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sábado, 12 de dezembro de 2020

PERGUNTAS & RESPOSTAS

PERGUNTAS & RESPOSTAS
(republicação)

1 – Dúvidas Ritualísticas:
Em 28/09/2016 o Respeitável Irmão Evandro Ubiratã Garcez Domingues, Loja Acácia Vitoriense, REAA, GORGS (COMAB) e da Loja de Perfeição José Almeida dos Santos, SCRS, Oriente de Santa Vitória do Palmar, Estado do Rio Grande do Sul, solicita esclarecimentos para as dúvidas seguintes: evandrosvp@terra.com.br

Recorro aos vossos conhecimentos maçônicos, por não haver encontrado literatura que me esclarecesse, e minha consulta ao Supremo Conselho do RS, ainda não teve resposta (!?). Assim, formulo três questões ao distinto irmão:

1 - No simbolismo, a bateria no 1º e 2º graus é realizada de maneira sonora (palmas), já no 3º grau, executa-se a bateria de forma surda (bate-se no antebraço, devido ao luto pela morte de Hiram). E nos Altos Graus, como deve ser a bateria? Por quê?

2 - Na formação da Cadeia de União, os pés devem ser unidos pelos calcanhares, unindo-se as pontas dos pés aos outros irmãos, as mãos são unidas, cruzando-se os braços (o direito por sobre o esquerdo). Mas já vi cadeias de união sendo realizadas com os irmãos dando-se as mãos, com os braços esticados para baixo, ao longo do corpo. Qual é o mais correto? Por quê? 3 - Nos Altos Graus, os irmãos devem usar os paramentos do grau em que se realiza a sessão, ou cada irmão deve usar os paramentos do grau em que está colado? Por quê?

CONSIDERAÇÕES:

1 – A Câmara do Meio representa a alegoria da morte do Mestre. Em síntese os operários consternados expressam a sua dor e angústia pelo acontecimento.

A Lenda do Terceiro Grau encerra as três etapas da vida humana – intuição, análise e síntese. Resumindo a dor pela perda do Mestre, a bateria em surdina denota o símbolo de respeito intrínseco a esse teatro simbólico.

Além disso, os três graus simbólicos conferem ao iniciado a capacidade de autodomínio sublimado pelo controle sobre si mesmo e das suas paixões, o que se resume em conhecimento interior – conhece-te a ti mesmo (Sócrates).

De tudo, essa representação simbólica está na morte e no renascimento (o assassinado e o reencontro da Palavra). Sob esse prisma, o teatro simbólico da Lenda se encerra com o renascimento do Mestre, o que em linhas gerais, após ser revivida a sabedoria (Exaltação) encerra-se o luto (consternação).

Já no que diz respeito aos graus do 4o ao 18o, sua aplicação doutrinária está na saída do campo restrito de conteúdo humano para o conhecimento cósmico, o que em linhas gerais trata da identificação do Homem com o Universo pela aplicação da virtude da solidariedade e do amor. Nesse campo de estudo e aperfeiçoamento, ao contrário do anterior (simbolismo), não existe menção específica sobre consternação e dor, senão alguns em aspectos decorativos de algumas câmaras que lembram discretamente Hiran Abif.

Em se tratando dos graus do 19º ao 30º, estes norteiam o caminho da realização do Homem, ajustando-o com tudo aquilo que existe no Universo (o Homem como parte da Natureza). É por essa concepção que o 30o grau exprime toda a síntese iniciática proposta pelo escocesismo, o que lhe traz inquestionavelmente uma grande importância doutrinária. Assim, do mesmo modo, também essa a liturgia não trata especificamente de nenhuma consternação pela perda de alguém. Em síntese, nessa etapa não existe a individualidade do luto.

Por fim, os demais graus, do 31º ao 33º não cabem comentários nesse sentido por serem meramente administrativos.

Deixando o significado esotérico, os graus escoceses também mostram na sua maioria uma sequência histórica do povo hebreu, que vai desde a construção do primeiro Templo, o de Jerusalém, também conhecido como o de Salomão, até o advento do cristianismo e a destruição total do terceiro Templo (o de Herodes) e da cidade de Jerusalém, no ano 70 da era atual.

Em síntese, esse mosaico doutrinário e histórico do Rito mostra que os seus graus simbólicos e textos iniciáticos relacionam-se à construção do primeiro Templo, o de Jerusalém, cujos princípios maçônicos mencionam que a sua construção teria sido dirigida pelo artífice fenício Hiran Abif, enviado a Salomão pelo rei Hiram, da cidade fenícia de Tiro (os fenícios eram semitas tais como os hebreus).

É bem verdade que esse fato não possui nenhuma sustentação histórica, senão uma conotação lendária, já que Hiran Abif era, segundo a Bíblia, um entalhador de metais que teria sido responsável pela decoração das colunas do Templo, do Mar de Bronze e do Altar dos Holocaustos.

A despeito dessas assertivas, a lenda maçônica no intuído de coaduna-la com a mensagem doutrinária proposta, mostra simbolicamente Hiran como o construtor do Templo e que o mesmo dividiu os seus auxiliares em três categorias de conformidade com a habilidade e conhecimento de cada um, dando-lhes assim, numa autêntica lição de sociologia, a oportunidade conforme os seus méritos a ascender na escala iniciática.

Sob essa óptica, a exposição lendária mostra também o assassinado do Mestre Hiran por três maus Companheiros que, sem qualificação e tempo de trabalho, queriam chegar ao mestrado. Assim, o grau de Mestre especificamente se desenvolve em torno desse assassinato, a despeito de que muitos dos graus posteriores se desenvolvam também ao redor da busca da Palavra Perdida e na vingança dos Obreiros pela perda de tão venerável Mestre, já que sinteticamente a liturgia desse compêndio se suporta na posse do conhecimento relativo ao segredo da arte de construir o Templo (espiritual e material) que estivera com Hiran Abif. Nesse sentido, até o Terceiro Grau, menciona-se a alegoria do luto e da consternação pela enorme tragédia que se abateu com o suplício do Mestre.

A partir daí, a história hebraica inserida nos graus até o 19º se desenvolve mostrando o final da construção do primeiro Templo, o exílio na Babilônia após a sua destruição, a libertação e o retorno à Palestina, a construção do segundo Templo (Zorobabel), o cristianismo, a destruição do terceiro Templo e de Jerusalém e, finalmente, segundo a doutrina maçônica, o aparecimento da Jerusalém Celeste em lugar da terrestre que se encontrava em ruínas.

Esse ciclo doutrinário, da Perfeição e do Capítulo, é posterior ao luto pela ausência do Mestre assassinado. As alusões feitas a ele (Hiran) são pela busca da Palavra e pela pena capital aos assassinos, nunca agora pela consternação.

Por fim os graus seguintes (Kadosh) são de inspiração templária, embora possua também acentuada influência hebraica, o que pode ser constatado na decoração das câmaras, nas Palavras e nos títulos dos Oficiais. Em especial, nenhum deles trata diretamente da morte de Hiran Abif e a respectiva expiação.

Dada a essa breve exposição, genuinamente se pode constatar que a bateria surda (de luto) é própria do Terceiro Grau (simbolismo), já que nele se trata diretamente da encenação da Lenda de Hiran com a personificação do personagem principal da Exaltação ao Grau de Mestre.

Embora como demonstrado, os demais graus subsequentes (filosóficos) até façam às vezes alusão ao fato lendário, neles não há uma demonstração literal pela angústia do luto, senão pela vingança e pela procura do segredo perdido da Arte de Construir (Palavra Perdida).

