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quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

FERRAMENTAS DO COMPANHEIRO

FERRAMENTAS DO COMPANHEIRO
(republicação)

Em 01/07/2016 o Respeitável Irmão Willian Reis Medeiros, Grande Secretário de Educação Adjunto da 14a Delegacia – Continente Sul, GOSC – COMAB, Oriente de Florianópolis, Estado de Santa Catarina, apresenta o que segue:
w.reis888@gmail.com

Solicito a gentileza do Irmão em me esclarecer a seguinte dúvida:

- Quais são os instrumentos de trabalho do Grau de Companheiro?
Pois na literatura que encontrei, não havia nenhum autor afirmando, de forma absoluta (categórica), quais seriam as ferramentas do Companheiro (citando as mesmas).

- O que temos no nosso Rito Adonhiramita, são as seguintes informações:

1) Rituais do 2º grau – Companheiro Maçom do Sublime Grande Capítulo Adonhiramita do Brasil de 1998 e 2006. Na sessão magna de elevação, temos: que as viagens são realizadas com as seguintes ferramentas, conforme segue abaixo:
1ª Viagem – Maço e Cinzel;
2ª Viagem – Compasso e Régua;
3ª Viagem – Alavanca e Régua;
4ª Viagem – Esquadro e Régua;
5ª Viagem – Sem ferramentas.

Nas cinco viagens, são utilizadas 6 ferramentas (Maço, Cinzel, Compasso, Régua, alavanca e Esquadro).

2) No 4º Volume – Compêndio de Instruções para as Lojas Simbólicas do Grande Capítulo Adonhiramita do Brasil, temos na página 40: que as sessões Econômicas de Companheiro, menciona estar em cima do pavimento mosaico, os seguintes instrumentos: - Régua de 24 polegadas, alavanca, esquadro, maço e cinzel (5 instrumentos).

3) No ritual de Instalação de Venerável, Investidura e Posse da Administração de uma Loja Adonhiramita – Grande Capítulo Adonhiramita do Brasil, temos a seguinte configuração, para os três graus simbólicos:

Em Loja de Mestre:
(...) Mestre Instalador – Apresento-vos, meu Amado Irmão, os utensílios do Mestre Adonhiramita, o Cordel, o Lápis e o Compasso.

Em Loja de Companheiro:
(...) Mestre Instalador – Apresento-vos, meu Amado Irmão, os utensílios do Companheiro Adonhiramita, o Esquadro, o Nível e o Prumo.

Em Loja de Aprendiz:
Mestre Instalador – Apresento-vos, meu Amado Irmão, os utensílios do Aprendiz Adonhiramita, a Régua de 24 polegadas, o Maço e o Cinzel.

4) No ritual de Elevação do Companheiro (2006); Pag. 42 (...) Precederão ao Aspirante três Companheiros, um com o Esquadro, outro com o Nível e o outro com o Prumo.

Pag. 43 (...) O Ir∴ Mestre de Cerimonias dirige-se, acompanhado de três Mestres à porta do templo. Estes recebem dos três Companheiros que precederam o Aprendiz, o Esquadro, Nível e o Prumo, com os quais farão todas as viagens à frente do candidato (...).

Pag. 51 (...) Os três Mestres que conduzem o Esquadro, o Nível e o Prumo, depõem esses símbolos no Pavimento Mosaico, junto ao Painel do Grau (...).

5) Na Compilação Preciosa da Maçonaria Adonhiramita 1787 na página 43, temos o seguinte: 
P. Quais são as três joias fixas?
R. A Pedra bruta, a pedra cubica ou para afiar e a prancha de desenho dos Mestres.
P. Qual é o seu uso?
R. A Pedra bruta serve para os aprendizes trabalharem, a pedra cúbica serve para os Companheiros afiarem seus instrumentos*(1) e a prancha para os Mestres fazerem os seus desenhos.

*(1) Vários Veneráveis passam esta pergunta, alegando que é o aprendiz que deve afiar os instrumentos e que o Companheiro deve trabalhar a pedra; mas, mesmo que não se afie nem se talhe nada em Loja, não se deve esquecer que os mesmos filosóficos que comparavam o aprendiz a pedra bruta, comparavam o Companheiro a uma Pedra Cúbica, que eles viam como o sólido mais perfeito, que apresentava o maior número de superfície unidas e que podia servir para tudo o que se quisesse; eles terminavam esta pedra em pirâmide, a fim de que ela guardasse todos os números sagrados, isto é, a unidade, o cinco, o quatro, três vezes três e, consequentemente, o nove, além disso, para talhar esta pedra, é preciso usar compasso, o esquadro, o nível e o prumo; como todos esses instrumentos são os símbolos das ciências e das virtudes e como eram os meios utilizados pelos filósofos para fazer essa comparação moral; os instrumentos não significam outra coisa senão os cuidados e os desejos.(Obs: A tradução de toda a Compilação, foi realizada pela Loja Maçônica Gilvan Barbosa, de Campina Grande, em 1989). Impressos Filadélfia, Editora Philarethe, Rua de I’ Equerre, aplomb.

Enfim, Meu Amado Irmão Pedro Juk, temos várias literaturas sem explicitar com veemência e total certeza, quais são os instrumentos (ferramentas ou utensílios) do Companheiro Maçom, com absoluta precisão e afirmação definitiva.

A dúvida é, quais são os Instrumentos do Companheiro, independente de Rito.

Agradeço imensamente sua atenção.

