PERGUNTAS & RESPOSTAS
(republicação)
1 – Dúvidas Ritualísticas:
Em 28/09/2016 o Respeitável
Irmão Evandro Ubiratã Garcez Domingues, Loja Acácia Vitoriense, REAA, GORGS
(COMAB) e da Loja de Perfeição José Almeida dos Santos, SCRS, Oriente de
Santa Vitória do Palmar, Estado do Rio Grande do Sul, solicita esclarecimentos
para as dúvidas seguintes: evandrosvp@terra.com.br
Recorro aos vossos conhecimentos
maçônicos, por não haver encontrado literatura que me esclarecesse, e minha
consulta ao Supremo Conselho do RS, ainda não teve resposta (!?). Assim,
formulo três questões ao distinto irmão:
1 - No simbolismo, a bateria no
1º e 2º graus é realizada de maneira sonora (palmas), já no 3º grau,
executa-se a bateria de forma surda (bate-se no antebraço, devido ao luto pela
morte de Hiram). E nos Altos Graus, como deve ser a bateria? Por quê?
2 - Na formação da Cadeia de
União, os pés devem ser unidos pelos calcanhares, unindo-se as pontas dos
pés aos outros irmãos, as mãos são unidas, cruzando-se os braços (o direito
por sobre o esquerdo). Mas já vi cadeias de união sendo realizadas com os
irmãos dando-se as mãos, com os braços esticados para baixo, ao longo do
corpo. Qual é o mais correto? Por quê? 3 - Nos Altos Graus, os irmãos devem
usar os paramentos do grau em que se realiza a sessão, ou cada irmão deve
usar os paramentos do grau em que está colado? Por quê?
1 – A Câmara do Meio representa
a alegoria da morte do Mestre. Em síntese os operários consternados expressam a sua dor
e angústia pelo acontecimento.
A Lenda do Terceiro Grau encerra
as três etapas da vida humana – intuição, análise e síntese. Resumindo a dor pela
perda do Mestre, a bateria em surdina denota o símbolo de respeito intrínseco
a esse teatro simbólico.
Além disso, os três graus
simbólicos conferem ao iniciado a capacidade de autodomínio sublimado pelo
controle sobre si mesmo e das suas paixões, o que se resume em conhecimento
interior – conhece-te a ti mesmo (Sócrates).
De tudo, essa representação simbólica está
na morte e no renascimento (o assassinado e o reencontro da Palavra). Sob esse
prisma, o teatro simbólico da Lenda se encerra com o renascimento do Mestre, o
que em linhas gerais, após ser revivida a sabedoria (Exaltação) encerra-se o
luto (consternação).
Já no que diz respeito aos graus
do 4o ao 18o, sua aplicação doutrinária está na saída do campo restrito de conteúdo humano para o
conhecimento cósmico, o que em linhas gerais trata da identificação do Homem
com o Universo pela aplicação da virtude da solidariedade e do amor. Nesse
campo de estudo e aperfeiçoamento, ao contrário do anterior (simbolismo),
não existe menção específica sobre consternação e dor, senão alguns em
aspectos decorativos de algumas câmaras que lembram discretamente Hiran Abif.
Em se tratando dos graus do 19º
ao 30º, estes norteiam o caminho da realização do Homem, ajustando-o com tudo
aquilo que existe no Universo (o Homem como parte da Natureza). É por essa
concepção que o 30o grau exprime toda a síntese iniciática proposta pelo
escocesismo, o que lhe traz inquestionavelmente uma grande importância doutrinária.
Assim, do mesmo modo, também essa a liturgia não trata especificamente de
nenhuma consternação pela perda de alguém. Em síntese, nessa etapa não
existe a individualidade do luto.
Por fim, os demais graus, do 31º
ao 33º não cabem comentários nesse sentido por serem meramente
administrativos.
Deixando o significado esotérico, os graus
escoceses também mostram na sua maioria uma sequência histórica do povo
hebreu, que vai desde a construção do primeiro Templo, o de Jerusalém,
também conhecido como o de Salomão, até o advento do cristianismo e a
destruição total do terceiro Templo (o de Herodes) e da cidade de Jerusalém,
no ano 70 da era atual.
Em síntese, esse mosaico
doutrinário e histórico do Rito mostra que os seus graus simbólicos e textos
iniciáticos relacionam-se à construção do primeiro Templo, o de Jerusalém,
cujos princípios maçônicos mencionam que a sua construção teria sido
dirigida pelo artífice fenício Hiran Abif, enviado a Salomão pelo rei Hiram,
da cidade fenícia de Tiro (os fenícios eram semitas tais como os hebreus).
É bem verdade que esse fato não
possui nenhuma sustentação histórica, senão uma conotação lendária, já
que Hiran Abif era, segundo a Bíblia, um entalhador de metais que teria sido
responsável pela decoração das colunas do Templo, do Mar de Bronze e do
Altar dos Holocaustos.
A despeito dessas assertivas, a
lenda maçônica no intuído de coaduna-la com a mensagem doutrinária
proposta, mostra simbolicamente Hiran como o construtor do Templo e que o mesmo
dividiu os seus auxiliares em três categorias de conformidade com a habilidade
e conhecimento de cada um, dando-lhes assim, numa autêntica lição de
sociologia, a oportunidade conforme os seus méritos a ascender na escala
iniciática.
Sob essa óptica, a exposição
lendária mostra também o assassinado do Mestre Hiran por três maus Companheiros que, sem qualificação e tempo de trabalho,
queriam chegar ao mestrado. Assim, o grau de Mestre especificamente se desenvolve
em torno desse assassinato, a despeito de que muitos dos graus posteriores se
desenvolvam também ao redor da busca da Palavra Perdida e na vingança dos
Obreiros pela perda de tão venerável Mestre, já que sinteticamente a
liturgia desse compêndio se suporta na posse do conhecimento relativo ao
segredo da arte de construir o Templo (espiritual e material) que estivera com
Hiran Abif. Nesse sentido, até o Terceiro Grau, menciona-se a alegoria do luto
e da consternação pela enorme tragédia que se abateu com o suplício do
Mestre.
A partir daí, a história
hebraica inserida nos graus até o 19º se desenvolve mostrando o final da
construção do primeiro Templo, o exílio na Babilônia após a sua
destruição, a libertação e o retorno à Palestina, a construção do
segundo Templo (Zorobabel), o cristianismo, a destruição do terceiro Templo e
de Jerusalém e, finalmente, segundo a doutrina maçônica, o aparecimento da
Jerusalém Celeste em lugar da terrestre que se encontrava em ruínas.
Esse ciclo doutrinário, da Perfeição e do
Capítulo, é posterior ao luto pela ausência do Mestre assassinado. As
alusões feitas a ele (Hiran) são pela busca da Palavra e pela pena capital
aos assassinos, nunca agora pela consternação.
Por fim os graus seguintes
(Kadosh) são de inspiração templária, embora possua também acentuada
influência hebraica, o que pode ser constatado na decoração das câmaras,
nas Palavras e nos títulos dos Oficiais. Em
especial, nenhum deles trata diretamente da morte de Hiran Abif e a respectiva
expiação.
Dada a essa breve exposição,
genuinamente se pode constatar que a bateria surda (de luto) é própria do Terceiro
Grau (simbolismo), já que nele se trata diretamente da encenação da Lenda de
Hiran com a personificação do personagem principal da Exaltação ao Grau de
Mestre.
Embora como demonstrado, os demais graus
subsequentes (filosóficos) até façam às vezes alusão ao fato lendário,
neles não há uma demonstração literal pela angústia do luto, senão pela
vingança e pela procura do segredo perdido da Arte de Construir (Palavra
Perdida).
Assim, por essa exposição, a
bateria surda genuinamente só acontece no Grau de Mestre, embora não nos
caiba contestar o fato se porventura existirem ainda rituais equivocados de
alguns Supremos Conselhos que venham mencionar práticas antagônicas. Quando
se perscruta os graus escoceses de Perfeição, Capitular ou de Kadosh, há que
se observar o contexto geral de cada um desses grupos doutrinários e não
especificamente um único grau propriamente dito.
