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domingo, 16 de outubro de 2022

QUESTÕES RITUALÍSTICAS

(republicação)
Questão apresentada pelo Respeitável Irmão Fabiano S. Hallvass, Venerável Mestre da Loja Cavaleiros de Salomão, 2.355, GOB-PR, REAA, Oriente de Curitiba, Estado do Paraná;
fsh@bol.com.br

Estimado irmão Pedro, em sessão em nossa ARLS Cavaleiros de Salomão, encontramo-nos com algumas dúvidas a que consulto o prezado irmão a fim de dirimi-las:

1- pode o Venerável Mestre, levantar-se do trono de Salomão para realizar a entrega de um diploma de Mestre Maçom a irmão que está no Ocidente?

2- pode o irmão 2º Vigilante, durante a sessão, levantar-se para, entre colunas, ensinar os Aprendizes a Marcha do Grau?

3- quem pode sentar no lado direito do Venerável Mestre? (em nossas consultas apenas Grão-Mestre e Adjunto, correto?), e do esquerdo o último ex-Venerável, e apenas este, certo?

4- talvez a mais importante das dúvidas, ao ensinarmos a Marcha do Grau aos Aprendizes, houve mais uma vez discussão a cerca de arrastar ou não o pé esquerdo, no ritual não achamos menção alguma, porém alguns Irmãos afirmam que é necessário arrastar o pé sob a indagação de que o Aprendiz ainda não sabe andar e que o não arrastar o pé não forma a esquadria dos pés.

Trata-se de questões que realmente ocorreram em Loja e que geraram dúvidas entre alguns irmãos. No aguardo e agradecendo imensamente a atenção sempre prestada pelo Irmão.

CONSIDERAÇÕES:

01 – Essa ação é perfeitamente exequível. Não existe esse pensamento que o Venerável não pode sair do seu lugar. Se fosse assim, como ele faria a sagração de um Candidato. E na Exaltação, onde trabalha o Venerável (Respeitabilíssimo) na exposição da lenda, e outros procedimentos na cerimônia? O Venerável não sai do seu lugar para entregar o malhete ao Grão-Mestre cumprindo protocolo? Isso se pode chamar de ausência do lugar de modo temporário e é perfeitamente permitido.

Assim se ele achar necessário entregar um diploma de Mestre diretamente ao Irmão que está no Ocidente, essa é uma escolha dele. Apenas o que é recomendável nesse caso é que o Mestre de Cerimônias o conduza até o local desejado, observando-se que sempre o Mestre de Cerimônias conduz, portanto vai à frente do conduzido.

02 – Da mesma forma ele pode e até é mais produtivo. Aliás, essa seria a maneira correta. Também é de boa geometria que o Mestre de Cerimônias acompanhe o procedimento para auxiliar no procedimento, de tal maneira que o Aprendiz também esteja presente para literalmente aprender o propósito. O Mestre de Cerimônias é que conduz o Aprendiz até entre Colunas enquanto que o Segundo Vigilante ali o aguarde. É recomendável que essa ação não seja feita por ordem e conta do Vigilante. Primeiro ele deve pedir ao Venerável para assim proceder.

Observação para os dois itens acima – na execução desses procedimentos em hipótese alguma está dispensada a circulação em Loja. Isso precisa ficar bem claro e o Mestre de Cerimônias deve ficar atento ao artifício.

03 – Segundo o Ritual em vigência (página 15 do Ritual de Aprendiz edição 2.009 - R⸫E⸫A⸫A⸫) senta-se na cadeira reservada à direita do Venerável apenas o Grão-Mestre Geral. Se com ele estiver presente o seu Adjunto este se senta com as autoridades à direita do Venerável e abaixo do sólio. Não estando o Grão-Mestre Geral, porém o Adjunto, esse tem assento na cadeira à direita do Venerável. Essa cadeira também pode ser ocupada pelo Delegado do Grão-Mestre Geral na jurisdição da Delegacia. Esse não é o caso do Paraná. Assim, não estando presente o Grão-Mestre Geral nem o seu Adjunto simplesmente a cadeira fica vazia. 

Na cadeira da esquerda do Venerável. Esta é reservada ao Grão-Mestre Estadual ou o seu Adjunto. Estando ambos os presentes, o Adjunto se senta junto com as autoridades à direita do Venerável, todavia abaixo do sólio. Estando presente apenas o Adjunto, ele se senta na cadeira à esquerda do Venerável. Não estando presentes os dois, pode ali sentar o ex-Venerável mais recente. Não estando presentes nenhum dos três, a cadeira fica vazia.

Fica aqui o meu protesto veemente por essa invenção de colocar o ex-Venerável ao lado do titular. Infelizmente está escrito temos que cumprir, porém na revisão dos rituais estarei pedindo ao Soberano que se corrija essa anomalia.

04 – Essa barbaridade não está no ritual porque simplesmente ela não existe. Isso foi fruto de imaginação inventiva que deu suporte para ocultistas, místicos e achistas transformando a marcha do Aprendiz em uma cena representativa digna de um presidiário de uma colônia penal arrastando um artifício pesado preso no seu tornozelo direito.

O passo é normal e a cada um, em número de três, que sempre é rompido com o pé esquerdo no Rito em questão, se junta o direito pelos calcanhares formando a esquadria. A marcha é sempre em linha reta – ocidente/oriente – e tem como tônica principal a retidão e a vereda dos justos como aprendizado do primeiro ciclo da vida, dentre outras racionais justificativas.

Embora a idade simbólica do Aprendiz esteja ligada a infância, arrastar o pé nada tem de comum com uma criança que não sabe ainda andar. Uma criança nos seus primeiros passos apresenta uma ação titubeante e essa indecisão cíclica está representada na primeira viagem durante a cerimônia de Iniciação, denotando assim uma alegoria de obstáculos a serem ultrapassados, comuns na primeira etapa da vida.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 0841 Florianópolis (SC) 15 de dezembro de 2012.

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