(Desconheço o autor)
O presente trabalho reproduz,
quase na sua literalidade, texto do livro: Ética e Maçonaria, de Fernando César
Gregório. Ed. A TROLHA.
Chamamos de ética o conjunto de
coisas que as pessoas fazem quando todos estão olhando. O conjunto de coisas
que as pessoas fazem quando ninguém está olhando chamamos de caráter. (Oscar Wilde).
Se tiverdes acesso à fama,
comporta-te com se estivesse a receber um hóspede. Se estiverdes no Governo de um
povo, comporta-te com se estivesse pronto a oferecer um grande sacrifício. (Confúcio).
A posição da Maçonaria é bastante
clara e direta quanto à ética na administração pública, ao afirmar que os
Maçons não são inimigos dos governos e das autoridades, desde que sejam justos.
Fundamental relembrar que qualquer que
seja o posicionamento do homem-maçom em relação ao governo de sua época, essa
posição deverá ser pacífica. Pois, as verdadeiras revoluções ou mudanças
almejadas pela sociedade na qual vivemos, são resultado do conhecimento da
verdade somado ao esclarecimento e conscientização do povo.
O povo é soberano, porém, para exercer seu
direito deve se instruir e ter consciência de seus deveres e direitos e não
ficar a mercê, quando não, totalmente dependente, dos ambiciosos e dos
mentirosos. Dessa forma o povo não se deixará enganar por verdadeiros
impostores que, por ambição, buscam controlar os sentimentos das pessoas e os
legítimos interesses de toda a sociedade na qual vivem. É pelo uso da razão, e
não pela paixão desenfreada, que fortificarão seu ato de julgar e discernir a
verdade da mentira.
“Desgraçado e pérfido o Maçom que
consentir tornar-se instrumento da tirania, apoio da usurpação e apologista da
injustiça e do desprezo às Leis, que contém as eternas garantias da liberdade”.
(transcrição do Livro Ética e Maçonaria, de Fernando César Gregório. Ed. A
TROLHA)
A virtude do verdadeiro Maçom deve lhe
proporcionar força e coragem suficientes para combater não só a próprias
paixões, mas combater da mesma forma os outros inimigos da humanidade, como os
hipócritas, os pérfidos, os fanáticos, os corruptos e sem princípios.
“Para Denis Rosenfield, a questão ética é,
por si só, uma questão política”. (transcrição do Livro Ética e Maçonaria, de
Fernando César Gregório. Ed. A TROLHA).
Imanuel Kant (1724-1804), afirmou que o
homem é causa necessária e livre de suas ações, porém, deve obedecer a uma
regra de comportamento preexistente, ditada pela razão prática. Segundo o mesmo
Kant o direito tem i) por escopo garantir a liberdade e ii) por finalidade, como conceito geral,
natural e inseparável do homem, fornecido em princípio pela razão prática, a utilização
do preceito: “ conduze-te de tal modo que a tua liberdade possa coexistir com a
liberdade de todos e de cada um”.
Finaliza, Kant, que os homens ao saírem do
estado de natureza para o de associação, se submeteram a uma limitação externa,
livre e publicamente acordada surgindo, assim, a autoridade civil, ou seja, o
Estado. Portanto, o Estado só pode ter um único fim: o bem comum.
Um País somente é livre quando o intelecto
governar. Por isso o saber e a moral são as grandes pérolas da justiça e do
sucesso de uma nação. Ser ético cabe a cada um dos componentes dessa Sociedade,
principalmente a atual sociedade globalizada que, conduzida pela imperiosa
ambição do capital, cria enormes diversidades, injustiças e desigualdades
econômicas, sociais e culturais. Cabe aos pedreiros livres que atuam na vida
pública proteger todas as pessoas da autodegradação em busca do consumismo
mórbido, de atos vulgares e voracidade vil, desenvolvendo a ambição nobre de um
governo justo.
Mas, mesmo investindo contra a tirania,
devemos (os maçons) ter a verdade e a razão como nossas principais armas.
Devemos marchar para a luta com os antigos puritanos, ou para a batalha contra
a corrupção que floresce no governo livre, com a espada flamejante em uma das
mãos e os Oráculos de Deus na outra.
A Maçonaria é uma marcha e uma batalha em
direção à Luz. Luz é virtude, humanismo, inteligência e liberdade. A tirania
sobre a alma ou sobre o corpo é a escuridão.
Os povos mais livres, assim como as
pessoas mais livres, estão sempre correndo o perigo de reincidir na servidão.