2 – A Cadeia de União e o sua
forma de execução depende do arcabouço doutrinário específico do Rito
praticado.
No caso do simbolismo do REAA∴,
tradicionalmente a Cadeia somente existe para a Transmissão da Palavra
Semestral e nela não existem preces, orações, pedidos e outras coisas do gênero.
No escocesismo na composição da
Cadeia de União verdadeiramente não existe essa tal união com as pontas dos pés.
Isso é prática de outro Rito, não do Escocês Antigo e Aceito. No Rito em
questão, quando da formação da Cadeia, os Irmãos dão-se as mãos cruzando
os braços (o direito sobre o esquerdo) formando um círculo ao centro do
Ocidente e em Loja fechada. Na Cadeia somente participam Irmãos do Quadro da
Loja. Visitantes dela não tomam parte. Daí o costume de primeiro se encerrar
a Sessão (os visitantes se retiram) para que os Irmãos do Quadro a executem.
Ratificando, outros formatos e
métodos de execução dependem de qual Rito em que a Cadeia será realizada.
Essas considerações não têm
objetivo de contradizer qualquer ritual legalmente aprovado e em vigência,
porém os apontamentos objetivam mencionar aquilo que é puro e verdadeiro no
genuíno REAA∴
3 – Quanto aos aventais, isso é
muito relativo e depende das orientações do Supremo Conselho relativo.
Obviamente que os aventais são usados de acordo com o grau em que o Irmão
estiver colado. Genericamente, tanto na Perfeição como no Capítulo ou no
Kadosh cada qual deveria usar os paramentos relativos ao seu grau,
destacando-se principalmente o Athersata do Capítulo que geralmente usa o
avental do 18º grau e do Presidente do Conselho de Kadosh que usa o avental do
30º grau. Para o Consistório e Supremo Conselho, cada qual usa os paramentos a eles relativos.
Cabe aqui uma observação
pertinente: qualquer paramento relativo aos graus ditos filosóficos é privativo das
escolas de Perfeição, Capitular, Kadosh, Consistório e Supremo Conselho. Em
Loja simbólica, usam-se apenas e tão somente os paramentos relativos ao
simbolismo.
Concluindo essas considerações,
procurei no primeiro tópico dissertar um pouco sobre a qualidade e finalidade
dos grupos de graus que compõem o escocesismo. A intenção não foi a da
prolixidade, todavia para que o consulente possa, a partir daí, tirar as suas
próprias conclusões relativas à questão, sobretudo pela constante de que
muito pouco se obtém como suporte por parte dos ditos Altos Corpos e Supremos
Conselhos quando se trata de cultura e instrução sérias. Deixo ainda a
sugestão para consulta bibliográfica à obra de José Castellani – Rito Escocês
Antigo e Aceito, História Doutrina e Prática, Editora A Trolha, obra essa que
detém um esplêndido roteiro bibliográfico para
pesquisa. Sugiro também autores como Paul Naudon, Alec Mellor, Lionel Vibert,
dentre outros autênticos e confiáveis.
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
2 – Circulação Esquadria e Marcha:
Em 01/10/2016 o Respeitável Irmão Itair
Camargo, Loja Harmonia e Justiça, 1.999, REAA, GOSP GOB, Oriente de Ipatinga, Estado de São
Paulo, formula as questões abaixo:
itaircamargo@ig.com.br
Aqui estou mais uma vez para
explorar o seu conhecimento e sua boa vontade em atender a todos os Irmãos que
o procuram.
1 - Na página 42 do REAA, no que
se refere à circulação em Loja, diz-se que a Saudação Maçônica é
realizada apenas ao Venerável Mestre e se estiver portando objeto de trabalho,
faz-se uma parada rápida e formal. E na entrada e saída do Templo também a
Saudação Maçônica e feita ao Venerável Mestre e aos Irmãos 1º e 2º
Vigilantes. No Oriente não há padronização de circulação. A pergunta
então é: na passagem de uma coluna do Norte para a coluna do Sul deve se
fazer a Saudação Maçônica ou uma parada rápida e formal para o Venerável
Mestre, ou também não há padronização de circulação, sendo livre e como
já dito, apenas na entrada e saída do oriente e do Templo?
É porque vejo acontecer em
diversas Lojas mesmo do GOB, o Irmão fazer a parada formal ao passar para
outra Coluna e ou mesmo fazer o Sinal de Saudação ao Venerável Mestre.
2 - O Irmão Aprendiz e ou outro
Irmão estando entre Colunas, qual é o ângulo de abertura que deve formar os
pés estando juntos quando estiver apresentando um trabalho (leitura de um
texto)? Isto porque uns dizem ser 90º e outros dizem ser 60º.
3 - A Marcha do Aprendiz se dá
com o Sinal de Ordem dando um passo a frente com o pé esquerdo e arrastando o
pé direito junto ao pé direito por 3 vezes, ou os passos são normais sem ter
que arrastar o pé direito?
Certo da atenção costumeira do
Irmão antecipo desde já meus agradecimentos e colocando de Pé e a Ordem aqui
no Oriente de Ipatinga.
CONSIDERAÇÕES:
1 – No REAA∴ a circulação no Ocidente (deslocamento de uma para outra
Coluna) é sempre feita no sentido horário
– segue-se o giro dos ponteiros do relógio, cuja simbologia está na
associação com a marcha diária aparente do Sol (do Meio-Dia à Meia-Noite).
A regra para esse deslocamento é a seguinte: do Norte para o Sul o
protagonista cruza o eixo (equador imaginário) do Templo pelo espaço
compreendido entre a retaguarda do Painel da Loja e o limite do Ocidente com o Oriente. Do Sul para o Norte
ele atravessa o mesmo eixo, porém no espaço entre a porta de entrada da Sala
da Loja (Templo) e a frente do Painel da Loja. Na mesma Coluna (hemisfério)
não existe circulação. O protagonista que cruzar o eixo do Templo não faz
nessa oportunidade Sinal algum e nem qualquer parada formal.
Para se ingressar no Oriente se
faz sempre a partir da Coluna do Norte (nordeste da balaustrada) próximo ao
lugar do Porta-Bandeira. Do Oriente se sai sempre na direção da Coluna do Sul
(sudeste da balaustrada) próximo ao lugar do Porta-Estandarte. Também no
Oriente não existe circulação, senão a regra de que o Venerável ingressa
no Altar por ele a ser ocupado pelo lado norte e dele sai pelo lado sul. Assim,
as abordagens ao sólio são feitas pelo lado norte do Altar, exceto se o ritual
determinar o contrário (vide, por exemplo, a prova da Taça Sagrada na
Iniciação). Em Loja aberta, quem ingressar no Oriente, no momento da entrada,
saúda pelo Sinal o Venerável Mestre. Dele em retirada, antes de sair, também
saúda pelo Sinal o Venerável Mestre. Se o Obreiro estiver, portanto
(segurando) um objeto de trabalho ele fará uma parada rápida e formal ao ingressar e sair do
Oriente, sem inclinação com o corpo ou qualquer maneio com a cabeça. É
oportuno salientar que a Saudação é feita pelo Sinal Penal e o corpo estará
ereto com os pés unidos pelos calcanhares em esquadria, em qualquer
circunstância. Se o caso for da “parada formal”, o corpo também estará ereto
e com os pés em esquadria.
Saudações em Loja (pelo Sinal)
são feitas apenas ao Venerável Mestre quando da entrada e saída do Oriente
ou quando da entrada formal (pela Marcha do Grau), em Loja. Nessa oportunidade ele saudará inicialmente o
Venerável Mestre e o Primeiro e Segundo Vigilantes respectivamente. Não
confundir saudação com procedimento de compor o Sinal de Ordem quando o
Obreiro estiver em pé e parado e, antes de sentar, desfazê-lo novamente – embora
com procedimentos análogos, essa prática não é o mesmo que saudação
maçônica.