CONSIDERAÇÕES:

Para os Ritos de origem francesa, geralmente os instrumentos de trabalhos relacionados diretamente ao Companheiro Maçom, tem sido, segundo a alegoria pertinente e o Painel da Loja, a Régua Graduada, a Alavanca e o Esquadro, além do Maço e da Colher de Pedreiro. Algumas alegorias apresentam o Companheiro trazendo ainda o Maço e o Cinzel.

Eu entendo com base em tratadistas confiáveis, que as ferramentas oficiais do Companheiro são aquelas inseridas do Painel do Grau (original francês). Nesse sentido lá aparecem virtualmente a Alavanca e a Régua Graduada (conhecida como 24 polegadas), a Colher de Pedreiro (conhecida por alguns como trolha) e ainda o Maço e o Cinzel.

Sob o aspecto prático, todos os instrumentos usados na construção se constituem como elementos fundamentais nas diversas etapas da Obra, principalmente em se levando em conta que nos tempos operativos somente existiam duas classes de trabalhadores (não eram graus especulativos), o Aprendiz Iniciado e o Companheiro do Ofício. O Mestre era, à época, um Companheiro experiente escolhido para comandar os trabalhos no canteiro.

Dado a isso, salvo os primeiros instrumentos de trabalho (o Maço e o Cinzel específicos do aprendiz do ofício), os demais seriam paulatinamente usados pelos operários ao longo do tempo de duração da construção. Assim, é difícil de maneira generalizada atribuir essa ou aquela ferramenta como peculiar de um Grau especulativo.

Nesse sentido, os exegetas preferiram atribuir elementos privativos de trabalho conforme o que estiver exposto no Painel do Grau, todavia, considerando-se que nele também existem emblemas que tratam do símbolo como um todo e não como um elemento específico do ofício de um Grau. É o caso, por exemplo, de duas das Três Grandes Luzes Emblemáticas (Esquadro e o Compasso unidos – a Loja e o Venerável), o Nível e o Prumo (os Vigilantes), a Espada, etc. Note que esses não são elementos específicos do Companheiro, porém da Loja.

Do ponto de vista doutrinário, designadamente ao Companheiro se coadunam o Maço, a Régua, a Alavanca, o Esquadro e a Colher de Pedreiro, cujas aplicações genéricas assim correspondem: Maço – o Companheiro usa-o para firmar as pedras justapostas. Como especulativamente ele é um elemento mais instruído, pode golpear a pedra sem esfacela-la. A Régua – serve ao Companheiro para medir e verificar a existência de possíveis arestas que serão corrigidas em nome da Arte. A Alavanca - é a digna representante da ação e do trabalho (pragmática do Grau); move as pedras pelo esforço compensatório. A Colher de Pedreiro - alisa a argamassa no assentamento retificando as rusgas e os excessos. Por fim o Esquadro - verifica os cantos da obra na sua elevação de acordo com as exigências da Arte.

É desse modo que essas ferramentas acima mencionadas assumem o caráter primordial para o Segundo Grau da Moderna Maçonaria.

No que diz respeito às ferramentas que vão à mão do Aprendiz durante as viagens simbólicas na cerimônia de Elevação, essas nada tem a ver diretamente com as ferramentas do Companheiro, mas sim com a transição do Aprendiz para o Grau de Companheiro, o que sugere o tempo do seu aperfeiçoamento até conseguir o aumento se salário (dependendo poderiam ser três ou cinco anos).

Nesse sentido essas conduções e permutas de instrumentos nada mais são do que a representação evolutiva e do aprimoramento do artífice, portanto não há como confundi-las como “ferramentas do grau especulativo” usadas exclusivamente pelo Companheiro.

No que consiste à entrega simbólica de ferramentas ao Mestre Instalado eleito para o veneralato durante a cerimônia de Instalação, eu prefiro não comentar, pois esses rituais são deturpados e misturados com práticas e costumes de ritos diferentes entre si, tanto na sua essência doutrinária como na cultural, a despeito de que Instalação, nos ritos de vertente francesa, é prática bastante discutível. Assim dessa miscelânea toda e no afã de se dar mais valor além daquilo que é devido, sobretudo no Brasil, apareceriam esses rituais de instalação que vieram enxertados da vertente inglesa e acamparam equivocadamente de maçonaria de origem francesa. Troncando em miúdos, editaram rituais esquecendo-se da pluralidade de Ritos e destes, seu patrimônio cultural e doutrinário.

Por fim, esse é, no meu entendimento, a classificação que se poderia considerar para as ferramentas simbólicas do Grau de Companheiro Maçom na Moderna Maçonaria, desde que se observem as nuances e particularidades litúrgicas do Rito e o seu nascedouro. Não tratei especificamente do REAA ou do Adonhiramita, senão quanto a sua origem cultural.

E.T. – No trato do termo Painel da Loja do Companheiro, não confundi-lo com a Tábua de Delinear inglesa que, acabou por aqui sendo enxertada na vertente francesa sob o título de Painel Alegórico. Essa Tábua de Delinear é aquela que traz a Escada em Caracol. À bem da verdade, esse nada tem a ver com a doutrina francesa. O termo “Alegoria do Companheiro” quando mencionado nas considerações acima se refere à alegoria do personagem Companheiro – é aquele que apresenta o protagonista portando as ferramentas, dentre as quais, a Régua sobre o seu ombro esquerdo.

T.F.A. 
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 2.337– Florianópolis (SC), quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

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