ACENDIMENTO DAS VELAS
(republicação)
O Respeitável Irmão Sebastião de
Oliveira, Mestre Maçom da Loja Estrela de Morretes, Rito Escocês Antigo e
Aceito, GOB-PR, Oriente de Morretes, Estado do Paraná, apresenta a seguinte
questão:
Observei comentários e alguns
escritos sobre o acendimento das luzes na abertura e encerramento dos trabalhos
no ritual do GOB (REAA). Comenta-se que há uma discrepância no acendimento pelo
Venerável e os Vigilantes e o Mestre de Cerimônias alegando ser esse último o
mensageiro da Luz que conduz para o Ocidente. Não está clara a circulação do
Mestre de Cerimônias. A dúvida é porque então no caso de serem velas o
Venerável e os Vigilantes não acendem suas próprias velas já que eles, se as
luzes forem lâmpadas, não utilizam o Mestre de Cerimônias como elo de ligação.
Fala-se também que ele é o condutor de ordens e que alguns ritos são os
Diáconos que acendem luzes. Qual a sua opinião sobre esse assunto? Embora eu
não esteja de acordo com esses comentários. Achei interessante e gostaria de
saber a sua opinião? Existe cerimonial de acendimento de luzes no Rito Escocês
Antigo e Aceito?
Em primeiro lugar, eu não sei
onde o Irmão ouviu tamanha bobagem e ainda por cima usando certos termos como
“elo de ligação”(sic). O termo é redundante, pois o vocábulo “elo” já exprime
uma ligação.
O Mestre de Cerimônias não é em
hipótese alguma esse tal “elo” que conduz “luz” que emana do Venerável. No Rito
em questão isso não existe. Aliás, isso nunca existiu na pura Maçonaria. As
luzes acesas sobre o Altar ocupado pelo Venerável e mesas dos Vigilantes têm
apenas o propósito de indicar a evolução no Obreiro na senda iniciáticas. A Luz a que se refere ao
Venerável é o sentido figurado da sabedoria e do esclarecimento e nunca esse
esdrúxulo misticismo que contraria a razão da Sublime Instituição. Ao bem da
verdade na pura Maçonaria essas luzes – não raras vezes intituladas por
tocheiro – eram acesas antes dos inícios dos trabalhos, sem qualquer reverência
ou coisas do gênero. Obviamente pela evolução da ciência e das artes a
Maçonaria acompanha o compasso do tempo e do desenvolvimento e passou a fazer
uso da energia elétrica. Assim as tais velas foram substituídas na grande
maioria das Lojas por pequenas lâmpadas que urgem simbolizar esse simbolismo do
esclarecimento. É justamente por esse feitio que
o Venerável e os Vigilantes são conhecidos na Maçonaria Francesa como “Luzes da
Loja” e na Inglesa como “As Três Luzes Menores”, dado que as “Três Luzes
Maiores” é o mesmo que as “Três Grandes Luzes Emblemáticas” – o Livro da Lei, o
Esquadro e o Compasso.
A verdadeira luz que se refere à
Maçonaria nesse momento ritualístico, é a alegoria do Sol que nasce no Oriente
para romper o dia – (...) ali é colocado o Venerável Mestre... – passa pelo
meridiano do Meio-Dia – (...) para observar o Sol no seu meridiano... – e se
oculta no Ocidente – (...) se oculta no Ocidente para terminar o dia...
No caso do Ritual citado nada
existe de simbolismo no que tange o levar ou trazer luz daqui pra lá ou de lá
pra cá. São elas as Luzes litúrgicas inerentes ao Grau que a Loja estiver
trabalhando e o desfecho da Grande Iniciação revelada pela alegoria explicitada
na Lenda de Hiram - Exaltação do Mestre. Pela modernidade e evolução
essas, como dito, na grande maioria das Salas das Lojas passaram a serem luzes
alimentadas por energia elétrica. Entretanto, alguns Templos ainda não se
adaptaram ao conforto e nada também pode os obrigar.
Daí, se em alguns casos
persistirem os candelabros com velas, estas serão simplesmente acesas sem qualquer
evocação de leva e trás iluminativo. A questão é que em sendo lâmpadas
elétricas, existe a facilidade de que cada Luz da Loja (Venerável, Primeiro e
Segundo Vigilantes) possa acender a sua obedecendo a hierarquia com um simples
toque de um interruptor confortavelmente disposto. Já em sendo velas, as coisas
podem se complicar quebrando a própria seriedade e desempenho do garbo
ritualístico quando o Venerável, ou os Vigilantes teriam que se servir de
fósforos, isqueiros ou similares para acender o elemento
iluminativo. Isso não ficaria nada elegante, pois o respectivo ocupante do
local teria que desfazer o Sinal, riscar fósforo, etc. No encerramento então seria
aquele assopra – assopra ou a busca de objeto para apagar a dita luz emanada
por uma vela que mais serve para poluir um ambiente fechado.