2 – Os pés em esquadria (unidos
pelos calcanhares) significam estar em 90º, já que esquadria nesse caso é sinônimo de ângulo
reto e, obviamente um ângulo reto tem 90º.
Essa “estória” de 60º mencionada
na sua questão não merece nenhum comentário. De modo autêntico, o que
merece comentário é a direção para onde apontam os pés em esquadria no
caso tradicional do REAA∴ Originalmente o Pavimento
Mosaico, de conotação oblíqua, demonstra simbolicamente a posição dos pés
e orienta os passos. Assim, como referência, considera-se o eixo longitudinal
do Templo (equador) e a intersecção das linhas oblíquas que formam o desenho
do Pavimento. Estando de frente para o Oriente e os pés ordenados
(direcionados) com as linhas oblíquas dos quadrados brancos e negros, o
protagonista coloca então ali os seus pés unidos, o que daria em relação ao
eixo uma abertura de 45º para cada pé. Em se somando os dois ângulos
relativos a cada pé e o eixo formam-se a esquadria, ou o ângulo de 90º.
Desafortunadamente, alguns
rituais escoceses mencionam o pé esquerdo apontado para frente e o direito para o
lado direito em esquadria. Essa posição, embora com o ângulo reto, é postura praticada por outros ritos.
Como os entendidos “acham” que tudo é a mesma coisa, acabaram inserindo esse
equívoco no escocesismo simbólico. Assim, eu prefiro sempre mencionar o temo
“pés em esquadria”, já que vivemos aqui no Brasil esse estado peripatético
de carimbos e convenções que indicam cumprir o que está escrito, não
importando se o alistado é de lavra correta ou errada.
A postura adequada dos pés no
REAA∴ pode ser verificada consultando a obra A Simbólica Maçônica de Jules
Boucher, ou no III Tomo do Curso de Maçonaria Simbólica de Theobaldo Varolli
Filho, além dos rituais originais franceses a partir de 1804 na França
(Grande Oriente da França e Grande Loja da França), dentre outras.
3 – Para a execução da Marcha,
os passos são normais. Avança-se a cada vez o pé esquerdo e em seguida se
junta a ele, unindo os calcanhares em esquadria, o pé direito.
Agora, essa prática esdrúxula
de arrastar os pés é mera invenção de achistas, em se tratando do REAA∴ Qualquer ritual autêntico do puro simbolismo escocês
preceitua “passos normais formando a cada passo, com os pés, uma esquadria”.
Infelizmente os inventores derramaram criaram um verdadeiro dinossauro no afã
de justificar esse inconveniente arrasta- pé – pura bobagem, sobretudo para um
rito oriundo da razão e do Século das Luzes, contrário às superstições e
crenças particulares que flagelam o Homem.
Nunca é demais lembrar que a
Marcha do Aprendiz acentua e inspira o caminho da retidão de caráter aplicado
ao aperfeiçoamento proposto na senda iniciática, nunca em movimentos que mais parecem imitar um presidiário de uma colônia penal
a arrastar um objeto pesado preso ao seu tornozelo limitando os seus
movimentos.
Concluindo essas respostas, devo
salientar que haverá contestadores pelo que aqui lhe deixo escrito,
principalmente pelos que acham que cultura e liturgia maçônica são meros
bate-papos que se debatem nesses grupos de discussões que existem às centenas
pela internet afora, inclusive alguns com barbaridades propostas para, pasme,
“se corrigirem rituais de uma Obediência”. Para esses consinto a minha
tolerância, mais não a minha indulgência. Afinal eu tenho dito: o pior cego
é aquele que se recusa a enxergar.
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
3 – Substituto do Venerável:
Em 01/10/2016 o Respeitável Irmão Itair
Camargo, Loja Harmonia e Justiça, 1.999, REAA, GOSP- GOB, Oriente de Ipatinga,
Estado de Minas Gerais, formula as questões abaixo: itaircamargo@ig.com.br
O substituto do Venerável Mestre é o Irmão Primeiro Vigilante. Mas
este tem de ser Mestre Instalado para substituir o Venerável Mestre, já que este
para tomar posse primeiramente participa de uma Sessão somente de Mestre
Instalado para se tornar e então tomar posse.
Caso não seja necessário ser o
Irmão primeiro Vigilante um Mestre Instalado, mais uma consulta: O Irmão
Segundo Vigilante é o substituto do Irmão Primeiro Vigilante, mas se
acontecer de faltarem o Venerável Mestre e o Irmão Primeiro Vigilante, é o
Irmão Segundo Vigilante que irá substituir o Venerável Mestre?
CONSIDERAÇÕES:
Esse assunto tem causado muito
debate e, porque não dizer, causado um frenesi.
À bem da verdade, no nosso
sistema latino de Maçonaria (no Brasil somos filhos espirituais da Maçonaria
francesa), bem como na imensa maioria dos Ritos que a compõem, é tradicional
a substituição precária do Venerável Mestre pelo Primeiro Vigilante, isso
porque na França, o termo “instalação” significa simplesmente a posse do
novo Venerável.
Em resumo, no sistema latino não
existe, ou pelo menos não deveria existir, essa figura do Mestre Instalado. O
personagem do Mestre Instalado, muito conhecido como “Past Master” é original
na Maçonaria Inglesa (anglo-saxônica).
Infelizmente, aqui no Brasil,
inventaram essa tal instalação ritualística amparada por uma lenda, sinais e
outros congêneres, nos ritos que são filhos espirituais da França – como é
o caso do REAA∴
Pois bem, devido a essa “neura”
brasileira de que o Venerável precise passar pela cerimônia de Instalação,
é que rios e rios de tinta têm sido derramados na extensão dos pergaminhos
da sua existência, pelo que ainda existem muitos defensores que “acham” que no
REAA∴ o substituto, mesmo que seja em um caso
precário, careça de ser um Mestre Maçom que possua o título distintivo de
Instalado. É isso mesmo, título distintivo, porque Mestre Instalado não é
em lugar nenhum do mundo considerado como grau maçônico.
Já na Inglaterra, onde realmente
existe a Instalação no Craft, mas sem essa baboseira toda de sinais e lendas,
quem substitui o Venerável Mestre é obrigatoriamente um “Past Master”, de preferência o imediato, pois nesse sistema (inglês) há a
chamada linha sucessória e a eleição é, em linhas gerais, feita para eleger
o Venerável, o Secretário e o Tesoureiro, porquanto os que irão se
candidatar ao cargo de dirigente principal da Loja, tenham sido também
Vigilantes.
Só para ilustrar, o Guarda
Externo (Tyler) de uma Loja do Craft inglês obrigatoriamente tem que ser um
Past-Master e ele necessariamente não precisa pertencer ao quadro da Loja, já
que ele é contratado e pago para exercer essa função, ao tempo em que ele
não ingressa na Sala da Loja para assistir os trabalhos – ele literalmente
permanece no exterior como guardião do recinto.
Assim, queiram ou não, existem
essas diferenças administrativas e litúrgicas substanciais entre as duas
vertentes principais de Maçonaria – a francesa e a inglesa. Na primeira, onde
Instalação é sinônimo de posse, o substituto precário do Venerável é o
Primeiro Vigilante que não precisa ter passado pelo
veneralato da Loja, enquanto na segunda, a inglesa, esse substituto eventual é
o Past-Master Imediato.
Devido aos enxertos, tão comuns
na Maçonaria Brasileira, o Grande Oriente do Brasil, por exemplo, tem
procurado se adequar da melhor maneira possível a essas contradições
legalizadas nos seus Ritos que são originários da França. Assim, no GOB, de
modo precário, em linhas gerais substitui o Venerável Mestre o Primeiro
Vigilante, enquanto que no seu impedimento definitivo, é necessário que se
faça uma nova eleição. Também no GOB, há a orientação de que as Sessões Magnas de
Iniciação, Elevação e Exaltação, no impedimento momentâneo do Venerável
(ausência), somente dirige os trabalhos nessa oportunidade um Mestre Maçom
que possua o título distintivo de Instalado - o mesmo que um ex-Venerável -
porém preferencialmente o mais recente da Loja.