Assim, por essa exposição, a bateria surda genuinamente só acontece no Grau de Mestre, embora não nos caiba contestar o fato se porventura existirem ainda rituais equivocados de alguns Supremos Conselhos que venham mencionar práticas antagônicas. Quando se perscruta os graus escoceses de Perfeição, Capitular ou de Kadosh, há que se observar o contexto geral de cada um desses grupos doutrinários e não especificamente um único grau propriamente dito.

2 – A Cadeia de União e o sua forma de execução depende do arcabouço doutrinário específico do Rito praticado.

No caso do simbolismo do REAA∴, tradicionalmente a Cadeia somente existe para a Transmissão da Palavra Semestral e nela não existem preces, orações, pedidos e outras coisas do gênero.

No escocesismo na composição da Cadeia de União verdadeiramente não existe essa tal união com as pontas dos pés. Isso é prática de outro Rito, não do Escocês Antigo e Aceito. No Rito em questão, quando da formação da Cadeia, os Irmãos dão-se as mãos cruzando os braços (o direito sobre o esquerdo) formando um círculo ao centro do Ocidente e em Loja fechada. Na Cadeia somente participam Irmãos do Quadro da Loja. Visitantes dela não tomam parte. Daí o costume de primeiro se encerrar a Sessão (os visitantes se retiram) para que os Irmãos do Quadro a executem.

Ratificando, outros formatos e métodos de execução dependem de qual Rito em que a Cadeia será realizada.

Essas considerações não têm objetivo de contradizer qualquer ritual legalmente aprovado e em vigência, porém os apontamentos objetivam mencionar aquilo que é puro e verdadeiro no genuíno REAA∴

3 – Quanto aos aventais, isso é muito relativo e depende das orientações do Supremo Conselho relativo. Obviamente que os aventais são usados de acordo com o grau em que o Irmão estiver colado. Genericamente, tanto na Perfeição como no Capítulo ou no Kadosh cada qual deveria usar os paramentos relativos ao seu grau, destacando-se principalmente o Athersata do Capítulo que geralmente usa o avental do 18º grau e do Presidente do Conselho de Kadosh que usa o avental do 30º grau. Para o Consistório e Supremo Conselho, cada qual usa os paramentos a eles relativos.

Cabe aqui uma observação pertinente: qualquer paramento relativo aos graus ditos filosóficos é privativo das escolas de Perfeição, Capitular, Kadosh, Consistório e Supremo Conselho. Em Loja simbólica, usam-se apenas e tão somente os paramentos relativos ao simbolismo.

Concluindo essas considerações, procurei no primeiro tópico dissertar um pouco sobre a qualidade e finalidade dos grupos de graus que compõem o escocesismo. A intenção não foi a da prolixidade, todavia para que o consulente possa, a partir daí, tirar as suas próprias conclusões relativas à questão, sobretudo pela constante de que muito pouco se obtém como suporte por parte dos ditos Altos Corpos e Supremos Conselhos quando se trata de cultura e instrução sérias. Deixo ainda a sugestão para consulta bibliográfica à obra de José Castellani – Rito Escocês Antigo e Aceito, História Doutrina e Prática, Editora A Trolha, obra essa que detém um esplêndido roteiro bibliográfico para pesquisa. Sugiro também autores como Paul Naudon, Alec Mellor, Lionel Vibert, dentre outros autênticos e confiáveis.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com

2 – Circulação Esquadria e Marcha:
Em 01/10/2016 o Respeitável Irmão Itair Camargo, Loja Harmonia e Justiça, 1.999, REAA, GOSP GOB, Oriente de Ipatinga, Estado de São Paulo, formula as questões abaixo: 
itaircamargo@ig.com.br

Aqui estou mais uma vez para explorar o seu conhecimento e sua boa vontade em atender a todos os Irmãos que o procuram.

1 - Na página 42 do REAA, no que se refere à circulação em Loja, diz-se que a Saudação Maçônica é realizada apenas ao Venerável Mestre e se estiver portando objeto de trabalho, faz-se uma parada rápida e formal. E na entrada e saída do Templo também a Saudação Maçônica e feita ao Venerável Mestre e aos Irmãos 1º e 2º Vigilantes. No Oriente não há padronização de circulação. A pergunta então é: na passagem de uma coluna do Norte para a coluna do Sul deve se fazer a Saudação Maçônica ou uma parada rápida e formal para o Venerável Mestre, ou também não há padronização de circulação, sendo livre e como já dito, apenas na entrada e saída do oriente e do Templo?

É porque vejo acontecer em diversas Lojas mesmo do GOB, o Irmão fazer a parada formal ao passar para outra Coluna e ou mesmo fazer o Sinal de Saudação ao Venerável Mestre.

2 - O Irmão Aprendiz e ou outro Irmão estando entre Colunas, qual é o ângulo de abertura que deve formar os pés estando juntos quando estiver apresentando um trabalho (leitura de um texto)? Isto porque uns dizem ser 90º e outros dizem ser 60º.

3 - A Marcha do Aprendiz se dá com o Sinal de Ordem dando um passo a frente com o pé esquerdo e arrastando o pé direito junto ao pé direito por 3 vezes, ou os passos são normais sem ter que arrastar o pé direito?

Certo da atenção costumeira do Irmão antecipo desde já meus agradecimentos e colocando de Pé e a Ordem aqui no Oriente de Ipatinga.

CONSIDERAÇÕES:

1 – No REAA∴ a circulação no Ocidente (deslocamento de uma para outra Coluna) é sempre feita no sentido horário – segue-se o giro dos ponteiros do relógio, cuja simbologia está na associação com a marcha diária aparente do Sol (do Meio-Dia à Meia-Noite). A regra para esse deslocamento é a seguinte: do Norte para o Sul o protagonista cruza o eixo (equador imaginário) do Templo pelo espaço compreendido entre a retaguarda do Painel da Loja e o limite do Ocidente com o Oriente. Do Sul para o Norte ele atravessa o mesmo eixo, porém no espaço entre a porta de entrada da Sala da Loja (Templo) e a frente do Painel da Loja. Na mesma Coluna (hemisfério) não existe circulação. O protagonista que cruzar o eixo do Templo não faz nessa oportunidade Sinal algum e nem qualquer parada formal.

Para se ingressar no Oriente se faz sempre a partir da Coluna do Norte (nordeste da balaustrada) próximo ao lugar do Porta-Bandeira. Do Oriente se sai sempre na direção da Coluna do Sul (sudeste da balaustrada) próximo ao lugar do Porta-Estandarte. Também no Oriente não existe circulação, senão a regra de que o Venerável ingressa no Altar por ele a ser ocupado pelo lado norte e dele sai pelo lado sul. Assim, as abordagens ao sólio são feitas pelo lado norte do Altar, exceto se o ritual determinar o contrário (vide, por exemplo, a prova da Taça Sagrada na Iniciação). Em Loja aberta, quem ingressar no Oriente, no momento da entrada, saúda pelo Sinal o Venerável Mestre. Dele em retirada, antes de sair, também saúda pelo Sinal o Venerável Mestre. Se o Obreiro estiver, portanto (segurando) um objeto de trabalho ele fará uma parada rápida e formal ao ingressar e sair do Oriente, sem inclinação com o corpo ou qualquer maneio com a cabeça. É oportuno salientar que a Saudação é feita pelo Sinal Penal e o corpo estará ereto com os pés unidos pelos calcanhares em esquadria, em qualquer circunstância. Se o caso for da “parada formal”, o corpo também estará ereto e com os pés em esquadria.

Saudações em Loja (pelo Sinal) são feitas apenas ao Venerável Mestre quando da entrada e saída do Oriente ou quando da entrada formal (pela Marcha do Grau), em Loja. Nessa oportunidade ele saudará inicialmente o Venerável Mestre e o Primeiro e Segundo Vigilantes respectivamente. Não confundir saudação com procedimento de compor o Sinal de Ordem quando o Obreiro estiver em pé e parado e, antes de sentar, desfazê-lo novamente – embora com procedimentos análogos, essa prática não é o mesmo que saudação maçônica.

