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sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

ACENDIMENTO DAS VELAS

ACENDIMENTO DAS VELAS
(republicação)

O Respeitável Irmão Sebastião de Oliveira, Mestre Maçom da Loja Estrela de Morretes, Rito Escocês Antigo e Aceito, GOB-PR, Oriente de Morretes, Estado do Paraná, apresenta a seguinte questão:

Observei comentários e alguns escritos sobre o acendimento das luzes na abertura e encerramento dos trabalhos no ritual do GOB (REAA). Comenta-se que há uma discrepância no acendimento pelo Venerável e os Vigilantes e o Mestre de Cerimônias alegando ser esse último o mensageiro da Luz que conduz para o Ocidente. Não está clara a circulação do Mestre de Cerimônias. A dúvida é porque então no caso de serem velas o Venerável e os Vigilantes não acendem suas próprias velas já que eles, se as luzes forem lâmpadas, não utilizam o Mestre de Cerimônias como elo de ligação. Fala-se também que ele é o condutor de ordens e que alguns ritos são os Diáconos que acendem luzes. Qual a sua opinião sobre esse assunto? Embora eu não esteja de acordo com esses comentários. Achei interessante e gostaria de saber a sua opinião? Existe cerimonial de acendimento de luzes no Rito Escocês Antigo e Aceito?

CONSIDERAÇÕES:

Em primeiro lugar, eu não sei onde o Irmão ouviu tamanha bobagem e ainda por cima usando certos termos como “elo de ligação”(sic). O termo é redundante, pois o vocábulo “elo” já exprime uma ligação.

O Mestre de Cerimônias não é em hipótese alguma esse tal “elo” que conduz “luz” que emana do Venerável. No Rito em questão isso não existe. Aliás, isso nunca existiu na pura Maçonaria. As luzes acesas sobre o Altar ocupado pelo Venerável e mesas dos Vigilantes têm apenas o propósito de indicar a evolução no Obreiro na senda iniciáticas. A Luz a que se refere ao Venerável é o sentido figurado da sabedoria e do esclarecimento e nunca esse esdrúxulo misticismo que contraria a razão da Sublime Instituição. Ao bem da verdade na pura Maçonaria essas luzes – não raras vezes intituladas por tocheiro – eram acesas antes dos inícios dos trabalhos, sem qualquer reverência ou coisas do gênero. Obviamente pela evolução da ciência e das artes a Maçonaria acompanha o compasso do tempo e do desenvolvimento e passou a fazer uso da energia elétrica. Assim as tais velas foram substituídas na grande maioria das Lojas por pequenas lâmpadas que urgem simbolizar esse simbolismo do esclarecimento. É justamente por esse feitio que o Venerável e os Vigilantes são conhecidos na Maçonaria Francesa como “Luzes da Loja” e na Inglesa como “As Três Luzes Menores”, dado que as “Três Luzes Maiores” é o mesmo que as “Três Grandes Luzes Emblemáticas” – o Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso.

A verdadeira luz que se refere à Maçonaria nesse momento ritualístico, é a alegoria do Sol que nasce no Oriente para romper o dia – (...) ali é colocado o Venerável Mestre... – passa pelo meridiano do Meio-Dia – (...) para observar o Sol no seu meridiano... – e se oculta no Ocidente – (...) se oculta no Ocidente para terminar o dia...

No caso do Ritual citado nada existe de simbolismo no que tange o levar ou trazer luz daqui pra lá ou de lá pra cá. São elas as Luzes litúrgicas inerentes ao Grau que a Loja estiver trabalhando e o desfecho da Grande Iniciação revelada pela alegoria explicitada na Lenda de Hiram - Exaltação do Mestre. Pela modernidade e evolução essas, como dito, na grande maioria das Salas das Lojas passaram a serem luzes alimentadas por energia elétrica. Entretanto, alguns Templos ainda não se adaptaram ao conforto e nada também pode os obrigar.

Daí, se em alguns casos persistirem os candelabros com velas, estas serão simplesmente acesas sem qualquer evocação de leva e trás iluminativo. A questão é que em sendo lâmpadas elétricas, existe a facilidade de que cada Luz da Loja (Venerável, Primeiro e Segundo Vigilantes) possa acender a sua obedecendo a hierarquia com um simples toque de um interruptor confortavelmente disposto. Já em sendo velas, as coisas podem se complicar quebrando a própria seriedade e desempenho do garbo ritualístico quando o Venerável, ou os Vigilantes teriam que se servir de fósforos, isqueiros ou similares para acender o elemento iluminativo. Isso não ficaria nada elegante, pois o respectivo ocupante do local teria que desfazer o Sinal, riscar fósforo, etc. No encerramento então seria aquele assopra – assopra ou a busca de objeto para apagar a dita luz emanada por uma vela que mais serve para poluir um ambiente fechado.

