Ir⸫ Valdemar Sansão
O Venerável Mestre é o reflexo da Loja ou a Loja é o reflexo do Venerável Mestre?
a) Os Vigilantes
VIGILANTES – Denominação dos dois primeiros Oficiais de uma Loja Maçônica, que independente ou não de serem Mestres Instalados, são os eventuais, legais e legítimos substitutos do Venerável Mestre.
O Primeiro Vigilante, governa durante as horas de labor. Preside os trabalhos na ausência do Venerável, indicando um Irmão, e não o segundo Vigilante, para ocupar o seu lugar no Ocidente. Se a ausência for definitiva, o Vig⸫ convocará a Loja para nova eleição. Se tiver que realizar trabalhos: colações de Graus, Iniciações, Elevações e Exaltações, pelo fato de não ter sido eleito Ven⸫ M⸫, não por não ter sido instalado, passará a direção ao Ven⸫ M⸫ mais moderno. Mas ainda assim, até a nova eleição, quem convoca e reúne a Loja é o Vig⸫, conforme a Constituição de Anderson. A sua jóia é um Nível, símbolo da igualdade que deve existir entre os Irmãos enquanto estiverem trabalhando na Loja. Senta-se no Ocidente, representando a Coluna da Força.
O 2º Vigilante preside durante as horas de descanso, e, na ausência do Venerável e do 1º Vigilante, desempenha as funções do Presidente. Desta forma, se o Venerável e o 1º Vigilante falecerem ou se afastarem da jurisdição, o 2º Vigilante assume a direção da Loja, até completar o período. A Jóia do 2º Vigilante é o Prumo, emblema da retidão de conduta que deve distinguir os Irmãos. Senta-se no Sul e representa o Pilar da Beleza.
O Venerável Mestre, junto com os dois Vigilantes, formam um corpo místico “uno”; essas três Luzes, empunham Malhetes através dos quais expedem suas ordens: o Venerável Mestre a toda a Loja e os Vigilantes às suas Colunas.
Não se deve confundir a mesa dos trabalhos com o Trono. Ao lado do Trono, podem ser colocadas outras poltronas para receber Autoridades e Visitantes, mas sob o Dossel, existem apenas três poltronas. As pertencentes aos Vigilantes, que ficam “vagas” pelo deslocamento dos titulares, passam a ser ocupadas, pelo Venerável de Honra e pelo Grão-Mestre; na ausência desses, o Venerável convida alguma dignidade presente ou mesmo, algum Mestre Instalado. Não convém que o Trono seja ocupado somente pelo Venerável. (*)
Por ordem hierárquica, os Vigilantes seguem o Venerável Mestre.
Os Vigilantes ficam na dependência direta do Venerável; nenhum outro Oficial poderá ditar-lhes ordens; em suas Colunas, os Vigilantes são a autoridade máxima e comandam o desenrolar dos Rituais.
Os Vigilantes têm o privilégio de usar dos Malhetes que empunham e falar sentados.
Quando necessário e pela ordem, os Vigilantes têm prioridade da palavra que solicitam, dando antes um golpe sobre a mesa com o Malhete.
Por uma questão hierárquica é o Venerável Mestre que instrui todos os Irmãos presentes em Loja; os Vigilantes têm a função de instruir os Irmãos de sua Coluna.
No que diz respeito à astronomia, o Sol surge do Oriente, onde tem assento o Venerável Mestre, passando em seguida ao Meio-dia, onde assenta o 2º Vigilante, para depois se pôr no Ocidente, onde se situa o Primeiro Vigilante. Portanto, as três Luzes originam-se de uma única fonte, o que acentua constituírem, Venerável Mestre e Vigilantes, um único foco.
b) O Primeiro Vigilante
1º Vigilante |
Na mesa há uma Coluneta de madeira ou de metal que permanece abaixada e que o 1º Vigilante levanta, no início dos trabalhos. A Coluneta representa a força e é da ordem dórica.
