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segunda-feira, 12 de junho de 2017

ÉTICA E POLÍTICA

ÉTICA E POLÍTICA
(Desconheço o autor)

O presente trabalho reproduz, quase na sua literalidade, texto do livro: Ética e Maçonaria, de Fernando César Gregório. Ed. A TROLHA.

Chamamos de ética o conjunto de coisas que as pessoas fazem quando todos estão olhando. O conjunto de coisas que as pessoas fazem quando ninguém está olhando chamamos de caráter. (Oscar Wilde).

Se tiverdes acesso à fama, comporta-te com se estivesse a receber um hóspede. Se estiverdes no Governo de um povo, comporta-te com se estivesse pronto a oferecer um grande sacrifício. (Confúcio).

A posição da Maçonaria é bastante clara e direta quanto à ética na administração pública, ao afirmar que os Maçons não são inimigos dos governos e das autoridades, desde que sejam justos.

Fundamental relembrar que qualquer que seja o posicionamento do homem-maçom em relação ao governo de sua época, essa posição deverá ser pacífica. Pois, as verdadeiras revoluções ou mudanças almejadas pela sociedade na qual vivemos, são resultado do conhecimento da verdade somado ao esclarecimento e conscientização do povo.

O povo é soberano, porém, para exercer seu direito deve se instruir e ter consciência de seus deveres e direitos e não ficar a mercê, quando não, totalmente dependente, dos ambiciosos e dos mentirosos. Dessa forma o povo não se deixará enganar por verdadeiros impostores que, por ambição, buscam controlar os sentimentos das pessoas e os legítimos interesses de toda a sociedade na qual vivem. É pelo uso da razão, e não pela paixão desenfreada, que fortificarão seu ato de julgar e discernir a verdade da mentira.

“Desgraçado e pérfido o Maçom que consentir tornar-se instrumento da tirania, apoio da usurpação e apologista da injustiça e do desprezo às Leis, que contém as eternas garantias da liberdade”. (transcrição do Livro Ética e Maçonaria, de Fernando César Gregório. Ed. A TROLHA)

A virtude do verdadeiro Maçom deve lhe proporcionar força e coragem suficientes para combater não só a próprias paixões, mas combater da mesma forma os outros inimigos da humanidade, como os hipócritas, os pérfidos, os fanáticos, os corruptos e sem princípios.

“Para Denis Rosenfield, a questão ética é, por si só, uma questão política”. (transcrição do Livro Ética e Maçonaria, de Fernando César Gregório. Ed. A TROLHA).

Imanuel Kant (1724-1804), afirmou que o homem é causa necessária e livre de suas ações, porém, deve obedecer a uma regra de comportamento preexistente, ditada pela razão prática. Segundo o mesmo Kant o direito tem i) por escopo garantir a liberdade e  ii) por finalidade, como conceito geral, natural e inseparável do homem, fornecido em princípio pela razão prática, a utilização do preceito: “ conduze-te de tal modo que a tua liberdade possa coexistir com a liberdade de todos e de cada um”.

Finaliza, Kant, que os homens ao saírem do estado de natureza para o de associação, se submeteram a uma limitação externa, livre e publicamente acordada surgindo, assim, a autoridade civil, ou seja, o Estado. Portanto, o Estado só pode ter um único fim: o bem comum.

Um País somente é livre quando o intelecto governar. Por isso o saber e a moral são as grandes pérolas da justiça e do sucesso de uma nação. Ser ético cabe a cada um dos componentes dessa Sociedade, principalmente a atual sociedade globalizada que, conduzida pela imperiosa ambição do capital, cria enormes diversidades, injustiças e desigualdades econômicas, sociais e culturais. Cabe aos pedreiros livres que atuam na vida pública proteger todas as pessoas da autodegradação em busca do consumismo mórbido, de atos vulgares e voracidade vil, desenvolvendo a ambição nobre de um governo justo.

Mas, mesmo investindo contra a tirania, devemos (os maçons) ter a verdade e a razão como nossas principais armas. Devemos marchar para a luta com os antigos puritanos, ou para a batalha contra a corrupção que floresce no governo livre, com a espada flamejante em uma das mãos e os Oráculos de Deus na outra.

A Maçonaria é uma marcha e uma batalha em direção à Luz. Luz é virtude, humanismo, inteligência e liberdade. A tirania sobre a alma ou sobre o corpo é a escuridão.

