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sábado, 26 de dezembro de 2020

O LUGAR DAS COLUNAS "J" E "B"

O LUGAR DAS COLUNAS "J" E "B"
(republicação)

O Respeitável Irmão Paulo Roberto Magalhães, Loja Terceiro Milênio, 2.540, Rito Escocês Antigo e Aceito, GOB-PR, Oriente de Maringá, Estado do Paraná, apresenta a seguinte questão:
prmag@uol.com.br

1 - Gostaria de saber sua opinião a respeito da colocação das Colunas B e J no átrio das Lojas, surgiu uma polêmica com a afirmação de que estas colunas estão colocadas nesta área, devido serem consideradas “vestibulares” conforme estariam colocadas no templo de Salomão, pois bem em todas as pesquisas que consegui visando à planta de construção do templo de Salomão, em todas elas encontro as colunas colocadas no lado externo do templo, portanto a afirmação de colunas “vestibulares”, não me parece a mais verdadeira.

2 - Mesmo não sendo o templo Maçônico uma representação do templo de Salomão estas colunas originariamente não teriam nenhum efeito estrutural no prédio, seriam somente ornamentais,
portanto ainda acredito que o mais sensato seria a volta destas colunas para o interior do templo, para tanto solicito sua orientação a este respeito.

CONSIDERAÇÕES:

Pesquisar sobre planta do Templo de Jerusalém é um assunto especialmente contraditório, pois as citações são vagas e estão ligadas diretamente com os escritos bíblicos. Cientificamente ninguém ainda conseguiu elaborar o protótipo exato.

Algumas especulações tratam de que o Muro das Lamentações em Jerusalém poderia ser parte do Templo em questão. As maquetes, desenhos, etc., que passeiam pelo mundo, são meras especulações, quando não ilações desvairadas.

Um Templo Maçônico (a sala da Loja) e não a construção do prédio, não é nenhum arquétipo nem estereótipo do tal Templo de Jerusalém por duas razões. Primeiro que a Maçonaria Primitiva não possuía “templos”. Segundo, é que o primeiro Templo destinado aos trabalhos maçônicos viria ter a sua pedra fundamental lançada nos meados do século XVIII em Londres por ocasião da construção do “Freemason’s Hall”, atual sede da Grande Loja Unida da Inglaterra.

Esse primeiro espaço topográfico maçônico distinto baseou-se em termos na edificação das Igrejas Medievais e no tocante a sua disposição, análoga ao Parlamento Britânico. Posteriormente a decoração desse espaço de trabalho maçônico assumiu particularidades regionais e consequentemente com o Rito praticado pela Loja.

Ao bem da verdade, com o aparecimento do Grau de Mestre em 1.724, a Lenda de Hiram passou a fazer parte do corolário alegórico do terceiro Grau, pois anteriormente a isso, com raras exceções, as referências eram bastante associadas ao Teísmo, por conseguinte, bíblicas e simbolicamente os elementos tradicionais eram as Colunas B e J que por associação reportavam-se à entrada do Templo como é citado, dentre outros no Livro Sagrado, em Reis.

Para que se possa compreender melhor a razão dessas Colunas nos trabalhos maçônicos, carecemos compreender a proposta dos sistemas doutrinários maçônicos que se dividem em duas vertentes principais – a inglesa e a francesa (basta notar a diferença existente entre os painéis nos dois sistemas). Assim, para alguns ritos, conforme as suas origens, essas Colunas Gêmeas não possuem local distinto e igualitário.

Na Inglaterra, por exemplo, as colunas podem estar no Sul, próximo ao Segundo Vigilante, ou quase no centro da Sala da Loja próximo ao tapete, também podem estar junto a porta lateral de entrada como é o caso do Trabalho de Emulação, etc.

