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sábado, 31 de dezembro de 2016

CIVILIDADE

CIVILIDADE
(Desconheço o autor)

Nós nascemos tão ignorantes dos processos da natureza quanto o primeiro habitante das cavernas, e durante os poucos anos que separam o nascimento da maturidade nós adquirimos enormes quantidades de informações e entendimento necessários para podermos nos movimentar neste complexo mundo.

Os seres humanos têm feito um bocado de esforço para libertar seu direito de compreender, muitas vezes contra fortes oposições. Houve épocas históricas em que às pessoas não era permitido escalar montanhas, dissecar cadáveres ou se olhar no espelho. Cada uma destas atividades que buscam o conhecimento foi, numa outra época, severamente punida. Compreender e investigar os processos da natureza nem sempre foi algo muito seguro. Os cientistas chegaram a compreender os processos químicos e as forças inanimadas da natureza de maneira bastante detalhada, e, portanto, são agora bem sucedidos em controlá-las. Mas, por vezes, não somos capazes de chegar a entender a nós mesmos. Em algumas ocasiões, somos incapazes de sequer chegar a oferecer, a cada pessoa uma relação amorosa garantida, embora todo mundo pareça estar querendo.

Contra muita resistência aprendemos a entender o movimento das estrelas e dos planetas, aprendemos física e química; pesquisamos nossos corpos; e chegamos a conhecer muita coisa sobre eles. Agora estamos interessados em entender nossas mentes e as mentes de nossos companheiros seres humanos.
Quando as pessoas sentem que suas vidas se tornaram "difíceis" procuram um psiquiatra ou um psicanalista. O psicanalista Eric Berne, vigoroso nas relações com seus clientes, introduziu uma linguagem tão fora do comum e tão pouco ortodoxa que quase viveu em conflito imediato com outros participantes do mesmo ramo. De maneira especial assumia que seus pacientes podiam entender o que ele pensava a respeito deles, e que podia falar com eles sem olhar para baixo. Rejeitou a prática psiquiátrica usual de empregar uma linguagem ao conversar com pessoas, e outra ao falar com colegas psiquiatras. Assim deve ser feito entre nós, maçons. Não deve existir na Maçonaria uma linguagem diferenciada, mas o respeito mútuo, a cordialidade espontânea e a fraternidade sincera. Todos são homens iguais, livres e de bons costumes.

O simples fato de estar viva obriga uma pessoa, qualquer pessoa, a tomar decisões muitas vezes por dia. Algumas vezes são decisões sobre assuntos que interessam exclusivamente a cada um e não trazem conseqüências para a vida social. Há, porém, um número muito grande de casos em que a decisão tomada por uma pessoa produz conseqüências sérias para muitas outras. Ocorrem, também, inúmeras situações em que é conveniente ou mesmo necessário que uma decisão seja tomada por várias ou muitas pessoas em conjunto. Há pessoas que não tomam decisões por comodismo ou pelo medo da responsabilidade de decidir. Quase sempre essas pessoas procuram esconder o verdadeiro motivo, simulando desprendimento, dizendo que acatarão de boa vontade o que os outros decidirem.
Essa atitude de fuga à responsabilidade é, quase sempre, ligada à falta de consciência quanto à necessidade da vida social e quanto ao significado da omissão no momento de decidir. Com efeito, não é raro que as pessoas condenem certas decisões e suas conseqüências, esquecendo-se de que tiveram a oportunidade de participar dessas decisões e preferiram deixar que outros decidissem sozinhos.

Os que procedem desse modo não percebem que, indiretamente, são também responsáveis pelas decisões, como também não chegam a perceber, ou só percebem tardiamente, que sua omissão traz prejuízos para eles próprios e, muitas vezes, para uma coletividade inteira.

Todo indivíduo tem o direito e o dever de opinar sobre os assuntos e as decisões que afetem seus interesses, assim como sobre tudo que for de interesse comum. Nesta lista, Maçonaria é de interesse comum. Comportamento de maçom é de interesse comum. É evidente que o direito de opinar não significa apenas a possibilidade de manifestar concordância. O mais importante é justamente o direito de divergir, de discordar, de manifestar oposição. Mas também é necessário saber enxergar o que é bom, o que é conveniente, o que deve ser mantido ou estimulado. Essa capacidade de fazer distinção entre as coisas, de separar o que é diferente, é a crítica. No seu exato sentido criticar não é ser contra, é analisar e distinguir. Assim, pois, para criticar é preciso conhecer, examinando as coisas com cuidado e objetividade. Quem examina com preconceito já separa, de início, o bom e o mau, o certo e o errado, mas sempre a partir de opiniões já estabelecidas e sem admitir a revisão das conclusões adotadas anteriormente. Quem examina com preconceito não faz verdadeira crítica, pois geralmente já tem a opinião final antes mesmo de conhecer os fatos e quando procede ao exame dos dados só enxerga aquilo que confirma sua conclusão ou interpreta-os sempre do modo que desejaria que fossem.

Pensemos e reflitamos sobre tudo isto!

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