Páginas

domingo, 16 de outubro de 2016

A AMPULHETA

A AMPULHETA
Ruy Luiz Ramires

A ampulheta é um dos símbolos colocados no recinto da Câmara de Reflexões que, de início parece destoar com os emblemas ali existentes.

Ampulheta, essa designação vem da palavra latina, "ampulla", que foi, na antiguidade, o relógio que marcava um determinado período de tempo na duração do deslizar da areia. Era o símbolo-mor da Ordem dos Trapistas.

(Trapista é um "apelido" da "Ordem Cisterciense da Estrita Observância" - existem também os monges da Ordem Cisterciense da Comum Observância. Este apelido nasceu justamente do fato de que seu primeiro mosteiro foi a Abadia de La Trappe, conforme mencionado. Não tem nada a ver com "trapos" ou que os monges seriam "esfarrapados", confusão muito comum, um "mito" acerca dos trapistas).

Houve ampulhetas marcadoras do tempo, desde um minuto até noventa. As escolas a adotavam para determinar os horários de aulas, o tempo de provas, a duração de interrogatórios, etc.

Portanto, a ampulheta tornou-se num símbolo que representava o tempo medido para múltiplas realizações. Os trapistas a tomaram por emblema, porque professavam o voto de solidão e mutismo, no intuito de se identificarem com os mínimos interstícios do tempo, consagrando-a, inteiramente, a aplicação do espírito na compreensão das cousas divinizadas.

O desequilíbrio de um espírito no seu roteiro pode se revelar quando menos se espera, com facilidade extraordinária. Basta que a mente se neutralize nos propósitos da perseverança, nas disposições de constância e tenacidade da firmeza do querer. Isso virá acarretar-lhe obstáculos repetidos na sua vida normal, verdadeiros tabiques que ocasionam situações fortuitas e conturbadoras das metas almejadas.

Muitas das vezes pode até destruir aquilo que o tinha levado a se, primar, anos a fio, para adquirir, com muito esforço e ardor generoso. Se o homem tornar-se inconstante, versátil em certos hábitos de viver, de falar, de agir, isso lhe será suficiente para desnorteá-lo, deixando-o pugnar por si mesmo.

Nesse caso passará a ser tomado de uma apatia moral desoladora, que culminará, fatalmente, naquele desequilíbrio mencionado.

Para rememorar ao que esteja disposto a "receber a verdadeira luz" e avaliar o valor da perseverança a Maçonaria trouxe, então, a ampulheta, para o interior da Câmara de Reflexões.

Para todo indivíduo que souber tirar proveito eficiente das lições emanadas do simbolismo maçônico, jamais surgirão eventos que lhe pareçam invencíveis, porque já estará transformado numa infalível força viva.

Sendo a ampulheta, como esclarecido linhas atrás, o aparelho de orientação do tempo nas escolas e nos palácios, daquela recuada época, ao ser conduzida para o seio da Maçonaria, esta lhe outorgou a particularidade de alertar a preciosidade do tempo útil que deve ser bem aproveitado pelo futuro Iniciado.

Muitas surpresas este irá ter durante a sua carreira templária. Isto é uma verdade. Todavia, não lhe será lícito desanimar em circunstância alguma. Perseverar em tudo que possa ser realizável no futuro, corresponderá a alcançar virtudes no seu ânimo, para as conquistas bem soantes da Iniciação.

O extenso rol dos símbolos e emblemas que a Ord∴ Maçônica possui e adota, quase ficou perdido na época romana. Não obstante ressurgiram na sua pujança anterior, na Idade Média. Muito contribuíram para isso, as figurações da ampulheta e também do galo na composição da Câmara de Reflexões.

Nenhum comentário:

Postar um comentário