(republicação)
Em 09/11/2016 o Respeitável Irmão
Carlos Eduardo Flores dos Santos, Loja Ovídio de Morais Leal, 2.420, sem
mencionar o nome do Rito, GOB-RS, Oriente de Rio Pardo, Estado do Rio Grande do
Sul, solicita considerações para o seguinte:
DÚVIDAS SOBRE O NÚMERO DOIS.
Primeiramente gostaria de parabeniza-lo pelo belíssimo trabalho desenvolvido no Informativo (JB News) nos brindando com o seu conhecimento maçônico minimizando as dúvidas (que são muitas) de Irmão de todo o Brasil.
Já li em vários livros que o número dois, é um número que traz má sorte, azar, etc., e através do artigo do Irmão Aquilino Leal apresentado no JB News nº 2222 http://www.jbnews33.com.br/informativos/JB_News-Informativo_nr_2222.pdf, contrapõe essa teoria, gostaria de apresentar uma Peça de Arquitetura defendendo que o número dois não é um número de má sorte, gostaria de saber se o Irmão tem alguma referência bibliográfica e/ou qual sua posição sobre esse tema.
DÚVIDAS SOBRE O NÚMERO DOIS.
Primeiramente gostaria de parabeniza-lo pelo belíssimo trabalho desenvolvido no Informativo (JB News) nos brindando com o seu conhecimento maçônico minimizando as dúvidas (que são muitas) de Irmão de todo o Brasil.
Já li em vários livros que o número dois, é um número que traz má sorte, azar, etc., e através do artigo do Irmão Aquilino Leal apresentado no JB News nº 2222 http://www.jbnews33.com.br/informativos/JB_News-Informativo_nr_2222.pdf, contrapõe essa teoria, gostaria de apresentar uma Peça de Arquitetura defendendo que o número dois não é um número de má sorte, gostaria de saber se o Irmão tem alguma referência bibliográfica e/ou qual sua posição sobre esse tema.
Essas ideias aportaram na
Maçonaria Especulativa e a seguir na Moderna Maçonaria a partir do século
XVIII, cujas concepções rechearam o pensamento maçônico, às vezes duvidoso, em
nome da liberdade de expressão e de pensamento (foi assim que sugiram
vigaristas como Cagliostro e ritos como o tal do Memphis - Misraim).
Obviamente que a imensa maioria desses conceitos que envolvem misticismo e ocultismo numérico (numerologia) nunca fez parte da Maçonaria de Ofício, senão as expressões matemáticas que se associavam a construção como método e verdade universal - é o caso do 47ª Proposição de Euclides (Teorema de Pitágoras).
Agora esse entendimento de qualificação numérica ligada a teorias particulares de credo, inseridas na Moderna Maçonaria a exemplo da influência hebraica e a sua Kabalah, ou mais conhecida como Cabala (Tradição) e os sephirot (números), cujas interpretações assumem um caráter de particularidade, dependem muito da vertente do Rito que a adota - é o caso, por exemplo, dessa influência no misticismo do REAA\.
Particularmente, como adepto da Maçonaria Autêntica, eu não me coaduno com muitas dessas opiniões, salvo se elas servirem como exemplo ou símbolo que desperte para uma Verdade intrínseca numa doutrina destinada ao aperfeiçoamento e ao crescimento ético e moral do ser humano, mas nunca como ideário de uma crença.
Assim, eu prefiro mencionar a qualidade numérica na Maçonaria, sem desprezar a Aritmética, quando ela estiver associada à Quinta Ciência, ou Geometria, já que ela, como Arte e Ciência está ligada diretamente às construções do passado operativo e especulativamente à construção do Homem na Moderna Maçonaria.
Assim, o triângulo retângulo, por exemplo, e a 47ª Proposição de Euclides serviram (e ainda servem) para esquadrejar os cantos da obra, tanto de modo objetivo e prático, assim como no exemplo aplicado à retidão de caráter, à vereda dos justos, à atitude perfeita, etc., tudo como matéria de doutrina e filosofia aproveitada pela Maçonaria dos Aceitos.
Dadas essas questões preliminares, vamos à questão pertinente ao número 2.
Como conjunto de conhecimentos relativos à filosofia, nesse campo o número 2 é a tendência da escolha diante da dúvida.
Questiona-se: ou é um ou é outro? Nesse particular é a arte de escolher e meditar ao se deparar com as bifurcações nos caminhos da vida (à esquerda ou à direita). Qual rumo eu devo tomar? O da direita ou o da esquerda?
De fato nada mais é do que uma questão de reflexão sobre o que se construiu no passado e o que se construirá no futuro. É o símbolo das duas cabeças - uma olhando para frente (futuro) e a outra para trás (passado).