2 – Os pés em esquadria (unidos pelos calcanhares) significam estar em 90º, já que esquadria nesse caso é sinônimo de ângulo reto e, obviamente um ângulo reto tem 90º.

Essa “estória” de 60º mencionada na sua questão não merece nenhum comentário. De modo autêntico, o que merece comentário é a direção para onde apontam os pés em esquadria no caso tradicional do REAA∴ Originalmente o Pavimento Mosaico, de conotação oblíqua, demonstra simbolicamente a posição dos pés e orienta os passos. Assim, como referência, considera-se o eixo longitudinal do Templo (equador) e a intersecção das linhas oblíquas que formam o desenho do Pavimento. Estando de frente para o Oriente e os pés ordenados (direcionados) com as linhas oblíquas dos quadrados brancos e negros, o protagonista coloca então ali os seus pés unidos, o que daria em relação ao eixo uma abertura de 45º para cada pé. Em se somando os dois ângulos relativos a cada pé e o eixo formam-se a esquadria, ou o ângulo de 90º.

Desafortunadamente, alguns rituais escoceses mencionam o pé esquerdo apontado para frente e o direito para o lado direito em esquadria. Essa posição, embora com o ângulo reto, é postura praticada por outros ritos. Como os entendidos “acham” que tudo é a mesma coisa, acabaram inserindo esse equívoco no escocesismo simbólico. Assim, eu prefiro sempre mencionar o temo “pés em esquadria”, já que vivemos aqui no Brasil esse estado peripatético de carimbos e convenções que indicam cumprir o que está escrito, não importando se o alistado é de lavra correta ou errada.

A postura adequada dos pés no REAA∴ pode ser verificada consultando a obra A Simbólica Maçônica de Jules Boucher, ou no III Tomo do Curso de Maçonaria Simbólica de Theobaldo Varolli Filho, além dos rituais originais franceses a partir de 1804 na França (Grande Oriente da França e Grande Loja da França), dentre outras.

3 – Para a execução da Marcha, os passos são normais. Avança-se a cada vez o pé esquerdo e em seguida se junta a ele, unindo os calcanhares em esquadria, o pé direito.

Agora, essa prática esdrúxula de arrastar os pés é mera invenção de achistas, em se tratando do REAA∴ Qualquer ritual autêntico do puro simbolismo escocês preceitua “passos normais formando a cada passo, com os pés, uma esquadria”. Infelizmente os inventores derramaram criaram um verdadeiro dinossauro no afã de justificar esse inconveniente arrasta- pé – pura bobagem, sobretudo para um rito oriundo da razão e do Século das Luzes, contrário às superstições e crenças particulares que flagelam o Homem.

Nunca é demais lembrar que a Marcha do Aprendiz acentua e inspira o caminho da retidão de caráter aplicado ao aperfeiçoamento proposto na senda iniciática, nunca em movimentos que mais parecem imitar um presidiário de uma colônia penal a arrastar um objeto pesado preso ao seu tornozelo limitando os seus movimentos.

Concluindo essas respostas, devo salientar que haverá contestadores pelo que aqui lhe deixo escrito, principalmente pelos que acham que cultura e liturgia maçônica são meros bate-papos que se debatem nesses grupos de discussões que existem às centenas pela internet afora, inclusive alguns com barbaridades propostas para, pasme, “se corrigirem rituais de uma Obediência”. Para esses consinto a minha tolerância, mais não a minha indulgência. Afinal eu tenho dito: o pior cego é aquele que se recusa a enxergar.

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com

3 – Substituto do Venerável:
Em 01/10/2016 o Respeitável Irmão Itair Camargo, Loja Harmonia e Justiça, 1.999, REAA, GOSP- GOB, Oriente de Ipatinga, Estado de Minas Gerais, formula as questões abaixo: itaircamargo@ig.com.br

O substituto do Venerável Mestre é o Irmão Primeiro Vigilante. Mas este tem de ser Mestre Instalado para substituir o Venerável Mestre, já que este para tomar posse primeiramente participa de uma Sessão somente de Mestre Instalado para se tornar e então tomar posse.

Caso não seja necessário ser o Irmão primeiro Vigilante um Mestre Instalado, mais uma consulta: O Irmão Segundo Vigilante é o substituto do Irmão Primeiro Vigilante, mas se acontecer de faltarem o Venerável Mestre e o Irmão Primeiro Vigilante, é o Irmão Segundo Vigilante que irá substituir o Venerável Mestre?

CONSIDERAÇÕES:

Esse assunto tem causado muito debate e, porque não dizer, causado um frenesi.

À bem da verdade, no nosso sistema latino de Maçonaria (no Brasil somos filhos espirituais da Maçonaria francesa), bem como na imensa maioria dos Ritos que a compõem, é tradicional a substituição precária do Venerável Mestre pelo Primeiro Vigilante, isso porque na França, o termo “instalação” significa simplesmente a posse do novo Venerável.

Em resumo, no sistema latino não existe, ou pelo menos não deveria existir, essa figura do Mestre Instalado. O personagem do Mestre Instalado, muito conhecido como “Past Master” é original na Maçonaria Inglesa (anglo-saxônica).

Infelizmente, aqui no Brasil, inventaram essa tal instalação ritualística amparada por uma lenda, sinais e outros congêneres, nos ritos que são filhos espirituais da França – como é o caso do REAA∴

Pois bem, devido a essa “neura” brasileira de que o Venerável precise passar pela cerimônia de Instalação, é que rios e rios de tinta têm sido derramados na extensão dos pergaminhos da sua existência, pelo que ainda existem muitos defensores que “acham” que no REAA∴ o substituto, mesmo que seja em um caso precário, careça de ser um Mestre Maçom que possua o título distintivo de Instalado. É isso mesmo, título distintivo, porque Mestre Instalado não é em lugar nenhum do mundo considerado como grau maçônico.

Já na Inglaterra, onde realmente existe a Instalação no Craft, mas sem essa baboseira toda de sinais e lendas, quem substitui o Venerável Mestre é obrigatoriamente um “Past Master”, de preferência o imediato, pois nesse sistema (inglês) há a chamada linha sucessória e a eleição é, em linhas gerais, feita para eleger o Venerável, o Secretário e o Tesoureiro, porquanto os que irão se candidatar ao cargo de dirigente principal da Loja, tenham sido também Vigilantes.

Só para ilustrar, o Guarda Externo (Tyler) de uma Loja do Craft inglês obrigatoriamente tem que ser um Past-Master e ele necessariamente não precisa pertencer ao quadro da Loja, já que ele é contratado e pago para exercer essa função, ao tempo em que ele não ingressa na Sala da Loja para assistir os trabalhos – ele literalmente permanece no exterior como guardião do recinto.

Assim, queiram ou não, existem essas diferenças administrativas e litúrgicas substanciais entre as duas vertentes principais de Maçonaria – a francesa e a inglesa. Na primeira, onde Instalação é sinônimo de posse, o substituto precário do Venerável é o Primeiro Vigilante que não precisa ter passado pelo veneralato da Loja, enquanto na segunda, a inglesa, esse substituto eventual é o Past-Master Imediato.

Devido aos enxertos, tão comuns na Maçonaria Brasileira, o Grande Oriente do Brasil, por exemplo, tem procurado se adequar da melhor maneira possível a essas contradições legalizadas nos seus Ritos que são originários da França. Assim, no GOB, de modo precário, em linhas gerais substitui o Venerável Mestre o Primeiro Vigilante, enquanto que no seu impedimento definitivo, é necessário que se faça uma nova eleição. Também no GOB, há a orientação de que as Sessões Magnas de Iniciação, Elevação e Exaltação, no impedimento momentâneo do Venerável (ausência), somente dirige os trabalhos nessa oportunidade um Mestre Maçom que possua o título distintivo de Instalado - o mesmo que um ex-Venerável - porém preferencialmente o mais recente da Loja.