No que diz respeito a ultima
parte da sua questão, na falta do Venerável e dos Vigilantes, o melhor mesmo é que não venha
existir Sessão, pois não estariam presentes nenhuma das Luzes de ofício da
Loja, que são inclusive detentoras de cargos eletivos.
Dando por concluído, lembro que
é premente nesse caso o conhecimento de que o Rito Escocês Antigo e Aceito,
embora com alguma influência anglo-saxônica e de nome “escocês”, nada tem a
ver com a Escócia, pois como Rito o mesmo é originalmente nascido na França,
portanto sua doutrina e a sua cultura são incontestavelmente latina e deísta.
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
4 – Templo Consagrado:
Em 01/10/2016 o Respeitável Irmão Antonio Pereira da Silva, Loja Fraternidade Sertaneja, 3.257, Rito Brasileiro, GOB-MG, Oriente de Uberlândia, Estado de Minas Gerais, pede esclarecimentos para a dúvida seguinte:
apis.silva@terra.com.br
Tenho lido seus artigos e respostas a consultas que me envia Valmir Prata Guimarães e já tive a oportunidade de consulta-lo anteriormente tendo sido atendido satisfatoriamente. Tenho uma nova questão. O Rito Brasileiro, em seu ritual para o 1º grau, na parte relativa ao Templo, Disposição e Decoração do Templo, Inciso 10, diz que o Templo, “pela Sagração, é reservado estritamente ao trabalho maçônico.” A partir desta determinação, entendo que não é permitida a realização de um Casamento Civil, administrado pelo Juiz de Paz, de nubentes não maçons, num Templo Maçônico Sagrado. Acrescento que entendo sagrado, na linguagem do ritual, sem qualquer conotação religiosa ou mística, mas, apenas, como inauguração e destinação específica. Estou certo, Poderoso Irmão
Perfeitamente correto meu Irmão.
O espaço da Sala da Loja, comumente tratado como Templo, é um espaço
consagrado, o que em linhas gerais na Maçonaria significa dedicação aos
trabalhos ritualísticos sem qualquer conotação religiosa.
Muitos ainda pensam que a
consagração, também conhecida como sagração, determina santidade religiosa,
o que é um erro crasso de interpretação.
Esse falso entendimento tem se
dado principalmente pelo uso indevido da palavra Templo para o edifício
maçônico, dando para ele conotação religiosa.
A liturgia maçônica se dá
através dos seus Ritos e, por conseguinte, conforme a disposição e alegoria
da Sala da Loja que é “coberta” durante os trabalhos em atenção a um dos
Landmarks da Ordem – o sigilo.
Outro erro comum é o mau uso do
espaço consagrado aos trabalhos maçônicos quando direcionado às atividades
profanas (de não iniciados), afora as Sessões previstas nos nossos
Regulamentos com a presença de não maçons.
Ora, uma Loja Maçônica não
comporta casamento civil como mencionado na questão. Isso é mesmo coisa de
quem, ou quer aparecer, ou não entende mesmo nada de Maçonaria. Esses
absurdos cabem muito bem com a expressão usada pelo saudoso Irmão e amigo particular José Castellani. Por vezes
mencionava aquele Irmão diante de certos acontecimentos: “se não é
jabuticaba e só tem no Brasil, ou é besteira ou é privilégio de alguns”.
Concluindo, a Loja serve para
trabalhos maçônicos previstos pelas Obediências, inclusive Confirmações
Matrimoniais, mas obedecendo aos rituais legalmente aprovados. Iniciativas que
não condigam com os trabalhos maçônicos previstos não cabem no recinto da
Sala da Loja.
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
NOV/2016.
5 – escrutínio - quem distribui
as esferas
Em 05/10/2016 o Respeitável Irmão Leandro
Lemos, Loja Fidelidade Mineira, 105, REAA, Grande Oriente de Minas Gerais
(COMAB), Oriente de Juiz de Fora, Estado de Minas Gerais, apresenta a seguinte
questão:
leandrolemos2000@hotmail.com
Sou Mestre de Cerimônias de
minha Loja e houve um escrutínio hoje. Surgiu uma dúvida: quem distribui as
esferas? O Mestre de Cerimônias (no caso eu)? Ou o irmão Experto? Pelo meu
entender eu distribuo, o Experto passa recolhendo os votos válidos e eu passo
pegando a esfera restante. Estou correto no pensamento?
CONSIDERAÇÕES:
No Rito Escocês Antigo e Aceito,
a prática mais comum tem si a seguinte: O Mestre de Cerimônias, munido das esferas
faz o giro na forma de costume por primeiro distribuindo-as (uma negra e uma
branca para cada um). Feita a distribuição, o Primeiro Experto com o
recipiente apropriado, faz o mesmo giro recolhendo as esferas com que os
Irmãos manifestaram o seu voto.
O Mestre de Cerimônias, depois de ser levantado e conferido o
escrutínio pelo Venerável Mestre, volta a fazer o mesmo giro para recolher as
esferas que sobraram.
Assim, o Irmão está correto no
seu pensamento.
O termo “giro na forma de
costume” implica em ser o mesmo trajeto percorrido quando da circulação do
Saco de Propostas e Informações e do Tronco de Beneficência (da viúva).
Concluindo, devo antes salientar
que primeiramente seguem-se as orientações exaradas do ritual aprovado, mesmo
que elas divirjam das exposições aqui mencionadas.
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
6 – pés em esquadria:
Em 09/10/2016 o Respeitável Irmão Itair
Camargo, Loja Harmonia e Justiça, 1999, REAA, GOB-MG, Oriente de Ipatinga,
Estado de Minas Gerais, apresenta a questão seguinte:
itaircamargo@ig.com.br
Os Irmãos em Loja depois de desfeito o Sinal de Ordem (por ordem do
Venerável Mestre) e ou Saudação, os Irmãos estando em Pé, mas não a
Ordem, os mesmo deverão estar com os pés unidos pelos calcanhares formando
uma esquadria?
Ou desfeito o Sinal de Ordem e ou
Saudação se desfaz a esquadria formada pelos pés?
Certo da atenção costumeira do
Irmão antecipo desde já meus agradecimentos e colocando de Pé e a Ordem aqui
no Oriente de Ipatinga.
Vamos por parte. Estar à Ordem
é, em qualquer situação, manter o corpo ereto, pés unidos pelos calcanhares em
esquadria, compondo o Sinal do Grau (Sinal de Ordem). Assim ninguém fica à
Ordem sem que a postura mencionada esteja formada. Isso se aplica nos três
Graus.
Estar à Ordem significa estar
pronto para, à disposição de ou do, preparado, etc. Como nossos costumes
são hauridos dos construtores medievais (canteiros), em tese, o elemento à
Ordem estará pronto se representado os três instrumentos imprescindíveis na edificação
– o Esquadro, o Nível e o Prumo. A postura do corpo, dos pés e o movimento
simbólico penal feito com a mão direita sugerem uma alegoria desses objetos.
Agora, se na oportunidade um
Obreiro for autorizado a desfazer o Sinal, fato que deve ocorrer apenas de modo
extraordinário, e não de costume corriqueiro, ele o desfaz pelo Sinal Penal,
e em seguida se coloca respeitosamente com as mãos cruzadas e acomodadas sobre
o avental, ou às costas. Nessa postura os pés não formam a esquadria – os
pés ficam posicionados normalmente.
Do mesmo modo pode acontecer se o
protagonista estiver ocupando as mãos para segurar um texto durante sua
leitura, por exemplo. Nessa situação ele também não precisa formar com os
pés a esquadria.
Se o Obreiro, por dever de
ofício, estiver parado e empunhando (segurando) um objeto de trabalho, ele
mantém o corpo ereto e os pés em esquadria (posição de rigor). Não se
compõe Sinal usando o objeto de trabalho para fazê-lo.
