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sexta-feira, 18 de maio de 2018

TESTEMUNHO DE UM ESTUDANTE DA SENDA INICIÁTICA

TESTEMUNHO DE UM ESTUDANTE DA SENDA INICIÁTICA
(Desconheço o autor)

Demorei muito tempo em minha vida para me libertar da ideologia das religiões judaico-cristãs. Quando você decide compreender a verdade e dedica todo seu empenho para esta finalidade, chega um momento que o bem já passa a fazer parte de você, de seu objetivo. Ele não é mais algo exterior, mero instrumento egoístico para você conseguir o que quer, pois ele torna-se o seu querer.

Você então passa a fazer o bem simplesmente porque este é você, e não por que possa existir um paraíso a sua espera, ou uma próxima encarnação cheia de recompensas. Da mesma forma, você já não deixa de fazer o mal por medo de um inferno ou de futuras tormentas cármicas, e sim porque o mal é algo totalmente diferente de você. Nesse ponto você começa a perceber que as coisas consideradas mais preciosas para a maioria das pessoas não tem o menor valor comparado a esse sentimento dentro de você. E sem valor continuariam se fosse necessário qualquer tipo de submissão a princípios de categoria inferior para consegui-las.

É nesse ponto que o conhecimento iniciático te ajudará a compreender que a verdadeira doutrina de Jesus jamais se limitou a te comprar com um paraíso se você for bom ou te jogar a um inferno onde "haverá pranto e ranger de dentes" se você for mau. Ela vai muito além disso, na verdade ela é instrumento para você ter mais eficácia em sua senda de manifestar e compreender o amor divino. Só que nem todos tem essa disposição para o bem ou tem a paciência, a perseverança e as condições para utiliza-los. É por isso mesmo que seus discípulos lhe perguntaram "Mestre, por que a eles o Senhor fala tudo por parábolas?" ao que Jesus respondeu: "Por que a eles não é permitido conhecer os segredos, mas a vós é".

Então é claro que nosso Mestre jamais limitou-se a ensinar que o bem só vale a pena por um paraíso ou por não ter tormentas eternas, como ensinam até hoje as religiões. Isso ele teve que expor para as massas, pois nem todos estavam nas condições citadas para compreender a verdade.

Aprecio muito o Talmude (coleção de 18 tomos volumosos que traduzem a interpretação do Pentateuco bíblico), mas não posso deixar de perceber novamente a triste realidade de seus motivos pelo bem. Um exemplo é a frase "Sê humilde, porque o fim do homem é o verme". Acaso seria por esse motivo que deveríamos ser humilde? Por algo tão banal diante da grandiosidade da alma? Outra ainda: "O homem foi criado no sexto dia; por isso não deve sentir-se muito enaltecido e orgulhoso, pois o mosquito foi criado antes dele". Será que não há melhores argumentos que se possa pensar contra o orgulho? Será que devemos deixar de sermos orgulhosos apenas por algo "melhor"?, resumindo, uma pressão externa? E se não fossem todos esses motivos, então seria bom ser mau e orgulhoso?

Vou tentar ser o mais claro e objetivo possível. Sou um místico, e não posso negar que o senda iniciática me trouxe o conhecimento das leis naturais e espirituais, bem como o autoconhecimento. Não acho de bom tom ficar falando das religiões mas, apenas para elucidar minha questão, penso ser necessário citar o fato de que crentes e católicos, em sua maioria, apenas fazem o bem por ter medo do inferno, ou castigo de Deus. Da mesma forma, os espíritas temem fazer o mal por acreditarem em um retorno de suas ações. Sem querer forçar a barra, mas a MAIORIA dos religiosos que conheci e conheço vivem cheios de vontade de realizar suas fantasias ou cometer coisas que seriam consideradas erradas, ou privam-se de vícios apenas pelo tal medo, seja do inferno, do castigo, do carma ou de um retorno sofrido. Esforçam-se eles para fazer coisas boas para receberem suas recompensas. Jamais teria a intenção, mas sei que vou ofender muita gente assumindo que isso é uma forma de comércio espiritual, algo como lei da melhor oferta, pois em seus pensamentos é melhor sofrer um pouco só pra depois ter a "recompensa eterna".

Não me entendam mal, eu não estou questionando a veracidade das doutrinas, e sim o modo como as pessoas se utilizam delas para utilizarem-nas como muletas. Tem muito religioso que agüenta humilhação pensando maliciosamente que seu agressor vai para o inferno depois que morrer ou vai receber um grande castigo.

Digo que tem muita gente que não fuma por que é contra a doutrina da igreja (tem umas que até tem uns castigos morais, como ignorar as pessoas que se "desviam"). Meus irmãos, assim não pode ser! Deve ser horrível você se privar de uma coisa por medo, depois até se acostumar a agir certo, mas sem a menor consciência das causas!

Agora, sem a menor intenção de me promover, mas não posso deixar de dar o que chamam testemunho, mas de forma muito diferente, pois não vou aqui dizer que estou no caminho do bem ou amo a Jesus apenas por que ele me curou disso ou daquilo. Posso dizer que tudo que se operou em mim funcionou como uma verdadeira transformação, e eu não estaria sendo leviano ao dizer "Alquimia espiritual"! Sim, os iniciados compreenderão esta menção, pois quando existe a compreensão da verdadeira espiritualidade, vai ocorrendo uma mudança de seu antigo estado para um novo estado. O que quero dizer é que jamais houve alguma pressão em cima de mim, como recompensas por ser bom ou castigos por ser mau. Muito pelo contrário, foi apenas um estudo, meditações e reflexões que simplesmente lapidaram minha personalidade e, quando percebi, não havia mais em mim o desejo do mal ou qualquer dificuldade em fazer o bem.

Ninguém precisou chamar minha atenção para os vícios, pois eles já não encontravam indentificação com meu Eu. Um dia finalmente chegou o momento de eu compreender plenamente uma passagem bíblica que me ficava martelando a cabeça "como pode???". Esta passagem é aquela "Amar ao próximo como a si mesmo". Eu sempre ficava imaginando "como vou amar uma pessoa ruim?", ou "como vou amar alguém que nem conheço?". E o pior de tudo: "como farei isso sem demagogias, pressões ou ilusões? Isso pode acontecer vindo apenas de dentro de mim?". Sim. Tudo isso faz parte da Alquimia espiritual.

Hoje em dia eu sei que muito há ainda para ser feito. Tenho muitos defeitos, mas toda disposição do mundo para transforma-los. Percebo que enquanto o grau de seu conhecimento e desenvolvimento cresce em proporção aritmética, na mesma relação seus horizontes e o que resta para você atingir cresce em proporção geométrica.

E ainda mais: posso dizer com toda segurança que, ainda que eu tivesse certeza que tudo acaba com a morte, não existem paraísos nem infernos, reencarnação ou continuação em outro plano, isso jamais iria modificar meu modo de ser, meu amor pelo bem, pela felicidade e pela evolução da humanidade e de todos os seres. Talvez eu até tivesse mais pressa, pois não haveriam oportunidades futuras! É esse tipo de desinteresse que eu acredito que constitua a verdadeira essência do amor.

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