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sexta-feira, 10 de junho de 2016

MAÇONARIA - ASPECTOS HISTÓRICOS E CONSIDERAÇÕES SOBRE O FUTURO

MAÇONARIA - ASPECTOS HISTÓRICOS E CONSIDERAÇÕES SOBRE O FUTURO
Ir.'.Paulo Tomimatsu - SEMAC/2013 - Londrina - PR

Estamos no pleno terceiro milênio, com as transformações de comportamentos sociais no tocante ao relacionamento dos seres humanos entre si, entre o ser humano e a ciência, filosofia, religião, enfim, de todas as esferas de conhecimento.

A Maçonaria tem experimentado nos últimos tempos, uma crise de identidade entre os seus participantes, muito provavelmente pela transformação que a sociedade de um modo geral e como ser humano em particular, que vem ocorrendo no limiar da evolução do mundo moderno para contemporâneo. Dentro dessa ótica, verificam-se as ideias e os princípios do secularismo em todas as esferas da sociedade civil.

Houve um momento histórico bastante significativo para toda a humanidade no tocante a mudança de paradigmas. Quando a civilização humana caminhava da idade média para a idade moderna, com a verdadeira revolução do pensamento, baseado em humanismo, renascimento e ideais do Iluminismo. Nesse ambiente a Maçonaria também experimentou a mudança gradual de característica operativa para a especulativa.

Verificamos que neste inicio de terceiro milênio, que existe um novo choque de mudança de paradigmas. É uma transformação gradativa, como sempre ocorre dentro da historia da humanidade. Tudo ocorre como sequencias de fatos, e que acabam por anotar ao longo da historia, como característica de uma determinada época.

A evolução tecnológica é evidente, com avalanches de novos conhecimentos, ora perenes, ora perpetuados, que invadem a nossa vida e nossa mente, quase que diariamente. Mas, nem tudo são novidades, principalmente no que diz respeito a filosofia de comportamento e de sociedade, em que muitos conceitos e contextos são a reedição das coisas previamente escritas ou propaladas, porém com uma nova roupagem. Mesmo dentro da ordem Maçônica verificamos o que denominamos comumente de ciclos de pensamentos e condutas, muitas vezes com leve sensação de "deja vu". O conceito de secularismo é um destes conceitos, tão discutido nos dias atuais.

O secularismo é o princípio da separação entre instituições governamentais e as instituições religiosas. O secularismo afirma o direito de ser livre do jugo e ensinamento religioso, bem como o direito à liberdade da imposição governamental de uma religião sobre o povo dentro de um estado. Refere-se à visão de que as atividades humanas e as decisões, especialmente as políticas, devem ser imparciais em relação à influência religiosa.

O conceito de secularismo, embora sendo discutidos nos dias de hoje, tem suas raízes intelectuais em filósofos gregos da antiguidade, e pensadores iluministas, como Diderot, Voltaire, Espinoza, John Locke, James Madison, Thomas Jefferson e Thomas Paine e outros.

O termo secularismo traduz um conceito relativamente novo, e a sua forma atual é institucionalizado na França desde 1905. O secularismo está baseado em dois pilares; a ética (a liberdade absoluta de consciência) e o estado laico (separação entre igreja e estado). Ele estabelece a diferença entre dois mundos distintos; o interesse público e a convicção individual. Constitui uma regra básica da vida em uma sociedade democrática, e exige que sejam dados aos homens, sem distinção de classe, origem, religião, os meios de eles serem eles mesmos, livres de seus compromissos, responsáveis por seu desenvolvimento e donos de seus próprios destinos.

A reivindicação secular começou a desenvolver desde quando a igreja queria impor um regime totalitário no sentido estrito, isto é, cobrindo todos os aspectos da sociedade civil, política, econômica, de fato, onde a religião tornou-se poder. Dos primeiros reformadores aos filósofos do século XVIII, a ideia evoluiu, porém, mantendo-se associada a um duplo movimento de emancipação:  o do pensamento livre gradualmente libertando das crenças obrigatórias, e os de uma sociedade que reivindicava liberdades políticas. Na França, a aliança mais que milenar entre "o Trono e o Altar" tornou inevitável a contestação religiosa, à partir do momento em que se desenvolvia a contestação política. Neste estado de espírito, os filósofos do século XVIII, inspirados pelo Iluminismo, lideraram um duplo ataque ideológico contra as duas formas de absolutismo real e religioso.

A moral secular repousa sobre os princípios de tolerância e respeito mútuos pelos outros e por si mesmo. O secularismo, neste contexto, forneceu os meios para que o homem adquirisse lucidez e responsabilidade pelos seus pensamentos e atos. Com base nas necessidades da vida em sociedade e a promoção da liberdade individual, ele é essencial na construção da harmonia social e no fortalecimento da cidadania democrática. E, tende a instaurar, além das diferenças ideológicas, comunitárias ou nacionais, uma sociedade humana favorável ao florescimento de todos, uma sociedade de onde serão excluídos toda a exploração ou o condicionamento do homem pelo homem, todo o espírito de fanatismo, de ódio ou de violência. Certamente, a tolerância é a consequência lógica dos valores anteriores, sem o qual a harmonia social é colocada em perigo. Mas, a tolerância só faz sentido se for recíproca, e ela terá sempre como limites a intolerância, a rejeição ao outro, o racismo e o totalitarismo. A ética secular leva à justiça social, com igualdade de direitos e igualdade de oportunidades. A educação secular, as escolas, o direito à informação, a aprendizagem da crítica são as condições dessa igualdade.

A primeira manifestação da natureza secular de um país é a independência do Estado e de todos os serviços públicos em relação às instituições ou as influências religiosas.

Em um mundo caracterizado pela mais profunda ruptura das estruturas econômicas, políticas, sociais e culturais que eram conhecidas há séculos, o secularismo apareceu como a resposta a esta questão fundamental. Em uma sociedade cada vez mais multicultural, o secularismo pôde ensinar os indivíduos a aprender, a cooperar, a encontrar um bom acordo e harmonizar suas diferenças. O secularismo não é um conceito ultrapassado, mas, ao contrário, é uma idéia de progresso, e múltiplos campos de aplicação abrem-se diante dele. É um conceito que repousa sobre os princípios humanísticos forjados no curso da história, sendo uma forte afirmação de sentido e valor a serviço da liberdade individual, garantindo a paz civil resultando em uma moral pessoal e uma ética social.

A Maçonaria como entendemos nos dias atuais, desde que tornou a viga mestra, a forma especulativa da instituição, defendeu entre as suas bandeiras, os princípios que coincidem com os princípios do secularismo.

Maçonaria com o seu carácter universal, cultivam o aclassismo, humanidade, os princípios da liberdade, democracia, igualdade, fraternidade e aperfeiçoamento intelectual, e também uma associação iniciática e filosófica. A Maçonaria adota princípios e conteúdos filosóficos antigos, que foram adotados por instituições como as "Guildas" (na Inglaterra), Compagnonnage (na França) e Steinmetzen (na Alemanha).

Na Idade Média o ofício de pedreiro era uma condição cobiçada para classe do povo, onde esta seria a única classe que tinha o direito de ir e vir. E para não perder suas regalias o segredo foi guardado com bastante zelo.

Após o declínio do Império Romano, os nobres romanos afastaram-se das antigas cidades e levaram consigo camponeses para proteção mútua para se proteger dos bárbaros. Dando início ao sistema de produção baseado na contratação servil Nobre-Povo (Feudalismo). Várias companhias se formaram: artesão, ferreiro, marceneiros, tecelões enfim, toda a necessidade do feudo era lá produzida. A maioria das guildas limitava-se às fronteiras do feudo. As guildas dos pedreiros necessitavam mover-se para a construção das estradas e das novas fortificações dos Templários. Os demais membros do povo não tinham o direito de ir e vir, direito este que hoje temos e nos é tão cabal. Os segredos da construção eram guardados com incomensurável zelo, visto que, se caíssem em domínio público as regalias concedidas à categoria, cessariam.

A Igreja Católica Apostólica Romana encontrou neste sistema o ambiente ideal para seu progresso. Tornou-se uma importante, talvez a maior, proprietária feudal, por meio da proliferação dos mosteiros, que reproduzem a sua estrutura. No interior dos feudos, a igreja deteve o poder político, econômico, cultural e científico da época.

Com o passar do tempo, nos fins da idade média, as construções foram se tornando mais raras. O feudalismo declinou dando lugar ao mercantilismo, e também o enfraquecimento o domínio da igreja romana, tendo como pano de fundo uma ruptura da unidade cristã advindas da reforma protestante.

Nesse contexto deu-se inicio na Inglaterra a transformação gradativa da Maçonaria Operativa para Maçonaria Especulativa, principalmente após a reconstrução da cidade após um incêndio de grandes proporções em sua capital Londres em setembro de 1666 que contou com muitos pedreiros para reconstruir a cidade nos moldes medievais. Para se manter, na instituição já em declínio, foram sendo aceitas outras classes de artífices e essas pessoas formaram paulatinamente agremiações que mantinham os costumes e tradições dos pedreiros nas suas reuniões, no que diz respeito ao reconhecimento dos seus membros por intermédio dos sinais característicos da agremiação.

Essas associações sobreviveram ao tempo. Os segredos das construções não eram mais guardados a sete chaves, eram estudados publicamente. Todavia o método de associação era interessante, o método de reconhecimento da maçonaria operativa era muito útil para o modelo que surgiu posteriormente. Em vez de erguer edifícios físicos, catedrais ou estradas, o objetivo era outro, o de erguer o edifício social ideal.

Muitos dos princípios éticos maçônicos foram inspirados pelo judaísmo através da adoção dos ensinamentos do Antigo Testamento. Os ritos e símbolos da maçonaria e outras sociedades secretas recordam a reconstrução do Templo de Salomão, a estrela de David, o selo de Salomão, os nomes dos diferentes graus, como por exemplo, cavalheiro Kadosh ("Kadosh" em hebraico significa santo), Príncipe de Jerusalém, Príncipe do Líbano, etc.

A luz é um importante símbolo no judaísmo que assim foi adotado na maçonaria. Um dos grandes feriados judaicos é o Chanukah ou Hanukkah, ou seja o Festival das Luzes, comemorando a vitória do povo de Israel sobre aqueles que tinham feito da prática da religião um crime punível pela morte ali pelo ano 165 a. E. V. (Os judeus substituem o antes de Cristo e o depois de Cristo pelo antes e depois da Era Vulgar). A Luz é um dos mais densos símbolos na maçonaria, pois representa (para os maçons de linha inglesa) o espírito divino, a liberdade religiosa, designando (para os maçons de linha francesa) a ilustração, o esclarecimento, o que esclarece o espírito, a claridade intelectual. Luz, para o maçom, não é a material, mas a do intelecto, da razão, é a meta máxima do iniciado maçom, que, vindo das trevas do Ocidente, caminha em direção ao Oriente, onde reina o Sol.

Outro símbolo compartilhado é o Templo de Salomão, que figura como uma parte central na religião judaica, não só, por ser o rei Salomão uma das maiores figuras de Israel, como o Templo representar o zênite da religião judaica. Na maçonaria, juntou-se a figura de Salomão, à da construção do Templo, pois os maçons são, simbolicamente considerados construtores, pedreiros, geómetras e arquitetos.

Durante séculos, os judeus têm-se destacado nos diversos campos do conhecimento humano e o seu empenho em melhorar suas escolas e seus centros de ensino demonstram cabalmente isto. Digno de notar-se é que as famosas escolas talmúdicas - as yeshivas vem do verbo lashevet, ou seja sentar-se. Deste modo para aprender é necessário sentar-se nos bancos escolares. Assim, também, na maçonaria, nota-se uma preocupação constante, cada vez maior, com o desenvolvimento intelectual dos seus epígonos, no fundo, não só como um meio de melhorar a sua escola de fraternidade e civismo como também para perpetuar os seus ideais e permanecer como uma das mais ricas tradições do mundo moderno.

A Igreja Católica historicamente se opôs radicalmente à maçonaria, devido aos princípios supostamente anticristãos, libertários e humanistas maçônicos. O primeiro documento católico que condenava a maçonaria data de 28 de abril de 1738. Trata-se da bula do Papa Clemente XII, denominada In Eminenti Apostolatus Specula.

