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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

O MEU PAÍS

A matéria da Capa desta edição é um grito de alerta a fim de despertar nosso povo adormecido e passivo A às aberrações dos dias atuais.

Um país de paradoxos, contrastes e absurdos, onde os que comem com talher de prata tropeçam naqueles que comem com as mãos quando lhes sobram migalhas. Um país que a cada minuto alguns ficam mais e mais ricos ao mesmo tempo em que cresce em progressão geométrica o já enorme percentual de miseráveis.

O Arte Real cumprindo seu papel social convoca seus leitores para exercerem sua cidadania; a exigirem seu direito de viver com dignidade; a saírem da inércia e partirem para ação; a reconstruir um Brasil de verdade.

Abaixo segue na íntegra o poema de João Almeida Neto – O Meu País, cujo trecho decora a Capa desta edição e nos convida a jamais aceitar um Brasil de impunidades, mentiras, descasos e injustiças sociais.

Esse, com certeza, não é e nem quero que seja “O Meu País”!

Um país que crianças elimina;
E não ouve o clamor dos esquecidos;
Onde nunca os humildes são ouvidos;
E uma elite sem Deus é que domina;
Que permite um estupro em cada esquina;
E a certeza da dúvida infeliz;
Onde quem tem razão passa a servis;
E maltratam o negro e a mulher;
Pode ser o país de quem quiser;
Mas não é, com certeza, o meu país.

Um país onde as leis são descartáveis;
Por ausência de códigos corretos;
Com noventa milhões de analfabetos;
E multidão maior de miseráveis;
Um país onde os homens confiáveis não têm voz,
Não têm vez,
Nem diretriz;
Mas corruptos têm voz,
Têm vez,
Têm bis,
E o respaldo de um estímulo incomum;
Pode ser o país de qualquer um;
Mas não é, com certeza, o meu país.

Um país que os seus índios discrimina;
E a Ciência e a Arte não respeita;
Um país que ainda morre de maleita,
por atraso geral da Medicina;
Um país onde a Escola não ensina;
E o Hospital não dispõe de Raios X;
Onde o povo da vila só é feliz;
Quando tem água de chuva e luz de sol;
Pode ser o país do futebol;
Mas não é, com certeza, o meu país!

Um país que é doente;
Não se cura;
Quer ficar sempre no terceiro mundo;
Que do poço fatal chegou ao fundo;
Sem saber emergir da noite escura;
Um país que perdeu a compostura;
Atendendo a políticos sutis;
Que dividem o Brasil em mil brasis;
Para melhor assaltar, de ponta a ponta;
Pode ser um país de faz de conta;
Mas não é, com certeza, o meu país!

Um país que perdeu a identidade;
Sepultou o idioma Português;
Aprendeu a falar pornô e Inglês;
Aderindo à global vulgaridade;
Um país que não tem capacidade;
De saber o que pensa e o que diz;
E não sabe curar a cicatriz;
Desse povo tão bom que vive mal;
Pode ser o país do carnaval;
Mas não é, com certeza, o meu país!

Fonte: Revista Arte Real nº 5 - 05/07/2007

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