O LUGAR DAS COLUNAS "J"
E "B"
(republicação)
O Respeitável Irmão Paulo Roberto
Magalhães, Loja Terceiro Milênio, 2.540, Rito Escocês Antigo e Aceito, GOB-PR,
Oriente de Maringá, Estado do Paraná, apresenta a seguinte questão:
prmag@uol.com.br
1 - Gostaria de saber sua opinião
a respeito da colocação das Colunas B e J no átrio das Lojas, surgiu uma
polêmica com a afirmação de que estas colunas estão colocadas nesta área,
devido serem consideradas “vestibulares” conforme estariam colocadas no templo
de Salomão, pois bem em todas as pesquisas que consegui visando à planta de
construção do templo de Salomão, em todas elas encontro as colunas colocadas no
lado externo do templo, portanto a afirmação de colunas “vestibulares”, não me
parece a mais verdadeira.
2 - Mesmo não sendo o templo
Maçônico uma representação do templo de Salomão estas colunas originariamente
não teriam nenhum efeito estrutural no prédio, seriam somente ornamentais,
portanto ainda acredito que o
mais sensato seria a volta destas colunas para o interior do templo, para tanto
solicito sua orientação a este respeito.
Pesquisar sobre planta do Templo
de Jerusalém é um assunto especialmente contraditório, pois as citações são
vagas e estão ligadas diretamente com os escritos bíblicos. Cientificamente
ninguém ainda conseguiu elaborar o protótipo exato.
Algumas especulações tratam de
que o Muro das Lamentações em Jerusalém poderia ser parte do Templo em questão.
As maquetes, desenhos, etc., que passeiam pelo mundo, são meras especulações,
quando não ilações desvairadas.
Um Templo Maçônico (a sala da
Loja) e não a construção do prédio, não é nenhum arquétipo nem estereótipo do
tal Templo de Jerusalém por duas razões. Primeiro que a Maçonaria Primitiva não
possuía “templos”. Segundo, é que o primeiro Templo destinado aos trabalhos
maçônicos viria ter a sua pedra fundamental lançada nos meados do século XVIII
em Londres por ocasião da construção do “Freemason’s Hall”, atual sede da
Grande Loja Unida da Inglaterra.
Esse primeiro espaço topográfico
maçônico distinto baseou-se em termos na edificação das Igrejas Medievais e no
tocante a sua disposição, análoga ao Parlamento Britânico. Posteriormente a
decoração desse espaço de trabalho maçônico assumiu particularidades regionais
e consequentemente com o Rito praticado pela Loja.
Ao bem da verdade, com o
aparecimento do Grau de Mestre em 1.724, a Lenda de Hiram passou a fazer parte
do corolário alegórico do terceiro Grau, pois anteriormente a isso, com raras
exceções, as referências eram bastante associadas ao Teísmo, por conseguinte,
bíblicas e simbolicamente os elementos tradicionais eram as Colunas B e J que
por associação reportavam-se à entrada do Templo como é citado, dentre outros
no Livro Sagrado, em Reis.
Para que se possa compreender
melhor a razão dessas Colunas nos trabalhos maçônicos, carecemos compreender a
proposta dos sistemas doutrinários maçônicos que se dividem em duas vertentes
principais – a inglesa e a francesa (basta notar a diferença existente entre os
painéis nos dois sistemas). Assim, para alguns ritos, conforme as suas origens,
essas Colunas Gêmeas não possuem local distinto e igualitário.
Na Inglaterra, por exemplo, as
colunas podem estar no Sul, próximo ao Segundo Vigilante, ou quase no centro da
Sala da Loja próximo ao tapete, também podem estar junto a porta lateral de
entrada como é o caso do Trabalho de Emulação, etc.
Já nos ritos de origem francesa
alguns ritos interiorizam as Colunas colocando-as junto a porta de entrada
enquanto que outros, como é o caso do Rito Escocês Antigo e Aceito que apesar
do nome é francês (vertente latina), as colocam corretamente no átrio que é o
vestíbulo da sala da Loja, ou junto à entrada do Templo e não do prédio que
abriga o Templo.
