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terça-feira, 13 de outubro de 2020

QUESTÕES DIVERSAS

QUESTÕES DIVERSAS
(republicação)

Em 15/04/2016 o Respeitável Irmão Alvimar Luciano Ventura, Loja Fausto Cardoso Toscano, 2.726, REAA, GOB-ES, Oriente de Boa Esperança, Estado do Espírito Santo, solicita as seguintes informações: alvimarventura@gmail.com

Mais uma vez, recorro aos seus valiosos préstimos para que eu possa dar continuidade a meu estudo sobre o Organograma do GOB existente hoje, mais especificamente sobre as Assembleias Legislativas, tais como:

Quando foi implantado no GOB o atual organograma (Executivo, Legislativo, Judiciário, etc.)? Qual a Constituição, Lei, Decreto, etc. que o implantou?

Em outros países existe o mesmo organograma, ou somente no Brasil?

Quando, porque e quais os critérios para adoção das alfaias dos Deputados das Assembleias Federal e Estadual e porque das cores vermelho, azul e branco?

Porque existe nos aventais de autoridades, principalmente de Deputados, os pingentes que seriam do avental de M∴I∴, sendo que nem todos que os usam, o são?

Depois da Convenção de Lausane, França, que padronizou os aventais de Aprendiz, Companheiro, Mestres e M∴ I∴, houve alguma outra regulamentação oficial para a maçonaria de um modo geral, ou cada potencia determina conforme sua interpretação particular?

Em obras de vários autores consta que a disposição de nossos Templos foi baseada na disposição do Parlamento Inglês, procede?

Os pingentes nos aventais significam poder, autoridade, direção, presidência, ou tem algum outro significado, ou são somente enfeites, podendo ser usados por qualquer Obreiro?

No 21º Landmark de Mackey consta que é indispensável à presença de um Livro da Lei no Altar, porém, não consta a obrigatoriedade de sua abertura e leitura de nenhuma parte. Sabemos que em alguns ritos praticados pelo GOB existe esta pratica, e em outros não. Quais os ritos que fazem leituras de Salmos e quais? Os ritos que só atendem ao Landmark e se tem algum que nem faz uso do Livro da Lei?

Há embasamento legal de que as Assembleias Legislativas trabalhem nos mesmos parâmetros de uma Loja, inclusive com a mesma ritualística, uma vez que são Instituições distintas?

CONSIDERAÇÕES:

Quanto às duas primeiras questões (organograma e implantação) oriento o Irmão a pesquisar diretamente no Poder Central, já que eu não possuo no momento essas informações.

- Penso que esse sistema administrativo não é unânime na Maçonaria universal. Em cada País a Maçonaria se adequa às leis constituídas. No próprio Brasil, em se tratando das Obediências o sistema administrativo pode se diferir. Veja por exemplo o que adota a CMSB e as Grandes Lojas Estaduais.

- Quanto à adoção das alfaias elas certamente sofreram modificações ao longo do tempo. Nesse sentido, informações mais específicas podem ser encontradas na própria Soberana Assembleia Federal e nas Poderosas Assembleias Estaduais. Eu não possuo esses dados. Informações nesse sentido demandam de cuidadosa pesquisa. Devido à extensão do assunto, eu pouco me envolvo nessas ponderações administrativas, sobretudo nas que envolvem as Assembleias.

- Quanto às cores, genericamente no que concerne à heráldica oficial do GOB, elas surgiram historicamente da reunião das três Lojas que deram origem ao Grande Oriente Brasílico (atual GOB) em 17 de junho de 1822. Naquela oportunidade as Lojas ancestrais Comércio e Artes, União e Tranquilidade e Esperança de Niterói, reunidas em assembleia resolveram adotar as cores azul, vermelha e branca como modo de identifica-las nas decisões das reuniões realizadas conjuntamente. Assim os Obreiros por Loja eram facilmente identificados por uma fita com a respectiva cor que ia presa ao braço direito do partícipe. Provavelmente esse também tenha sido o motivo da adoção dessas cores para as alfaias.

À bem da verdade esse critério atualmente não é usado por todas as Assembleias Estaduais, posto que as cores às vezes diferenciam-se conforme o Estado da Federação.

- Historicamente os tais pingentes com sete bolinhas não tem embasamento tradicional. Embora alguns autores até façam esforço para dar interpretações diversas, esses “pingentes” não são símbolos de identificação. Então não é critério fundamentado na história de que esses pingentes com bolinhas necessariamente identifiquem um Mestre Instalado. Aliás, o que identifica um MI∴, além da cerimônia regular pela qual ele obrigatoriamente tenha passado, é o seu avental que não é igual ao das autoridades constituídas na Obediência, mesmo que alguns dos seus adereços até possam parecer iguais.

Outro aspecto é que Mestre Instalado tem sido apenas e tão somente um título honorífico ou distintivo, portanto nele não há nada de tão especial que possa o diferenciar ao ponto de existir para ele ornatos exclusivos.

- O Conselho de Lausanne realizado na Suíça em 1.875 regulamentou os paramentos para o Rito Escocês Antigo e Aceito, dentre eles o avental debruado com uma fita vermelha e com as iniciais M∴ B∴ para o grau de Mestre. Entretanto, é bom que se diga que a Maçonaria não é exclusivamente composta apenas pelo REAA∴.