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
7 – procedimentos fora do ritual e diáconos:
Em 11/10/2016 um Respeitável Irmão que pede não seja publicado seu
nome e o da Loja, REAA, GOB-SC, Estado de Santa Catarina, formula a questão
abaixo.
Mais uma vez venho tentar esclarecer dúvidas em seu conhecimento e
parabenizar pelo seu excelente trabalho.
Meu Irmão, no ritual de Aprendiz
Maçom, REAA-GOB diz que não podemos "praticar" nada que não esteja
neste ritual, e ainda, não podemos acrescentar "nenhuma vírgula"
fora do que consta escrito. No entanto, vemos que durante a sessão de diversas
Lojas, o Mestre de Harmonia, controla as luzes do Templo, e muitos ainda,
abaixam e aumentam as luzes dependendo do momento da sessão. Dito isso,
durante uma sessão um Irmão Mestre Instalado, "proibiu" esses atos,
por estarem fora do ritual. E outra dúvida, com relação aos Diáconos, em
qual momento deve-se fazer a saudação? Abertura ou encerramento?
CONSIDERAÇÕES:
É um caso sensível essa
questão peripatética, sobretudo pela matriz latina da nossa Maçonaria e o vale somente o que
está escrito. Infelizmente as Obediências brasileiras se obrigam a fazer esse
alerta por escrito devido ao perfil do maçom latino de “achar, imaginar e
inventar”.
Entretanto, existem situações e
situações que envolvem esse alerta, até porque é sabido por todos que os
nossos rituais também estão repletos de erros e contradições. Assim, há situações em que o fato de
estar ou não escrito não pode ser tratado como mero desrespeito ao ritual,
pois muitas vezes a questão é mesmo de coerência para com a dinâmica
ritualística.
Outro particular é o de que o
maçom precisa ter o mínimo de conhecimento necessário sobre a Sublime
Instituição e não ficar imaginando, eu diria patologicamente, de que tudo
precise estar escrito, não levando em conta as tradições, usos e costumes da
Maçonaria.
Sob essa óptica, penso que cada
caso merece sua própria avaliação, sobretudo naquilo que disser respeito às
interpretações dos símbolos e alegorias em sistema velado, isto é, sem
licenciosidade.
Não há como esquecer também a
história autêntica e a mensagem doutrinária de um Rito maçônico em
particular.
Juntando todos esses ingredientes
é que se poderia criar um ambiente para a discussão e interpretação.
Passamos por muitas situações, infelizmente, por intervenções e palpites de
muitos que se dizem entendidos, mas na verdade não sabem nem mesmo montar uma
grade de pesquisa e se apoiam em literatura e bibliografia temerária. Enquanto
vivermos nesse teatro de “faz de conta”, cautelosamente temos que usar da
virtude da prudência e da prática do bom senso.
Dados esses comentários, na sua
questão fica claro que o fato não é o de interpretação, senão o de
“invenção” de procedimentos que não fazem parte da dinâmica ritualística
do Rito. Esse é um caso de enxertar algo que não está previsto.
Esse costume, o de “aumentar e diminuir luzes”, foram adquiridos num
passado em que as regras não eram explícitas e havia uma miscelânea de
procedimentos de um rito em outro. Porém hoje isso não mais é previsto,
portanto é prática inexistente e deve ser coibida, não propriamente porque
foi um Irmão Mestre Instalado que proibiu, mas pelo Orador da Loja que é o
Guarda da Lei e fiscal do cumprimento dos rituais.
Nesse caso, quem que alertou a
inexistência dessa prática está com toda a razão.
Na questão dos Diáconos,
durante a Transmissão da Palavra, quando da abertura, não existe saudação
ao Venerável Mestre durante a entrada e saída do Oriente pelo Primeiro
Diácono, já que nessa oportunidade a Loja não está ainda aberta. Ao contrário,
no encerramento, ele saúda o Venerável ao sair e entrar no Oriente.
É oportuno salientar que quando
da abordagem feita pelos Diáconos ao Venerável e aos Vigilantes na
Transmissão da Palavra para a abertura da Loja não se compõe o Sinal. Já no
encerramento é que existe a respectiva composição de Sinal. Durante essas
abordagens os protagonistas compõem o Sinal cumprindo a
regra de se estar à Ordem em Loja aberta – isso não é saudação, é apenas
procedimento de se compor e de se desfazer o Sinal de Ordem num determinado
momento ritualístico. O ritual é bem claro no que diz respeito à Saudação:
em Loja aberta ela só é feita ao Venerável Mestre quando da entrada e saída
do Oriente e às Luzes da Loja por ocasião da entrada formal pela Marcha do
Grau. Saudação é feita sempre em se estando à Ordem pelo Sinal Penal do
Grau. Outras oportunidades em que um Obreiro fica à Ordem (compondo o Sinal) significa que ele,
estando em pé compõe obrigatoriamente o Sinal. Antes de sentar ele o desfaz
pela Pena simbólica.
De movimentos e gestos análogos
à Saudação maçônica é apenas aquela feita ao Venerável Mestre na
ocasião mencionada, ou às Luzes da Loja após o ingresso pela Marcha do Grau.
Outra situação de se estar à Ordem é apenas cumprimento de uma regra
ritualística prevista no REAA.
Finalizando, note que certos
procedimentos, diferente de outros, não precisam estar escritos, já que eles são
óbvios e fazem parte dos usos e costumes dos Ritos, não esquecendo ainda do
elemento consuetudinário.
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
8 – docel e corda de 81 nós:
Em 23/11/2016 o Respeitável Irmão Álvaro Cesar
Lima, Loja Filhos do Sol, 470, REAA, GLESP, Oriente de Jundiaí, Estado de São
Paulo, apresenta a dúvida seguinte sobre um trabalho apresentado:
alvaroclima470@gmail.com
Esta semana o meu Venerável
Mestre pediu um trabalho para o quarto de hora. Pois bem. Resolvi fazer um
abordando a corda de 81 Nós. Bom, acho que ficou bom. Pois gerou bastante
discussão sobre o tema. O que eu acho muito bom. Afinal a ideia é estudar
sempre é aprender ainda. Mas, qual o motivo da dúvida. Nos livros abaixo existem
explicações sobre várias coisas relativas à Corda. Mas uma dúvida foi
levantada. O Castelhano (deve ser Castellani) diz. A Corda deve estar acima do
Dossel se ele for baixo e, abaixo dele, se ele for alto. Pois bem. Qual a
altura correta do Dossel? Como se faz o cálculo? Existe alguma informação ou
instrução a este respeito?
Se for necessário e se existir isto em
algum livro gostaria de compra-lo. Nos livros abaixo tem até a altura do Altar
dos Juramentos e como fazer o cálculo em detalhes. Ate dos cajados dos
Diáconos. Mas a altura do Dossel, não. Como poderia sanar está dúvida? A
Corda deve estar por cima ou por baixo e, principalmente por quê? Qual a
altura? Como fazer o cálculo?
O consulente menciona os livros:
Rito Escocês Antigo e Aceito -
José Castellani, no Caderno de Pesquisas Maçônicas - Caderno 11 pág. 67
fala do Altar trabalho do Irmão Luiz Carlos Leme Franco, Oriente de Londrina,
Rito Escocês Antigo e Aceito - Walter de Oliveira Brian, Maçonaria 100
Instruções de Aprendiz - Raimundo D'Ella Junior, Comentário ao Ritual de
Aprendiz I II III Nicolas Alan, Instruções para Loja de Aprendiz - Carvalho
Neves.
CONSIDERAÇÕES:
Vamos por parte. A Corda de 81
Nós é um símbolo que não é unânime em todos os Ritos e Trabalhos que compõem a
Maçonaria. Os que o adotam como símbolo, de modo especulativo, a Corda
representa os balizes do canteiro de obras. Sua origem está nos canteiros
(oficinas de cantaria) medievais cujo contorno da área para a edificação era
geralmente demarcada por uma corda que ia presa às
inúmeras paliçadas (pequenos postes) em anéis (argolas). Primitivamente era
o tapume que cercava o canteiro de obras.