No que diz respeito a ultima parte da sua questão, na falta do Venerável e dos Vigilantes, o melhor mesmo é que não venha existir Sessão, pois não estariam presentes nenhuma das Luzes de ofício da Loja, que são inclusive detentoras de cargos eletivos.

Dando por concluído, lembro que é premente nesse caso o conhecimento de que o Rito Escocês Antigo e Aceito, embora com alguma influência anglo-saxônica e de nome “escocês”, nada tem a ver com a Escócia, pois como Rito o mesmo é originalmente nascido na França, portanto sua doutrina e a sua cultura são incontestavelmente latina e deísta.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com 

4 – Templo Consagrado:
Em 01/10/2016 o Respeitável Irmão Antonio Pereira da Silva, Loja Fraternidade Sertaneja, 3.257, Rito Brasileiro, GOB-MG, Oriente de Uberlândia, Estado de Minas Gerais, pede esclarecimentos para a dúvida seguinte:
apis.silva@terra.com.br

Tenho lido seus artigos e respostas a consultas que me envia Valmir Prata Guimarães e já tive a oportunidade de consulta-lo anteriormente tendo sido atendido satisfatoriamente. Tenho uma nova questão. O Rito Brasileiro, em seu ritual para o 1º grau, na parte relativa ao Templo, Disposição e Decoração do Templo, Inciso 10, diz que o Templo, “pela Sagração, é reservado estritamente ao trabalho maçônico.” A partir desta determinação, entendo que não é permitida a realização de um Casamento Civil, administrado pelo Juiz de Paz, de nubentes não maçons, num Templo Maçônico Sagrado. Acrescento que entendo sagrado, na linguagem do ritual, sem qualquer conotação religiosa ou mística, mas, apenas, como inauguração e destinação específica. Estou certo, Poderoso Irmão

Perfeitamente correto meu Irmão. O espaço da Sala da Loja, comumente tratado como Templo, é um espaço consagrado, o que em linhas gerais na Maçonaria significa dedicação aos trabalhos ritualísticos sem qualquer conotação religiosa.

Muitos ainda pensam que a consagração, também conhecida como sagração, determina santidade religiosa, o que é um erro crasso de interpretação.

Esse falso entendimento tem se dado principalmente pelo uso indevido da palavra Templo para o edifício maçônico, dando para ele conotação religiosa.

A liturgia maçônica se dá através dos seus Ritos e, por conseguinte, conforme a disposição e alegoria da Sala da Loja que é “coberta” durante os trabalhos em atenção a um dos Landmarks da Ordem – o sigilo. 

Outro erro comum é o mau uso do espaço consagrado aos trabalhos maçônicos quando direcionado às atividades profanas (de não iniciados), afora as Sessões previstas nos nossos Regulamentos com a presença de não maçons.

Ora, uma Loja Maçônica não comporta casamento civil como mencionado na questão. Isso é mesmo coisa de quem, ou quer aparecer, ou não entende mesmo nada de Maçonaria. Esses absurdos cabem muito bem com a expressão usada pelo saudoso Irmão e amigo particular José Castellani. Por vezes mencionava aquele Irmão diante de certos acontecimentos: “se não é jabuticaba e só tem no Brasil, ou é besteira ou é privilégio de alguns”.

Concluindo, a Loja serve para trabalhos maçônicos previstos pelas Obediências, inclusive Confirmações Matrimoniais, mas obedecendo aos rituais legalmente aprovados. Iniciativas que não condigam com os trabalhos maçônicos previstos não cabem no recinto da Sala da Loja.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com NOV/2016.

5 – escrutínio - quem distribui as esferas
Em 05/10/2016 o Respeitável Irmão Leandro Lemos, Loja Fidelidade Mineira, 105, REAA, Grande Oriente de Minas Gerais (COMAB), Oriente de Juiz de Fora, Estado de Minas Gerais, apresenta a seguinte questão:
leandrolemos2000@hotmail.com

Sou Mestre de Cerimônias de minha Loja e houve um escrutínio hoje. Surgiu uma dúvida: quem distribui as esferas? O Mestre de Cerimônias (no caso eu)? Ou o irmão Experto? Pelo meu entender eu distribuo, o Experto passa recolhendo os votos válidos e eu passo pegando a esfera restante. Estou correto no pensamento?

CONSIDERAÇÕES:

No Rito Escocês Antigo e Aceito, a prática mais comum tem si a seguinte: O Mestre de Cerimônias, munido das esferas faz o giro na forma de costume por primeiro distribuindo-as (uma negra e uma branca para cada um). Feita a distribuição, o Primeiro Experto com o recipiente apropriado, faz o mesmo giro recolhendo as esferas com que os Irmãos manifestaram o seu voto.

O Mestre de Cerimônias, depois de ser levantado e conferido o escrutínio pelo Venerável Mestre, volta a fazer o mesmo giro para recolher as esferas que sobraram.

Assim, o Irmão está correto no seu pensamento.

O termo “giro na forma de costume” implica em ser o mesmo trajeto percorrido quando da circulação do Saco de Propostas e Informações e do Tronco de Beneficência (da viúva).

Concluindo, devo antes salientar que primeiramente seguem-se as orientações exaradas do ritual aprovado, mesmo que elas divirjam das exposições aqui mencionadas.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com

6 – pés em esquadria:
Em 09/10/2016 o Respeitável Irmão Itair Camargo, Loja Harmonia e Justiça, 1999, REAA, GOB-MG, Oriente de Ipatinga, Estado de Minas Gerais, apresenta a questão seguinte:
itaircamargo@ig.com.br

Os Irmãos em Loja depois de desfeito o Sinal de Ordem (por ordem do Venerável Mestre) e ou Saudação, os Irmãos estando em Pé, mas não a Ordem, os mesmo deverão estar com os pés unidos pelos calcanhares formando uma esquadria?

Ou desfeito o Sinal de Ordem e ou Saudação se desfaz a esquadria formada pelos pés?

Certo da atenção costumeira do Irmão antecipo desde já meus agradecimentos e colocando de Pé e a Ordem aqui no Oriente de Ipatinga.

Vamos por parte. Estar à Ordem é, em qualquer situação, manter o corpo ereto, pés unidos pelos calcanhares em esquadria, compondo o Sinal do Grau (Sinal de Ordem). Assim ninguém fica à Ordem sem que a postura mencionada esteja formada. Isso se aplica nos três Graus.

Estar à Ordem significa estar pronto para, à disposição de ou do, preparado, etc. Como nossos costumes são hauridos dos construtores medievais (canteiros), em tese, o elemento à Ordem estará pronto se representado os três instrumentos imprescindíveis na edificação – o Esquadro, o Nível e o Prumo. A postura do corpo, dos pés e o movimento simbólico penal feito com a mão direita sugerem uma alegoria desses objetos.

Agora, se na oportunidade um Obreiro for autorizado a desfazer o Sinal, fato que deve ocorrer apenas de modo extraordinário, e não de costume corriqueiro, ele o desfaz pelo Sinal Penal, e em seguida se coloca respeitosamente com as mãos cruzadas e acomodadas sobre o avental, ou às costas. Nessa postura os pés não formam a esquadria – os pés ficam posicionados normalmente.

Do mesmo modo pode acontecer se o protagonista estiver ocupando as mãos para segurar um texto durante sua leitura, por exemplo. Nessa situação ele também não precisa formar com os pés a esquadria.

