INGRESSO NO ORIENTE
(republicação)
Em 11/05/2016 o Respeitável Irmão Paulo Tomimatsu, Loja de Pesquisas
Maçônicas Brasil, GOP (COMAB) Oriente de Londrina, Estado do Paraná, formula
a seguinte questão: ptomimatsu@outlook.com
Quando assisto a uma Sessão
Magna de Iniciação do REAA, vem uma duvida de ordem ritualística. Os profanos podem adentrar ao
Oriente nas cerimonias?
Não seria correto o V∴M∴ aguardar na entrada do Oriente quando os profanos vão ser apresentados ao V∴M∴ na terceira
viagem?
Observo também na apresentação
da taça doce e amarga o profano é levado junto ao sólio, muito embora esse
passo ritualístico não seja próprio do REAA. Ou deixamos assim pelos ditos
usos e costumes?
Agradeço a sua ponderação a
respeito do assunto.
CONSIDERAÇÕES:
Na verdade, toda essa celeuma,
justamente no REAA∴, foi criada a partir das hoje
já extintas Lojas Capitulares, quando, devido a elas, elevaram o Oriente e o
dividiram pela balaustrada. Abolidas essas Lojas mais tarde,
o costume de Oriente elevado no simbolismo permaneceu (talvez para sustentar as
vaidades de alguns).
Assim, originalmente, o Oriente
era apenas a parede oriental (retábulo) onde ficava o Venerável e os que
tomavam assento ao seu lado. Naquela oportunidade não havia um quadrante
específico para o Oriente e sim uma referência à parede oriental.
Note, por
exemplo, que muitos costumes maçônicos ainda assim
permanecem – como é o caso dos Trabalhos de Emulação (tudo no mesmo nível).
Como em se tratando do REAA.'. o
Oriente demarcado e elevado tornou-se consuetudinário, todo o espaço a partir
do último degrau e da balaustrada, somente pode ser ocupado por Mestres
Maçons. Nesse sentido, seguindo a doutrina iniciática do Rito, o Oriente
(espaço) é alegoricamente o final da jornada do Maçom no simbolismo, daí
nele somente ser permitido o ingresso daqueles que atingiram a plenitude
maçônica.
Entretanto, no que diz respeito
à Iniciação, os rituais, ao longo da sua evolução, não levaram em conta a
extensão desse espaço e a sua ocupação quando se trata de alguém que não
seja ainda Mestre. À bem da verdade, ficou um aspecto contraditório que
somente é amenizado, se assim pode se dizer, pelo fato de que o Candidato
durante a cerimônia está completamente cego, sem literalmente saber onde
está dentro do recinto, a despeito de que ele, o Candidato, seja a razão do
ato iniciático.
Sob essa justificativa do “pode somente na
Iniciação”, o Candidato se obriga a ingressar no Oriente, já que o próprio
juramento é tomado no Altar dos Juramentos, e este nada mais é do que uma
extensão daquele ocupado pelo Venerável – é sabido que o Altar dos
Juramentos no REAA, indiscutivelmente também fica no Oriente.
Não num caso específico de um
profano qualquer, mas sim de um Iniciando que passou por todo o processo
pertinente até ser consagrado Aprendiz, ele é obrigado a passar pelo Oriente
para se submeter à liturgia do Rito.
Eu entendo que a justificativa
até pareça capenga, mas devido à ainda influência capitular, ficou esse
abacaxi contraditório. À bem da verdade, ainda existem bons rituais que
amenizam as práticas, deslocando, durante a cerimônia de Iniciação, o Altar
dos Juramentos para junto à linha limítrofe Oriente/Ocidente. Dessa forma,
já desvendado, o Candidato presta o juramento e é consagrado sem que ele
tenha acesso ao quadrante oriental, embora durante a terceira viagem, ainda
vendado, ele tenha que passar obrigatoriamente pelo Oriente como personagem
principal da Cerimônia de Iniciação.
Quanto a tal Taça Sagrada eu nem
vou comentar porque esse é um verdadeiro produto de enxerto no escocesismo.
Devo salientar que não se trata
de deixar ou não deixar o dito pelo não dito, entretanto trata-se de um
costume sacramentado como uma ação postiça que dificilmente será extirpada,
já que para tanto seria necessário voltar ao ritual de 1804 na França, antes
das Lojas Capitulares e eliminar o Oriente elevado e demarcado pela balaustrada. A propósito,
devo ratificar que Altar dos Juramentos no REAA∴ verdadeiramente fica logo à
frente do Altar ocupado pelo Venerável (é uma extensão do mesmo).
Concluindo, se não existisse
essa demarcação à moda capitular no Oriente do REAA∴,
como acontece na vertente inglesa de Maçonaria, todas essas contradições
seriam eliminadas, mas...
T.F.A.
Pedro Juk - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 2.269 –
Florianópolis (SC) – sexta-feira, 16 de dezembro de 2016
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