A cercania do canteiro,
geralmente de formato retangular, tinha na sua entrada dois postes mais altos
cujo espaço entre ambos servia de passagem para o ingresso e a saída do
recinto. Junto a esses postes de entrada é que ficavam os wardens (zeladores),
mais tarde os Vigilantes da Loja.
Esse espaço, contornado pela
corda, hoje é representado como lembrança dos nossos ancestrais no REAA.'. Contornando, ou junto e ao alto das paredes da Loja, a Corda nada mais é do
que o contorno simbólico relativo aos canteiros de obra do passado à época
da Maçonaria Operativa. Hoje, a Moderna Maçonaria, especulativa por
excelência, procura relembrar essa ancestralidade dando ao canteiro de obras
especulativo o lugar (Loja) onde trabalham os Maçons Aceitos. É oportuno
salientar que essa menção se faz apenas ao espaço contornado (sala da Loja),
não a todo o relicário simbólico e decorativo que a compõe
indiscriminadamente.
Quanto aos “nós” da Corda, eles
ingressaram concomitantemente ao aperfeiçoamento dos catecismos e painéis, e
lembram a maneira de como era afixada a corda nas paliçadas dos canteiros
operativos. Já o conjunto composto pelo número 81, nada mais é do que uma
alegoria especulativa que menciona, além do próprio número relativo às
proporções matemáticas e um dos catetos do triângulo retângulo, também
a simbologia numérica relativa à unidade (nó central) e a distribuição dos
outros 40 nós para cada lado.
Na verdade é uma alusão ao
misticismo da quarentena. Nessa condição interpretativa, o “nó central”, que
coincide com a projeção perpendicular ao ápice superior do Delta, ou à
porção mediana da sua base, denota o “princípio”, a “causa”, o “movimento” e
o “indivisível” – alude à obra inicial do Criador, enquanto que o número 40
é tomado como símbolo penitencial (quarenta foram os dias e noites do
dilúvio, quarenta foram os dias de jejum dos judeus desterrados, etc.). Na verdade
essa concepção é uma evidência da influência hebraica na doutrina do REAA∴
Nos templos do REAA∴ a corda,
colocada junto à frisa na base da abóbada, ou próximo dela, denota uma boa
parte dessas interpretações, inclusive, segundo alguns rituais, ela é tomada
como um dos Ornamentos da Loja de Aprendiz, embora outros determinem a Orla
Denteada no lugar dela. Contudo ela é o símbolo da união, tanto sob o ponto
de vista figurado ao expressar a unidade entre os obreiros do canteiro na
construção da obra perfeita e durável. De modo esotérico a Corda menciona
que, unidas uma às outras, as fibras que a constituem fazem com que ela se
mantenha sólida e durável.
Assim, a Corda e os seus
respectivos “nós” devem permanecer fixados no alto das paredes possibilitando
assim a sua contemplação por todos os ocupantes do recinto, de tal modo que o
seu “nó” central coincida com a projeção do Delta colocado ao centro alto do Retábulo do Oriente. Dessa composição alegórica é que partem
horizontalmente, tanto para a direita como para a esquerda, o número de 40
nós para cada lado até a projeção dos respectivos lados da porta do Templo
por onde pendem duas borlas (abertas para se adequar à evolução da ciência
e das artes) – a Maçonaria é uma Instituição Progressista.
O dossel – ele designa uma
armação saliente presa à parede, forrada e geralmente adornada por franjas
que se coloca sobre o trono, altar, leito, etc.
Em Maçonaria, geralmente nos
seus templos, existe um dossel colocado no Oriente sobre o altar ocupado pelo
Venerável Mestre, cuja cor varia de acordo com os ritos.
Seu tamanho, proporção e altura
como parte do mobiliário das Lojas se dá de acordo com a dimensão do recinto
ocupado pelo Templo. Em resumo há que se adequar sua altura conforme o pé
direito (forro) do espaço existente. Entretanto, algumas regras pertinentes à
decoração devem ser respeitadas. Em se tratando da sua altura com relação
ao piso onde descansa o trono, um dossel deve comportar sob
ele, com relativa folga, o mínimo de três pessoas lado a lado e em pé. Sob o
dossel também fica o Retábulo do Oriente, que nada mais é do que a própria
parede oriental situada imediatamente à retaguarda do Venerável Mestre e
limitada pela projeção da largura do dossel. É no Retábulo que ficam
posicionados o Delta, o Sol e a Lua, sendo que o Delta, sempre posicionado ao
centro e mais ao alto, fique a uma altura compatível para que todos na sala da
Loja possam observá-lo, mesmo sob o dossel e sem nada que possa cobrir a sua
frente. Isso implica também que se deve tomar todo o cuidado para que quando o Venerável, ou eventualmente outros
que o ladeiem, estiver em pé não interfira na visão para o Delta.
Quanto ao nó central da corda e
os demais que possam ficar sob o dossel, o nó do centro deve permanecer fixado
no Retábulo, ao alto e centralizado logo abaixo da base do Delta, de tal modo
que, como o Delta, todos fiquem visíveis aos que do Ocidente olham para o
Oriente.
Se a altura do dossel for compatível com a
altura do espaço permitindo que o nó central da corda possa ser fixado logo
acima do ápice do Delta, essa alternativa também pode ser considerada, desde
que tudo fique sob o dossel.
No tocante a sua questão e a
orientação proferida pelo saudoso Irmão e amigo particular José Castellani,
entendo que ele quis dizer que em recintos pequenos e de baixa altura de pé
direito, como tantos que existem por aí, para se evitar que a corda fique
espremida junto ao o Delta e por baixo do dossel, a solução é fixar a Corda
no alto e por cima do dossel. Essa também e uma alternativa perfeitamente
exequível.
No que diz respeito a uma medida
de altura, largura e profundidade padrão para a construção do dossel, ela
não existe como regra, já que essas medidas dependem muito do tamanho do
recinto que acondiciona a sala da Loja em um Templo Maçônico.
O importante mesmo é observar a
regra de que todos os elementos simbólicos aqui mencionados fiquem visíveis,
pois dimensões do Templo e do seu mobiliário são apenas exposições simbólicas, portanto somente
exequíveis literalmente se houver possibilidade. Diz- se, por exemplo, que um
Templo maçônico do REAA∴ possui dimensões iguais à
junção de três quadrados, o que forma de modo contíguo um quadrilongo,
sendo um quadrado em planta para o Oriente, um e meio para o Ocidente e meio
para o Átrio. Todavia essa não é uma regra condicional para a construção,
no entanto uma alegoria. Obviamente que se houver possibilidade de dispêndio
financeiro para execução de uma obra desse porte, pode-se seguir esses
parâmetros, todavia isso não é obrigatório, até porque deve haver coerência
para com a compatibilidade do edifício, sua ocupação, e a constância de
funcionamento – essas são regras comumente observadas na arquitetura. Ademais,
uma Loja Maçônica é uma oficina de trabalho especulativo baseado nos
construtores da Idade Média e não um arquétipo ou estereótipo do Templo de
Salomão.
Infelizmente, com o passar dos
anos, sobretudo a partir do século XIX, muitos místicos e ocultistas foram
aceitos maçons influenciando substancialmente com as suas convicções de
credo os ensinamentos maçônicos, não faltando inclusive charlatões e
usurpadores da fé alheia. Com essas cogitações acabariam por surgir teses
envolvendo “dimensões áureas” e coisas do tipo relacionadas ao templo
maçônico e o seu mobiliário - tudo bem ao gosto das mais fecundas mentes
imaginativas.
Na verdade, a Moderna Maçonaria
originária da Francomaçonaria (período Operativo da Ordem) sempre fez uso de
medidas e proporções na construção das suas obras (catedrais, abadias, palácios, obras públicas), portanto procedimento nada mais
natural no ofício daqueles que praticavam a arte da Arquitetura, todavia sem
qualquer conotação de ocultismo relacionado aos cálculos de volume,
profundidade e altura das suas edificações.