Cumpre ao Primeiro Vigilante manter a disciplina da Loja, admoestando os negligentes e repreendendo os faltosos e executa diretamente as ordens do Venerável Mestre.
Na Abertura dos Trabalhos – Ele tem dois deveres a cumprir: verificar se o Templo está a coberto e se todos os presentes são Maçons.
“Materializando” a “cobertura”, ordena ao Guarda do Templo que verifique se a porta está fechada. Feita a verificação, passa a observar quanto à cobertura espiritual; se todos os presentes demonstram ser portadores da Luz espiritual; se há harmonia, disciplina e amor.
“Cobertura” significa a proteção do Grande Arquiteto do Universo; se pela entrada nenhuma força do maligno ousou penetrar; o “manto” que Deus usa para cobrir os Irmãos reunidos em seu nome; a proteção divina, o isolamento místico para capacitar a todos os presentes receberem as benesses celestiais.
“Sentindo” essa “cobertura”, o 1º Vig.’. comunica ao V⸫ M⸫ que o Templo está a coberto.
O Primeiro Vigilante é o único Oficial que tem deveres a cumprir; cumprindo o primeiro dever, segue seu trabalho, para verificar se todos os presentes são Maçons.
Percorre as Colunas e fixa seu olhar nos olhares dos presentes: “retina na retina” com a finalidade de se certificar se na realidade ele está na presença de um Maçom.
Ser Maçom é um estado de consciência; não basta estar inscrito no Quadro da Loja. O Maçom deve demonstrar a sua condição de se comunicar espiritualmente, de modo místico, com o Primeiro Vigilante. O 1º Vig⸫, ao receber o nível do V⸫ M⸫, recebe-o comas seguintes palavras: “O Nível significa que, não obstante o elevado cargo que ides ocupar, nunca vos deveis esquecer que em todas as coisas concernentes à Mac.’., todos os nossos Irmãos estão no mesmo Nível que vós”.
O Primeiro Vigilante investido no cargo, transforma-se em uma espécie de “vidente” e passará a enxergar, com sua terceira visão, as mazelas que porventura ex-surgirem da pessoa do irmão que acredita ser Maçom mas que na realidade não o é.
Ninguém poderá entrar no Templo se seu coração tiver mágoas contra um Irmão. No Templo não há lugar para malquerenças; não se deve esquecer que além de cultuar ao Grande Arquiteto do Universo, o Irmão presta culto ao amor fraternal.
A seguir, o Primeiro Vigilante dá a sua “idade” ao Venerável mestre confirmando assim, o Grau em que está trabalhando e afirmando que: “Tudo está justo e perfeito em ambas as Colunas”.
Essa afirmação equivale a dizer que os trabalhos transcorreram tranqüilamente e com grande proveito e que a Justiça e a Perfeição reinam na Loja.
No Encerramento dos Trabalhos – Finalmente, o Primeiro Vigilante recebe do Venerável Mestre a incumbência de fechar a Loja.
A Loja é fechada com o fechamento do Livro Sagrado e com a seguinte frase proferida pelo Primeiro Vigilante: “Em nome do Grande Arquiteto do Universo e em honra a São João, nosso patrono, está fechada esta Loja de...”
O Primeiro Vigilante “abaixa a Coluneta” de seu Altar e acompanha a saída do Venerável Mestre, reunindo-se com os Irmãos no átrio, onde se despoja do Avental e do Colar, passando todos à Sala dos Passos Perdidos onde, completamente “recarregados”, os Irmãos preparam-se para retomar ao mundo profano.
Na Cadeia de União – Procedida a formação da Cadeia de União, posta-se o Primeiro Vigilante ao lado direito do Venerável Mestre.
O 1º Vigilante não se limita ao trabalho dentro do Templo, mas supervisiona todos os Aprendizes, orientando-os no estudo, corrigindo-os, auxiliando-os na preparação dos seus trabalhos, recomendando ao V⸫ M⸫ o aumento dos salários, ou seja, a passagem para o Grau seguinte.