O número dois sintetiza a comparação das coisas existentes. Exemplo: por ele podemos definir que o branco existe pela comparação com o preto; só se define o bem pela existência do mal; o que hoje está em cima pode também amanhã estar em baixo; algo só é belo porque existe a comparação com o que é feio; etc.
Essa concepção dualizada influenciada pelo hermetismo e adotada pela doutrina maçônica menciona dois sentidos, dois significados, duas razões, mais bem conhecidos na Ordem como Princípio Dual (um pelo outro).
O número 2 pode assim equivaler ao ambíguo - 2 compõe a ideia, porém a questão é a escolha de um. É daí, nesse particular, que advém a ideia da dúvida, do nefasto que em certos aspectos na vida são simbolizados pelo número 2.
Não raras vezes vemos na Maçonaria discussão sob o ponto de vista da lógica matemática se o número 4 é o resultado da soma de 2 + 2 ou é o produto de 2 x 2, entretanto a questão, em termos de filosofia maçônica, não trata da matéria no campo das ciências exatas, mas sim como um meio para chamar atenção à incerteza sobre a realidade de um fato ou verdade de uma asserção - a indecisão natural daqueles que vivem o segundo ciclo da vida (a juventude).
Nesse conceito poder-se-ia perguntar: então o número 4 é o quê? É o resultado da soma ou da multiplicação que envolve o número 2? Instaurou-se a dúvida, porém essa é apenas uma questão filosófica de alegoria numérica (não matemática) que tem a intenção de induzir o homem à meditação. É na realidade um símbolo da dúvida que representa uma proposta. A discussão não está no resultado dessas frases aritméticas, mas sim nos fatos que o constituíram.
É nesse sentido que deve se encaminhar a discussão e, nesse pormenor o número 2 adquire alto valor simbólico para a geometria maçônica dado que em se partindo de um mesmo ponto, dois rumos distintos se dirigem ao infinito (ao desconhecido). Assim a dúvida ainda persiste - então até aonde irão esses deslocamentos no espaço? Qual é o destino de cada um? Até o infinito? Onde está o infinito? Qual é o seu princípio e o seu fim? Sem resposta às questões, a ambiguidade concernente ao número 2 permanece.
Obviamente que a imensa maioria desses conceitos que envolvem misticismo e ocultismo numérico (numerologia) nunca fez parte da Maçonaria de Ofício, senão as expressões matemáticas que se associavam a construção como método e verdade universal - é o caso do 47ª Proposição de Euclides (Teorema de Pitágoras).
Agora esse entendimento de qualificação numérica ligada a teorias particulares de credo, inseridas na Moderna Maçonaria a exemplo da influência hebraica e a sua Kabalah, ou mais conhecida como Cabala (Tradição) e os sephirot (números), cujas interpretações assumem um caráter de particularidade, dependem muito da vertente do Rito que a adota - é o caso, por exemplo, dessa influência no misticismo do REAA\.
Particularmente, como adepto da Maçonaria Autêntica, eu não me coaduno com muitas dessas opiniões, salvo se elas servirem como exemplo ou símbolo que desperte para uma Verdade intrínseca numa doutrina destinada ao aperfeiçoamento e ao crescimento ético e moral do ser humano, mas nunca como ideário de uma crença.
Assim, eu prefiro mencionar a qualidade numérica na Maçonaria, sem desprezar a Aritmética, quando ela estiver associada à Quinta Ciência, ou Geometria, já que ela, como Arte e Ciência está ligada diretamente às construções do passado operativo e especulativamente à construção do Homem na Moderna Maçonaria.
Assim, o triângulo retângulo, por exemplo, e a 47ª Proposição de Euclides serviram (e ainda servem) para esquadrejar os cantos da obra, tanto de modo objetivo e prático, assim como no exemplo aplicado à retidão de caráter, à vereda dos justos, à atitude perfeita, etc., tudo como matéria de doutrina e filosofia aproveitada pela Maçonaria dos Aceitos.
Dadas essas questões preliminares, vamos à questão pertinente ao número 2.
Como conjunto de conhecimentos relativos à filosofia, nesse campo o número 2 é a tendência da escolha diante da dúvida.
Questiona-se: ou é um ou é outro? Nesse particular é a arte de escolher e meditar ao se deparar com as bifurcações nos caminhos da vida (à esquerda ou à direita). Qual rumo eu devo tomar? O da direita ou o da esquerda?
De fato nada mais é do que uma questão de reflexão sobre o que se construiu no passado e o que se construirá no futuro. É o símbolo das duas cabeças - uma olhando para frente (futuro) e a outra para trás (passado).