Após essa primeira condenação surgiram mais de 20 outras, sendo que o papa Leão XIII foi um dos mais ferrenhos opositores dessa sociedade secreta e sua última condenação data de 1902, na encíclica Annum Ingressi, endereçada a todos os bispos do mundo em que alarmava da necessidade urgente de combater a maçonaria, opondo radicalmente esta sociedade secreta ao catolicismo.

Até 1983, a pena para católicos que se associassem a essa sociedade era de excomunhão. Com a formulação do novo Código de Direito Canônico que não mais condenava a Maçonaria explicitamente, muitos pensaram que a Igreja havia aceitado a mesma, no entanto a Congregação para Doutrina da Fé tratou de esclarecer o mal entendido e afirmar que permanece a pena de excomunhão para quem se associa a maçonaria.

A Maçonaria Especulativa surgiu no mesmo período da reforma protestante, embora negada pela mesma até os dias de hoje, mesmo que a bíblia seja a regra de fé e conduta dos protestantes. James Anderson, o autor da Constituição de Anderson, era um pastor presbiteriano.

A divulgação dos direitos do homem e da ideia de um governo republicano inspirou a Maçonaria no Brasil, em particular depois da Revolução Francesa, quando os cidadãos derrubam a monarquia absolutista secular. As ideias que fermentaram o movimento (século XVIII) havia levado o espírito dos colonos americanos, que emigraram para a América em busca de liberdade religiosa e política. A Maçonaria é caracteristicamente universalista por ser uma sociedade que aceita a afiliação de todos os cidadãos que se enquadrarem na qualificação "livres e de bons costumes", qualquer que seja a sua raça, a sua nacionalidade, o seu credo, a sua tendência política ou filosófica, excetuados os adeptos do comunismo teorético porque seus princípios filosóficos fundamentais negam ao homem o direito à liberdade individual da autodeterminação.

Os ideais maçônicos, notadamente nos princípios do século XVIII, foi fundamentado nos ideais do iluminismo entre outros.

Iluminismo é um conceito que sintetiza diversas tradições filosóficas, sociais, políticas, correntes intelectuais e atitudes religiosas. Pode-se falar mesmo em diversos micro-iluminismos, diferenciando especificidades temporais, regionais e de matiz religioso, como nos casos de Iluminismo tardio, Iluminismo escocês e Iluminismo católico.

Os iluministas admitiam que os seres humanos estão em condição de tornar este mundo um mundo melhor - mediante introspecção, livre exercício das capacidades humanas e do engajamento político-social.

Iluministas se filiaram às Lojas Maçônicas como um lugar seguro e intelectualmente livre e neutro, apropriado para a discussão de suas ideias, principalmente no século XVIII quando os ideais libertários ainda sofriam sérias restrições por parte dos governos absolutistas na Europa continental. E por isso certamente a Maçonaria teria contribuído para a difusão do Iluminismo e que este por sua vez também possa ter contribuído para a difusão das lojas maçônicas.

Na maioria dos países da América Latina, predomina a maçonaria dogmática, tão presente na Europa. No Canadá, é bastante marginalizada e é quase inexistente, e nos Estados Unidos, as lojas são pouco "liberais" (no estilo europeu), onde são frequentado, na sua maioria, por residentes e visitantes.

Em alguns países, porém, os dois movimentos existem lado a lado ou em um relacionamento amigável de compreensão mútua (especialmente em certas regiões onde a maçonaria de todas as tendências, tem sido particularmente perseguido), ou com relações mais tensas.

A Maçonaria especulativa, se denominando e tomando características como uma Ordem Universal, foi adotando ao longo do tempo, algumas regras e princípios, que são obedecidas dentro da instituição, independente de países, línguas e costumes. Por essas regras, foi dado o nome de LANDMARK, e as Lojas Maçonicas regulares obedecem aos regulamentos determinados pelo LANDMARK (As mais antigas leis que regem a Maçonaria Universal).

A primeira vez em que se fez menção à palavra Landmark em Maçonaria foi nos Regulamentos Gerais compilados em 1720 por George Payne, durante o seu segundo mandato como Grão Mestre da Grande Loja de Londres, e adotados em 1721, como lei orgânica e terceira parte integrante das Constituições dos Maçons Livres, a conhecida Constituição de Anderson.

Os Landmarks, que podem ser considerados "constituição maçônica não escrita", que longe de ser uma questão pacífica, se constituem numa das mais controvertidas demandas da Maçonaria, e se tornou um problema de difícil solução para a Maçonaria Especulativa atual.

Há grandes divergências entre os estudiosos e pesquisadores maçônicos acerca das definições e nomenclatura dos Landmarks. Existem várias e várias classificações de Landmarks, cada uma com um número variado deles, que vai de três até cinqüenta e quatro. Segundo Virgílio Lasca, citado por Nicola Aslan em "Landmarques e Outros Problemas Maçônicos", para a Grande Loja de Nova York os Landmarks são apenas seis, para a Grande Loja da Virgínia são sete, para a Grande Loja de Massachusetts são oito, para a Grande Loja de Nova Jersey são dez, para a Grande Loja de Tennessee são quinze, para a Grande Loja de Connecticut são dezenove, para a Grande Loja de Minnesota são vinte e seis e para a Grande Loja de Kentucky são cinqüenta e quatro.

De uma forma geral, as Obediências Maçônicas adotam, tácita ou explicitamente, a classificação de vinte e cinco Landmarks compilada por Albert Galletin Mackey. Considerando-se que, segundo Albert Pike, ao elaborar a sua classificação de apenas cinco Landmarks, até, pelo menos, o ano de 1723, a Lenda do Terceiro Grau ainda não havia sido introduzida na Maçonaria Especulativa, o Terceiro Landmark da compilação de Albert Mackey não pode ser reconhecido e tido como verdadeiro, tomando-se como base o conceito de Landmark do próprio Mackey que, desse modo, se expressou em "Masonic Jurisprudente":

Como refere Nicola Aslan a idéia geral que se tem sobre os Landmarks, na Maçonaria, é que são usos, costumes, leis e regulamentos universalmente reconhecidos, existentes desde tempos antigos, fundamentais princípios da Ordem, inalteráveis e irrevogáveis, e que não podem ser infringidos ou desviados o mais levemente que seja. Etimologicamente, a expressão deriva da palavra inglesa landmark, composta de land - terra, solo, terreno, e mark — limite, marco, mas na literatura maçônica, o vocábulo tem o sentido de regra ou norma.

Apesar da confusão e da polêmica acerca da Constituição de Anderson, é absolutamente evidente a sua preocupação em estabelecer uma posição política para a Maçonaria, como se pode verificar no preceito que trata da Autoridade Civil, superior e inferior, que diz textualmente: "O maçom deve ser pessoa pacífica, submeter-se às leis do país, onde estiver e não deve tomar parte, nem se deixar arrastar nos motins ou conspirações deflagrados contra a paz e a prosperidade do povo".

"Nem se mostrar rebelde à autoridade inferior, porque a guerra, o derramamento de sangue e as perturbações da ordem, têm sido sempre funestos para a Maçonaria".

Assim é que, na antiguidade, os reis e príncipes se mostraram muito dispostos para com a instituição maçônica, pela submissão e fidelidade de que os maçons deram constantes provas no cumprimento de seus deveres de cidadão e em sua firmeza em opor sua conduta digna a caluniosas acusações de seus adversários. Esses mesmos reis e príncipes não se recusaram a proteger os membros da Corporação e defender a integridade da mesma, que sempre prosperou em tempo de paz. Segundo estas doutrinas, se algum Irmão se convertia em um perturbador da ordem pública, ninguém devia ajudá-lo na realização de seus propostos e pelo contrario devia ser compadecido por ser um desgraçado. Mas por este fato, e ainda que a Confraria condenasse sua rebelião, para se evitar dar ao governo motivo de alguma suspeita ou de descontentamento, sempre que o rebelado não pudesse ser censurado por outro crime, não podia ser excluído da Loja, permanecendo invioláveis suas relações com esta, bem como os direitos de que como maçom gozava.

No entender de João César (op. cit. p. 97), "A Constituição de Anderson, promulgada em 1723, é o marco que assinala a transformação da Maçonaria de Operativa em Especulativa, embora já existisse, muitos anos antes, a Maçonaria Simbólica, ou melhor, a adoção dos "Maçons Aceitos" ou "Maçons Adotados".

Não se pode deixar de levar em consideração o contexto histórico em que as Constituições foram elaboradas e a que tipo de interesses serviram. E importante lembrarmos que, à época, vivia-se a "idade das Luzes", sendo natural que, depois do obscurantismo medieval, as idéias iluministas influenciassem sobremaneira a ambiência cultural e o pensamento. Uma das principais características da época diz respeito à valorização e à busca da razão das coisas. Na Inglaterra do século XVI, era evidente a luta pelo poder entre uma classe social ascendente — a burguesia — e a nobreza. A arma principal da burguesia é o controle econômico, que determina, em contrapartida, o controle das idéias e valores, abrindo os horizontes do mundo, estimulando as ciências, opondo-se aos dogmas religiosos, destruindo a objetividade medieval e criando caracteres libertadores, novas significações, novos ares sobre o mundo "velho" e parado.

A história registra que, no século XVI, após o rompimento com o Papado, efetivado por Henrique VIII (fundador da Dinastia dos Tudor), e a fundação da religião anglicana por sua filha, Elizabeth I, a Inglaterra, sob o longo reinado da soberana (1558-1 603), conhece um período de apogeu cultural e político, transformando-se em potência marítima e iniciando uma expansão colonialista.

De 1642 a 1649, a Inglaterra se defronta com uma guerra civil, que culmina com a decapitação do rei Carlos I (da Dinastia dos Stuarts), que queria governar sem parlamento. Inicia-se, então, um período de nove anos de ditadura militar de Oliver Cromnwell, que proclama a República. Contudo, em 1660, é restaurada a Monarquia, com o trono sendo entregue a Carlos II. Em 1707, Inglaterra, Escócia, Irlanda e País de Gales formam a Grã-Bretanha, ou Reino Unido. Com o afastamento dos Stuart, em 1714, a Dinastia dos Hannover se instala no trono, ocupando-o até hoje. Nos anos que se seguem, a Inglaterra consolida seu império colonial, principalmente na Índia e América do Norte.

Bastante significativa a circunstância de que a Inglaterra, durante o período em que esteve sob o governo do puritano Cromwell, haver conhecido sua única Constituição escrita: o "Instrument of Government". Também singular mostra-se o fato de os puritanos, que deixavam a Inglaterra para livremente celebrarem seu culto em terras do Novo Mundo, haverem redigido, ainda a bordo do "Mayflower", o documento político que haveria de estruturar a forma de organização constitucional das futuras colônias inglesas.

Entendemos que a fixação dos Landmarks pela Maçonaria anglo-saxã servia, fundamentalmente, á intenção de serem garantidos seus interesses, especialmente quanto a questões econômicas e comerciais, e quanto ao controle sobre as Lojas que, naquele momento histórico, começam a se multiplicar. Sem dúvida, isto afastou bastante a Maçonaria dos seus objetivos primeiros.

Jules Boucher (A Simbólica Maçônica, p. 217), citando Oswald Wirth, destaca que "os Landmarks são de invenção moderna e seus partidários jamais conseguiram pôr-se de acordo para fixá-los". "
Isso não impede — prossegue ele — que os anglo-saxões proclamem sagrados esses limites essencialmente flutuantes, que se ajustam de acordo com seus particularismos. Cada Grande Loja fixa-os de acordo com seu modo de compreender a Maçonaria; a Maçonaria é compreendida de modos muito diferentes, razão das definições contraditórias, destrutivas da unidade dentro de uma instituição que visa a concórdia universal".

Nicola Aslan menciona a posição de Virgílio A. Lasca, no seu trabalho "Princípios Fundamentales de la Orden e los verdadeiros Landmarks", de que "não existe, entre os autores, unidade de critério para a seleção ou classificação do que eles estimam deverem ser considerados como Landmarks ou antigos limites. Estes foram estabelecidos recentemente, depois dos meados do século XIX, e são mais fruto da fantasia, pois os que deles se ocuparam enumeram-nos em classificações que variam de 3 até 54".