Se o Obreiro, por dever de ofício, estiver parado e empunhando (segurando) um objeto de trabalho, ele mantém o corpo ereto e os pés em esquadria (posição de rigor). Não se compõe Sinal usando o objeto de trabalho para fazê-lo.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com

7 – procedimentos fora do ritual e diáconos:
Em 11/10/2016 um Respeitável Irmão que pede não seja publicado seu nome e o da Loja, REAA, GOB-SC, Estado de Santa Catarina, formula a questão abaixo.

Mais uma vez venho tentar esclarecer dúvidas em seu conhecimento e parabenizar pelo seu excelente trabalho.

Meu Irmão, no ritual de Aprendiz Maçom, REAA-GOB diz que não podemos "praticar" nada que não esteja neste ritual, e ainda, não podemos acrescentar "nenhuma vírgula" fora do que consta escrito. No entanto, vemos que durante a sessão de diversas Lojas, o Mestre de Harmonia, controla as luzes do Templo, e muitos ainda, abaixam e aumentam as luzes dependendo do momento da sessão. Dito isso, durante uma sessão um Irmão Mestre Instalado, "proibiu" esses atos, por estarem fora do ritual. E outra dúvida, com relação aos Diáconos, em qual momento deve-se fazer a saudação? Abertura ou encerramento?

CONSIDERAÇÕES:

É um caso sensível essa questão peripatética, sobretudo pela matriz latina da nossa Maçonaria e o vale somente o que está escrito. Infelizmente as Obediências brasileiras se obrigam a fazer esse alerta por escrito devido ao perfil do maçom latino de “achar, imaginar e inventar”.

Entretanto, existem situações e situações que envolvem esse alerta, até porque é sabido por todos que os nossos rituais também estão repletos de erros e contradições. Assim, há situações em que o fato de estar ou não escrito não pode ser tratado como mero desrespeito ao ritual, pois muitas vezes a questão é mesmo de coerência para com a dinâmica ritualística.

Outro particular é o de que o maçom precisa ter o mínimo de conhecimento necessário sobre a Sublime Instituição e não ficar imaginando, eu diria patologicamente, de que tudo precise estar escrito, não levando em conta as tradições, usos e costumes da Maçonaria.

Sob essa óptica, penso que cada caso merece sua própria avaliação, sobretudo naquilo que disser respeito às interpretações dos símbolos e alegorias em sistema velado, isto é, sem licenciosidade.

Não há como esquecer também a história autêntica e a mensagem doutrinária de um Rito maçônico em particular.

Juntando todos esses ingredientes é que se poderia criar um ambiente para a discussão e interpretação. Passamos por muitas situações, infelizmente, por intervenções e palpites de muitos que se dizem entendidos, mas na verdade não sabem nem mesmo montar uma grade de pesquisa e se apoiam em literatura e bibliografia temerária. Enquanto vivermos nesse teatro de “faz de conta”, cautelosamente temos que usar da virtude da prudência e da prática do bom senso.

Dados esses comentários, na sua questão fica claro que o fato não é o de interpretação, senão o de “invenção” de procedimentos que não fazem parte da dinâmica ritualística do Rito. Esse é um caso de enxertar algo que não está previsto.

Esse costume, o de “aumentar e diminuir luzes”, foram adquiridos num passado em que as regras não eram explícitas e havia uma miscelânea de procedimentos de um rito em outro. Porém hoje isso não mais é previsto, portanto é prática inexistente e deve ser coibida, não propriamente porque foi um Irmão Mestre Instalado que proibiu, mas pelo Orador da Loja que é o Guarda da Lei e fiscal do cumprimento dos rituais.

Nesse caso, quem que alertou a inexistência dessa prática está com toda a razão.

Na questão dos Diáconos, durante a Transmissão da Palavra, quando da abertura, não existe saudação ao Venerável Mestre durante a entrada e saída do Oriente pelo Primeiro Diácono, já que nessa oportunidade a Loja não está ainda aberta. Ao contrário, no encerramento, ele saúda o Venerável ao sair e entrar no Oriente.

É oportuno salientar que quando da abordagem feita pelos Diáconos ao Venerável e aos Vigilantes na Transmissão da Palavra para a abertura da Loja não se compõe o Sinal. Já no encerramento é que existe a respectiva composição de Sinal. Durante essas abordagens os protagonistas compõem o Sinal cumprindo a regra de se estar à Ordem em Loja aberta – isso não é saudação, é apenas procedimento de se compor e de se desfazer o Sinal de Ordem num determinado momento ritualístico. O ritual é bem claro no que diz respeito à Saudação: em Loja aberta ela só é feita ao Venerável Mestre quando da entrada e saída do Oriente e às Luzes da Loja por ocasião da entrada formal pela Marcha do Grau. Saudação é feita sempre em se estando à Ordem pelo Sinal Penal do Grau. Outras oportunidades em que um Obreiro fica à Ordem (compondo o Sinal) significa que ele, estando em pé compõe obrigatoriamente o Sinal. Antes de sentar ele o desfaz pela Pena simbólica.

De movimentos e gestos análogos à Saudação maçônica é apenas aquela feita ao Venerável Mestre na ocasião mencionada, ou às Luzes da Loja após o ingresso pela Marcha do Grau. Outra situação de se estar à Ordem é apenas cumprimento de uma regra ritualística prevista no REAA.

Finalizando, note que certos procedimentos, diferente de outros, não precisam estar escritos, já que eles são óbvios e fazem parte dos usos e costumes dos Ritos, não esquecendo ainda do elemento consuetudinário.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com

8 – docel e corda de 81 nós:
Em 23/11/2016 o Respeitável Irmão Álvaro Cesar Lima, Loja Filhos do Sol, 470, REAA, GLESP, Oriente de Jundiaí, Estado de São Paulo, apresenta a dúvida seguinte sobre um trabalho apresentado:
alvaroclima470@gmail.com

Esta semana o meu Venerável Mestre pediu um trabalho para o quarto de hora. Pois bem. Resolvi fazer um abordando a corda de 81 Nós. Bom, acho que ficou bom. Pois gerou bastante discussão sobre o tema. O que eu acho muito bom. Afinal a ideia é estudar sempre é aprender ainda. Mas, qual o motivo da dúvida. Nos livros abaixo existem explicações sobre várias coisas relativas à Corda. Mas uma dúvida foi levantada. O Castelhano (deve ser Castellani) diz. A Corda deve estar acima do Dossel se ele for baixo e, abaixo dele, se ele for alto. Pois bem. Qual a altura correta do Dossel? Como se faz o cálculo? Existe alguma informação ou instrução a este respeito?

Se for necessário e se existir isto em algum livro gostaria de compra-lo. Nos livros abaixo tem até a altura do Altar dos Juramentos e como fazer o cálculo em detalhes. Ate dos cajados dos Diáconos. Mas a altura do Dossel, não. Como poderia sanar está dúvida? A Corda deve estar por cima ou por baixo e, principalmente por quê? Qual a altura? Como fazer o cálculo?

O consulente menciona os livros:

Rito Escocês Antigo e Aceito - José Castellani, no Caderno de Pesquisas Maçônicas - Caderno 11 pág. 67 fala do Altar trabalho do Irmão Luiz Carlos Leme Franco, Oriente de Londrina, Rito Escocês Antigo e Aceito - Walter de Oliveira Brian, Maçonaria 100 Instruções de Aprendiz - Raimundo D'Ella Junior, Comentário ao Ritual de Aprendiz I II III Nicolas Alan, Instruções para Loja de Aprendiz - Carvalho Neves.

CONSIDERAÇÕES:

Vamos por parte. A Corda de 81 Nós é um símbolo que não é unânime em todos os Ritos e Trabalhos que compõem a Maçonaria. Os que o adotam como símbolo, de modo especulativo, a Corda representa os balizes do canteiro de obras. Sua origem está nos canteiros (oficinas de cantaria) medievais cujo contorno da área para a edificação era geralmente demarcada por uma corda que ia presa às inúmeras paliçadas (pequenos postes) em anéis (argolas). Primitivamente era o tapume que cercava o canteiro de obras.