O número dois sintetiza a comparação das coisas existentes. Exemplo: por ele podemos definir que o branco existe pela comparação com o preto; só se define o bem pela existência do mal; o que hoje está em cima pode também amanhã estar em baixo; algo só é belo porque existe a comparação com o que é feio; etc.
Essa concepção dualizada influenciada pelo hermetismo e adotada pela doutrina maçônica menciona dois sentidos, dois significados, duas razões, mais bem conhecidos na Ordem como Princípio Dual (um pelo outro).
O número 2 pode assim equivaler ao ambíguo - 2 compõe a ideia, porém a questão é a escolha de um. É daí, nesse particular, que advém a ideia da dúvida, do nefasto que em certos aspectos na vida são simbolizados pelo número 2.
Não raras vezes vemos na Maçonaria discussão sob o ponto de vista da lógica matemática se o número 4 é o resultado da soma de 2 + 2 ou é o produto de 2 x 2, entretanto a questão, em termos de filosofia maçônica, não trata da matéria no campo das ciências exatas, mas sim como um meio para chamar atenção à incerteza sobre a realidade de um fato ou verdade de uma asserção - a indecisão natural daqueles que vivem o segundo ciclo da vida (a juventude).
Nesse conceito poder-se-ia perguntar: então o número 4 é o quê? É o resultado da soma ou da multiplicação que envolve o número 2? Instaurou-se a dúvida, porém essa é apenas uma questão filosófica de alegoria numérica (não matemática) que tem a intenção de induzir o homem à meditação. É na realidade um símbolo da dúvida que representa uma proposta. A discussão não está no resultado dessas frases aritméticas, mas sim nos fatos que o constituíram.
É nesse sentido que deve se encaminhar a discussão e, nesse pormenor o número 2 adquire alto valor simbólico para a geometria maçônica dado que em se partindo de um mesmo ponto, dois rumos distintos se dirigem ao infinito (ao desconhecido). Assim a dúvida ainda persiste - então até aonde irão esses deslocamentos no espaço? Qual é o destino de cada um? Até o infinito? Onde está o infinito? Qual é o seu princípio e o seu fim? Sem resposta às questões, a ambiguidade concernente ao número 2 permanece.
Entretanto o caos cessa a partir
do momento em que um terceiro elemento é introduzido nesse teatro para fazer a
ligação e por fim aos deslocamentos em direção ao infinito. O resultado dessa
inclusão cessa a dúvida e faz com que se forme a figura do primeiro plano
geométrico, o "Triângulo".
Tão importante é essa alegoria geométrica que dela surge à concepção da Unidade Ternária. É indiscutivelmente um dos elementos primordiais que fazem parte do estudo do maçom como base na investigação das Leis da Natureza. Afinal na doutrina maçônica tudo começa a partir do número "três" - a idade do Aprendiz é de Três Anos, a sua bateria é constituída por três pancadas, a Marcha do Aprendiz é composta por três passos, três governam a Loja, três são as Grandes Luzes Emblemáticas, etc. Filosoficamente o ternário é a base, é a unidade equilibrada de tudo que se constrói, pois o seu estudo perseverante, em pensamento e meditação, conduz o estudante à essência das coisas.
Em síntese, esse é um breve apanhado sobre a compreensão filosófica da estrutura das coisas perfeitas e duráveis sob a óptica maçônica. "Um" é o ponto, "Dois" é a linha em movimento e "Três" é a "unidade ternária". Vide a razão da existência do Delta Radiante no Retábulo do Oriente da Loja.
Tão importante é essa alegoria geométrica que dela surge à concepção da Unidade Ternária. É indiscutivelmente um dos elementos primordiais que fazem parte do estudo do maçom como base na investigação das Leis da Natureza. Afinal na doutrina maçônica tudo começa a partir do número "três" - a idade do Aprendiz é de Três Anos, a sua bateria é constituída por três pancadas, a Marcha do Aprendiz é composta por três passos, três governam a Loja, três são as Grandes Luzes Emblemáticas, etc. Filosoficamente o ternário é a base, é a unidade equilibrada de tudo que se constrói, pois o seu estudo perseverante, em pensamento e meditação, conduz o estudante à essência das coisas.
Em síntese, esse é um breve apanhado sobre a compreensão filosófica da estrutura das coisas perfeitas e duráveis sob a óptica maçônica. "Um" é o ponto, "Dois" é a linha em movimento e "Três" é a "unidade ternária". Vide a razão da existência do Delta Radiante no Retábulo do Oriente da Loja.