Também não passou despercebido para Aslan o fato de que o tema interessou basicamente, "e quase que exclusivamente aos maçons da América do Norte". Diz mais o estudioso: "Todas essas relações de Landmarks sofreram as mais severas críticas por parte de escritores autorizados que os estenderam àqueles que, sob pretexto de tratar dos antigos Landmarks da Ordem, deixaram a sua fantasia voar. E cada qual considerando Landmark tudo aquilo que bem quis e entendeu, originou-se desse modo uma grande perplexidade e uma confusão ainda maior".

A teoria dos antigos Landmarks da Ordem, como já vimos, encontrou seus melhores partidários nos Estados Unidos. Posteriormente, também a Maçonaria da América do Sul passou a considerá-los, pelo menos até os primeiros anos do século XIX, quando se intensificaram os movimentos de emancipação das repúblicas atuais de suas antigas metrópoles. Tais movimentos, surgidos numa seqüência de fatos históricos iniciados no século XVIII, a partir das revoluções americana (a Independência dos Estados Unidos, em 1776) e francesa (1789), consagraram inúmeros "Libertadores", entre eles Simón Bolívar, Bernardo O Higgins, José de San Martin e Antonio José de Sucre.

A forma de organização que comumente adotaram os participantes ativos da luta libertadora ou de emancipação foi no princípio a da "loja", que em geral se encontrava integrada na Franco-Maçonaria internacional, como o caso da Loja Lautaro, que granjeou grande prestígio e poderio no Cone Sul do continente americano.

O surgimento da Grande Loja da Inglaterra, em 1717, sob a direção de Anthony Sayer, representou um dos melhores instrumentos com que contou aquela nação para contribuir à expansão, para ela imprescindível, de seu mercado, artífice de seu desenvolvimento econômico.

Dentre as diversas relações de Landmarks, a mais adotada é a do escritor norte-americano Albert G. Mackey, contendo uma lista de 25 itens.

Segundo os estudiosos, Mackey, inspirando-se nas noções de história disponíveis à época, cometeu inúmeros erros, o que reduz a sua lista de Landmarks, apenas e tão somente, à condição de referência para uma discussão. Aliás, Nicola Aslan acentua que Mackey, ao longo de seus escritos, censurava a incrível credulidade de Anderson, ironizando mesmo as suas fantasias, contidas na suposta história da Maçonaria redigida para constar das Constituições de 1723.

Se considerarmos as manifestações dos seus mais categorizados estudiosos, os franceses não dão nenhuma importância ao problema dos Landmarks. Boucher (op. cit.. p. 217), com muita propriedade, afirma que "na Maçonaria francesa, a ̳Liberdade de Pensamento ̳ é um ̳landmark‘ fundamental e, paradoxalmente, um landmark não tem limites!".

Também Marius Lepage (L‘Ordre et les Obédiences), citado por Aslan refere a questão dos Landmarks de forma até irônica e agressiva. "Uma única pergunta — diz Lepage — "Mostrai- me um Landmark, um verdadeiro..." "Nunca houve, não há, nunca haverá  ̳landmarks‘, salvo aqueles redigidos no dia a dia, segundo as necessidades do momento, por um corpo administrativo completamente desprovido de conhecimentos e de valor sobre o plano de iniciação tradicional

Admitir-se a necessidade ou a simples ocorrência de Landmarks, ou seja, a existência de regras ou preceitos com características de imutabilidade, é, na verdade, dogmatizar-se certos enunciados, incorrendo no mesmo erro cometido pela Maçonaria anglo-saxã, que na sua época, andou na contramão da História, estabelecendo normas pretensamente irreformáveis e perpétuas, em um momento histórico em que se buscava a razão das coisas, um momento "iluminado.

Para aqueles que condicionam a unidade da Maçonaria à existência e à aceitação de Landmarks, utilizamos as afirmações de Jules Boucher - ―A unidade maçônica sonhada por alguns é um engodo; jamais ela será realizada e nem é desejável que o seja. A Maçonaria deve adaptar-se aos diferentes países e corresponder, em cada país, às diferentes aspirações dos maçons. É o simbolismo maçônico bem compreendido o único que deve formar, o cimento entre todas as Pedras, e é por ele que a verdadeira Fraternidade pode e deve se estabelecer‖. Nas diferentes lojas maçônicas, são observados diferentes modo de aplicação dos seus princípios. Algumas Lojas fundamentam seus atos em filosofias, outras em filantropias, outras em pesquisas, outras em cabalas, outras em esoterismo e exoterismos.

No tocante à pratica do esoterismo, que não é particular de uma loja maçônica, existem no ocidente, atuando de forma independente de quaisquer ligações com a religião exotérica, três correntes de ensinamento esotérico. Existem três escolas de sabedoria no ocidente que representam sem interrupção cada uma destas correntes, e que são:A ROSA-CRUZ, A FRANCO-MAÇONARIA e o MARTINISMO.

A CORRENTE HERMÉTICA ou ALQUÍMICA ou EGÍPCIA, representada pela ROSA-CRUZ, busca o Conhecimento pelo desenvolvimento da Mente. A CORRENTE PITAGÓRICA ou TEÚRGICA ou GREGA, representada pela FRANCO-MAÇONARIA, busca o Conhecimento pelo desenvolvimento da Ação Teúrgica no Plano Físico. A CORRENTE CABALÍSTICA ou JUDAICA que busca o Conhecimento através do Domínio sobre as Emoções ou sobre o Astral. Tais escolas exercem influências recíprocas umas sobre as outras, mas a tônica de cada uma delas se concentra em planos de ação distintos.

A Maçonaria juntamente com essas instituições, tem adotado o caráter der ser iniciática, secreta e filosófica. Entende-se por sociedade secreta um grupo de pessoas, que se caracteriza por manter reuniões estritamente limitadas a seus adeptos, e também por manter o mais absoluto sigilo a respeito das cerimónias e dos rituais que praticam, onde se manifestam os símbolos que a caracteriza e distingue das demais. As finalidades destas sociedades ditas "secretas" são as mais variadas, sendo políticas, religiosas, filosóficas e espirituais. As Ordens Iniciáticas caracterizam-se por três manifestações: A Tradição, a Iniciação e o Sigilo.

Tradição é transmitida de mestre a discípulo. Trata-se de um conhecimento não-racional, intuitivo, presente em todo o ser humano, mas que deve ser despertado pela filiação espiritual e pela Iniciação. A Iniciação assegura a transmissão da Tradição. Ela é a um só tempo um início para aquele que entra na Senda e um retorno à origem, ao princípio, graças ao influxo espiritual que passa do Iniciador para o Iniciado e o transmuta num discípulo da Luz. Este processo tem várias exigências: a presença do candidato, a transmissão dos símbolos e de uma força espiritual durante a Iniciação e, na continuidade, o trabalho interior do Iniciado, que tem a missão de fazer germinar a semente que recebeu.

O Sigilo mostra-se necessário para garantir a proteção dos ensinamentos e rituais. Visa preservar a integridade e a eficácia dos ensinamentos, a fim de reservar o seu acesso aos que buscam e o merecem. Assim o Sigilo é o interior oculto que o ser humano, em busca da sua unidade, deve procurar e descobrir por si mesmo. Devido à esse sigilo é que as ordens iniciáticas são também chamadas de "Sociedades Secretas".

As "Sociedades Secretas" mais populares são a Maçonaria e a Ordem dos Rosa Cruz, porém, em cada época, em cada civilização, em distintos momentos e circunstâncias da evolução da raça humana, existiram diversas outras Ordens Iniciáticas, que contribuíram de alguma forma para o aperfeiçoamento do género humano. Dentre as quais destacamos as seguintes:
• Loja do Diamante Flamígero - ( 15.997.992 a.C. - Era Primeva )
• Escola da Maçonaria - ( 12.622.992 a.C. - Era Lemur )
• Escola Rosacruz - ( 4.322.992 a.C - Era Atlante )
• Escola dos Lemures Redimidos - ( 2.634.992 a.C. - Era dos Últimos Lemures )
• Fraternidade dos Magos do Segredo Atlante - ( 9.117 a.C. )
• Santa Fraternidade dos Guerreiros do Norte - ( 4.992 a.C. )
• Loja do Empíreo - ( 4.692 a.C.)
• Irmãos Atlantes da Luz Akkadiana - ( 1.192 a.C. )
• Loja dos Mirianos do Oculto Segredo - ( Ano 77 - Início da Era vulgar ) 
• Escola do Grande Boddhisattwa - ( Ano 80 )
• Escola dos Gnósticos - ( Sec. I )
• Escola de Oriente - ( Sec. VIII )
• Cavaleiros da Roda de Fogo - ( Ano 825 - Inglaterra )
• Cadeia Rosarista das Cruzadas - ( Ano 880 )
• Cavaleiros da Távola Redonda - Ano 900 - Inglaterra )
• Escola da Ordem Secreta - ( Sec. IX )
• Confraria dos Irmãos ao Redor do Graal - ( Ano 1.050 )
• Priorado de Sião - ( Ano 1099 )
• Monastério Superior Tibetano dos Segredos do Hermafrodita (yab yum) - ( Ano 1100 )
• Budismo Secreto do Grande Oceano - ( Ano 1.110 )
• Loja de Tifão Bafometo - ( Ano 1.325 )
• Loja Botão do Oriente e Ocidente - ( Ano 1.545 ) • Die Indissolubilisten - ( Ano 1577 )
• Militia Crucifera Evangelica - ( Ano 1586)
• Rose-Croix Royale - ( Ano 1593 )
• Fruchtbringende Gesellschaft - ( Ano 1617 )
• Rite des Philadelphes - ( Ano 1640 )
• Fraternidade Polinésia dos Herdeiros da Luz - ( Ano 1700 )

Desde o século XVII, na Inglaterra, tanto a Magia quanto a Astrologia, que eram pedras angulares do Ocultismo e haviam desempenhado, nos séculos anteriores, um importante papel no campo da compreensão do Universo, deixaram de ser intelectualmente aceitáveis, por força de processos históricos que culminaram no advento da Reforma e no posterior triunfo da Filosofia Mecânica. Ciência e Magia se dissociaram, enquanto a Astrologia tornou-se um conhecimento estagnado e tratado como superstição.

No século XIX, a Inglaterra encontrava-se no auge de sua expansão imperialista, projetando-se e interagindo com os mais distantes recantos do planeta, o que tornava Londres uma metrópole culturalmente cosmopolita, receptiva a novas idéias e doutrinas.

Nesse cenário de efervescência cultural que o Ocultismo apareceu como um contra-ponto ao cientificismo (que o Positivismo consagraria como filosofia), com sua certeza no progresso da Humanidade guiada pelo racionalismo materialista da Ciência.

O ponto de partida para o ressurgimento do Ocultismo na Inglaterra foi a publicação de "Magus" (1801), livro de Francis Barrett, que é basicamente uma coletânea de escritos ocultistas medievais e renascentistas. A esse livro seguiram-se os escritos do francês, Eliphas Lévi, e de Kenneth Mackenzie, cuja grande aceitação em círculos intelectuais pode ser entendido como uma reação (notadamente no final do século) ao Positivismo e ao cientificismo, que haviam transformado o Agnosticismo em palavra de ordem, exigível a quem pretendesse ser tido como pessoa culta e sintonizada com os valores "superiores" de seu tempo.

É nesse cenário que a Europa viu despontar o Kardecismo (e outras formas de Espiritismo) e que a russa Helena Blavatsky difundiu a sua Teosofia, impregnada de Budismo tibetano e outros matizes da religiosidade oriental. É ainda nesse cenário que a Maçonaria multiplicou a quantidade de suas Lojas, atraindo artistas e intelectuais, e a lenda rosacrucianista recrudesceu, atestando que, mesmo quando confiante de resolver os problemas de sua vida na Terra, através da Ciência, o ser humano busca respostas para questões transcendentes, que se situam na esfera de sua vida espiritual, além do alcance científico.

É desconhecida a exata época em que graus rosacrucianistas começaram a ser usados na Maçonaria, mas é certo que pelo menos um grau rosacruz foi introduzido no Antigo e Aceito Rito (escocês) da Maçonaria britânica.

Na segunda metade do século XIX, o crescente interesse por temas rosacrucianistas levou um grupo de mestres maçons a criarem uma sociedade, especificamente dedicada ao seu estudo. Foi a Societas Rosicruciana in Anglia (chamada, abreviadamente, de Soc.Ros ou S.R.I.A), fundada em 1866 por Robert Wentworth Little, com a ajuda de Kenneth Mackenzie.