“An Passant” na abertura se
obedece à hierarquia porque é Meio-Dia (juventude) e no encerramento na ordem
inversa porque é Meia-Noite (maturidade, ou morte). Afinal a juventude vem
sempre antes da maturidade obedecendo a ordem natural dos acontecimentos
inerentes às Leis da Natureza.
Quanto ao “não estar claro” e
circulação do Mestre de Cerimônias eu não entendi. Caso haja necessidade dele
acender as Luzes litúrgicas hierarquicamente ele, o Mestre de Cerimônias
obedecerá à circulação: assim acende primeiro no Oriente, dele sai, passa pelo
Sul e vai até o Primeiro Vigilante no Ocidente onde acende por
segundo e por fim do Norte para o Sul o Segundo Vigilante no Meio-Dia onde
acende por último. No final dos trabalhos, de forma
inversa, ele, o Mestre de Cerimônias que já está no Sul, vai até o Segundo
Vigilante, dali até o Primeiro e finalmente ao Venerável. Toda essa
perambulação nada tem a ver com leva e trás de luz alguma. Esse procedimento é apenas uma
obrigação de ministério de um Oficial que não é em hipótese alguma
“mensageiro”, porém obreiro que conduz alguém em Loja e nela auxilia nos
trabalhos. Mensageiros são os Diáconos com
as suas funções específicas dos antigos Oficiais de chão.
Esses não conduzem
atas, nem acendem luzes, nem levam recados, bilhetes, informações senão aquelas
ordens inerentes ao Ritual. A função dos Diáconos no Rito
Escocês é aquela da transmissão da Palavra que tem um profundo sentido
possuidor de elo com a Maçonaria Operativa quando estes levavam ordens do
Mestre da Loja pelos quatro cantos do canteiro para que os ajudantes imediatos,
ou zeladores (hoje os Vigilantes) cumprissem a regra de esquadrejar e aprumar a
Obra, tanto para iniciá-la quando na medição final antes de despedir os
Obreiros contentes e satisfeitos.
Ainda em relação às Luzes
litúrgicas no Rito Escocês não existe qualquer cerimônia de acendimento das
mesmas. Foi justamente pela colcha de retalhos que fizeram do Rito Escocês que
práticas de outros ritos acabaram enxertadas na sua ritualística. Daí apareceu
aquela tal “Chama Votiva” sobre o Altar nos Perfumes (que no nosso caso não
serve para nada), cujas manifestações rançosas impingiam uma luz divina e
tantas outras coisas do gênero. Ora, essa “velinha acesa” não
está mais prevista nos nossos rituais escoceses, pois na verdade elas serviam
apenas para o Mestre de Cerimônias dela se servir para acender as Luzes
Litúrgicas e nada mais. Entretanto, o que vinha ocorrendo
é que quando ela cumpria o seu objetivo e era apagada, alguns Irmãos achavam
que a ação era um ato de verdadeiro sacrilégio por apagar a tal “luz divina”,
confundindo a Sublime Instituição com a sua própria religião professada e ainda
mais, pois sacrilégio, no meu entender é confundir o inefável divino com uma
vela acesa muitas vezes comprada na birosca da esquina. Pura bobagem, pois isso nunca
existiu no Rito, salvo em muitos rituais brasileiros rançosos, ultrapassados e
repletos de enxertos de outros ritos. Por assim ser o GOB excluiu essa anomalia
do Rito nos atuais rituais simbólicos em vigor.
E.T. 01 – Já inventaram no Brasil
o Diácono acendendo Luz (antigo tocheiro) nos trabalhos de Emulação (conhecido
como Rito de York no GOB). Isso é um procedimento no mínimo equivocado e
inexiste nesse belíssimo e tradicional Trabalho Inglês. Por aí é que começa a
“estória” do tal “leva e trás da Luz”, mensageiros e, como diria o profeta “elo
de ligação” (sic).
E.T. 02 – As minhas colocações
não visam atingir, ou me manifestar contra qualquer rito e até mesmo religião.
Também possuo a minha, porém entendo que a grande arte é convivermos
pacificamente, cada qual com sua ideologia religiosa sem que se imponha a sua
convicção a outrem. Respeito todas elas, todavia sou crítico de inserções
particulares em um todo que acato como Arte Real, Sublime Instituição...
Maçonaria.
T.F.A.
PEDRO JUK
jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr.
384 Florianópolis (SC) – 19 de setembro de 2011
Bom Dia Poderoso Ir.´. Pedro Juk
ResponderExcluirrecebi um trabalho sobre esse assunto sobre a Biografia de Charles Webster Leadbeater Bispo da igreja Catolica Liberal !
e me encantei com esse ritual ! e gostaria de executar em loja para apenas mostrar aos irmaos inclusive aprendizes, no qual sería o meu foco ! haveria alguma objeção em relação a essa amostra de Rito perante o GOB ?
Ir.´. Mario Luiz Caniato MI.´.
Email ircaniato@gmail.com