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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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segunda-feira, 19 de junho de 2017

MÚSICA NOS TEMPLOS MAÇÔNICOS

MÚSICA NOS TEMPLOS MAÇÔNICOS
José Maurício Guimarães

1) MÚSICA RELIGIOSA:

Nas liturgias religiosas, a música tem uma função diferente da utilizada pelas sociedades iniciáticas. Nos rituais eclesiásticos, a música é uma oração cantada. O mais importante é o texto. Quando a Reforma Protestante orava o Salmo 46 - "Deus é o nosso refúgio e fortaleza" - Lutero compôs, em 1529, o famoso "Castelo forte é nosso Deus, espada e bom escudo" (em alemão, "Ein feste Burg ist unser Gott"). O ritmo e a tonalidade musical desse "Ein feste Burg” convergem para os sentimentos de confiança e vitória proclamados no texto. Muito antes da Era Cristã, o hinduísmo usava mantras, sílabas ou cânticos religiosos, uma melodia retilínea com ritmo estático compatíveis com os ideais contemplativos daquela religião. Assim também, em certas linhas do budismo e do jainismo. Entre os judeus primitivos, os Salmos (ou “Tehilim”) eram cânticos de louvor musicados. A Bíblia fornece, no início de cada um dos 150 salmos, instruções específicas para o "mestre de música". Procedimentos análogos são adotados no Islamismo quando da recitação do credo “Não Existe Nenhum Deus Além De Alá E Maomé É Seu Profeta”. As preces cotidianas ou “slãts” são convocadas por uma corneta (muezim) que soa no alto dos minaretes, convocando os fiéis à oração. Ouve-se nessas mesquitas uma salmodia também retilínea e estática, mas vigorosa e conciliável com os textos de uma fé inabalável. Nas religiões afrobrasileiras temos os pontos cantados de abertura e fechamento, de saudação ("Oxalá meu Pai tem pena de nós, tem dó"), de despedida, de defumação, etc. onde a melodia, o ritmo e, em alguns casos, as palmas e os instrumentos de percussão, agregam energia ao texto. No catolicismo, quando o sacerdote faz a invocação “Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo: tende piedade de nós” (no ritual latino "Agnus Dei, qui tollis peccata mundi: miserere nobis") a melodia, o ritmo, a combinação dos sons, e a orquestração emolduram o texto para transmitir sentimentos de mansidão, sacrifício e contrição. No século VI, o Papa Gregório Magno selecionou as escalas (modos) dos antigos gregos e mandou adaptar as músicas dos salmos judaicos num novo gênero de música sacra. Assim nasceu o canto gregoriano cujo nome é uma referência ao Papa Gregório Magno, que estabeleceu a doutrina da supremacia papal, sujeitando todo o pensamento da época à Sé Apostólica. A música na Igreja passou a ter regras muito rígidas: tinha que ser vocal e não acompanhada de instrumentos; monofônica e monódica, porque nenhuma voz poderia sobressair sobre as demais e nenhum homem deveria chamar a atenção dos ouvidos dos santos, dos anjos ou de Deus. O ritmo era livre, isto é, sem pulsação métrica que pudesse excitar emoções ou provocar desejos físicos. Durante mais de trezentos anos, a Igreja Católica, e depois a Protestante, incentivaram os compositores a criar música litúrgica, missas, cantatas, réquiens, “te deum”, oratórios, etc. Giovanni Pierluigi PALESTRINA, Johann Sebastian BACH, George Frederic HANDEL, Wolfgang Amadeus MOZART, Joseph HAYDN e Ludwig van BEETHOVEN foram apenas alguns desses gênios.

