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sexta-feira, 30 de outubro de 2020

INGRESSO NO ORIENTE

INGRESSO NO ORIENTE
(republicação)

Em 11/05/2016 o Respeitável Irmão Paulo Tomimatsu, Loja de Pesquisas Maçônicas Brasil, GOP (COMAB) Oriente de Londrina, Estado do Paraná, formula a seguinte questão: ptomimatsu@outlook.com

Quando assisto a uma Sessão Magna de Iniciação do REAA, vem uma duvida de ordem ritualística. Os profanos podem adentrar ao Oriente nas cerimonias?

Não seria correto o V∴M∴ aguardar na entrada do Oriente quando os profanos vão ser apresentados ao V∴M∴ na terceira viagem?

Observo também na apresentação da taça doce e amarga o profano é levado junto ao sólio, muito embora esse passo ritualístico não seja próprio do REAA. Ou deixamos assim pelos ditos usos e costumes?

Agradeço a sua ponderação a respeito do assunto.

CONSIDERAÇÕES:

Na verdade, toda essa celeuma, justamente no REAA∴, foi criada a partir das hoje já extintas Lojas Capitulares, quando, devido a elas, elevaram o Oriente e o dividiram pela balaustrada. Abolidas essas Lojas mais tarde, o costume de Oriente elevado no simbolismo permaneceu (talvez para sustentar as vaidades de alguns).

Assim, originalmente, o Oriente era apenas a parede oriental (retábulo) onde ficava o Venerável e os que tomavam assento ao seu lado. Naquela oportunidade não havia um quadrante específico para o Oriente e sim uma referência à parede oriental. 

Note, por exemplo, que muitos costumes maçônicos ainda assim permanecem – como é o caso dos Trabalhos de Emulação (tudo no mesmo nível).

Como em se tratando do REAA.'. o Oriente demarcado e elevado tornou-se consuetudinário, todo o espaço a partir do último degrau e da balaustrada, somente pode ser ocupado por Mestres Maçons. Nesse sentido, seguindo a doutrina iniciática do Rito, o Oriente (espaço) é alegoricamente o final da jornada do Maçom no simbolismo, daí nele somente ser permitido o ingresso daqueles que atingiram a plenitude maçônica.

Entretanto, no que diz respeito à Iniciação, os rituais, ao longo da sua evolução, não levaram em conta a extensão desse espaço e a sua ocupação quando se trata de alguém que não seja ainda Mestre. À bem da verdade, ficou um aspecto contraditório que somente é amenizado, se assim pode se dizer, pelo fato de que o Candidato durante a cerimônia está completamente cego, sem literalmente saber onde está dentro do recinto, a despeito de que ele, o Candidato, seja a razão do ato iniciático.

Sob essa justificativa do “pode somente na Iniciação”, o Candidato se obriga a ingressar no Oriente, já que o próprio juramento é tomado no Altar dos Juramentos, e este nada mais é do que uma extensão daquele ocupado pelo Venerável – é sabido que o Altar dos Juramentos no REAA, indiscutivelmente também fica no Oriente.

Não num caso específico de um profano qualquer, mas sim de um Iniciando que passou por todo o processo pertinente até ser consagrado Aprendiz, ele é obrigado a passar pelo Oriente para se submeter à liturgia do Rito.

Eu entendo que a justificativa até pareça capenga, mas devido à ainda influência capitular, ficou esse abacaxi contraditório. À bem da verdade, ainda existem bons rituais que amenizam as práticas, deslocando, durante a cerimônia de Iniciação, o Altar dos Juramentos para junto à linha limítrofe Oriente/Ocidente. Dessa forma, já desvendado, o Candidato presta o juramento e é consagrado sem que ele tenha acesso ao quadrante oriental, embora durante a terceira viagem, ainda vendado, ele tenha que passar obrigatoriamente pelo Oriente como personagem principal da Cerimônia de Iniciação.

Quanto a tal Taça Sagrada eu nem vou comentar porque esse é um verdadeiro produto de enxerto no escocesismo.

Devo salientar que não se trata de deixar ou não deixar o dito pelo não dito, entretanto trata-se de um costume sacramentado como uma ação postiça que dificilmente será extirpada, já que para tanto seria necessário voltar ao ritual de 1804 na França, antes das Lojas Capitulares e eliminar o Oriente elevado e demarcado pela balaustrada. A propósito, devo ratificar que Altar dos Juramentos no REAA∴ verdadeiramente fica logo à frente do Altar ocupado pelo Venerável (é uma extensão do mesmo).

Concluindo, se não existisse essa demarcação à moda capitular no Oriente do REAA, como acontece na vertente inglesa de Maçonaria, todas essas contradições seriam eliminadas, mas...

T.F.A.
Pedro Juk - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 2.269 – Florianópolis (SC) – sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

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