Como fiel guardiã das
tradições, usos e costumes da Ordem, a Moderna Maçonaria, especulativa por
excelência, utilizaria todos esses métodos construtivos como artifício
doutrinário utilizado na construção e aperfeiçoamento do próprio homem,
já que a pedra calcária, matéria prima principal das construções do
passado, agora, no meio especulativo da Maçonaria dos Aceitos, passaria a ser
o próprio homem (da Pedra Bruta à Pedra Cúbica). Assim os cálculos que
envolviam literalmente a técnica construtiva passariam a ser método
comparativo para a aplicação da ciência da moral e da ética.
Também nunca é demais lembrar
que como maçons do REA∴ somos filhos espirituais da
França, por conseguinte filhos do Século das Luzes, do Esclarecimento e do Iluminismo, nunca oriundos de pensamentos
ocultistas ou adeptos de crendices, superstições e convicções anacrônicas.
Nesse sentido, alerto que, apesar do simbolismo ser o esteio da Sublime
Instituição, nela não cabe existir licenciosidade de interpretação.
Concluindo, menções que
envolvem medidas e proporções na Maçonaria, embora muitos autores com suas
ilações insistam ao contrário (isso não se aplica em parte da bibliografia
mencionada na questão), elas são na maioria simbólicas e de cunho alegórico,
trazendo consigo, se bem compreendida a Arte, magistrais lições de filosofia
e de aperfeiçoamento humano. É o que se diz do
aprimoramento do espírito. Em Maçonaria Simbólica, a maioria dos comentos
das suas lendas, alegorias e símbolos estão muito longe da literalidade do
resultado, entretanto intrínsecos como elementos figurados e esotéricos que
esperam metodologicamente para serem desvendadas.-
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmamil.com
9 – Música na Exaltação:
Em 15/10/2016 o Respeitável Irmão Carlos
Alberto C. Silva, Loja Lautaro, 2.642, REAA, GOSP-GOB, Oriente de São Paulo,
Capital, formula a seguinte questão:
carlos.alberto.net@bol.com.br
Antes de tudo, gostaria de agradecer sua resposta à minha primeira
consulta feita sobre o Grau de Companheiro. Continuarei colocando o compasso no
peito do Candidato quando este for prestar o Juramento. Sua resposta, como sempre
muito direta e razoável, me estimulou a colocar uma questão mais na sua fila
de consultas e pode ser respondida diretamente, se for o caso. Desta vez me
refiro à Cerimônia de Exaltação:
Exaltação? A Exaltação é uma
dramatização da Lenda de Hiram. Tudo se desenrola em torno da Morte dele e do
pesar de todos por este evento. A Câmara fica às escuras, com pouquíssima
iluminação. Entendo que todos estão ali chorando a morte do Mestre Hiram
(simbolicamente, claro) e, portanto, nenhuma música, por mais solene que seja
é adequada. Não à-toa, não há a Aclamação Huzzé nas sessões de Grau 3.
Estarei com uma interpretação equivocada? Fizemos 2 Exaltações em nossa
Loja no último mês e já participei de várias em outras Lojas. Faremos a
Exaltação do meu afilhado no próximo mês e como, a única Loja que eu vi
que usa Harmonia nas Exaltações é a minha, gostaria de ver essa dúvida
esclarecida.
CONSIDERAÇÕES:
Eu também entendo dessa maneira.
Se a cerimônia de Exaltação se dá com a representação da Lenda do
Terceiro Grau e tudo se passa em um ambiente de dor e consternação, a sua
teatralização deve transcorrer dentro do mais absoluto silêncio, salvo as dialéticas entre os protagonistas necessários para a dramatização.
No entanto, a sua referência
feita no intuito de reforçar a inexistência da Coluna da Harmonia com a falta da
aclamação, devo mencionar o seguinte que como a Loja de Mestre alegoricamente
ocorre no inverno (prevalência das trevas), não existe saudação ao Sol, já
que a aclamação H∴ significa dar as boas vindas
ao retorno da Luz para o hemisfério (no caso da Maçonaria, o Norte). Em tese,
essa prática deísta, comum à Maçonaria francesa, não deixa de ser uma
lamentação pela falta da Luz (a mãe Terra fica viúva). É o teatro
simbólico das Leis da Natureza. É também nesse sentido que na Câmara do
Meio, trabalhando na penumbra, as Luzes litúrgicas são apenas nove e não
doze, já que as outras três faltantes para completar o ciclo anual, são
exatamente aquelas que correspondem ao inverno, daí Hiran ser também a
personificação do Sol. À bem da verdade tudo isso está esta intrínseco na
alegoria das Colunas Zodiacais presentes nos graus de Aprendiz e Companheiro.
Alguns bons tratadistas, entretanto, defendem
inexistência de harmonia no caso da Exaltação, apenas até o momento que
Hiran é revivido – entendem esses que com a entrada do novo Mestre no Oriente,
desfaz-se a lamentação para se efetivar o regozijo pelo ingresso no novo
ciclo, o da imortalidade, já que o Oriente é alegoricamente a morada da Luz.
Essa tese também não deixa de fazer sentido, pois não é por acaso que
muitos rituais preveem harmonia (música) nessa ocasião.
Em termos do ritual de Mestre, REAA∴ em
vigência no GOB∴, não existe música prevista, senão
um silêncio respeitoso.
T.F.A.
PEDRO JUK -= mjukirm@hotmail.com
10 – desfazer o sinal de ordem:
Em 15/10/2016 o Respeitável Irmão Rafael
Luz, Loja Luz do Vale, 3.370, REAA, GOB-SC, Oriente de Gaspar, Estado de Santa
Catarina, solicita o seguinte esclarecimento:
adm_rafaelluz@hotmail.com
Estivemos juntos no ERAC de Sertanópolis (PR) em 2010, quando na
oportunidade autografasse o teu livro "Exegese Simbólica para o Aprendiz
Maçom" que eu comprei. Fui iniciado na ARLS Areópago Londrina No 3051 e
hoje trabalho Maçônicamente em Gaspar, SC.
Esta semana, depois de um
encontro do REAA realizado em Florianópolis surgiu uma duvida sobre o Sinal de
Ordem. No Ritual do 1º Grau há informação de como fazê-lo, de como fazer e
desfazer (encerrar) o Sinal Gutural, mas não há informação de como desfazer
(encerrar) o Sinal de Ordem. Há Irmãos que defendem que, como não há nada
escrito no Ritual, poderia ser feito de qualquer forma e os demais Irmãos não
aceitam isso. Em Loja o fazemos procedendo metade do Sinal Gutural, ou seja, estando
à Ord∴, l∴ a m∴ d∴ h∴ até o∴ d∴ e d∴ .... Esta é a forma correta de
fazê-lo? Existe forma correta?
CONSIDERAÇÕES:
Pois é Mano, isso tem dado
motivo para falsas interpretações, sobretudo porque inventaram esse título de Sinal
de Ordem na Maçonaria brasileira, que nada mais é, no caso do Grau de
Aprendiz, do que o Sinal Gutural (de garganta).
Em se estando com o Sinal do Grau
composto, tanto o de Ordem como o Gutural, que são a mesma coisa, somente se
desfaz o próprio pela aplicação simbólica da pena (Sinal Penal). Em
síntese, ninguém desfaz o Sinal do Grau sem esse procedimento.
O que tem dado esse “frenesi”
todo é esse título de Sinal de Ordem que hoje é consuetudinário. Assim em
termos de Grande Oriente do Brasil, por exemplo, estar à Ordem é o mesmo que
estar compondo o Sinal de Ordem (conforme o Grau) e, para desfazê-lo, tratam o
movimento penal como Gutural.