Há uma corrente que diz que essa função do Primeiro Vigilante, pertenceria ao Segundo Vigilante; na prática, porém, e atualmente, o Primeiro Vigilante como “comandante” da Coluna do Norte, onde têm assento os Aprendizes, é que se encarregará da instrução e vigilância dos mesmos.
O 1º V⸫ participa, ativamente das sete Instruções a serem dadas aos Aprendizes.
c) O Segundo Vigilante
2º Vigilante |
Ele é o substituto natural do Primeiro Vigilante e em segundo lugar, sendo Mestre Instalado, do Venerável Mestre.
Na sua mesa, está uma Coluneta, da ordem Compósita que permanece “levantada”, antes de iniciada a sessão e que é abaixada, ao iniciarem-se os trabalhos.
Essa Coluneta que representa a “beleza”, como a Coluneta do 1o Vigilante que representa a “força”, estão nas respectivas mesas, para identificar a Coluna do Norte e a Coluna do Sul. Encerrados os trabalhos, o Segundo Vigilante volta a colocar em pé a sua Coluneta.
A Jóia do 2º Vigilante é o Prumo, símbolo da pesquisa e da Verdade, dando à obra a perfeição que merece. O Segundo Vigilante representa a Beleza e a Concórdia.
Na abertura da sessão o Venerável Mestre pergunta ao 2o Vigilante o porquê de ele ocupar esse lugar, e ele responde: “Para melhor observar o Sol no meridiano, chamar os Obreiros para o trabalho e mandá- los a recreação, a fim de que os labores prossigam com ordem e exatidão”.
Um pouco mais tarde, volta o Venerável Mestre a questioná-lo, perguntando: “Que horas são, Irmão Segundo Vigilante”?
Responde: “Meio-dia em ponto, Venerável Mestre”.
Os trabalhos se encetam ao meio-dia, quando o Sol está a pino. O Maçom é inundado pelo Sol, recebendo-o no alto de sua cabeça, no ponto vital (os israelitas e os prelados de Igreja tapam esse ponto com o solidéu, para protegê-lo desses raios solares), e assim iluminando todo o corpo por um breve lapso de tempo até, com o deslocamento do Sol para a sua trajetória, principiar a criar a sombra do próprio corpo.
Nessa posição “neutra” o Maçom recebe a força do Astro Rei e seu corpo é inundado pela energia solar. Passa a ser “iluminado”, e nessa hora, os trabalhos maçônicos adquirem luminosidade conservando-a até o pôr-do-sol e, pelo impulso, ir até meia-noite, para completar o ciclo natural.
Da meia-noite ao meio-dia, seguinte, o corpo descansa; ao nascer do Sol, apenas uma parte do corpo é iluminada.
O Segundo Vigilante recebe a Palavra Sagrada por intermédio do Primeiro Vigilante, que a transmite por intermédio do segundo Diácono.
Depois, batendo com o seu Malhete, diz o Segundo Vigilante: “Tudo está justo e perfeito, Irmão 1o Vigilante”.
A participação do 2º Vigilante é um pouco menor que a do 1º Vigilante; obedece às ordens do Venerável Mestre, concede a palavra aos Companheiros de sua Coluna, autoriza o Hospitaleiro a proceder à Coleta dos óbolos.
A seu cargo está a suspensão dos trabalhos para a recreação.
Valdemar Sansão E-mail: vsansao@uol.com.br Fone: (011) 3857-3402
Fontes Consultadas:
- Ritual do Aprendiz Maçom;
- “Ritualística Maçônica” de Rizardo de Camino;
- Preparação para o Veneralato – de Valdemar Sansão
A recomendação inicial que faço aos Irmãos que aspiram ao cargo de Venerável é que se preparem, não só com relação à ritualística dos trabalhos – fundamental em todos os aspectos – mas também com relação à administração da Loja propriamente dita, tanto na parte burocrática como no que se refere aos destinos da Loja.
(*) No GOB há legislação específica
Fonte: JBNews nº 078 - 17/11/2010
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