A cercania do canteiro, geralmente de formato retangular, tinha na sua entrada dois postes mais altos cujo espaço entre ambos servia de passagem para o ingresso e a saída do recinto. Junto a esses postes de entrada é que ficavam os wardens (zeladores), mais tarde os Vigilantes da Loja.

Esse espaço, contornado pela corda, hoje é representado como lembrança dos nossos ancestrais no REAA.'.  Contornando, ou junto e ao alto das paredes da Loja, a Corda nada mais é do que o contorno simbólico relativo aos canteiros de obra do passado à época da Maçonaria Operativa. Hoje, a Moderna Maçonaria, especulativa por excelência, procura relembrar essa ancestralidade dando ao canteiro de obras especulativo o lugar (Loja) onde trabalham os Maçons Aceitos. É oportuno salientar que essa menção se faz apenas ao espaço contornado (sala da Loja), não a todo o relicário simbólico e decorativo que a compõe indiscriminadamente.

Quanto aos “nós” da Corda, eles ingressaram concomitantemente ao aperfeiçoamento dos catecismos e painéis, e lembram a maneira de como era afixada a corda nas paliçadas dos canteiros operativos. Já o conjunto composto pelo número 81, nada mais é do que uma alegoria especulativa que menciona, além do próprio número relativo às proporções matemáticas e um dos catetos do triângulo retângulo, também a simbologia numérica relativa à unidade (nó central) e a distribuição dos outros 40 nós para cada lado.

Na verdade é uma alusão ao misticismo da quarentena. Nessa condição interpretativa, o “nó central”, que coincide com a projeção perpendicular ao ápice superior do Delta, ou à porção mediana da sua base, denota o “princípio”, a “causa”, o “movimento” e o “indivisível” – alude à obra inicial do Criador, enquanto que o número 40 é tomado como símbolo penitencial (quarenta foram os dias e noites do dilúvio, quarenta foram os dias de jejum dos judeus desterrados, etc.). Na verdade essa concepção é uma evidência da influência hebraica na doutrina do REAA∴

Nos templos do REAA∴  a corda, colocada junto à frisa na base da abóbada, ou próximo dela, denota uma boa parte dessas interpretações, inclusive, segundo alguns rituais, ela é tomada como um dos Ornamentos da Loja de Aprendiz, embora outros determinem a Orla Denteada no lugar dela. Contudo ela é o símbolo da união, tanto sob o ponto de vista figurado ao expressar a unidade entre os obreiros do canteiro na construção da obra perfeita e durável. De modo esotérico a Corda menciona que, unidas uma às outras, as fibras que a constituem fazem com que ela se mantenha sólida e durável.

Assim, a Corda e os seus respectivos “nós” devem permanecer fixados no alto das paredes possibilitando assim a sua contemplação por todos os ocupantes do recinto, de tal modo que o seu “nó” central coincida com a projeção do Delta colocado ao centro alto do Retábulo do Oriente. Dessa composição alegórica é que partem horizontalmente, tanto para a direita como para a esquerda, o número de 40 nós para cada lado até a projeção dos respectivos lados da porta do Templo por onde pendem duas borlas (abertas para se adequar à evolução da ciência e das artes) – a Maçonaria é uma Instituição Progressista.

O dossel – ele designa uma armação saliente presa à parede, forrada e geralmente adornada por franjas que se coloca sobre o trono, altar, leito, etc.

Em Maçonaria, geralmente nos seus templos, existe um dossel colocado no Oriente sobre o altar ocupado pelo Venerável Mestre, cuja cor varia de acordo com os ritos.

Seu tamanho, proporção e altura como parte do mobiliário das Lojas se dá de acordo com a dimensão do recinto ocupado pelo Templo. Em resumo há que se adequar sua altura conforme o pé direito (forro) do espaço existente. Entretanto, algumas regras pertinentes à decoração devem ser respeitadas. Em se tratando da sua altura com relação ao piso onde descansa o trono, um dossel deve comportar sob ele, com relativa folga, o mínimo de três pessoas lado a lado e em pé. Sob o dossel também fica o Retábulo do Oriente, que nada mais é do que a própria parede oriental situada imediatamente à retaguarda do Venerável Mestre e limitada pela projeção da largura do dossel. É no Retábulo que ficam posicionados o Delta, o Sol e a Lua, sendo que o Delta, sempre posicionado ao centro e mais ao alto, fique a uma altura compatível para que todos na sala da Loja possam observá-lo, mesmo sob o dossel e sem nada que possa cobrir a sua frente. Isso implica também que se deve tomar todo o cuidado para que quando o Venerável, ou eventualmente outros que o ladeiem, estiver em pé não interfira na visão para o Delta.

Quanto ao nó central da corda e os demais que possam ficar sob o dossel, o nó do centro deve permanecer fixado no Retábulo, ao alto e centralizado logo abaixo da base do Delta, de tal modo que, como o Delta, todos fiquem visíveis aos que do Ocidente olham para o Oriente.

Se a altura do dossel for compatível com a altura do espaço permitindo que o nó central da corda possa ser fixado logo acima do ápice do Delta, essa alternativa também pode ser considerada, desde que tudo fique sob o dossel.

No tocante a sua questão e a orientação proferida pelo saudoso Irmão e amigo particular José Castellani, entendo que ele quis dizer que em recintos pequenos e de baixa altura de pé direito, como tantos que existem por aí, para se evitar que a corda fique espremida junto ao o Delta e por baixo do dossel, a solução é fixar a Corda no alto e por cima do dossel. Essa também e uma alternativa perfeitamente exequível.

No que diz respeito a uma medida de altura, largura e profundidade padrão para a construção do dossel, ela não existe como regra, já que essas medidas dependem muito do tamanho do recinto que acondiciona a sala da Loja em um Templo Maçônico.

O importante mesmo é observar a regra de que todos os elementos simbólicos aqui mencionados fiquem visíveis, pois dimensões do Templo e do seu mobiliário são apenas exposições simbólicas, portanto somente exequíveis literalmente se houver possibilidade. Diz- se, por exemplo, que um Templo maçônico do REAA∴ possui dimensões iguais à junção de três quadrados, o que forma de modo contíguo um quadrilongo, sendo um quadrado em planta para o Oriente, um e meio para o Ocidente e meio para o Átrio. Todavia essa não é uma regra condicional para a construção, no entanto uma alegoria. Obviamente que se houver possibilidade de dispêndio financeiro para execução de uma obra desse porte, pode-se seguir esses parâmetros, todavia isso não é obrigatório, até porque deve haver coerência para com a compatibilidade do edifício, sua ocupação, e a constância de funcionamento – essas são regras comumente observadas na arquitetura. Ademais, uma Loja Maçônica é uma oficina de trabalho especulativo baseado nos construtores da Idade Média e não um arquétipo ou estereótipo do Templo de Salomão.

Infelizmente, com o passar dos anos, sobretudo a partir do século XIX, muitos místicos e ocultistas foram aceitos maçons influenciando substancialmente com as suas convicções de credo os ensinamentos maçônicos, não faltando inclusive charlatões e usurpadores da fé alheia. Com essas cogitações acabariam por surgir teses envolvendo “dimensões áureas” e coisas do tipo relacionadas ao templo maçônico e o seu mobiliário - tudo bem ao gosto das mais fecundas mentes imaginativas.

Na verdade, a Moderna Maçonaria originária da Francomaçonaria (período Operativo da Ordem) sempre fez uso de medidas e proporções na construção das suas obras (catedrais, abadias, palácios, obras públicas), portanto procedimento nada mais natural no ofício daqueles que praticavam a arte da Arquitetura, todavia sem qualquer conotação de ocultismo relacionado aos cálculos de volume, profundidade e altura das suas edificações.