2) MÚSICA NOS TEMPLOS INICIÁTICOS:

Devido ao sincretismo religioso próprio dos brasileiros, ainda permanece muita dúvida sobre o uso de música nas sessões maçônicas. Entende-se as Sessões Maçônicas como um "culto livre". Os rituais adotados em nossas Lojas são contraditórios, mudam com frequência e todo mundo dá palpite. Uma legião de “achistas” mete o bedelho em assuntos específicos sem a devida consulta aos especialistas em história, ciências, artes, música, gramática, psicologia, etc. Até parece que se esqueceram daquelas Artes ou Ciências chamadas liberais demonstradas num de nossos graus. E a MÚSICA é uma delas!

Vamos considerar os seguintes aspectos:

Primeiro: os rituais antigos são razoavelmente claros quando DETERMINAM que o M∴de Harm∴ deve selecionar e preparar, com antecedência, músicas APROPRIADAS para serem executadas durante a sessão.

O que é música apropriada? É aquela condizente com os princípios, ideais e objetivos da Maçonaria. Por exemplo: não sendo a Maçonaria uma religião, muitos defendem a utilização apenas de composições laicas. Assim, as “Ave Maria” (de Schubert ou de Gounod), tão caras aos MM∴ de Harm∴ durante os ritos do L∴ da L∴, não teriam razão de ser. Nossos Templos abrigam católicos, protestantes, islamitas, judeus, budistas, etc. e não seria justo “impor-lhes” esse cântico que evoca a “Nossa Senhora” da Igreja Católica. Por outro lado, muitas Lojas sentem-se harmonizadas e elevadas com as “Ave Maria” e os obreiros, independente de suas convicções, “gostam” daquela música naquele exato momento. Pessoalmente, eu gosto muito. Mas, deve-se fazer o que é certo ou o que agrada? O que nos agrada, façamos na nossa casa; nas Lojas, devemos nos esforçar para fazer o que é correto.

Segundo: a não ser em pouquíssimas ocasiões, não há necessidade de que a música emoldure o que está se passando no ritual maçônico. Isso acontece umas quatro vezes nos Graus Simbólicos e noutros dois ou três momentos dos Graus Superiores. De forma alguma, a música deve permanecer tocando o tempo todo, cobrindo as falas e desviando a atenção sobre o que se passa. Dizem as instruções: “O M∴ de Harm∴ colocará música apropriada, que cessará QUANDO...” A não ser que algum Irmão solicite um “fundo musical” para a leitura de prancha de sua autoria, o som deve permanecer desligado durante as falas do Venerável, dos Vigilantes, demais Oficiais e Obreiros; não deve haver "fundo musical" durante a leitura do expediente, atos, decretos, balaústre, instruções, etc. Dizem as normas: “O M∴ de Harm∴ coloca música apropriada, em volume que não abafe as vozes dos participantes da solenidade”. Vale a regra: enquanto há apenas movimentação, a música é livre, desde que apropriada; durante as falas, a música só serve para atrapalhar.

Terceiro: Na prática, deve prevalecer o bom senso. Espera-se que o M∴ de Harm∴ deva ser uma pessoa sensível e dotada de bom gosto musical; deve conversar com o Venerável sobre o que seria música apropriada para os trabalhos de sua Oficina; pode reservar algum tempo para consultar os Irmãos do quadro sobre o que acham justo e razoável na escolha das músicas. Há entre nós pessoas esclarecidas nesse assunto. É aconselhável evitar músicas com ritmos deprimentes ou com letras que possam agregar algum sentido extra ao simbolismo. E são de extremo mau gosto as composições populares de conotação burlesca, para mero entretenimento, de dança, troça ou brincadeira. 

Comentário: Nas Lojas dos Estados Unidos prevalece o seguinte critério: "o Mestre de Harmonia (“organist”) está autorizado a selecionar e tocar o que for de sua escolha, com uma exceção (“with one exception”) [que não vamos dizer qual é]. O caminho mais fácil para compreender quando e o que tocar é dividir a reunião em pequenas partes e ter sempre à mão músicas previamente selecionadas e testadas para cada tipo de ritual”. Nas Lojas Inglesas a questão é encarada com mais rigor. Há uma lista de músicas cuja utilização é permitida. Se o M∴ de Harm∴ (“organist”) inventar coisas, ele provavelmente será substituído por outro.

