FERRAMENTAS DO COMPANHEIRO
(republicação)
Em 01/07/2016 o Respeitável Irmão Willian Reis Medeiros, Grande
Secretário de Educação Adjunto da 14a Delegacia – Continente Sul, GOSC –
COMAB, Oriente de Florianópolis, Estado de Santa Catarina, apresenta o que segue:
w.reis888@gmail.com
Solicito a gentileza do Irmão em
me esclarecer a seguinte dúvida:
- Quais são os instrumentos de
trabalho do Grau de Companheiro?
Pois na literatura que encontrei,
não havia nenhum autor afirmando, de forma absoluta (categórica), quais
seriam as ferramentas do Companheiro (citando as mesmas).
- O que temos no nosso Rito
Adonhiramita, são as seguintes informações:
1) Rituais do 2º grau – Companheiro Maçom do Sublime Grande Capítulo Adonhiramita do Brasil de 1998 e 2006. Na sessão magna de elevação, temos: que as viagens são realizadas com as seguintes ferramentas, conforme segue abaixo:
1ª Viagem – Maço e Cinzel;
2ª Viagem – Compasso e Régua;
3ª Viagem – Alavanca e Régua;
4ª Viagem – Esquadro e Régua;
5ª Viagem – Sem ferramentas.
Nas cinco viagens, são
utilizadas 6 ferramentas (Maço, Cinzel, Compasso, Régua, alavanca e
Esquadro).
2) No 4º Volume – Compêndio de
Instruções para as Lojas Simbólicas do Grande Capítulo Adonhiramita do
Brasil, temos na página 40: que as sessões Econômicas de Companheiro, menciona estar em cima do pavimento mosaico, os seguintes instrumentos:
- Régua de 24 polegadas, alavanca, esquadro, maço e cinzel (5 instrumentos).
3) No ritual de Instalação de
Venerável, Investidura e Posse da Administração de uma Loja Adonhiramita – Grande
Capítulo Adonhiramita do Brasil, temos a seguinte configuração, para os três graus simbólicos:
Em Loja de Mestre:
(...) Mestre Instalador –
Apresento-vos, meu Amado Irmão, os utensílios do Mestre Adonhiramita, o
Cordel, o Lápis e o Compasso.
Em Loja de Companheiro:
(...) Mestre Instalador –
Apresento-vos, meu Amado Irmão, os utensílios do Companheiro Adonhiramita, o
Esquadro, o Nível e o Prumo.
Em Loja de Aprendiz:
Mestre Instalador –
Apresento-vos, meu Amado Irmão, os utensílios do Aprendiz Adonhiramita, a
Régua de 24 polegadas, o Maço e o Cinzel.
4) No ritual de Elevação do
Companheiro (2006); Pag. 42 (...) Precederão ao Aspirante três Companheiros,
um com o Esquadro, outro com o Nível e o outro com o Prumo.
Pag. 43 (...) O Ir∴ Mestre de
Cerimonias dirige-se, acompanhado de três Mestres à porta do templo. Estes recebem dos três Companheiros
que precederam o Aprendiz, o Esquadro, Nível e o Prumo, com os quais farão
todas as viagens à frente do candidato (...).
Pag. 51 (...) Os três Mestres
que conduzem o Esquadro, o Nível e o Prumo, depõem esses símbolos no
Pavimento Mosaico, junto ao Painel do Grau (...).
5) Na Compilação Preciosa da
Maçonaria Adonhiramita 1787 na página 43, temos o seguinte:
P. Quais são as
três joias fixas?
R. A Pedra bruta, a pedra cubica
ou para afiar e a prancha de desenho dos Mestres.
P. Qual é o seu uso?
R. A Pedra bruta serve para os
aprendizes trabalharem, a pedra cúbica serve para os Companheiros afiarem seus
instrumentos*(1) e a prancha para os Mestres fazerem os seus desenhos.
*(1) Vários Veneráveis passam
esta pergunta, alegando que é o aprendiz que deve afiar os instrumentos e que
o Companheiro deve trabalhar a pedra; mas, mesmo que não se afie nem se talhe
nada em Loja, não se deve esquecer que os mesmos filosóficos que comparavam o
aprendiz a pedra bruta, comparavam o Companheiro a uma Pedra Cúbica, que eles
viam como o sólido mais perfeito, que apresentava o maior número de
superfície unidas e que podia servir para tudo o que se quisesse; eles
terminavam esta pedra em pirâmide, a fim de que ela guardasse todos os
números sagrados, isto é, a unidade, o cinco, o quatro, três vezes três e,
consequentemente, o nove, além disso, para talhar esta pedra, é preciso usar
compasso, o esquadro, o nível e o prumo; como todos esses instrumentos são os
símbolos das ciências e das virtudes e como eram os meios utilizados pelos
filósofos para fazer essa comparação moral; os instrumentos não significam
outra coisa senão os cuidados e os desejos.(Obs: A tradução de toda a
Compilação, foi realizada pela Loja Maçônica Gilvan Barbosa, de Campina
Grande, em 1989). Impressos Filadélfia, Editora Philarethe, Rua de I’ Equerre,
aplomb.
Enfim, Meu Amado Irmão Pedro
Juk, temos várias literaturas sem explicitar com veemência e total certeza,
quais são os instrumentos (ferramentas ou utensílios) do Companheiro Maçom,
com absoluta precisão e afirmação definitiva.
A dúvida é, quais são os
Instrumentos do Companheiro, independente de Rito.
Agradeço imensamente sua
atenção.