Guerras quase sempre são fatais
às repúblicas. As guerras criam tiranos e consolidam seu poder. Emergem, na
maioria das vezes, de conselhos daninhos. Quando os pequenos e os ignóbeis são
encarregados do poder, a legislação e a administração tornam-se apenas séries
paralelas de erros e asneiras, terminando em guerra a na necessidade de um
tirano.
Pessoas e nações sempre se venderão à
escravidão para gratificar suas paixões e conseguir revanche. O pretexto do
tirano, a necessidade, está sempre disponível e, uma vez o tirano no poder, sua
necessidade de garantir sua própria segurança o faz selvagem.
As pessoas têm que crer como o Poder quer,
ou então morrem; e, mesmo se crerem como
querem, tudo o que têm, terras, casas, corpo e alma, estará carimbado com a
marca real. “Eu sou o Estado”, disse Luiz XIV aos seus camponeses; “até as
camisas em suas costas são minhas e eu posso tira-las, se quiser”. Lembremos
que no regime presidencialista o Presidente é um rei por tempo limitado.
E dinastias estabelecidas assim
duram, como a de César de Roma, a dos Césares de Constantinopla, até que a raça
de desgaste e termine em lunáticos e idiotas que ainda governam. Entre eles não
existe concórdia que dê fim a horrível servidão. Esta realidade é muito atual,
pois ainda hoje temos “dinastias” travestidas em famílias ou grupos econômicos
poderosos.
As furiosas paixões humanas, a sonolenta
indolência humana, a parva ignorância humana, a rivalidade de castas humanas,
são tão úteis para os poderosos como as espadas para os paladinos.
E assim o Estado estéril flutua na
corrente lamacenta do tempo até que a tempestade e a maré percebem que o verme
consumiu sua força e o Estado desmorona para o esquecimento.
Não é difícil acontecer despotismo em
qualquer terra que, desde sua infância, conheceu apenas um mestre; mas não
existe nada mais difícil de se conseguir do que aperfeiçoar e perpetuar o livre
governo do povo por si mesmo, pois não será necessário um rei: todos devem ser
reis.
Mas um governo livre cresce lentamente,
como as faculdades humanas individuais; e, como as árvores das florestas, desde
o âmago até a casca, A liberdade não é apenas o direito natural de todos, mas é
perdida tanto por alguém que não a usa quanto alguém que a usa de forma errada.
A liberdade depende mais do esforço
universal do que de qualquer outra propriedade humana. Ela, a liberdade, não
tem nenhum santuário ou nascente sagrada para onde a nação peregrine, pois suas
águas brotarão livremente de todo o solo.
O poder popular livre é um dos
que somente são conhecidos em sua força no momento da adversidade, pois todas
as suas provas, sacrifícios e expectativas são suas próprias.
O poder popular é treinado para pensar por
si mesmo e agir por si mesmo. Quando o povo escravizado se prostra na poeira
ante o furacão, como animais do campo assustados, o povo livre o enfrenta de
pé, com toda a força da união, em autodeterminação, confiança mútua, com
insolência, contra tudo menos contra a mão invisível de Deus.
Este vasto poder de persistência, de
ancestralidade, da paciência e do desempenho somente é adquirido pelo exercício
contínuo de todas as funções, como o saudável vigor físico humano, como o vigor
moral individual.
E a máxima é tão velha quanto verdadeira:
o preço da liberdade é a eterna vigilância.
É curioso observar o pretexto universal
pelos quais os tiranos de todos os tempos tomam as liberdades nacionais. Está
escrito nos Estatutos de Eduardo II que os juízes e os xerifes não mais
poderiam ser eleitos pelo povo, por causa das manifestações e dissensões que
aconteceriam.
A virtude é mais que bravura heróica, é
fazer da coisa pensada uma realidade, apesar de todos os inimigos de carne e
osso ou de espírito, apesar de todas as tentações ou ameaças.
As pessoas são responsáveis pela
correção de sua doutrina, mas não pela sua legalidade.
O Maçom tem plena consciência que a ética
e a política são os instrumentos de transformação desse estado de coisas, por
isso sabe da necessidade de i)defender os mais fracos contra os mais fortes,
ii) velar pela saúde pública e iii) proteger o presente sem comprometer o
futuro.
“A maioria das coisas que
decidimos não são o que sabemos ser o melhor. Dizemos sim meramente porque
somos colocados contra a parede e precisamos dizer algo”. (Frank Crane).
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