Já nos ritos de origem francesa alguns ritos interiorizam as Colunas colocando-as junto a porta de entrada enquanto que outros, como é o caso do Rito Escocês Antigo e Aceito que apesar do nome é francês (vertente latina), as colocam corretamente no átrio que é o vestíbulo da sala da Loja, ou junto à entrada do Templo e não do prédio que abriga o Templo.

Para o Rito Escocês elas estão inquestionavelmente corretas ao se posicionaram no vestíbulo, ou átrio (note-as nos Painéis da Loja – pelo lado de fora do pórtico), já que elas assumem o caráter solsticial e marcam da doutrina do Rito que se associa às Leis da Natureza, a passagem dos trópicos de Câncer ao Norte e Capricórnio ao Sul, inclusive, pelo caráter do vocábulo “antigo” no título do Rito, elas permanecem na forma “antiga” – B a esquerda de quem entra e J à direita.

Para o rito em questão as Colunas Gêmeas marcam exatamente os solstícios e os equinócios, fatores
preponderantes na alegoria iniciática da vertente latina que abrange todo o franco maçônico básico (Aprendiz, Companheiro e Mestre).

Ainda em relação à Lenda de Hiram e a construção alegórica do Templo, a Moderna Maçonaria latina faz urdir o seu plano doutrinário associando o canteiro de obras (Loja) com uma espécie de subdivisão mística do antigo templo onde, no caso do Rito Escocês, o Átrio faz parte desse plano dividido em três partes – o Átrio como primeiro plano, o Santo (Ocidente da Sala da Loja) e o Santo dos Santos para o Oriente (Delta).

Por assim ser, o átrio, ou vestíbulo é parte integrante do canteiro e deveria possuir o mesmo pavimento do Ocidente da Loja.

Assim à entrada do Sanctum estavam supostamente as Colunas que em cujo interior (do Sanctum) situava-se o Sanctum Sanctorum, ou lugar da Arca da Aliança.

Cabe aqui fazer um parêntese para ratificar que uma Loja Maçônica não é uma cópia do antigo Templo, porém em alguns sistemas doutrinários maçônicos essa alegoria é tomada pelo sentido de ministrar lições de ética e moral no aperfeiçoamento do Homem como elemento primário da construção.

Também não está aqui se afirmando a existência da Maçonaria nos tempos do Templo – isso é apenas lenda.

Sob essa óptica, no rito em questão, a interiorização das Colunas Gêmeas perderia o sentido, já que a sua grande representatividade na doutrina é para aquele que chega ao átrio e as vê em primeiro plano (como está em Reis), daí a importância do Átrio na topografia do Templo Maçônico escocês.

Essa dúvida normalmente acontece pelo fato de que ao vestíbulo, não é dada a verdadeira importância que ele merece, já que ele é parte integrante do Canteiro – não raras vezes o confundem com a Sala dos Passos Perdidos.

Quanto ao efeito estrutural das Colunas, evidentemente que não, pois se as mesmas estivessem dispostas para assumir essa faceta, elas não seriam tecnicamente tratadas como Colunas, porém, “pilares”.

As Colunas Gêmeas são dispostas para marcarem o movimento anual do Sol – cultos solares da antiguidade, base da grande maioria das religiões terrenas.

O elemento Homem posicionado diante delas, figuradamente marcou o tempo no espaço de um ano pelos séculos e séculos que se passaram (base dos diversos calendários).

Finalizando, muitos e muitos escritos se apresentaram e ainda se apresentam diante de nós sobre o assunto. Rios e rios de tinta foram derramados e as conclusões sempre se chocaram umas contra as outras. Talvez as ilações não tenham espalhado fertilidade pelo simples fato de que as pesquisas se desviaram o objetivo, quanto muitos e tantos outros pesquisadores se prenderam na construção física do Templo e aí, imaginaram, apenas imaginaram, esquecendo esses que o mais importante está na mensagem oculta nessa belíssima alegoria. Ao meu ver fizeram a rolha antes da garrafa.

T.F.A.
Pedro Juk - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 385 Florianópolis (SC) – 20 de setembro de 2011

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