CONSIDERAÇÕES:
Para os Ritos de origem francesa,
geralmente os instrumentos de trabalhos relacionados diretamente ao Companheiro
Maçom, tem sido, segundo a alegoria pertinente e o Painel da Loja, a Régua
Graduada, a Alavanca e o Esquadro, além do Maço e da Colher de Pedreiro.
Algumas alegorias apresentam o Companheiro trazendo ainda o Maço e o Cinzel.
Eu entendo com base em
tratadistas confiáveis, que as ferramentas oficiais do Companheiro são aquelas
inseridas do Painel do Grau (original francês). Nesse sentido lá aparecem
virtualmente a Alavanca e a Régua Graduada (conhecida como 24 polegadas), a
Colher de Pedreiro (conhecida por alguns como trolha) e ainda o Maço e o
Cinzel.
Sob o aspecto prático, todos os
instrumentos usados na construção se constituem como elementos fundamentais
nas diversas etapas da Obra, principalmente em se levando em conta que nos
tempos operativos somente existiam duas classes de trabalhadores (não eram graus especulativos), o Aprendiz Iniciado e o
Companheiro do Ofício. O Mestre era, à época, um Companheiro experiente
escolhido para comandar os trabalhos no canteiro.
Dado a isso, salvo os primeiros
instrumentos de trabalho (o Maço e o Cinzel específicos do aprendiz do
ofício), os demais seriam paulatinamente usados pelos operários ao longo do
tempo de duração da construção. Assim, é difícil de maneira generalizada
atribuir essa ou aquela ferramenta como peculiar de um Grau especulativo.
Nesse sentido, os exegetas
preferiram atribuir elementos privativos de trabalho conforme o que estiver
exposto no Painel do Grau, todavia, considerando-se que nele também existem
emblemas que tratam do símbolo como um todo e não como um elemento
específico do ofício de um Grau. É o caso, por exemplo, de duas das Três
Grandes Luzes Emblemáticas (Esquadro e o Compasso unidos – a Loja e o
Venerável), o Nível e o Prumo (os Vigilantes), a Espada, etc. Note que esses
não são elementos específicos do Companheiro, porém da Loja.
Do ponto de vista doutrinário,
designadamente ao Companheiro se coadunam o Maço, a Régua, a Alavanca, o
Esquadro e a Colher de Pedreiro, cujas aplicações genéricas assim
correspondem: Maço – o Companheiro usa-o para firmar as pedras justapostas.
Como especulativamente ele é um elemento mais instruído, pode golpear a pedra
sem esfacela-la. A Régua – serve ao Companheiro para medir e verificar a
existência de possíveis arestas que serão corrigidas em nome da Arte. A
Alavanca - é a digna representante da ação e do trabalho (pragmática do
Grau); move as pedras pelo esforço compensatório. A Colher de Pedreiro -
alisa a argamassa no assentamento retificando as rusgas e os excessos. Por fim
o Esquadro - verifica os cantos da obra na sua elevação de acordo com as
exigências da Arte.
É desse modo que essas
ferramentas acima mencionadas assumem o caráter primordial para o Segundo Grau
da Moderna Maçonaria.
No que diz respeito às
ferramentas que vão à mão do Aprendiz durante as viagens simbólicas na
cerimônia de Elevação, essas nada tem a ver diretamente com as ferramentas
do Companheiro, mas sim com a transição do Aprendiz para o Grau de
Companheiro, o que sugere o tempo do seu aperfeiçoamento até conseguir o
aumento se salário (dependendo poderiam ser três ou cinco anos).
Nesse sentido essas conduções e
permutas de instrumentos nada mais são do que a representação evolutiva e do
aprimoramento do artífice, portanto não há como confundi-las como “ferramentas do grau especulativo” usadas
exclusivamente pelo Companheiro.
No que consiste à entrega
simbólica de ferramentas ao Mestre Instalado eleito para o veneralato durante
a cerimônia de Instalação, eu prefiro não comentar, pois esses rituais são
deturpados e misturados com práticas e costumes de ritos diferentes entre si,
tanto na sua essência doutrinária como na cultural, a despeito de que
Instalação, nos ritos de vertente francesa, é prática bastante discutível.
Assim dessa miscelânea toda e no afã de se dar mais valor além daquilo que
é devido, sobretudo no Brasil, apareceriam esses rituais de instalação que vieram enxertados da vertente inglesa e
acamparam equivocadamente de maçonaria de origem francesa. Troncando em
miúdos, editaram rituais esquecendo-se da pluralidade de Ritos e destes, seu
patrimônio cultural e doutrinário.
Por fim, esse é, no meu
entendimento, a classificação que se poderia considerar para as ferramentas simbólicas do Grau de
Companheiro Maçom na Moderna Maçonaria, desde que se observem as nuances e
particularidades litúrgicas do Rito e o seu nascedouro. Não tratei
especificamente do REAA ou do Adonhiramita, senão quanto a sua origem
cultural.
E.T. – No trato do termo Painel
da Loja do Companheiro, não confundi-lo com a Tábua de Delinear inglesa que,
acabou por aqui sendo enxertada na vertente francesa sob o título de Painel
Alegórico. Essa Tábua de Delinear é aquela que traz a Escada em Caracol. À
bem da verdade, esse nada tem a ver com a doutrina francesa. O termo “Alegoria
do Companheiro” quando mencionado nas considerações acima se refere à
alegoria do personagem Companheiro – é aquele que apresenta o protagonista
portando as ferramentas, dentre as quais, a Régua sobre o seu ombro esquerdo.
T.F.A.
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 2.337–
Florianópolis (SC), quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017
Esse Irmão Pedro Juk é mesmo muito bom!!!
ResponderExcluirTFA