Dois membros destacados dessa Ordem (que só admitia mestres maçons em suas fileiras) viriam a ser os principais arquitetos da Aurora Dourada:

• Dr. William Wynn Westcott, médico legista e Juiz de Instrução do distrito noroeste de Londres, que ingressou na SRIA em 1880 e viria a se tornar "Magus Supremus" (a função mais elevada), em 1891. Seus biógrafos relatam que ele passou dois anos em um retiro, em Hendon, estudando Cabala, Hermetismo e Rosacrucianismo.

• Samuel Liddell MacGregor Mathers, um ocultista apaixonado pela cultura celta, autor de "Kabbala Unveiled" - na verdade uma tradução do livro de Christian Knorr von Rosenroth.

O terceiro nome ligado à criação da Golden Dawn é o do médico e maçom, Dr. William Robert Woodman.

A Ordem Hermética da Aurora Dourada nasceu em 1888, reivindicando ser a verdadeira herdeira dos princípios de Christian Rosenkreuz (pai do rosacrucianismo), e supostamente amparada na autoridade que lhe teria sido concedida por uma antiga sociedade rosacruciana alemã, a Die Goldene Dammerung, através de uma misteriosa adepta, chamada "fräulein Anna Sprengel", cujo nome secreto (iniciático) seria Sapiens Dominabitur Astris (O sábio será governado pelas estrelas).

Segundo a história contada por Westcott (e sustentada por Mathers), o Reverendo A. F. A. Woodford, um velho pároco muito conhecido nos círculos maçônicos, ter-lhe-ia entregue, em agosto de 1887, sessenta páginas de um manuscrito cifrado, cuja tinta marron desbotada lhes conferia uma aparência de antiguidade, escritas num código secreto inventado no Século XVI. Algumas folhas do manuscrito traziam uma marca d‘água datada de 1809. Westcott, que conhecia bem a literatura hermética, teria descoberto a chave para o alfabeto artificial e, ao traduzí-lo, descobriu tratar-se de esboços fragmentários de uma série de cinco rituais e a estrutura hierárquica básica de uma organização iniciática. Em meio ao manuscrito, havia também uma carta de fräulein Anna Sprengel, conferindo-lhe um posto elevado na Die Goldene Dammerung e autorizando-o a instalar uma sucursal da Ordem alemã, na Inglaterra. Pouco tempo depois, Westcott passaria a receber várias cartas de um secretário de Anna Sprengel, que se assinava Frater In Utroque Fidelis, fornecendo orientações adicionais para a abertura da primeira Loja (ou Templo) da Aurora Dourada inglesa, o Templo de Ísis-Urânia, cuja Carta de Autorização, assinada pela própria Anna, chegou por volta de março de 1888 Finalmente, uma carta, datada de 23 de agosto de 1890 e assinada por Frater Ex Uno Disce Omnes, anunciava a morte de fräulein Sprengel, e informava que Westcott não mais receberia qualquer outra comunicação da Alemanha.

A verdade é que toda essa história não passava de um embuste, conforme ficaria convenientemente demonstrado na obra de Ellic Howe, Descobriu-se, por exemplo, que a carta de autorização do primeiro templo fora forjada pela Srta. Mina Bergson (irmã do filósofo Henri Bergson), que viria a se casar com Mathers, em junho de 1890.

A descoberta da fraude foi um dos fatores que contribuíram para a ruína da Golden Dawn.

Para se ter idéia do caminho místico que um membro da Aurora Dourada devia percorrer, é importante saber que toda sociedade oculta possui um conjunto de metas (ou ideais) representado por uma simbologia, e que o processo de domínio dessa simbologia é demarcado por uma série de graus, tendo cada um seu próprio Ritual.

O aspirante a membro da Aurora Dourada era admitido na condição de Neófito, na qual permanecia por algum tempo, recebendo ensinamentos básicos e sendo avaliado pelas autoridades da Ordem. Uma vez aceito, ele ingressava no Primeiro Grau, iniciando sua jornada de aprendizagem.

Em fins de 1891, mais de oitenta pessoas haviam ingressado no templo Ísis-Urânia de Londres, entre elas quarenta e duas mulheres. A Aurora Dourada, que era, essencialmente, uma criação de Westcott, desabrochava mornamente, seguindo uma existência quase monótona. Tendo Mathers, Westcott e Woodman (que morreria em dezembro daquele ano) como professores, eles seguiam um currículo elementar que incluía o estudo de assuntos como a Árvore da Vida cabalística, com seus Sephiroth e vinte e dois caminhos, Simbolismo Alquímico, Astrologia, Geomancia, e o Simbolismo dos vinte e dois trunfos do Tarot. Mas isso tudo não passava de um jardim de infância para candidatos ao Ocultismo.

A situação se modificou radicalmente no início de 1892, quando Mathers efetuou uma reorganização de longo alcance e conseguiu, em grande parte, suplantar Westcott, na condução da Ordem. Nessa época, ele apresentou um impressionante ritual, para o primeiro dos graus da Segunda Ordem, e concedera à Segunda Ordem um status inteiramente novo. Agora, ela passava a ser a Ordo Rosæ Rubeæ et Aureæ Crucis (abreviada para R. R. et A. C.), tendo Mathers como seu único Chefe, e dirigida de Paris, onde ele se instalou, definitivamente, na primavera de 1892, enquanto Westcott se contentava em agir como Chefe Adepto, em Londres.

Daí em diante, a admissão à nova Segunda Ordem seria feita por meio de provas e de convites. A R.R. et A.C. era altamente secreta, não se permitindo aos membros da Ordem Exterior saber da sua existência, quem a ela pertencia, nem os endereços de suas sedes. E enquanto o currículo da Ordem Exterior era simplesmente teórico, os membros da Segunda Ordem recebiam instrução sobre a teoria e prática do cerimonial ou ritual mágico.

Além de elaborar o ritual, Mathers produziu um fantástico currículo para uma série de oito provas destinadas ao 5°. Quem passasse nesse teste podia afirmar que recebera uma instrução básica completa em quase todos os aspectos da tradição ocultista ocidental. A esse respeito, a Segunda Ordem representava o equivalente de uma universidade hermética. E era única.

Entre a primavera de 1892 e o final de 1896, a Ordem Hermética da Aurora Dourada viveu seus dias de glória.

Não deixa de ser paradoxal que o principal responsável pela brilho da Aurora Dourada, tenha sido, também, o principal agente de sua ruína. Mathers era um homem extremamente talentoso, mas era também muito autoritário, e esse aspecto de sua personalidade viria a motivar conflitos com outros membros. No tempo em que Westcott ainda era o principal dirigente da Ordem, o clima interno foi mais ameno. Mas quando Mathers assumiu, de fato, o comando, os choque de personalidade não tardaram a se evidenciar. Instalado em Paris, ele exigia absoluta submissão das lojas inglesas à sua autoridade, conduta que logo gerou reações.

O primeiro conflito sério foi com a empresária de teatro, Annie Horniman, filha de um rico importador de chá, amiga íntima da esposa de Mathers, Moina Bergson, e benfeitora financeira do casal. A relação entre os dois deteriorou-se progressivamente e, quando Annie suspendeu a ajuda financeira, Mathers a expulsou da Ordem.

O golpe seguinte na estabilidade da Golden Dawn ocorreu em março de 1897, quando as autoridades legais souberam da ligação de Westcott com uma Ordem ocultista. Com seu cargo de Juiz de Instrução ameaçado, Westcott, que era um administrador capaz e entusiástico, afastou-se da Ordem que fundara.

A essa altura, o lugar deixado por Annie Borniman fora ocupado pela atriz Florence Farr, que também viria a se rebelar contra a atitude ditatorial de Mathers. Este, por seu turno, suspeitando que ela conspirava para trazer Westcott de volta ao comando da Ordem, revelou a fraude das cartas de Fräulein Sprengel, dando a entender que fora obrigado, por Westcott, a guardar segredo. A revelação caiu como uma bomba no seio da Aurora Dourada, abalando sua credibilidade e provocando o afastamento de vários membros.

Para completar o quadro de ruína, Aleister Crowley - um homem de grande saber ocultista, mas de reputação duvidosa - ingressara na Ordem e, com menos de um ano de filiação, pleiteara sua admissão ao Círculo Interno. Tendo seu pleito rejeitado, Crowley aproximou-se de Mathers e, conquistando sua confiança, conseguiu que ele o iniciasse à Segunda Ordem, em Paris. Essa iniciação não foi reconhecida em Londres, e pela primeira vez Mathers se viu diante de uma revolta total. A disputa atingiu o auge no inicio de abril de 1900 quando Crowley, depois de uma longa conferência com Mathers, retornou a Londres com plenos poderes para agir como seu Enviado Extraordinário. Vestido com um traje completo de montanhês escocês e uma máscara preta, ele tentou tomar posse do templo onde se encontrava a cripta (local em que processava o ritual de iniciação à Ordo Rosæ Rubeæ et Aureæ Crucis).

O plano Mathers-Crowley foi frustrado, em grande parte pela vigilância de W. B. Yeats e de um punhado de membros, que assumiram o controle da situação. A comédia terminou com os membros londrinos expulsando Mathers e Crowley, e também alguns outros de lealdade duvidosa. Yeats logo assumiu o comando e fez o melhor que pôde para manter a paz durante um ano, mas acabou desistindo e renunciando a qualquer ligação muito ativa com a Golden Dawn, em fevereiro de 1901.

A Ordem original começou a fragmentar-se, com alguns membros se desligando e fundando suas próprias sociedades ocultistas. No início de 1903, um grupo liderado por A. E. Waite assumiu o comando e imprimiu à Aurora Dourada uma nova direção, tornando-a menos mágica e mais mística. 

Essa mudança foi o golpe de misericórdia na Ordem criada por Westcott e Mathers.

Atualmente, algumas organizações ocultistas alegam ser a continuidade da Golden Dawn. Mas nenhuma delas conseguiu restaurar o brilho desse que foi o mais impressionante fruto da árvore rosacrucianista na Europa.

Como antiga organização fraternal do mundo, a Maçonaria baseia-se em princípios de honestidade, bondade e justiça, cujos valores atemporais, que são tão relevantes para o mundo de hoje quanto provavelmente foram nos idos de séculos XVIII, quando foram estabelecidos como sistema obediencial e com regras universais.

Esses ideais foram mantidos ao longo da história da Maçonaria e, provavelmente continuem a fazê-lo, enquanto a organização prosperar. Mas, é importante notar que, enquanto mantém estes ideais centrais, a Maçonaria no século XXI tornou-se uma fusão do antigo e do novo, de tradição e inovação.

Em 856 d.C., se tem notícia da fundação de Lojas Maçônicas na Inglaterra e na França, com fundamentos ideológicos e morais, e que representou o desenvolvimento da Maçonaria filosófica, e foi dessa fonte que dimanou a Maçonaria Moderna.

Em 926 d.C., a Grande Loja de York foi a primeira que se organizou, obedecendo aos intuitos gerais da Maçonaria. A ela se filiaram muitos escritores ingleses, soberanos e príncipes, que por isso pagaram grande tributo.

As corporações construtoras que podemos considerar maçônicas, passaram a gozar de grandes privilégios por parte dos poderes então dominantes na Gália e na Grã-Bretanha. Os próprios papas, então, as protegiam abertamente, reconhecendo suas imunidades, com cujo procedimento visavam não só a recompensar como estimular a construção de igrejas e monastérios. Passa, então, a Maçonaria, a exercer grande influência, não só em sua parte material, pelas construções de edifícios, como, em sua ação velada, representada em seus Símbolos, em sua campanha libertadora que foi a sua principal preocupação, desde as origens mais remotas.

Retomadas as tradições libertadoras, que sempre foram a razão de ser da Ordem, assistimos ao seu primeiro conflito na cena moderna, contra os abusos da religião dita da maioria.

O clero alia-se aos francos, conspirando contra a população gaulesa. Valendo-se da bajulação, viam-se os bispos e outros clérigos recebendo os despojos das conquistas de bárbaros, materializando-se cada vez mais a religião, fugindo cotidianamente das tradições da humildade do Excelso Fundador do Cristianismo. Na luta contra os arianos, o que Ihes interessava não era a defesa da Divindade de Cristo, e sim o patrimônio material, os valiosos despojos dos ricos arianos. Daí começava a Igreja Romana a adquirir, cada vez mais, esse apego aos bens terrenos, que a tornaria, séculos afora, a aliada natural de todos os poderosos, em prejuízo dos fracos e deserdados e dos sentimentos de justiça e liberdade.