Em resumo, tudo acaba sendo a
mesma coisa, independente do título dado, já que em qualquer situação,
primeiro se compõe o Sinal e por segundo ele só é desfeito na forma
ritualística conforme a pena do Grau – aquela prevista no juramento.
Assim ratifico que, em se estando
com o Sinal composto, para desfazê-lo só existe uma forma para tal, a de
aplicação simbólica da pena. Não existe meio de se desfazer um Sinal
aleatoriamente, como propagam alguns, “diretamente”.
Destaco que um Sinal composto
compreende dois atos, o primeiro é o de compô-lo, o segundo é o de
desfazê-lo. Esse conjunto é conhecido como Sinal do Grau – por ele também se
faz a saudação em Loja.
É oportuno salientar que para a composição
do Sinal em qualquer Grau, o corpo deverá estar ereto (a prumo), com os pés
unidos pelos calcanhares, formando a esquadria – isso significa estar à Ordem
(pronto, preparado, atento, etc.).
Finalizando, quero manifestar o
meu desacordo com essa mania peripatética por parte de alguns que acham que
tudo deve estar escrito. Na verdade, em Maçonaria, as coisas não são bem
assim, até porque nossas tradições, usos e costumes, em muitos casos, dentre
eles os Sinais, são transmitidos com a cautela necessária que envolve a
discrição das nossas práticas. Trocando em miúdos, nem tudo está ou
precisa estar escrito. Muito do que aprendemos nos é transmitido de modo
velado, cujos autênticos conhecimentos nos acompanham ao longo da nossa
história. Graças a essa mania do “onde está escrito” é que convivemos com
essa enxurrada de rituais, cujos conteúdos na sua grande maioria não condizem
com o que é realmente autêntico, senão como palpite de certas eminências
que se acham grandes conhecedores da liturgia e da ritualística, porém esses
não passam de seguidores e meros copistas que perpetuam as invenções e os
enxertos nos nossos rituais.
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
11 – encerramento emergencial:
Em 17/10/2016 o Respeitável Irmão José C. Bezerra Bessa, Loja Arqui
Real, 210, REAA, sem mencionar o nome da Obediência, Oriente de São Paulo,
Capital, formula a questão abaixo.
bessabezerra2694@uol.com.br
Gostaria de fazer uma consulta ao
"Consultório Maçônico". É o seguinte: no meio de uma Sessão
Administrativa de Aprendiz um Irmão passou mal e caiu debruçando-se sobre a
mesa da tesouraria.
Alguns membros correram a socorrer e, em seguida fomos para
fora do Templo, levando - numa cadeira e, descendo a escadaria com o intuito de chegar
ao carro e em sequencia ao hospital. Pergunta: Como devemos encerrar essa
Sessão? Já que vários Irmãos saíram no calor do acontecimento, simplesmente
- vamos embora e pronto? Ou, se na possibilidade de alguns voltarem (quem
ocupava determinado cargo tinha ido prestar socorro) segue o trâmite normal e
fecha a Loja, ou teremos que observar regras? Eu sou da ARLS Arqui Real, 210,
Oriente de SP/SP, REAA. Consultei muitas vezes o Grandioso Irmão José
Castellani, e agora estou mais uma vez precisando da ajuda de vocês. Desde já
agradeço enormemente e aguardo ansiosamente poder mostrar em Loja a Resposta
correta.
CONSIDERAÇÕES:
Numa Sessão Administrativa, merecedora
de pauta para tal, depende muito da situação emergencial. Nesse
caso me parece ter acontecido um fato substancialmente grave que envolveu o
estado de saúde de um Irmão, ocupando inclusive outros Irmãos em seu
auxílio para deslocamento hospitalar.
Entendo que nesse caso o
Venerável deve encerrar a Sessão com a aquiescência do Orador, mandando que
o Secretário relate o fato na Ata para merecer justificativa, ao tempo em que
ele deve marcar outra Sessão em data compatível para a continuidade da pauta
interrompida pelo sinistro. Antes do encerramento, porém, os presentes
depositam o óbolo.
Como a sessão é administrativa, a mesma não
depende de ritualística para os devidos procedimentos, senão o bom senso que
deve sempre acompanhar a organização e o respeito como mandam os costumes
maçônicos.
No caso do motivo ter sido sem
toda a gravidade como a mencionada acima, como por exemplo, apenas a
necessidade de alguém ter que se ausentar sem que com isso não haja
transtorno ou prejuízo no andamento da sessão, o Venerável o dispensa,
substituindo-o se for o caso, e dá continuidade aos trabalhos. Da mesma forma
o Secretário anotará na ata esse acontecimento. Quem se ausentar em
definitivo antes do encerramento deposita o óbolo. Do mesmo modo, salvo a
organização dos trabalhos, não existe ritualística para tal.
Obviamente que podem existir
inúmeras situações de emergência como, por exemplo, um incêndio, a falta
de energia elétrica, uma destruição por intempérie, etc., todavia
dependendo do caso, encerra-se (em definitivo) a Sessão remarcando-a para
outra data, ou a mesma pode ser somente suspensa pelo tempo que se fizer necessário,
retomando no mesmo período aos trabalhos.
Como mencionado, cada caso deve
ser tratado conforme a sua peculiaridade.
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
12 – TVPM:
Em 17/10/2016 o Respeitável Irmão
Rogério Vaz, Loja Estrela do Sul, 84, REAA, GOB-RS, Oriente de Bagé, Estado
do Rio Grande do Sul, solicita esclarecimentos para o que segue:
rvazbr@hotmail.com
Qual é a origem e o porquê de
chamar o Presidente da Loja de Perfeição de TVPM?
CONSIDERAÇÕES:
O termo “três vezes” é muito
comum na Maçonaria, sobretudo por aludir à tríade da perfeição – o triângulo como
unidade ternária. No caso da unidade ternária associada ao adjetivo poderoso
propõe como tratamento daquele que exerce poderio, ou daquele que tem poder
reafirmado pelo triplo poder acentuado pelo conhecimento.
É muito provável que seja
dentro desse conceito que o dirigente da escola inefável da Perfeição receba
esse título distintivo.
O termo “três vezes” representa
de forma velada àquele que perscrutou e veio a conhecer profundamente todos os
segredos relativos aos lados do triângulo (a perfeição do Delta e o primeiro
plano na Natureza).
Título dado ao Presidente,
simbolicamente três se refere à tríplice sabedoria do Rei Salomão, cujo caráter de
perfeição é representado no Triângulo encontrado debaixo da abóbada.
No último grau da Perfeição, o
14º, Grande Eleito ou Sublime Maçom, esse Triângulo é aquele que descansa
sobre a mesa quadrada (Natureza) no centro do Templo com o Esquadro, o Compasso
e as duas espadas – os três lados desse Triângulo aludem ao desempenho
simbólico na senda da Perfeição quando tudo principiou na intuição, passou
pela análise e se completou na síntese. A síntese, nesse caso,
é a que corresponde a todo o cabedal do conhecimento que faz o conteúdo do
Triângulo.
O termo Três Vezes Poderoso
também está representado na Câmara pelas luzes litúrgicas que formam os
Três Triângulos concêntricos que ficam em frente ao Presidente.
Em síntese, três vezes
corresponde à Perfeição daquele que detém o conhecimento da vida nas suas três etapas – do princípio,
do meio e do fim, pois mesmo com a Palavra Perdida, a Sabedoria foi capaz de
reconstruir a vida – em tese é a reconstrução da Natureza revivida após a
morte do inverno.
O T∴V∴P∴M∴ conhecedor das causas
e dos efeitos, é aquele que compreendeu que as três sílabas que da palavra
JEHOVAH (apócope do Inefável nome de DEUS) são também a indicação do
espaço infinito, do tempo infinito e da vida infinita nas SUAS mais diversas
manifestações pelo Universo.
Concluindo, são essas as
definições e razões que aparentemente acercam o titulo distintivo do
Presidente da escola de Perfeição, entretanto me parece que essa não é uma
concepção laudatória – enfim, é como eu pude entender.
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 2.346–
Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 -
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