Como fiel guardiã das tradições, usos e costumes da Ordem, a Moderna Maçonaria, especulativa por excelência, utilizaria todos esses métodos construtivos como artifício doutrinário utilizado na construção e aperfeiçoamento do próprio homem, já que a pedra calcária, matéria prima principal das construções do passado, agora, no meio especulativo da Maçonaria dos Aceitos, passaria a ser o próprio homem (da Pedra Bruta à Pedra Cúbica). Assim os cálculos que envolviam literalmente a técnica construtiva passariam a ser método comparativo para a aplicação da ciência da moral e da ética.

Também nunca é demais lembrar que como maçons do REA∴ somos filhos espirituais da França, por conseguinte filhos do Século das Luzes, do Esclarecimento e do Iluminismo, nunca oriundos de pensamentos ocultistas ou adeptos de crendices, superstições e convicções anacrônicas. Nesse sentido, alerto que, apesar do simbolismo ser o esteio da Sublime Instituição, nela não cabe existir licenciosidade de interpretação.

Concluindo, menções que envolvem medidas e proporções na Maçonaria, embora muitos autores com suas ilações insistam ao contrário (isso não se aplica em parte da bibliografia mencionada na questão), elas são na maioria simbólicas e de cunho alegórico, trazendo consigo, se bem compreendida a Arte, magistrais lições de filosofia e de aperfeiçoamento humano. É o que se diz do aprimoramento do espírito. Em Maçonaria Simbólica, a maioria dos comentos das suas lendas, alegorias e símbolos estão muito longe da literalidade do resultado, entretanto intrínsecos como elementos figurados e esotéricos que esperam metodologicamente para serem desvendadas.-

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmamil.com

9 – Música na Exaltação:
Em 15/10/2016 o Respeitável Irmão Carlos Alberto C. Silva, Loja Lautaro, 2.642, REAA, GOSP-GOB, Oriente de São Paulo, Capital, formula a seguinte questão:
carlos.alberto.net@bol.com.br

Antes de tudo, gostaria de agradecer sua resposta à minha primeira consulta feita sobre o Grau de Companheiro. Continuarei colocando o compasso no peito do Candidato quando este for prestar o Juramento. Sua resposta, como sempre muito direta e razoável, me estimulou a colocar uma questão mais na sua fila de consultas e pode ser respondida diretamente, se for o caso. Desta vez me refiro à Cerimônia de Exaltação:

Exaltação? A Exaltação é uma dramatização da Lenda de Hiram. Tudo se desenrola em torno da Morte dele e do pesar de todos por este evento. A Câmara fica às escuras, com pouquíssima iluminação. Entendo que todos estão ali chorando a morte do Mestre Hiram (simbolicamente, claro) e, portanto, nenhuma música, por mais solene que seja é adequada. Não à-toa, não há a Aclamação Huzzé nas sessões de Grau 3. Estarei com uma interpretação equivocada? Fizemos 2 Exaltações em nossa Loja no último mês e já participei de várias em outras Lojas. Faremos a Exaltação do meu afilhado no próximo mês e como, a única Loja que eu vi que usa Harmonia nas Exaltações é a minha, gostaria de ver essa dúvida esclarecida.

CONSIDERAÇÕES:

Eu também entendo dessa maneira. Se a cerimônia de Exaltação se dá com a representação da Lenda do Terceiro Grau e tudo se passa em um ambiente de dor e consternação, a sua teatralização deve transcorrer dentro do mais absoluto silêncio, salvo as dialéticas entre os protagonistas necessários para a dramatização.

No entanto, a sua referência feita no intuito de reforçar a inexistência da Coluna da Harmonia com a falta da aclamação, devo mencionar o seguinte que como a Loja de Mestre alegoricamente ocorre no inverno (prevalência das trevas), não existe saudação ao Sol, já que a aclamação H∴ significa dar as boas vindas ao retorno da Luz para o hemisfério (no caso da Maçonaria, o Norte). Em tese, essa prática deísta, comum à Maçonaria francesa, não deixa de ser uma lamentação pela falta da Luz (a mãe Terra fica viúva). É o teatro simbólico das Leis da Natureza. É também nesse sentido que na Câmara do Meio, trabalhando na penumbra, as Luzes litúrgicas são apenas nove e não doze, já que as outras três faltantes para completar o ciclo anual, são exatamente aquelas que correspondem ao inverno, daí Hiran ser também a personificação do Sol. À bem da verdade tudo isso está esta intrínseco na alegoria das Colunas Zodiacais presentes nos graus de Aprendiz e Companheiro.

Alguns bons tratadistas, entretanto, defendem inexistência de harmonia no caso da Exaltação, apenas até o momento que Hiran é revivido – entendem esses que com a entrada do novo Mestre no Oriente, desfaz-se a lamentação para se efetivar o regozijo pelo ingresso no novo ciclo, o da imortalidade, já que o Oriente é alegoricamente a morada da Luz. Essa tese também não deixa de fazer sentido, pois não é por acaso que muitos rituais preveem harmonia (música) nessa ocasião.

Em termos do ritual de Mestre, REAA∴ em vigência no GOB∴, não existe música prevista, senão um silêncio respeitoso.

T.F.A. 
PEDRO JUK -= mjukirm@hotmail.com

10 – desfazer o sinal de ordem:
Em 15/10/2016 o Respeitável Irmão Rafael Luz, Loja Luz do Vale, 3.370, REAA, GOB-SC, Oriente de Gaspar, Estado de Santa Catarina, solicita o seguinte esclarecimento:
adm_rafaelluz@hotmail.com

Estivemos juntos no ERAC de Sertanópolis (PR) em 2010, quando na oportunidade autografasse o teu livro "Exegese Simbólica para o Aprendiz Maçom" que eu comprei. Fui iniciado na ARLS Areópago Londrina No 3051 e hoje trabalho Maçônicamente em Gaspar, SC.

Esta semana, depois de um encontro do REAA realizado em Florianópolis surgiu uma duvida sobre o Sinal de Ordem. No Ritual do 1º Grau há informação de como fazê-lo, de como fazer e desfazer (encerrar) o Sinal Gutural, mas não há informação de como desfazer (encerrar) o Sinal de Ordem. Há Irmãos que defendem que, como não há nada escrito no Ritual, poderia ser feito de qualquer forma e os demais Irmãos não aceitam isso. Em Loja o fazemos procedendo metade do Sinal Gutural, ou seja, estando à Ord∴, l∴ a m∴ d∴ h∴ até o∴ d∴ e d∴ .... Esta é a forma correta de fazê-lo? Existe forma correta?

CONSIDERAÇÕES:

Pois é Mano, isso tem dado motivo para falsas interpretações, sobretudo porque inventaram esse título de Sinal de Ordem na Maçonaria brasileira, que nada mais é, no caso do Grau de Aprendiz, do que o Sinal Gutural (de garganta).

Em se estando com o Sinal do Grau composto, tanto o de Ordem como o Gutural, que são a mesma coisa, somente se desfaz o próprio pela aplicação simbólica da pena (Sinal Penal). Em síntese, ninguém desfaz o Sinal do Grau sem esse procedimento.

O que tem dado esse “frenesi” todo é esse título de Sinal de Ordem que hoje é consuetudinário. Assim em termos de Grande Oriente do Brasil, por exemplo, estar à Ordem é o mesmo que estar compondo o Sinal de Ordem (conforme o Grau) e, para desfazê-lo, tratam o movimento penal como Gutural.

Em resumo, tudo acaba sendo a mesma coisa, independente do título dado, já que em qualquer situação, primeiro se compõe o Sinal e por segundo ele só é desfeito na forma ritualística conforme a pena do Grau – aquela prevista no juramento.