Como lição de tudo, esse conjunto
de conhecimento declara o equilíbrio como importante destaque na virtuosidade
para a elevação da Obra. Esse equilíbrio somente é conseguido quando adicionado
ao número "dois" vai uma terceira unidade. Daí o número 2, elemento
principal dessa sua questão e mote dessas considerações, ser um elemento
estrutural para a construção do ternário - o dois é parte do três.
Em Maçonaria, é da dúvida inspirada pelo número 2 que se construiu o número 3 (o primeiro plano definido como figura geométrica). É pelo princípio da dualidade que muitas das coisas se definem como existentes - o bem e o mal, o preto e o branco (pavimento), a luz e a escuridão (sabedoria e ignorância), o dia e a noite (meio-dia e meia-noite), etc. Em tese, um é, foi e será pela existência do outro.
Concluindo, essa é uma pequena síntese (complicada sem dúvida) dos estudos pelos quais propõe a Moderna Maçonaria no alvitre da construção de um Templo a Virtude Universal, cuja matéria prima especulativa dessa construção é o próprio Homem. É ele que se aprimora quando busca o conhecimento na senda iniciática (da escuridão para a luz).
Obviamente essas são concepções filosóficas que buscam explicar os elementos da Sabedoria, mas sem deixar de se compreender que o que está aqui se tratando é parte da simbologia das coisas e dos fatos, portanto nem sempre as explicações convergem para a mesma cadeira de formação da vida. Destaque-se que o estudo dos números em Maçonaria nada tem a ver com crenças, credos, adivinhações ou outas ocorrências do gênero. Essa analogia na Maçonaria, como filha dos ancestrais operativos, trata dos números somente como corpos da Geometria quando coligados às manifestações filosóficas do pensamento humano, desde que aventadas como exemplos e métodos alegóricos de aperfeiçoamento.
Quanto a autores e bibliografia solicitada, essa é uma matéria de estudos do Grau de Companheiro, daí sugiro em primeira instância o Curso de Maçonaria Simbólica Tomo II - Theobaldo Varolli Filho, assim como a Cartilha do Companheiro - José Castellani e Raimundo Rodrigues, inclusive recomendo todas as obras de filosofia aplicadas em Maçonaria de autoria desse último autor.
Sugiro também que se dispensem autores de viés doutrinário de crenças próprias e de outros abeirados pelo ocultismo, já que esses tipos escritos, embora muito oferecidos nas bancas literárias, estão muito longe da realidade maçônica.
T.F.A.
Em Maçonaria, é da dúvida inspirada pelo número 2 que se construiu o número 3 (o primeiro plano definido como figura geométrica). É pelo princípio da dualidade que muitas das coisas se definem como existentes - o bem e o mal, o preto e o branco (pavimento), a luz e a escuridão (sabedoria e ignorância), o dia e a noite (meio-dia e meia-noite), etc. Em tese, um é, foi e será pela existência do outro.
Concluindo, essa é uma pequena síntese (complicada sem dúvida) dos estudos pelos quais propõe a Moderna Maçonaria no alvitre da construção de um Templo a Virtude Universal, cuja matéria prima especulativa dessa construção é o próprio Homem. É ele que se aprimora quando busca o conhecimento na senda iniciática (da escuridão para a luz).
Obviamente essas são concepções filosóficas que buscam explicar os elementos da Sabedoria, mas sem deixar de se compreender que o que está aqui se tratando é parte da simbologia das coisas e dos fatos, portanto nem sempre as explicações convergem para a mesma cadeira de formação da vida. Destaque-se que o estudo dos números em Maçonaria nada tem a ver com crenças, credos, adivinhações ou outas ocorrências do gênero. Essa analogia na Maçonaria, como filha dos ancestrais operativos, trata dos números somente como corpos da Geometria quando coligados às manifestações filosóficas do pensamento humano, desde que aventadas como exemplos e métodos alegóricos de aperfeiçoamento.
Quanto a autores e bibliografia solicitada, essa é uma matéria de estudos do Grau de Companheiro, daí sugiro em primeira instância o Curso de Maçonaria Simbólica Tomo II - Theobaldo Varolli Filho, assim como a Cartilha do Companheiro - José Castellani e Raimundo Rodrigues, inclusive recomendo todas as obras de filosofia aplicadas em Maçonaria de autoria desse último autor.
Sugiro também que se dispensem autores de viés doutrinário de crenças próprias e de outros abeirados pelo ocultismo, já que esses tipos escritos, embora muito oferecidos nas bancas literárias, estão muito longe da realidade maçônica.
T.F.A.
PEDRO JUK jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br
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