Enquanto a Nação é submetida, e os pobres vassalos dos francos são reduzidos à servidão, os padres tomam lugar saliente com os conquistadores, no sistema governamental que ambicionava as vantagens resultantes da riqueza, mas que não se fundava no poder real e durável. Os padres assentam seu domínio na propriedade territorial, para tanto empregando, muitas vezes, a violência e obtendo favores dos reis francos, de cujos espíritos incultos alcançavam donativos, em paga das promessas do paraíso celestial e outras munificências espirituais. Tão grande era a porção dos bens da Nação sob seu domínio, que Chilperic II exclamava: Esses e outros processos semelhantes se estenderam mais tarde à Inglaterra, aos teutões e a outros povos, de sorte que a religião triunfante se tornou rico mercado que a nova Roma sugava à vontade. Onde os reis não haviam aderido monges e padres lhe obtinham esposas da nova fé, donde começa a aliança que ainda hoje perdura entre a Igreja e a mulher. Na Inglaterra, a princípio submetida à fé cristã, aonde o entusiasmo dos reis chegou ao ponto de considerar feliz o dia que tinham de fundar um convento, sim, na Inglaterra, tão forte era a preponderância sacerdotal, e tão estranhamente minada do sentimento ortodoxo estava a política, que já não era possível manter a harmonia entre os poderes temporais e espirituais. Arrastados pela opinião pública, que via claro o perigo que ameaçava derruir todas as liberdades e poderes, os reis tiveram de repudiar a tutela indébita de Roma, limitando-se, apenas, a respeitar a religião, o que aliás não bastava aos desígnios ambiciosos do clero. Logo Roma se declara em guerra aberta contra a Inglaterra, e procura restabelecer a perpetuidade do imposto do dinheiro de São Pedro, que os reis tinham procurado abolir.

Foi em tais circunstâncias que as sociedades maçônicas se organizaram sob forma durável, de modo que influenciassem diretamente o conjunto dos fenômenos sociais. Foi então travada por muitos anos uma luta surda e terrível entre o clero e a Maçonaria, em virtude de aquele haver postergado seus deveres essenciais. O ódio do clero contra a Ordem foi aumentando gradativamente.

Transforma-se o púlpito, onde só se ouvem catilinárias tremendas, excomunhões e maldições contra a Instituição. A ação maçônica, porém, limitava-se a advertir as populações sobre seus direitos e deveres, rebatendo a exploração clerical, que desejava avassalar e dominar o mundo, usurpando-lhe o ouro e o poder.

O Clero, feroz como sempre, denunciou, à Corte da Normandia a Maçonaria. A Corte, alarmada, organizou uma expedição contra os Maçons. Os espiões cumpriam sua missão degradante, indicando local e hora onde se reuniam os Obreiros da Ordem e todos foram presos de surpresa.

O ódio que se vinha acumulando explodiu com extrema violência. Foram os Maçons punidos e, sem qualquer julgamento, expostos à sanha feroz do clero. E sob a opressão permaneceram por longo tempo, na inércia, a associação maçônica e o povo escravizados pelo clero.

A Inglaterra foi alvo de várias invasões, até que subiu ao trono Eduardo, cujo primeiro ato foi prestigiar a instituição. Sabemos também que o mesmo fez o conquistador Guilherme, como prova de que em todas as lutas contra a dominação estrangeira na Inglaterra, a Maçonaria não cruzou os braços. Esteve sempre no posto, em cumprimento de patriótico dever. Depois, a Instituição firmou-se na Escócia de onde se irradiou para todos os países em que sua ação libertadora se fazia mister.

A esse tempo se formava em Jerusalém uma sociedade denominada de Ordem do Templo ou Templários, como vulgarmente são conhecidos na História os seus membros. Fundada em 1118 (A.D.). A fé religiosa, tão ardente nessa época, chegando mesmo às raias do fanatismo, e a glória que esses cavaleiros adquiriam nos seus renhidos combates contra os muçulmanos, despertavam desmedidas ambições entre os jovens nobres da época, e as famílias mais insígnes disputavam entre si a honra de ter representantes em tão ilustre corporação.

Os Templários, cuja origem assim se explica, adotaram certas tradições que, evidentemente, se reproduziram na Maçonaria espalhadas em diversas partes da Europa, e com a qual conservaram vários outros pontos de contato. Seus ideais, em muitos aspectos assemelhavam- se aos dos Maçons.

Para a recepção de um templário, o que sempre ocorria à noite, exigia-se ativa vigilância e rigoroso julgamento. Os deveres religiosos dos templários eram revestidos de muita severidade, consistindo em assistir ao ofício divino pela manhã e à noite, fazer determinadas abstinências em quatro dias da semana, jejuar, adorar solenemente a cruz três vezes ao ano, ouvir missa, dar esmolas três vezes por semana e, finalmente, receber a comunhão três vezes por ano. Seu estandarte, branco e negro, tinha por legenda, as palavras da Bíblia: "Não a nós, Senhor, mas ao Teu Nome damos glória".

A Ordem tomou, em pouco tempo, extensão prodigiosa. Em 1292, tiveram de retirar-se da Terra Santa, perdendo finalmente a última batalha.

Jacques De Molay, que havia sucedido como Grão-Mestre, ao monge Gaudeni, foi chamado à França por Felipe, o Belo, em 1304, e lá se apresentou acompanhado de 60 cavaleiros templários. Foram todos encarcerados. Instituído processo, por ordem desse mesmo rei, foi ele conduzido com revoltante parcialidade, tomando a tortura o lugar da forma jurídica, quando pretendiam obter confissões comprometedoras. Muitos presos, vencidos pelo sofrimento sucumbiram. Jacques De Molay, ante a leitura da sentença que o condenava e a três outros chefes da Ordem, à reclusão perpétua, disse: É bem justo que em dia tão terrível e nos últimos momentos de minha vida, descubra eu toda a iniquidade da mentira e faça triunfar a verdade. Declaro, assim, em face do céu e da terra, e o confesso ainda que seja para a minha vergonha eterna, que cometi o maior crime ao declarar aquilo que convinha aos que mal imputam à nossa Ordem; mas atesto, e a verdade assim me obriga, que ela está inocente. Se fiz declarações contrárias, foi para suspender as dores excessivas das torturas e para predispor de outro modo os que nos faziam sofrer. Sei dos suplícios infligidos a todos os cavaleiros que têm tido a coragem de afirmar a verdade; mas o espantoso espetáculo que se me apresenta não é capaz de me fazer confirmar uma primeira mentira, com segunda; a tal condição, renuncio, de todo o meu coração, o direito à vida.

Em face dessa atitude do Grão-Mestre e dos seus companheiros, aumentou a cólera de Felipe, o Belo, tendo convocado um conselho, que durou apenas alguns minutos, imediatamente os condenou, inapelavelmente, a serem queimados vivos. Foi levantada a fogueira em uma ilha do Sena, suportando, as vítimas do rei, corajosamente, o suplício, com impressionante altivez.

Conta-se que Jacques De Molay, antes de exalar o último suspiro, aprazou o papa e o rei a comparecerem diante de Deus: o primeiro, para os próximos quarenta dias, e o rei Felipe, para antes de expirar o ano. Cumpriu-se o singular vaticínio, pois, relata-nos a História, o papa morreu 27 dias após e o rei tendo as vísceras rasgadas por um leão, pereceu em 22 de novembro daquele mesmo ano.
O monarca francês se apossou dos despojos dos templários, como o fizera antes com os dos judeus. Foi então que se deu a extinção da Ordem, embora aparente, porquanto o Grão-Mestre Jacques, antes de morrer, nomeara sucessor. Muitos remanescentes dos templários continuaram a sua obra, embora não abertamente.

Embora não tivessem as mesmas atividades anteriores, os sucessores de Jacques De Molay agiam mais filosoficamente, e a própria Maçonaria lhes deu todo o apoio. A História desses bravos cavaleiros nada mais foi que um capítulo da história filosófica da Maçonaria.



Do século 14 ao século 18 a Maçonaria foi-se espalhando por diversas regiões; Itália, Alemanha, Suíça, Rússia, Escócia, Inglaterra, França etc. Sua atuação sempre era em defesa das liberdades de pensamento e de consciência, razão por que jamais deixou de lutar contra o clero e governos despóticos.

Em 1725, simples artigo de jornal sobre a Maçonaria foi pretexto, em Amsterdã, para forte perseguição aos Obreiros da paz.

Tal publicação espantou os Estados Gerais da Holanda, e logo se proibiram as reuniões das Lojas por um édito formal do Governo. Mas isto não foi senão o prelúdio da grande luta soprada das trevas, vinda dos bastidores de Roma, cujos resíduos ainda hoje subsistem entre o clero romano e a instituição maçônica. A perseguição generalizou-se, ao mesmo tempo em que os Maçons, em Florença, reunidos, a despeito de um édito do grão-duque, eram perseguidos pelos padres, e feitos prisioneiros em nome de um inquisidor, enviado especialmente pelo papa.

Os rituais maçônicos são repletos de alegorias e símbolos, extraídos de variadas fontes de sabedorias antigas, que tomam forma como praticas ortodoxicas ou heterodoxicas.

A ORTODOXIA E A HETERODOXIA não aparecem apenas, por causa dos conteúdos das iconografias do Românico e do Gótico, no projeto dos templos, as formas e os volumes, sua construção e seus possíveis conteúdos. Surgem também como consequência das opiniões contrárias de historiadores e especialistas. Esses diferentes pontos de vista são obrigatórios em um trabalho cuja pretensão é oferecer, precisamente, visões distintas e inclusive opostas.. Para a maioria de acadêmicos, estudiosos da História da Arte e pesquisadores em geral, os conhecimentos que os grêmios medievais possuíam correspondiam simplesmente ao domínio de seus ofícios ou profissão e pouco mais. A simbologia e o possível esoterismo de rituais e cerimônias a eles atribuídos não são mais do que conjecturas, hipóteses sem fundamento ou inclusive fantasias que foram surgindo com o tempo, principalmente por causa dos autores Românicos e, sobretudo, da Franco-Maçonaria, que tem buscado neles argumentos para embasar sua antiguidade e autenticidade.

Na opinião do academicismo e da ortodoxia, os membros de tais irmandades foram, e até certo ponto ainda são, vítimas ou, se preferir, protagonistas de um mito romântico. Segundo essa linha de estudo, o termo medieval franco-maçom significa construtor ou pedreiro que trabalha com a chamada "pedra franca", ou seja, aquela que se podia talhar com facilidade e que não possuía falha alguma. Tal termo não apresentava relação alguma com a adaptação surgida séculos mais tarde de certas propriedades ou atributos "maçônicos" de determinados cerimoniais de uma suposta sociedade secreta.

Um dos germes que provocaram que tais grêmios se vissem rodeados por uma auréola de secretismo, de conhecimentos fora do comum que diziam procedentes de tempos remotos, surge em pleno Renascimento do século XV, quando se chegava a afirmar que o mestre construtor era, na realidade, um sábio que traçava seus planos segundo princípios e teorias reconhecidas, cujas bases eram transmitidas ao construtor, que era quem, na realidade, realizava o trabalho.

A verdade é que o mestre pedreiro estava na base da obra e colaborava com suas próprias mãos na realização da construção.

O desconhecimento dos primeiros tempos, por falta de documentos de suas vidas e dos trabalhos, tem gerado a ideia de que se tratava de seres anônimos e isso fazia parte do ideário de cada grêmio. Esse anonimato pode ser facilmente atribuído ao fato de que a maioria das obras precisava de uma década ou até mesmo de várias gerações para ser concluída e, por isso, dificilmente poderia ser a obra de um único mestre construtor. Apesar de tudo, os construtores medievais não eram pessoas anônimas.

Os mestres pedreiros aparecem em documentos dos séculos XII a XVI, e, apesar de às vezes serem desconexos, são variados e boa parte deles é procedente do fim da Idade Média. Precisamente, foram os próprios construtores que fizeram constar informação pessoal, contas de gastos, contratação de obreiros e uma gama de dados que nos permitiu conhecer ou no mínimo ter uma ideia bastante precisa de suas funções e posição social. Devemos ter em mente que a realização de uma catedral, por exemplo, precisava de uma administração complexa que durava muitos anos e devia contar também com um intrincado sistema técnico e criativo.