Assim ratifico que, em se estando com o Sinal composto, para desfazê-lo só existe uma forma para tal, a de aplicação simbólica da pena. Não existe meio de se desfazer um Sinal aleatoriamente, como propagam alguns, “diretamente”.

Destaco que um Sinal composto compreende dois atos, o primeiro é o de compô-lo, o segundo é o de desfazê-lo. Esse conjunto é conhecido como Sinal do Grau – por ele também se faz a saudação em Loja.

É oportuno salientar que para a composição do Sinal em qualquer Grau, o corpo deverá estar ereto (a prumo), com os pés unidos pelos calcanhares, formando a esquadria – isso significa estar à Ordem (pronto, preparado, atento, etc.).

Finalizando, quero manifestar o meu desacordo com essa mania peripatética por parte de alguns que acham que tudo deve estar escrito. Na verdade, em Maçonaria, as coisas não são bem assim, até porque nossas tradições, usos e costumes, em muitos casos, dentre eles os Sinais, são transmitidos com a cautela necessária que envolve a discrição das nossas práticas. Trocando em miúdos, nem tudo está ou precisa estar escrito. Muito do que aprendemos nos é transmitido de modo velado, cujos autênticos conhecimentos nos acompanham ao longo da nossa história. Graças a essa mania do “onde está escrito” é que convivemos com essa enxurrada de rituais, cujos conteúdos na sua grande maioria não condizem com o que é realmente autêntico, senão como palpite de certas eminências que se acham grandes conhecedores da liturgia e da ritualística, porém esses não passam de seguidores e meros copistas que perpetuam as invenções e os enxertos nos nossos rituais.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com

11 – encerramento emergencial:
Em 17/10/2016 o Respeitável Irmão José C. Bezerra Bessa, Loja Arqui Real, 210, REAA, sem mencionar o nome da Obediência, Oriente de São Paulo, Capital, formula a questão abaixo. 
bessabezerra2694@uol.com.br

Gostaria de fazer uma consulta ao "Consultório Maçônico". É o seguinte: no meio de uma Sessão Administrativa de Aprendiz um Irmão passou mal e caiu debruçando-se sobre a mesa da tesouraria.

Alguns membros correram a socorrer e, em seguida fomos para fora do Templo, levando - numa cadeira e, descendo a escadaria com o intuito de chegar ao carro e em sequencia ao hospital. Pergunta: Como devemos encerrar essa Sessão? Já que vários Irmãos saíram no calor do acontecimento, simplesmente - vamos embora e pronto? Ou, se na possibilidade de alguns voltarem (quem ocupava determinado cargo tinha ido prestar socorro) segue o trâmite normal e fecha a Loja, ou teremos que observar regras? Eu sou da ARLS Arqui Real, 210, Oriente de SP/SP, REAA. Consultei muitas vezes o Grandioso Irmão José Castellani, e agora estou mais uma vez precisando da ajuda de vocês. Desde já agradeço enormemente e aguardo ansiosamente poder mostrar em Loja a Resposta correta.

CONSIDERAÇÕES:

Numa Sessão Administrativa, merecedora de pauta para tal, depende muito da situação emergencial. Nesse caso me parece ter acontecido um fato substancialmente grave que envolveu o estado de saúde de um Irmão, ocupando inclusive outros Irmãos em seu auxílio para deslocamento hospitalar.

Entendo que nesse caso o Venerável deve encerrar a Sessão com a aquiescência do Orador, mandando que o Secretário relate o fato na Ata para merecer justificativa, ao tempo em que ele deve marcar outra Sessão em data compatível para a continuidade da pauta interrompida pelo sinistro. Antes do encerramento, porém, os presentes depositam o óbolo.

Como a sessão é administrativa, a mesma não depende de ritualística para os devidos procedimentos, senão o bom senso que deve sempre acompanhar a organização e o respeito como mandam os costumes maçônicos.

No caso do motivo ter sido sem toda a gravidade como a mencionada acima, como por exemplo, apenas a necessidade de alguém ter que se ausentar sem que com isso não haja transtorno ou prejuízo no andamento da sessão, o Venerável o dispensa, substituindo-o se for o caso, e dá continuidade aos trabalhos. Da mesma forma o Secretário anotará na ata esse acontecimento. Quem se ausentar em definitivo antes do encerramento deposita o óbolo. Do mesmo modo, salvo a organização dos trabalhos, não existe ritualística para tal.

Obviamente que podem existir inúmeras situações de emergência como, por exemplo, um incêndio, a falta de energia elétrica, uma destruição por intempérie, etc., todavia dependendo do caso, encerra-se (em definitivo) a Sessão remarcando-a para outra data, ou a mesma pode ser somente suspensa pelo tempo que se fizer necessário, retomando no mesmo período aos trabalhos.

Como mencionado, cada caso deve ser tratado conforme a sua peculiaridade.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com

12 – TVPM:
Em 17/10/2016 o Respeitável Irmão Rogério Vaz, Loja Estrela do Sul, 84, REAA, GOB-RS, Oriente de Bagé, Estado do Rio Grande do Sul, solicita esclarecimentos para o que segue:
rvazbr@hotmail.com

Qual é a origem e o porquê de chamar o Presidente da Loja de Perfeição de TVPM?

CONSIDERAÇÕES:

O termo “três vezes” é muito comum na Maçonaria, sobretudo por aludir à tríade da perfeição – o triângulo como unidade ternária. No caso da unidade ternária associada ao adjetivo poderoso propõe como tratamento daquele que exerce poderio, ou daquele que tem poder reafirmado pelo triplo poder acentuado pelo conhecimento.

É muito provável que seja dentro desse conceito que o dirigente da escola inefável da Perfeição receba esse título distintivo.

O termo “três vezes” representa de forma velada àquele que perscrutou e veio a conhecer profundamente todos os segredos relativos aos lados do triângulo (a perfeição do Delta e o primeiro plano na Natureza).

Título dado ao Presidente, simbolicamente três se refere à tríplice sabedoria do Rei Salomão, cujo caráter de perfeição é representado no Triângulo encontrado debaixo da abóbada.

No último grau da Perfeição, o 14º, Grande Eleito ou Sublime Maçom, esse Triângulo é aquele que descansa sobre a mesa quadrada (Natureza) no centro do Templo com o Esquadro, o Compasso e as duas espadas – os três lados desse Triângulo aludem ao desempenho simbólico na senda da Perfeição quando tudo principiou na intuição, passou pela análise e se completou na síntese. A síntese, nesse caso, é a que corresponde a todo o cabedal do conhecimento que faz o conteúdo do Triângulo.

O termo Três Vezes Poderoso também está representado na Câmara pelas luzes litúrgicas que formam os Três Triângulos concêntricos que ficam em frente ao Presidente.

Em síntese, três vezes corresponde à Perfeição daquele que detém o conhecimento da vida nas suas três etapas – do princípio, do meio e do fim, pois mesmo com a Palavra Perdida, a Sabedoria foi capaz de reconstruir a vida – em tese é a reconstrução da Natureza revivida após a morte do inverno.

O T∴V∴P∴M∴ conhecedor das causas e dos efeitos, é aquele que compreendeu que as três sílabas que da palavra JEHOVAH (apócope do Inefável nome de DEUS) são também a indicação do espaço infinito, do tempo infinito e da vida infinita nas SUAS mais diversas manifestações pelo Universo.

Concluindo, são essas as definições e razões que aparentemente acercam o titulo distintivo do Presidente da escola de Perfeição, entretanto me parece que essa não é uma concepção laudatória – enfim, é como eu pude entender.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 2.346– Florianópolis (SC), sexta-feira, 3 de março de 2017 -

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