Os povos mais livres, assim como as pessoas mais livres, estão sempre correndo o perigo de reincidir na servidão.

Guerras quase sempre são fatais às repúblicas. As guerras criam tiranos e consolidam seu poder. Emergem, na maioria das vezes, de conselhos daninhos. Quando os pequenos e os ignóbeis são encarregados do poder, a legislação e a administração tornam-se apenas séries paralelas de erros e asneiras, terminando em guerra a na necessidade de um tirano.

Pessoas e nações sempre se venderão à escravidão para gratificar suas paixões e conseguir revanche. O pretexto do tirano, a necessidade, está sempre disponível e, uma vez o tirano no poder, sua necessidade de garantir sua própria segurança o faz selvagem.

As pessoas têm que crer como o Poder quer, ou então morrem; e, mesmo  se crerem como querem, tudo o que têm, terras, casas, corpo e alma, estará carimbado com a marca real. “Eu sou o Estado”, disse Luiz XIV aos seus camponeses; “até as camisas em suas costas são minhas e eu posso tira-las, se quiser”. Lembremos que no regime presidencialista o Presidente é um rei por tempo limitado.

E dinastias estabelecidas assim duram, como a de César de Roma, a dos Césares de Constantinopla, até que a raça de desgaste e termine em lunáticos e idiotas que ainda governam. Entre eles não existe concórdia que dê fim a horrível servidão. Esta realidade é muito atual, pois ainda hoje temos “dinastias” travestidas em famílias ou grupos econômicos poderosos.

As furiosas paixões humanas, a sonolenta indolência humana, a parva ignorância humana, a rivalidade de castas humanas, são tão úteis para os poderosos como as espadas para os paladinos.

E assim o Estado estéril flutua na corrente lamacenta do tempo até que a tempestade e a maré percebem que o verme consumiu sua força e o Estado desmorona para o esquecimento.

Não é difícil acontecer despotismo em qualquer terra que, desde sua infância, conheceu apenas um mestre; mas não existe nada mais difícil de se conseguir do que aperfeiçoar e perpetuar o livre governo do povo por si mesmo, pois não será necessário um rei: todos devem ser reis.

Mas um governo livre cresce lentamente, como as faculdades humanas individuais; e, como as árvores das florestas, desde o âmago até a casca, A liberdade não é apenas o direito natural de todos, mas é perdida tanto por alguém que não a usa quanto alguém que a usa de forma errada.

A liberdade depende mais do esforço universal do que de qualquer outra propriedade humana. Ela, a liberdade, não tem nenhum santuário ou nascente sagrada para onde a nação peregrine, pois suas águas brotarão livremente de todo o solo.

O poder popular livre é um dos que somente são conhecidos em sua força no momento da adversidade, pois todas as suas provas, sacrifícios e expectativas são suas próprias.

O poder popular é treinado para pensar por si mesmo e agir por si mesmo. Quando o povo escravizado se prostra na poeira ante o furacão, como animais do campo assustados, o povo livre o enfrenta de pé, com toda a força da união, em autodeterminação, confiança mútua, com insolência, contra tudo menos contra a mão invisível de Deus.

Este vasto poder de persistência, de ancestralidade, da paciência e do desempenho somente é adquirido pelo exercício contínuo de todas as funções, como o saudável vigor físico humano, como o vigor moral individual.

E a máxima é tão velha quanto verdadeira: o preço da liberdade é a eterna vigilância.

É curioso observar o pretexto universal pelos quais os tiranos de todos os tempos tomam as liberdades nacionais. Está escrito nos Estatutos de Eduardo II que os juízes e os xerifes não mais poderiam ser eleitos pelo povo, por causa das manifestações e dissensões que aconteceriam.

A virtude é mais que bravura heróica, é fazer da coisa pensada uma realidade, apesar de todos os inimigos de carne e osso ou de espírito, apesar de todas as tentações ou ameaças.
   
As pessoas são responsáveis pela correção de sua doutrina, mas não pela sua legalidade.

O Maçom tem plena consciência que a ética e a política são os instrumentos de transformação desse estado de coisas, por isso sabe da necessidade de i)defender os mais fracos contra os mais fortes, ii) velar pela saúde pública e iii) proteger o presente sem comprometer o futuro.

“A maioria das coisas que decidimos não são o que sabemos ser o melhor. Dizemos sim meramente porque somos colocados contra a parede e precisamos dizer algo”. (Frank Crane).

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