Se o universo do símbolo é extremamente complexo e precisa de um estudo mais aprofundado, logo comprovaremos como muitos dos signos, que tiveram um significado concreto desde o princípio, com o tempo perderam a sua essência, convertendo-se na atualidade em uma simples imagem decorativa, cujo significado se perdeu na lembrança e deixou de transmitir sua mensagem. Outros mudaram o sentido de sua interpretação e foram deturpados intencionalmente por causa de interesses de toda índole, principalmente religiosos. A inversão do significado dos símbolos vem sendo efetuada há muitos séculos. O estudioso ou um simples interessado no assunto pode encontrar um signo ou uma imagem com significados contrapostos como, por exemplo, uma das mais conhecidas e representadas, a do cavaleiro matando o dragão. O conceito generalizado do espectro é que simboliza as virtudes destruindo as paixões e os pecados do homem. Essa é a ideia que tem a imensa maioria dos mortais. No entanto, existem pequenos grupos esotéricos, ocultistas ou iniciáticos que consideram que as verdades sempre são falseadas sem importar a cor de quem ostenta o poder.

Para tais grupos, essas representações são as da intolerância, do pensamento único e de todos aqueles que não permitem a existência do livre pensador. Para eles, como muitas outras imagens, a do cavaleiro matando o dragão é a expressão viva do poder estabelecido que não permite que o conhecimento e a sabedoria alcancem os seres humanos para lhes mostrar o caminho capaz de transformá-los em seres livres.

O cavaleiro de armadura reluzente, cujos reflexos são a imagem da luz, do celestial ou do divino, põe fim à matéria que se arrasta no mundano com seus desejos, paixões e pecados. Se invertermos tal interpretação, veremos que tal cavaleiro não é outra coisa senão o poder do sistema, disfarçado com o traje de luz, como de hábito, convertendo-se em farol e guia, indicando o caminho que o homem deve seguir para que cumpra seus desejos de controle, fazendo com que desapareça na mais completa ignorância. Assim como a serpente ou o dragão, fontes e símbolos de conhecimento são destruídos. Na realidade, trata-se de uma imagem contrainiciática. Alguém disse há séculos: "A verdade os fará livres", e isso é algo muito claro para o poder estabelecido.

Este parágrafo foi simplesmente uma pequena amostra da extraordinária complexidade do universo do símbolo e de suas múltiplas interpretações. Entretanto, o mais interessante disso tudo é que tal multiplicidade de significados apresenta uma coerência suficiente para ser válida em todos os casos. Os mestres construtores deixaram em sua iconografia suficientes elementos simbólicos para que se possam efetuar análises, deduções e interpretações de todos os tipos. Sua riqueza, variedade e expressividade se apresentam de tal forma que poderíamos passar longos anos em sua observação e conseguiríamos apenas, caso a sorte estivesse do nosso lado, desentranhar e compreender uma mínima parte.

Considerando essa ortodoxia e heterodoxia das imagens dos templos, poderemos comprovar, se nossa observação for meticulosa, que existem algumas que gesticulam, possuem movimento e parecem estar transmitindo algo concreto. Uma figura com um livro aberto entre as mãos pode aparecer mais adiante em nossa jornada com o livro fechado. A ortodoxia irá nos propor que o significado se trata de uma insigne personagem local, um santo ou inclusive a figura de um monge lendo os Evangelhos. No entanto, a heterodoxia intuirá que tal personagem está "lendo" o Livro da Vida, o conteúdo das imagens representadas e, assim que aprender a lição ou a mensagem, fechará o livro, sinal de que o conhecimento que tal iconografia continha já foi adquirido e a importância da mensagem exige que seu receptor respeite seu teor secreto.

Essa figura com o livro nas mãos às vezes é substituída por dois rostos, como pode ser observado no friso do portal de Santa Maria de Narzana, no Principado de Astúrias. Um deles se apresenta com os olhos abertos, o outro com os olhos fechados. Ambos os rostos aparecem no início e no final de uma série iconográfica. Se efetuamos sua "leitura" a partir do rosto com os olhos abertos, estará nos indicando que devemos seguir um a um os signos representados até chegar finalmente no rosto daquele que os mantém fechados. Isso significa que nossa chegada deverá ser feita com nossos olhos bem abertos, para que possamos assimilar a mensagem que, uma vez aprendida, será pessoal e intransferível e deverá ser interiorizada, ação representada pelo rosto com os olhos fechados.

Em contrapartida, se nossa observação é feita no sentido contrário, os rostos nos oferecerão outro significado. Teremos chegado ignorantes, com os olhos fechados a outras realidades. Depois de sua "leitura" e de sua compreensão, não permaneceremos mais cegos, tendo em vista que, a partir daquele instante, estaremos em posse de algumas verdades que nos abrirão os olhos para sempre.

O estilo Românico é provavelmente o que possui maior riqueza iconográfica animal. No capítulo correspondente, tentaremos penetrar em seu mundo interessante e no de seus significados. Embora as figuras zoomorfas também não consigam escapar dessa ortodoxia e heterodoxia. A visão de uma ave se lançando sobre sua presa, para citar um exemplo, é aparentemente uma cena de falcoaria, uma sequência de caça ou simplesmente uma cena de sobrevivência. No entanto, mais além existe um significado oculto e, em consequência, um ensinamento. O espírito celestial e volátil (a ave) captura a presa (a matéria) para poder se manifestar e dar-lhe vida. Como vemos, de novo, ambos os conceitos têm validade, segundo o estado de consciência e nível de compreensão do observador.

A compreensão dos símbolos é feita por uma leitura interior, pessoal e profunda da realidade como resultado da identificação entre o sujeito que conhece e o objeto reconhecido. O símbolo e sua mensagem têm sua razão de ser no instante em que o indivíduo se relaciona com este e se torna, por assim dizer, o centro desse universo de chaves, conceitos e conhecimentos. Há seres que recebem impressões e emoções diante de determinadas imagens e outros que, diante delas, permanecem indiferentes. Cada qual percebe de acordo com a sua Natureza, seu estado emocional e seus níveis de consciência. Alguns enxergam apenas o aparente, outros olham e veem que nada é o que parece. Esse é o poder do símbolo, em que a ortodoxia e a heterodoxia andam de mãos dadas, e tudo ocorre segundo o cristal através do qual se olha. Dessa forma, a maçonaria utilizando de simbologia das mais diversas, ora compreensíveis, ora contraditórias, tem difundido ao longo dos tempos, a ideia de complexidade da mente humana e também a necessidade da sua compreensão para manter o convívio pacifico entre os homens.

Um dos conceitos que predominam, principalmente entre os maçons jovens é de que a noção de Maçonaria como uma "sociedade secreta" já está inadequada. A Maçonaria não pode ser para sempre associada à síndrome da sociedade secreta. Ela não é uma sociedade secreta, ainda que em caso de perseguição tenha tendido a ser discreta. Mas, uma sociedade saudável promoverá maior abertura e compreensão para todos. Não é salutar a Maçonaria se esconder, pois entendemos que não existem mais segredos do ofício a defender.

Ser um maçom na sociedade pluralista de hoje é muito diferente da que em relação ao início do século XVIII, quando a Maçonaria foi organizada pela primeira vez. A Maçonaria nos dias atuais deveria estar se movendo, a fim de demonstrar seu verdadeiro papel e relevância na sociedade contemporânea, dissipando mitos, desafiar equívocos comuns e demonstrar sua verdadeira abertura, demonstrando os aspectos da transição já em andamento.

Há uma necessidade atemporal e universal de as pessoas estabelecerem um sentido de grupamentos afins, isto é, sentirem-se enraizadas em uma comunidade de outros. Na hierarquia influente de Abraham Maslow das necessidades humanas, nossas exigências de contato social vêm depois somente das necessidades fisiológicas (ar, alimento, água e sono) e de segurança. Sem o vínculo social, de acordo com seu modelo, um sentimento de estima pessoal e o que ele chama de "auto realização" – atingir nosso pleno potencial – são impossíveis. Desde o tempo do estudo de Maslow, pertencer a um grupo e a centralidade que isso desempenha em nossas vidas representa uma grande parte da psicologia social. Roy Baumeister e Mark Leary, por exemplo, destacam que "A necessidade de pertença social, de nos vermos como socialmente conectados é uma motivação básica do ser humano." Eles continuam observando que "um senso de conectividade social prevê resultados favoráveis... a percepção da disponibilidade de apoio social melhora a saúde física e mental." Gregory Walton e Geoffrey Cohen assumem uma linha semelhante, examinando as maneiras em que um forte senso de identidade de grupo melhora o desempenho e o bem-estar em uma variedade de contextos. Muitos outros neste campo têm discorrido com mais detalhes sobre as maneiras em que os laços sociais são estabelecidos e as consequências negativas que surgem da alienação social ou simples solidão. A conclusão é de que "O homem é um animal social" embora pareça soar um tanto banal, mas é a verdade.

Como muitos outros aspectos fundamentais da condição humana, é provável que a nossa necessidade de afiliação social esteja implantada em nossos cérebros – não temos de aprender a partir do zero a buscar um sentido de pertença, nós o fazemos naturalmente. Conforme Mary Ainsworth e muitos outros pesquisadores destacam, essa propensão inata para o estabelecimento de laços sociais teve benefícios distintos para a sobrevivência e reprodução, por exemplo, a partilha de alimentos, parceiros em potencial, ajuda e cuidado com a prole, proteção contra rivais e uma maior eficácia na caça.

Na Maçonaria o potencial para forte filiação e amizades duradouras é uma das principais atrações que todos os maçons identificam. Tal vínculo, contudo, é uma questão totalmente masculina, encapsulada no conceito de amor fraternal. Na sociedade contemporânea, onde instituições de gênero único desapareceram amplamente, o fato de que a adesão à loja é restrita a homens, e que aqueles vínculos maçônicos têm a ver somente com "irmãos", pode parecer anacrônico. "Vínculo masculino", no entanto, tem suas raízes em um período anterior da evolução humana, ou seja o período Paleolítico Superior ou Idade da Pedra Tardia, cerca de quarenta mil a cem mil anos atrás.

A Idade da Pedra Tardia foi a era das tribos de caçadores-coletores e durante este período a maior parte dos processos formativos que moldaram as formas em que nossos cérebros evoluíram e nossos comportamentos consequentes eram evidentes. Este período, anterior ao desenvolvimento da agricultura, é muitas vezes referido como aquele de "comportamento moderno", pois vemos nele provas para o desenvolvimento de padrões de comportamento que são surpreendentemente semelhantes aos de hoje. Podemos pensar que somos agora muito diferentes do que éramos quando sobrevivíamos e prosperávamos através de caça e coleta, mas, na verdade, evoluímos muito pouco como uma espécie desde aqueles tempos. O papel das mulheres (principalmente), como coletores de frutas silvestres, nozes, etc., e dos homens (principalmente) como caçadores de proteína animal, lançou as bases para a separação de papel dos gêneros que ainda molda nossas vidas. Os homens tornaram-se caçadores por causa de sua (pequena) vantagem fisiológica sobre as mulheres em termos de força física e velocidade de corrida. Através da seleção natural, essas diferenças foram reforçadas e refletidas nas formas em que as comunidades Idade da Pedra Tardia se organizaram. É este legado de longa data de vínculo masculino, argumentam Tiger e outros, que sobrevive em tempos modernos, de várias formas.

Isso não quer dizer que vínculos entre mulheres eram e são menos fortes. Fraternidades masculinas são espelhadas por irmandades femininas de todos os tipos – desde o Instituto das Mulheres até redes sociais femininas menos formais.

Existe um consenso generalizado de que existe uma forte necessidade de pertencer a algum lugar ou pessoas definíveis. Para alguns, um sentido de identidade era motivado, sobretudo pelo sentimento de pertença à família, enquanto que para outros, e a maioria, eram suas redes sociais de amigos que eram mais dominantes neste contexto. O conceito de amigos fundamentais é aquele com o qual muitos de nós estamos familiarizados, e que certamente fez coro com muitos dos maçons com quem falamos. Amigos íntimos, ao que parece, são aquelas relações especiais que são seguras o suficiente para não exigir contato diário. Eles são construídos sobre uma base de experiências comuns, valores compartilhados e circunstâncias. Encontrar-se com amigos íntimos foi descrito por membros dos grupos focais como semelhante a "voltar para casa".