Existe um imenso número de ritos com as suas próprias particularidades que a compõe, ritos esses que trazem consigo a sua própria marca cultural e doutrinária.No que concerne ao Grande Oriente do Brasil, o avental azulado do Rito Escocês possui uma história longa e confusa, já que existiram influências e obras de palpiteiros que deixaram na contra mão da história o avental escocês com a coloração azul. Genuinamente o avental de Mestre do REAA (vide Conselho de Lausanne) deveria ser vermelho.

O Respeitável Irmão Hercule Spoladore redigiu uma excelente peça de arquitetura tratando do caso e que foi pulicada recentemente no diário JB NEWS. Recomento o conhecimento dessa síntese histórica.

Ainda sobre a Convenção de Lausanne e a regulamentação do avental de M∴I∴, esta é uma assertiva equivocada. Há que se compreender que esse título honorífico é puro enxerto no escocesismo (inserido no GOB desde 1.968).

Sabidamente o REAA∴ é filho espiritual da França e na França existe o Venerável e os ex- Veneráveis, desconhece-se o título Mestre Instalado. Instalação é tradição de rituais e trabalhos ingleses, não franceses. Nesse sentido, jamais o Conselho de Lausanne regulamentaria o avental de um Mestre Instalado pela própria inexistência desse título.

Ratifico: esse título honorífico não existe na Maçonaria francesa. Aliás, na França poder-se- ia dizer que instalação significa simplesmente posse. A propósito, M∴ I∴ não é grau.

Quanto à regulamentação ampla para os aventai em nível mundial ela não existe. Existem mesmo são enxertos e invenções ao sabor de algumas Obediências que teimam em confrontar à Verdade.

- Isso se refere à disposição interna, cuja posição se assemelha aos assentos do Parlamento Britânico (Primeiro Ministro e os parlamentares). Isso fica óbvio porque a pedra fundamental do primeiro Templo maçônico advém dos meados do século XVIII em Londres.

Já no que conceitua o seu aspecto místico e alegórico o Templo ele tem influência da Igreja Católica que teria antes sido a protetora dos canteiros dos Construtores Medievais - ancestrais da Moderna Maçonaria.

- A origem dos tais pingentes são as franjas que imitam os aventais operativos que eram presos à cintura por dispositivos que envolviam o corpo e eram amarrados pela frente. As sobras desses cordões iam se desfiando pelo uso diário do avental. Assim essa forma adquirida deu origem às franjas frontais dos aventais ingleses.

Agora bolinhas presas como adornos são na verdade produtos da imaginação.

A questão do adorno não é a de que qualquer um possa usar. A questão é usar os paramentos aprovados e em vigência pela Obediência, estando eles certos ou errados.

Paramentos devem estar de acordo com o grau simbólico ou algo específico que seja apenas de direito de uma autoridade constituída.

- Não por ser um Landmark de Mackey que, diga-se de passagem, o GOB não mais os reconhece como os classificados por esse autor.

À bem da verdade a grande maioria dos Landmarks relacionados por Mackey não são os verdadeiros Landmarks.

Landmarks, que assim podem ser classificados, devem ser imemoriais, espontâneos e universalmente aceitos – veja as classificações de Pound, de Findel, por exemplo.

A despeito de qualquer classificação, de qualquer maneira, o 21º de Mackey é indubitavelmente um verdadeiro Landmark, já da sua categoria emana a obrigatoriedade da presença do Livro da Lei, do Esquadro e do Compasso – as Três Grandes Luzes Emblemáticas da Maçonaria (sistema latino), ou as Três Luzes Maiores (sistema anglo-saxônico) na Loja.

Quanto à leitura ou não de um trecho do Livro da Lei, a mesma não é obrigatória como Landmark, apenas sendo imprescindível se o Rito, ou o Trabalho (working) assim determinar.

No que diz respeito ao REAA∴, rito de origem francesa, está prevista a leitura – não propriamente de um salmo - porém de um trecho, como é no caso no Primeiro Grau a tradicional leitura em João, 1, 1 – 5. Aqui introduziram o Salmo 133 equivocadamente, entretanto esse não é caso para aqui argumentado.

Assim, existem ritos que apenas abrem o Livro e dispõem sobre ele o Esquadro e o Compasso, outros são os que dispõem os instrumentos posteriormente à leitura, outros ainda apenas conservam as Luzes Emblemáticas sem nem mesmo abrir o Livro, etc. Afinal essas são particularidades de cada um dos diversos ritos e costumes que compõem a Maçonaria.

Sugiro o Irmão que perscrute a matéria nos diversos rituais possíveis de encontrar e observe a forma desses procedimentos, já que aqui não há espaço para comentar todas essas particularidades.

No que diz respeito ao formato de trabalho na reunião dos Irmãos Deputados, tudo depende do que preceitua o regimento interno da respectiva Assembleia. No meu modo de pensar, essa Assembleia é maçônica, assim nada mais correto seria de que ela ao se reunir para trabalhar, o fizesse à moda de uma sessão maçônica. Essa é apenas a minha opinião.

T.F.A. 
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 2.237– Florianópolis (SC) – segunda-feira, 14 de novembro de 2016

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