Para o Rito Escocês elas estão
inquestionavelmente corretas ao se posicionaram no vestíbulo, ou átrio (note-as
nos Painéis da Loja – pelo lado de fora do pórtico), já que elas assumem o
caráter solsticial e marcam da doutrina do Rito que se associa às Leis da
Natureza, a passagem dos trópicos de Câncer ao Norte e Capricórnio ao Sul,
inclusive, pelo caráter do vocábulo “antigo” no título do Rito, elas permanecem
na forma “antiga” – B a esquerda de quem entra e J à direita.
Para o rito em questão as Colunas
Gêmeas marcam exatamente os solstícios e os equinócios, fatores
preponderantes na alegoria
iniciática da vertente latina que abrange todo o franco maçônico básico (Aprendiz,
Companheiro e Mestre).
Ainda em relação à Lenda de Hiram
e a construção alegórica do Templo, a Moderna Maçonaria latina faz urdir o seu
plano doutrinário associando o canteiro de obras (Loja) com uma espécie de
subdivisão mística do antigo templo onde, no caso do Rito Escocês, o Átrio faz
parte desse plano dividido em três partes – o Átrio como primeiro plano, o
Santo (Ocidente da Sala da Loja) e o Santo dos Santos para o Oriente (Delta).
Por assim ser, o átrio, ou
vestíbulo é parte integrante do canteiro e deveria possuir o mesmo pavimento do
Ocidente da Loja.
Assim à entrada do Sanctum
estavam supostamente as Colunas que em cujo interior (do Sanctum) situava-se o
Sanctum Sanctorum, ou lugar da Arca da Aliança.
Cabe aqui fazer um parêntese para
ratificar que uma Loja Maçônica não é uma cópia do antigo Templo, porém em
alguns sistemas doutrinários maçônicos essa alegoria é tomada pelo sentido de
ministrar lições de ética e moral no aperfeiçoamento do Homem como elemento
primário da construção.
Também não está aqui se afirmando
a existência da Maçonaria nos tempos do Templo – isso é apenas lenda.
Sob essa óptica, no rito em
questão, a interiorização das Colunas Gêmeas perderia o sentido, já que a sua
grande representatividade na doutrina é para aquele que chega ao átrio e as vê
em primeiro plano (como está em Reis), daí a importância do Átrio na topografia
do Templo Maçônico escocês.
Essa dúvida normalmente acontece
pelo fato de que ao vestíbulo, não é dada a verdadeira importância que ele
merece, já que ele é parte integrante do Canteiro – não raras vezes o confundem
com a Sala dos Passos Perdidos.
Quanto ao efeito estrutural das
Colunas, evidentemente que não, pois se as mesmas estivessem dispostas para
assumir essa faceta, elas não seriam tecnicamente tratadas como Colunas, porém,
“pilares”.
As Colunas Gêmeas são dispostas
para marcarem o movimento anual do Sol – cultos solares da antiguidade, base da
grande maioria das religiões terrenas.
O elemento Homem posicionado
diante delas, figuradamente marcou o tempo no espaço de um ano pelos séculos e
séculos que se passaram (base dos diversos calendários).
Finalizando, muitos e muitos
escritos se apresentaram e ainda se apresentam diante de nós sobre o assunto.
Rios e rios de tinta foram derramados e as conclusões sempre se chocaram umas
contra as outras. Talvez as ilações não tenham espalhado fertilidade pelo
simples fato de que as pesquisas se desviaram o objetivo, quanto muitos e
tantos outros pesquisadores se prenderam na construção física do Templo e aí,
imaginaram, apenas imaginaram, esquecendo esses que o mais importante está na
mensagem oculta nessa belíssima alegoria. Ao meu ver fizeram a rolha antes da
garrafa.
T.F.A.
Pedro Juk - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr.
385 Florianópolis (SC) – 20 de setembro de 2011
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