“An Passant” na abertura se obedece à hierarquia porque é Meio-Dia (juventude) e no encerramento na ordem inversa porque é Meia-Noite (maturidade, ou morte). Afinal a juventude vem sempre antes da maturidade obedecendo a ordem natural dos acontecimentos inerentes às Leis da Natureza.

Quanto ao “não estar claro” e circulação do Mestre de Cerimônias eu não entendi. Caso haja necessidade dele acender as Luzes litúrgicas hierarquicamente ele, o Mestre de Cerimônias obedecerá à circulação: assim acende primeiro no Oriente, dele sai, passa pelo Sul e vai até o Primeiro Vigilante no Ocidente onde acende por segundo e por fim do Norte para o Sul o Segundo Vigilante no Meio-Dia onde acende por último. No final dos trabalhos, de forma inversa, ele, o Mestre de Cerimônias que já está no Sul, vai até o Segundo Vigilante, dali até o Primeiro e finalmente ao Venerável. Toda essa perambulação nada tem a ver com leva e trás de luz alguma. Esse procedimento é apenas uma obrigação de ministério de um Oficial que não é em hipótese alguma “mensageiro”, porém obreiro que conduz alguém em Loja e nela auxilia nos trabalhos. Mensageiros são os Diáconos com as suas funções específicas dos antigos Oficiais de chão. 

Esses não conduzem atas, nem acendem luzes, nem levam recados, bilhetes, informações senão aquelas ordens inerentes ao Ritual. A função dos Diáconos no Rito Escocês é aquela da transmissão da Palavra que tem um profundo sentido possuidor de elo com a Maçonaria Operativa quando estes levavam ordens do Mestre da Loja pelos quatro cantos do canteiro para que os ajudantes imediatos, ou zeladores (hoje os Vigilantes) cumprissem a regra de esquadrejar e aprumar a Obra, tanto para iniciá-la quando na medição final antes de despedir os Obreiros contentes e satisfeitos.

Ainda em relação às Luzes litúrgicas no Rito Escocês não existe qualquer cerimônia de acendimento das mesmas. Foi justamente pela colcha de retalhos que fizeram do Rito Escocês que práticas de outros ritos acabaram enxertadas na sua ritualística. Daí apareceu aquela tal “Chama Votiva” sobre o Altar nos Perfumes (que no nosso caso não serve para nada), cujas manifestações rançosas impingiam uma luz divina e tantas outras coisas do gênero. Ora, essa “velinha acesa” não está mais prevista nos nossos rituais escoceses, pois na verdade elas serviam apenas para o Mestre de Cerimônias dela se servir para acender as Luzes Litúrgicas e nada mais. Entretanto, o que vinha ocorrendo é que quando ela cumpria o seu objetivo e era apagada, alguns Irmãos achavam que a ação era um ato de verdadeiro sacrilégio por apagar a tal “luz divina”, confundindo a Sublime Instituição com a sua própria religião professada e ainda mais, pois sacrilégio, no meu entender é confundir o inefável divino com uma vela acesa muitas vezes comprada na birosca da esquina. Pura bobagem, pois isso nunca existiu no Rito, salvo em muitos rituais brasileiros rançosos, ultrapassados e repletos de enxertos de outros ritos. Por assim ser o GOB excluiu essa anomalia do Rito nos atuais rituais simbólicos em vigor.

E.T. 01 – Já inventaram no Brasil o Diácono acendendo Luz (antigo tocheiro) nos trabalhos de Emulação (conhecido como Rito de York no GOB). Isso é um procedimento no mínimo equivocado e inexiste nesse belíssimo e tradicional Trabalho Inglês. Por aí é que começa a “estória” do tal “leva e trás da Luz”, mensageiros e, como diria o profeta “elo de ligação” (sic).

E.T. 02 – As minhas colocações não visam atingir, ou me manifestar contra qualquer rito e até mesmo religião. Também possuo a minha, porém entendo que a grande arte é convivermos pacificamente, cada qual com sua ideologia religiosa sem que se imponha a sua convicção a outrem. Respeito todas elas, todavia sou crítico de inserções particulares em um todo que acato como Arte Real, Sublime Instituição... Maçonaria.

T.F.A.
PEDRO JUK
jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 384 Florianópolis (SC) – 19 de setembro de 2011

Um comentário:

  1. Bom Dia Poderoso Ir.´. Pedro Juk
    recebi um trabalho sobre esse assunto sobre a Biografia de Charles Webster Leadbeater Bispo da igreja Catolica Liberal !
    e me encantei com esse ritual ! e gostaria de executar em loja para apenas mostrar aos irmaos inclusive aprendizes, no qual sería o meu foco ! haveria alguma objeção em relação a essa amostra de Rito perante o GOB ?
    Ir.´. Mario Luiz Caniato MI.´.
    Email ircaniato@gmail.com

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