Orientação: Todos sabem que a harmonia e os sons suaves elevam os sentimentos generosos, enquanto o ruído, a agitação sonora e a barulheira só servem para irritar as pessoas. Volume alto e desafinações confundem o pensamento e produzem sentimentos desagradáveis. Existe uma série de estudos científicos e relatórios médicos que associam o mau uso da música com a surdez prematura, infarto e até mesmo com a demência. O Dr. Ernesto Artur – cardiologista, fala da “audição de uma boa música” em seus doze conselhos sobre infarto. Noutros estudos, há referência sobre hospitais que usam música para acelerar a recuperação de cardíacos (divulgadas em abril de 2009 pela Cochrane Collaboration, rede global dedicada a revisão e análise de pesquisas na área da saúde). Foram avaliados 23 estudos com dados de 1.461 pacientes que se submeteram a sessões de música durante a internação após cirurgia ou infarto. A maioria dos trabalhos comprovou que a música apropriada ajudou a reduzir a pressão sanguínea, normalizou o ritmo cardíaco, a frequência respiratória, eliminou a ansiedade e a dor nos pacientes estudados. E por aí vai. Portanto, cuidem-se!

COMPOSITORES MAÇONS:

A Maçonaria, desde o princípio, beneficiou-se da boa música em seus trabalhos e práticas ritualísticas. Nosso Ir∴ MOZART, compôs várias peças maçônicas como “A Viagem do Companheiro”, “Abertura e Encerramento da Loja” K.483 e 484; “Três Cantatas” K.471, K.619, K.623, “Elegia Orquestrada” K.497 e a magistral “A Flauta Mágica”. Além dessas composições, MOZART escreveu outras de cunho nitidamente iniciático, especialmente "Masonic Funeral Music", K.477; "Gesellenreise", K.469; O "Heiliges Band", K.148, "Zerflieszet Heut, Geliebte Bruder", K.483, "Ihr Unsre Neuen Leiter", K.484. Recomendo a leitura de: "Mozart: O Grande Mago" de Christian Jacq, Bertrand Brasil, 2009 e "O Efeito Mozart" de Don Campbell, Rocco, 2001 (Don Campbell explora o poder da música, especialmente a de Mozart, para curar o corpo, fortalecer a mente e liberar a criatividade.) 

Na medida do possível, devemos selecionar músicas maçônicas, ou de compositores maçons, ao invés de composições profanas ou religiosas. A título de exemplo, foram maçons o inglês Arthur SULLIVAN, o brasileiro Carlos GOMES, Charles Francis GOUNOD , Claude DEBUSSY, Felix MENDELSSOHN-BARTHOLDY, Franz DRDLA, Franz LISZT, George GERSHWIN, Giacomo MEYERBEER, Ignaz Joseph PLEYEL, Jan SIBELIUS, Johan Napomuk HUMMEL, Johann CHRISTIAN BACH, Joseph HAYDN, Joseph ROUGET DE LISLE , Jules MASSENET, Ludwig van BEETHOVEN , Luigi CHERUBINI, Nicolas MEHUL e tantos outros. Com facilidade podemos selecionar mais de 400 músicas apropriadas aos nossos trabalhos. Não precisamos ser radicais e permanecermos no campo erudito. Há uma plêiade de compositores populares brasileiros cujas músicas, quando instrumentais e bem interpretadas, podem fazer parte do repertório do M∴ de Harm∴ - Lamartine Babo, Luiz Gonzaga, Luis Vieira, Pixinguinha, Vicente Celestino, Zé Rodrix e outros. Em qualquer loja de discos ou nas bancas de jornal podem ser encontrados CDs com músicas desses compositores.

Fonte: https://www.banquetemaconico.com.br

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