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terça-feira, 17 de janeiro de 2017

A INDUMENTÁRIA MAÇÔNICA

A INDUMENTÁRIA MAÇÔNICA 

É frequente nos convites para Iniciações, a exigência de traje social completo, de preferência preto, não se permitindo o uso de balandrau...

Numa volta pelo túnel do tempo às épocas primitivas, chegamos à vestimenta de nosso ancestral, comum com os macacos, cuja única vestimenta era a própria pilosidade. Com a perda dos pêlos abundantes, num processo de evolução natural, os primeiros proto-hominidas passavam a usar peles de animais e na falta delas, folhagens.

Depois vieram os tecidos de lã, seguidos pelos de linho, de algodão até os modernos fios sintéticos. Junto com a modificação dos materiais, houve a das formas, ou seja, dos modelos de vestes, chegando à simplicidade dos dias modernos, calça e camisa.

A Revolução Francesa marcou o fim do vaidoso traje aristocrático do século XVIII. A austeridade revolucionária, também no vestir, expressava essa idéia, depois parcialmente realizada, de uma indumentária racional, simples e prática. A concepção aristocrática da elegância caia por terra. Das vestes masculinas de então, compostas de paletó, colete e calças estreitas e botas nasceu, em linhas gerais, a vestimenta de até o final da segunda guerra e de lá para cá calça e camisa para todos.

A Maçonaria, apesar de nascida de idéias liberais e libertárias do século XVIII, continua teimosamente a seguir a linha aristocrática em suas vestes; o terno preto, camisa branca, gravata preta e a beca, também denominada de balandrau para Maçons.

Como se sabe, a beca é a veste preta dos funcionários judiciais, catedráticos e formados de grau superior. De origem controvertida: Balandrau, roupa usada por algumas irmandades em cerimônias religiosas.

O único traje verdadeiro Maçônico nada mais é que o avental, que simboliza o trabalho.

Ao se fazer um estudo mais profundo na cor, notamos o dualismo de contraste, já que a cor preta está ligada as trevas, ao mal, ao impuro, ao profano e de um modo geral à negação de toda luz, bem, pureza...; logo a cor preta seria contrária a todos os princípios cultuados na Maçonaria, já que o maçom é filho da luz e se opõe às trevas.

Muitos articulistas entram nas teorias das cores da Ótica Física e descamba para uma cromoterapia mística e entrando na doutrina dos chacras, afirmam ser segundo o espiritismo, o que não prova a verdade, uma das metas mais importantes de um maçom.

A Maçonaria, lá pelos idos de 1850, adotou o trajar preto, com casaca, conforme os hábitos da época, porém, é sabido que o trajar da humanidade sofreu modificações, desde o saiote egípcio, passando pela simplicidade da túnica e do manto dos povos antigos, dos quais destacamos os gregos e romanos; depois pelas inúmeras vestes sobrepostas dos bizantinos, dando no final da Idade Média as casacas coloridas com seus rendilhados exóticos, simplificados pela austeridade da Revolução Francesa, desaguando no período entre guerras, pela indumentária completa: paletó, calça, camisa de gravata e chapéu. Este último foi o primeiro a ser abolido, por ser incomodo a quem te que andar com velocidade.

Depois veio o desuso da gravata, do paletó, o sapato lustroso de cromo alemão, foi substituído pelo tênis. A calça comum pela de "jeans" desbotado e a camisa esporte pelas blusas cômodas.

Coisas mais sérias e tradicionais como a ritualística e a simbologia são transformadas, sincretizadas e resolvidas por opiniões mal fundamentadas, porque só manter constante a obrigação do vestuário de cor preta?

Por que o preto?

Além disso, esta tradição não tem cento e cinqüenta anos, que é muito pouco se considerarmos a Maçonaria de Ofício, cujos trabalhadores usavam sobre o trajar comum da época um simples avental da cor de preferência de cada um.

Pelos estudos da personalidade humana, cada cor e forma de se vestir é característico de cada pessoa. Até mesmo as faixas podem ser abolidas, porquanto eram usadas pela aristocracia do passado, para nela fixar a espada. Somos obreiros da razão e da humanidade, não precisamos de espadas e punhais.

Enfim, para finalizar e refletir...

Já que o maçom é maçom em qualquer lugar, seja na rua, seja dormindo, se esta questão de vestimenta tiver que ser levada tão a sério, então todo e qualquer maçom, deveria sempre andar vestido de terno preto, na praia, no lazer, ao dormir, etc...

Claro que aqui, não quero insinuar que o maçom deve comparecer a uma cerimônia despido ou utilizando trajes de banho, mas quero provocar o raciocínio critico e alimentar a pesquisa dos motivos tão sem sentidos, que são induzidos ao pé da letra, sem qualquer questionamento.

Fonte: Dogmas e Preconceitos Maçônicos - Breno Trautwein.

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