugerimos a leitura dos textos do Prof. José Arthur Giannotti emAUGUSTE COMTE

Além disso publicamos um trabalho de excelente qualidade sobre o Positivismo no Brasil, que convido todos a ler cuidadosamente como alimento para a discussão do Rito.

Podemos ainda encontrar na Wikipedia um verbete bastante completo em POSITIVISMO.

Como lembrete importante que deve “iluminar” nossa discussão precisamos nos lembrar que o ritual do Rito Moderno foi adotado no Brasil pelo decreto no. 109 de 30/07/1892 do então Grão Mestre Irmão Antonio Joaquim de Macedo Soares, ou seja em um momento em que o positivismo estava em seu topo entre os golpistas de 1889.

A reforma Amiable acontecera havia poucos anos e o Grande Oriente do Brasil, nessa época acompanhava atentamente as evoluções rituais do Grande Oriente de França, onde o Rito Francês continuou a evoluir, enquanto o Rito Moderno introduzido no Brasil foi congelado até nossos dias, congelando princípios que provavelmente não servem mais nos dias atuais.

Na França, a Reforma Amiable provocou reações intensas entre os conservadores que preferiram se bandear para o REAA, aumentando ainda mais a presença desse rito, mas, ao mesmo tempo alterou a “qualidade” dos novos maçons, recebendo uma geração influenciada pelos acontecimentos políticos como a Grande Guerra e a Revolução Russa, que valeu ao GOdF uma reputação de “mais à esquerda” e de uma suporte aberto ao socialismo.

Em 1938, o Rito Francês sofreria a reforma conduzida pelo irmão Arthur Goussier, que alterou bastante o espírito da reforma Amiable. O ainda viria a sofrer outras reformas desde então, o que leva o irmão Victor Guerra, em seus livros, a defender a ideia de que Rito Francês não é a mesma coisa que Rito Moderno.

E o Rito Moderno é realmente moderno?

Fonte: https://bibliot3ca.com

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