Mas, quando vemos atentamente o desenvolvimento do ritual maçônico, principalmente quanto a interpretação dos símbolos e alegorias, vemos a dualidade presente constantemente, no sentido de demonstração de paradoxos constantes na vida humana.

Temos que compreender que a essência do ser humano enquanto no convívio em loja, se resume em energia, que pode ser individual ou coletivo na forma de egregora maçônica.

Tudo o que sabíamos, ou pensávamos que sabíamos sobre a natureza da matéria e energia no final do século XIX acabou sendo contestado. Descobriu-se que a mecânica newtoniana era inadequada para a compreensão de muitos fenômenos físicos, particularmente os fenômenos da radiação de corpo negro, efeito fotoelétrico e espectros de linha óptica.

Esses fenômenos foram investigados pelos Srs. Max Planck, Albert Einstein e Niels Bohr, respectivamente e levaram ao desenvolvimento do modelo orbital do átomo de Bohr. Enquanto o modelo de Bohr explicasse com sucesso os três fenômenos físicos principais que não eram anteriormente explicáveis pelas equações clássicas de Newton, permaneceram ainda outros fenômenos que iludiram o conhecimento científico. Daí, o referido trabalho de Heisenberg e Schroedinger, que resultou em uma versão totalmente nova e muito melhor do que hoje chamamos mecânica quântica.

Uma mudança tão surpreendente em nossa compreensão científica do universo ocorreu muitas vezes antes, conforme demonstrado pelo trabalho de Galileu Galilei. A humanidade resistiu a verdade então, e provavelmente sempre será lenta ao reconhecer qualquer verdade que contradiga a convenção.

A teoria quântica indica que fótons são, simultaneamente, onda e partícula; que Quanta simultaneamente existe em todos os estados possíveis do ser e se resolvem em um único estado físico apenas diante da observação, medição ou interação. Qualquer tentativa de visualizar Quanta em uma maneira significativa torna-se nublado pelo paradoxo de seu comportamento desconcertante. Por exemplo, no experimento de dupla fenda, os físicos descobriram que se eles colocassem um fóton (bit quântico) detector em uma fenda, eles obtinham uma medição. No entanto, se eles, em seguida, inserissem um outro detector na segunda fenda, nenhuma medição aparecia. Se eles, em seguida, alterassem a configuração para medir primeiro a segunda fenda, eles não obtinham qualquer medição na primeira fenda. A experiência de "grande universo" isso não faz muito sentido; no entanto no universo quântico, isto é o que de fato acontece.

Teóricos quânticos nos dizem que uma vez que dois Quanta tornam-se "emaranhados" (conectados) eles permanecem ligados independentemente de quão distantes estejam. Por exemplo, suponhamos que temos dois bits quânticos emaranhados, e colocamos um no polo norte da terra e outro no polo do Sul da terra. Se medirmos o comportamento do bit no Polo Norte, o bit no Polo Sul torna-se imensurável e vice versa. Para a humanidade o conhecimento que estamos ganhando do fenômeno quântico terá enorme impacto sobre nosso entendimento de coisas tais como a forma como o cérebro funciona, como a vida pode ter evoluído na terra, e até mesmo a criação do universo.

A teoria quântica também fornece percepção surpreendente sobre o colapso de Quanta em matéria e energia. Por colapso entende-se à transformação de Quanta de uma condição de infinitos estados possíveis do ser em um estado específico entre todas essas possibilidades, e que é desencadeado por interação. Uma vez que os Quanta são convertidos de uma situação de potencial em um estado de ser físico por interação, que realiza a interação? É o GADU, ou é o homem? Se é o homem, como essa interação ocorre? Através de oração consciente? Através de ritual? Talvez o papel histórico de cientistas como líderes na Maçonaria e a importância da ciência para a Maçonaria reflita uma compreensão da relação estreita entre os reinos físico e quântico. Curiosamente, artigos discutindo a teoria quântica tais como a previsibilidade de Heisenberg em eventos quânticos e o princípio complementaridade de Bohr começaram a aparecer em revistas maçônicas já em 1988. Embora nem todos os paradoxos possam ser atribuídos aos fenômenos quânticos, pode-se facilmente argumentar que muito do paradoxo no mundo físico e no mundo espiritual realmente pode ter uma conexão quântica.

O Irmão Victor Popow na oficina Maçônica de Primavera de 2003 na Loja The Delta em Kananaskas, Alberta, apresentou uma interessante paráfrase de um antigo paradoxo:

"Só uma coisa é certa – que nada é certo; se esta afirmação é verdadeira, ela também é falsa". A humanidade compreendeu a muito tempo o paradoxo e alguns fenômenos de nível quânticos e incorporou extensivamente essa compreensão em sua literatura, arte, religiões e tradições culturais. Na literatura, "A tempestade" de Shakespeare representa o paradoxo que existe entre natureza e a sociedade no caráter de Caliban. O infeliz Caliban, metade homem e metade peixe realmente é nenhum dos dois e ainda assim é ambos; uma aparente impossibilidade.

O Irmão Robert Louis Stevenson em seu romance ―Doutor Jekyll e Mr. Hyde‖ retrata a natureza paradoxal da humanidade através de sua personagem principal, que manifesta tanto a personalidade do bem quanto do mal. Na verdade, a existência do bem e do mal no mundo é um dos temas mais comuns na literatura e da arte em geral. Na ópera maçônica, ―A flauta de mágica‖, Papageno acompanha Tamino na câmara de reflexão e é colocado lá para ser testado. Papageno falha nestes testes miseravelmente, mas apesar disso é surpreendentemente recompensado numa prova de um paradoxo óbvio.

Ao longo da história da religião, existem deidades em uma infinidade de culturas a quem se atribui a qualidade paradoxal de ser deus e homem – perfeitamente divino e ao mesmo tempo perfeitamente humano. Exemplos que vêm à mente incluem Osíris, Mitra e, naturalmente, Cristo. Na cultura judaico-cristã, o caráter paradoxal está presente sob a forma do temível Deus do Antigo Testamento, que se torna o amantíssimo, complacente Deus no Novo Testamento. Pode-se ate mesmo alegar que paradoxo expresso nos diferentes VLS da humanidade servem como mecanismos propositais para a percepção teológica (e infelizmente para conflito teológico).

O filósofo Zenão de Eleia (c. 490 a.C.) é identificado em Parmênides de Platão como tendo listado 40 "paradoxos da pluralidade" para mostrar que o pluralismo ontológico (uma crença em múltiplas existências, em vez de uma única existência) leva a conclusões ilógicas. Aristóteles atribui dois paradoxos adicionais a Zenão e contribuiu, ele mesmo, com muitos outros para a listagem original de  40. 

Teofrasto, sucessor de Aristóteles, escreveu três rolos de papiro, sobre o paradoxo do mentiroso, e o filósofo estoico Chrysippus escreveu seis. Há referências ainda mais antigas do reconhecimento do paradoxo pela humanidade. Pitágoras (c. 1788 a.C.) encontrou o paradoxo durante sua busca pelo denominador comum.

O paradoxo, então, é uma condição bastante reconhecida e algo com que a humanidade, tanto antiga quanto moderna, dedicou mais do que pouco de tempo lutando.

Enquanto maçons, a própria história e a natureza da loja são paradoxais. Afinal somos uma ciência especulativa, fundada sobre arte operativa; nós exibimos tanto um aspecto esotérico embora nossos ritos, sinais e símbolos e um aspecto exotérico através de nossos projetos comunitários. Também é um pouco paradoxal que a Maçonaria, com sua abundância de ritual místico e alegórico florescesse no período do Iluminismo quando a razão era a força dominante na ciência e na sociedade. A natureza paradoxal da Maçonaria no que se refere à tradição Hermética tem sido uma fonte de interesse de autores e pesquisadores maçônicos. Os Srs. Albert Gallatin Mackey, H. L. Haywood em sua Enciclopédia de Maçonaria destacam que a Maçonaria representa um paradoxo como uma ordem de origem ortodoxa, mas que foi obrigada a se reunir em segredo, com meios encobertos de identificação e portas vigiadas, ou como afirmou o Ir. ́. Tom Driver, autor de "Ritos Libertadores"..."O Ritual está em contradição com a sociedade, enquanto ao mesmo tempo é uma parte dela."

Exemplos de nossa familiaridade com o conceito de paradoxo quântico proliferam no ritual maçônico e especialmente no simbolismo do Craft. Um exemplo encontra-se em nosso ritual de iniciação de loja azul, em que o candidato é questionado sobre seu calçado e vestuário durante sua iniciação. O leitor recordará sem dúvida que a resposta esperada é paradoxal, embora perfeitamente verdadeira. A repetição desse paradoxo (com modificação apropriada) durante todos os três graus deve alertar o candidato sobre a presença do paradoxo em nossa alegoria e simbolismo e ainda mais alerta-lo para uma verdade subjacente encontrada (escondido) no paradoxo à medida que o ritual e as palestras subsequentes evoluem.

Em seu comentário sobre uma pintura de Alessandro Botticelli mostrando os dois Santos João juntos, o Ir.´. Stuart Gregory salienta que no simbolismo maçônico (i. e. O Ponto dentro de um círculo) experimentamos o paradoxo em nossa perspectiva destes dois santos padroeiros maçônicos.

"Do ponto de vista maçônico nos é dado o dualismo equilibrado de João Batista em um lado e João Evangelista do outro. Representados juntos, desta forma eles representam o equilíbrio da fé apaixonada com um conhecimento esclarecido de fé. Fortes individualmente, juntos eles significam um foco controlado em zelo e o conhecimento."

"Um exemplo extremamente pertinente de uma conexão entre fenômenos quânticos e simbolismo maçônico pode ser encontrado nos dois pilares (J B) significando a dualidade ou polaridade como duas forças em toda a criação. Mais paradoxo é encontrado representado pela Águia de duas cabeças no Rito Escocês para o que se afirma:

"Em geral, seu significado simbólico no Rito Escocês é o da dualidade contida em, ou resolvida na unidade. Assim, entre muitas outras coisas, ela nos lembra que o homem, sendo apenas um ser, é composto de corpo e espírito; que ele é ao mesmo tempo temporário e eterno; que tanto o bem quanto o mal existem no mundo e que devemos sempre fomentar o bem enquanto nos opomos ao mal. Ela também nos lembra que o conhecimento vem do estudo e do conhecimento; que temos obrigações tanto para nós mesmos e quanto para os outros, e que tanto a fé quanto a razão são necessárias."

O que nos diz a presença do paradoxo em nosso ritual e simbolismo? Acredita-se que uma resposta a esta pergunta é que ela nos comunica a complexidade do universo em que a humanidade existe, um universo que está além da capacidade de nossos sentidos e nossas mentes de perceber ou compreender diretamente em termos "racionais". Por "racional", quero dizer em termos de nossa experiência adquirida pela observação direta em nosso próprio mundo limitado. O paradoxo presente no simbolismo e ritual do Craft é proposital e se destina a ser instrucional em um nível além da racionalidade, e para nos ensinar que a nossa incapacidade de racionalizar o paradoxo não significa que paradoxo não represente a verdade. Em última análise, aceitação do paradoxo como verdade é necessária para e talvez seja essência da fé.

O FUTURO DA MAÇONARIA
Vimos que a Maçonaria tem, em sua raiz, os preceitos morais e modos de conduta que estão longe de estar em desacordo com a sociedade em geral. Poucos questionariam a ênfase da organização na comunhão, filiação e o desejo dos maçons individuais de ser "as melhores pessoas que puderem ser" – um desejo que muitas vezes se manifesta através do trabalho voluntário que muitos empreendem, apoiando os membros menos favorecidos de suas comunidades.

Interações sociais de rotina, a forma como abordamos as pessoas, a maneira pela qual expressamos deferência e conduta e apresentamos as nossas personagens são, em todas as sociedades humanas, altamente ritualizadas.

Os rituais maçônicos são, talvez, mais elaborados do que experimentamos na vida social e familiar cotidiana. Eles assumem a forma de peças teatrais de um só ato – cada um dos quais se refere alegoricamente a preceitos morais e formas de comportamento em relação aos outros. Eles são, num sentido muito real, parecidos com parábolas – histórias amplamente fictícias que destacam questões importantes, tais como a necessidade de perdão ou de usar o dinheiro sabiamente.

Questiona se então, o futuro da Maçonaria, e o que mais ela poderia fazer para finalmente eliminar os mitos que têm persistido por tanto tempo, e garantir que a sua relevância na sociedade contemporânea seja mais facilmente reconhecida e entendida. Algumas respostas a essas indagações surgiram após alguns questionamentos a maçons.

Uma área de consenso ficou evidente que destacou um novo capítulo de abertura e transparência que estava sendo defendido nos níveis mais altos da organização. Houve uma forte evidência de que este espírito de abertura estava se filtrando até os maçons "̳comuns" por todo o país, que estão cada vez mais felizes em declarar sua adesão quando sentem que fazer isso é relevante. Ressaltaram que estavam igualmente motivados para introduzir as comunidades locais em suas lojas e desempenhar um papel mais amplo em seus bairros.

A Maçonaria precisa se abrir para a comunidade, ser mais transparente sobre as razões de nossa existência. Precisamos aceitar que existem certas coisas que alguns podem considerar peculiares ou diferentes sobre os maçons. A chave é conscientizar as pessoas de que trazemos o bem para a sociedade, precisamos destacar as coisas que estão acontecendo na Maçonaria hoje, e todas as coisas boas que fazemos para a sociedade e toda a ajuda que oferecemos às comunidades locais. Tais sentimentos foram enfatizados por vários maçons, mas com reservas sobre uma mudança excessiva e rápida demais.

Este comentário foi muito típico:

“Acho que devemos ser um pouco mais abertos e tentar levar as pessoas a entender o que fazemos e, talvez, incentivar alguns a ingressar. Há algumas pessoas boas lá fora... alguns deles dariam bons e alegres maçons. Isso é algo que eu acho que poderíamos visar no futuro. Fora isso, estou razoavelmente feliz com do jeito que está.”

Houve alguma preocupação com a perda de carácter distintivo da Maçonaria à medida que a organização se "moderniza" e, em particular, a necessidade de preservar os seus rituais e tradições únicos: isso dá uma sensação de eternidade a ela. É algo que é um pouco mais substancial do que algumas das modas e modismos que você vê por aí.

Um dos pontos fortes da Maçonaria é a manutenção de suas tradições e o fato de que isso não muda rápido demais.

Este fato proporcionou alguns tipos de respostas;

"Fiquei encantado com a [nome da loja], sua história e seu ritual. Ela tem uma história extremamente rica."

"Eu não gostaria de mudar o ritual".

"Eu acho que há mérito definitivo em reter alguma da mística."

Houve um consenso igualmente forte em relação à retenção dos princípios fundamentais da Maçonaria, a fim de preservar o seu carácter distintivo:

À medida que consideramos o futuro mais amplo da Maçonaria, talvez seja útil dar uma olhada de volta ao início do século XVIII, quando principiava era a Idade da Razão – uma época em que as superstições da Idade Média estavam sendo substituídas por formas mais racionais de discussão e debate e consideração dos dogmas religiosos. Foi também um momento de rápido progresso nas ciências naturais. O campo da astrologia, por exemplo, foi sendo gradualmente substituído pelo da astronomia – uma abordagem genuinamente científica para entender o funcionamento do cosmos que ia muito além dos dogmas religiosos e seculares. Isaac Newton, considerado por muitos como um maçom, ainda estava vivo e seu influente Principia Mathematica estava em grande circulação. O novo espírito de investigação científica em breve seria evidente nos trabalhos de importantes estudiosos como Henry Cavendish e Michael Faraday. Movimentos similares se afastando do "̳pensamento da velha escola" eram evidentes na filosofia que se tornou quase um sinônimo de pensamento "científico"‖ na época do Iluminismo em meados do século XVIII. Central para esta escola eram as noções de liberdade, democracia e, acima de tudo, razão que se mantinham como desafios às interpretações literais da bíblia e noções como o "direito divino dos reis". Noções de verdadeira moralidade estavam agora, talvez pela primeira vez, abertas ao debate genuíno.

Hoje, é claro, tomamos como certeza a ciência e o racionalismo em uma nova era de inovação tecnológica e desenvolvimento sem precedentes. No século XVIII, entretanto, a turbulência que acompanhou a nova ordem, após a Guerra Civil Inglesa de meados do século XVII, e num momento em que o Reino Unido tinha apenas uma década de idade, era sentido mais fortemente. A Maçonaria "moderna" em que os  '̳Antigos‘ que haviam inicialmente rejeitado sua autoridade iriam logo ser integrados, oferecendo o que alguns historiadores veem como um "refúgio seguro" para os livre pensadores.

O historiador chileno e israelense da Maçonaria Leon Zeldis diz:

"A loja maçônica era um refúgio de paz e tranquilidade em um momento de incerteza política, quando a memória da guerra religiosa estava fresca na memória de todos os homens, quando as primeiras descobertas e invenções estavam transformando a economia e abrindo novas perspectivas de progresso, quando a esperança de que a racionalidade e o humanismo baniriam do coração dos homens os males do fanatismo e da intolerância.”

Esses sentimentos têm clara – e talvez até maior – ressonância nos dias de hoje. Infelizmente, exemplos de "fanatismo e intolerância" estão à nossa volta, na forma de atos extremistas e sectários de violência em todo o mundo, destacados com muita frequência pelos meios de comunicação internacionais. Eventos também em grande parte no Oriente Médio nos lembram diariamente da fragilidade das ordens políticas baseadas em dogma e elitismo, ao invés de noções de democracia, liberdade e razão. Transformações em nossa própria ordem econômica – algumas positivas, outras bastante desastrosas – são ainda mais diretamente sentidas. Tudo isso pode nos levar de volta ao papel e a relevância da Maçonaria no contexto moderno.

A alegria da Maçonaria é que os membros vêm de todas as raças, religiões e todos os níveis socioeconômicos da sociedade. Assim, na verdade você ter um mix completo de pessoas sentadas lado a lado em harmonia e igualdade. O nível de conflito hoje em um mundo em rápida mutação está claro, e só podemos esperar que a crise atual leve a uma nova ordem mundial, mais estável e mais pacífica.

Tais sentimentos soam bem com os do Centro Roosevelt para o estudo da Sociedade Civil e Maçonaria nos Estados Unidos:

"Na ausência de nobres objetivos públicos, líderes respeitados, e a competição respeitosa de ideias, existe a preocupação de uma sociedade civil em rápida erosão ou pelo menos uma sociedade civil e esfera pública em mutação que precisam ser mais bem compreendidas‖. Olhando para o passado como um guia útil para explicar o presente, o Centro destaque que:

"A Maçonaria estava lá, nas origens da moderna sociedade civil, muitas vezes como a única organização onde poderia haver discussão livre, sem medo de censura e controle autoritário‖. O Centro Roosevelt vai mais longe, sugerindo que a Maçonaria pode ser uma força para o bem no contexto do desenvolvimento social, insistindo que ela pode ajudar a conduzir a discussão e o debate -, bem como escutar – com a participação de tantas outras ao redor do mundo. E prossegue, para concluir:

"A preocupação tradicional da Maçonaria com a filosofia comparativa e o pensamento, a tolerância de outras pessoas, filantropia e boa vontade, têm uma contribuição a dar no que se tornou um diálogo global, da mesma forma em que deu importantes contribuições no século XVIII. Ao mesmo tempo, a Maçonaria tem muito a aprender em envolver mais a sociedade civil como o fez tão bem na época do Iluminismo, aproveitando e fazendo avançar ideias sobre a cultura impressa e o fluxo livre e aberto de informações".

O contínuo compromisso da organização com a abertura e a transparência, uma área em que há evidências de progressos significativos, é tão fundamental para a sua contínua relevância e valor no século XXI como o era no século XVIII.

É, naturalmente, possível que se tornar um maçom aumente a conscientização das pessoas em necessidade e incentive um papel mais ativo na comunidade, como muitos maçons relataram. Em nível coletivo e não individual, a Maçonaria dá contribuições muito consideráveis para a beneficência, com os maçons salientando que todo o dinheiro arrecadado vem diretamente de seus próprios bolsos, ao invés de coletas de rua ou qualquer outro tipo de captação de recursos externos. Do dinheiro arrecadado pela Grande Beneficência dos Maçons, cerca de metade é doada para causas não maçônicas, em nível local, nacional e internacional. A relevância e o impacto de tal atividade beneficente contínua precisam ser visto no contexto da iniciativa ―Big Society‖ atual que está sendo tentada pelo governo de coalizão. Independentemente de posição política aqui, é claro que isso resultará em uma diminuição da contribuição do Estado em muitas áreas da vida das pessoas, e um foco correspondente crescente na prestação de serviços por organizações do terceiro setor e através de os cidadãos serem obrigados a prestar assistência uns aos outros.

Essa transformação já está sendo sentida. O senso de "dever" de um indivíduo ou vontade de doar tempo ou dinheiro para ajudar as pessoas menos favorecidas não é, contudo, algo que pode ter aplicada a engenharia social ou ser conseguido através da manipulação política ou legislação. É algo que emerge naturalmente através de fortes laços sociais ou familiares com pessoas de mentalidade afim que compartilham códigos morais comuns. É neste sentido que a Maçonaria e as suas raízes históricas na benevolência humanista e a rejeição da intolerância, sem dúvida a tornam mais relevante hoje, em tempos de incertezas econômicas e sociais, do que jamais foi.

O que atrai os maçons para a Maçonaria varia enormemente, como vimos anteriormente neste relatório. Alguns são atraídos pelas amizades que eles fazem e o sentimento de pertencimento que ela infunde; outros pelo !empurrãozinho! que a Maçonaria oferece para viver uma vida mais altruísta. 

Outros, ainda, serão atraídos pelos rituais da maçonaria.

Muito parecido com os próprios rituais, no entanto, a Maçonaria pode merecer um olhar mais atento para se compreender e aprecia-la mais plenamente, e sua relevância e papel atual.

Se a Maçonaria é capaz de concluir com sucesso a sua  ̳'revolução silenciosa‘, enquanto ao mesmo tempo garante que suas características centrais sejam mantidas para preservar o "espírito" verdadeiro da Maçonaria, então o seu futuro pode muito bem ser assegurado.

REFERENCIAS
1. Ivan Domingues; A filosofia no 3º milênio: o problema do niilismo absoluto e do sujeito- demiurgo; I N T E R A Ç Õ E S; Vol. 5 — Nº 9 — pp. 27-48, JAN/JUN 2000
2. Escolas Iniciáticas; http://www.espiritualismo.info/contato.html, acesso 2013
3. Maçonaria e judaísmo; http://pt.wikipedia.org/wiki/Ma%C3%A7onaria; acesso 2013
4. J. Filardo; O Futuro da Maçonaria na Inglaterra; The Social Issues Research Centre; 2012
(tradução)
5. Xavier Musquera; as chaves e simbologia na Maçonaria – ocultismo medieval- os segredos
dos mestres construtores; Ed. Masdras, 2010, São Paulo, pp 33
6. J. Filardo; O Paradoxo em Ciência, Vida e Maçonaria; William Steve Burkle KT, 32° Scioto
Lodge n o 6, Chillicothe, Ohio; http://bibliot3ca.wordpress.com/o-paradoxo-em-ciencia-vida-
e-maconaria/
7. Jorge Buarque Lira; As Vigas Mestras da Maçonaria; Ed. Trolha, 4a edição, 2012, Londrina,
pp 47-57
8. Rosa Cruz; http://pt.wikipedia.org/wiki/Rosa-Cruz_(desambigua%C3%A7%C3%A3o);
acesso 2013
9. Xavier Pasquini; Secularismo, uma bandeira da Maçonaria Tradução José Antonio de Souza
Filardo; (edição original: Novembro de 2001); http://bibliot3ca.wordpress.com/secularismo- laicidade-laicismo-uma-bandeira-da-maconaria/; acesso 2013

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Trabalho do Ir.’. Paulo Tomimatsu apresentado no SEMAC/2013 Seminário Maçônico de Aprendizes e Companheiros realizado dia 19 de outubro de 2013 na Loja Regeneração 3ª em Londrina (Todos os trabalhos apresentados naquele Seminário, estão sendo divulgados no JB News)

Fonte: JBNews – Informativo nr. 1.156

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